Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Onda de prisões indica ano difícil para jornalistas

A organização Repórteres Sem Fronteiras fez um apelo ao governo do Irã pelo fim das prisões arbitrárias de profissionais de imprensa no país. ‘De Teerã à região curda do norte, os ataques a jornalistas, mais uma vez, aumentaram. Jornalistas que ousam criticar o presidente Mahmoud Ahmadinejad são acusados de todo tipo de crime, desde espionagem até ameaçar a segurança do Estado. Estes são apenas pretextos para fortalecer a mordaça da imprensa’, afirmou a RSF [10/1/07]. O apelo da organização segue a detenção de dois jornalistas iranianos no fim do ano passado, Ali Farahbakhsh e Kaveh Javanmard.


Farahbakhsh é um jornalista especializado em negócios que escreve para o diário Sarmayeh, e costumava contribuir com diversas publicações pró-reforma. Ele foi preso no fim de novembro, em Teerã, quando voltava de uma viagem à Tailândia, onde havia participado de uma conferência sobre mídia. A detenção foi mantida em sigilo por 40 dias, até ser revelada pelo Sindicato dos Jornalistas – e confirmada, em 7/1, pelo diretor dos presídios da região de Teerã, Sohrabe Soleymani. A família de Farahbakhsh tem permissão para visitá-lo, mas recebeu ordens de não dizer nada sobre a prisão. Não há indicações de que tenham sido feitas queixas formais contra ele.


Pouco antes, 21 jornalistas iranianos haviam sido detidos no aeroporto de Teerã quando voltavam de um treinamento na Holanda. Os profissionais foram interrogados por horas e tiveram seus laptops e outros materiais que carregavam confiscados.


Repressão no norte


Já Javanmard foi preso em meio a uma onda de detenções, proibições e atos de intimidação que se seguiu à visita de Ahmadinejad e do ministro da Cultura, Mohammad Hassan Saffar Harandi, ao norte curdo do país. As ações incluíram o fechamento de dois jornais semanais, acusados de ‘separatismo’. Funcionários de um outro jornal decidiram, no fim de dezembro, suspender a publicação depois de receber ameaças de agências de inteligência.


Um dos jornais mais afetados foi o semanal Krafto, que teve um de seus repórteres, Ako Kurdnasab, preso em um local de votação quando cobria a eleição municipal, em 16/12. O jornalista foi solto sob fiança no início de janeiro, mas enfrentará acusações que ainda não foram divulgadas. Javanmard, que também trabalha para o Krafto, foi preso por agentes do ministério da Inteligência em sua casa, em 18/12, sem acusações formais.