‘O que é bom pra Holanda é bom pro Brasil’ (Do moçambicano Ruy Guerra e do carioca Chico Buarque)
Da séria série era só o que faltava: na noite de domingo (2/7), no programa Fantástico, a trilha sonora de um clipe feito em cima da perna errou o tom e a canção. Com todo o meu respeito aos elefantes, a mão paquidérmica da mídia, essa que sofre de abrupta amnésia, a tudo aportuguesou de vez. De repente tudo passou a ser: Portugal, ama ou deixa!
Por mais que aprecie a culinária lusa e até um cálice de vinho do porto, comigo não. Se minha praia é a língua portuguesa, sem muita certeza, fico com Pessoa, com o camarada Saramago e o moçambicano Mia Couto, é pouco? Mas me serve como exemplo de ir muito além-mar da unanimidade. Recuso-me a torcer por Portugal, engolir Felipão, sou mais Calabar – O elogio da traição: ‘Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal, / Ainda vai tornar-se um imenso Portugal’ (Do moçambicano Ruy Guerra e do carioca Chico Buarque).
Até à tarde de sábado, dia 1°, quando Zizou fez o Cafu, e Roberto Carlos nem viu – a partir disso, um festival de ‘eu não disse?’ pipocou à mancheia mais do que a meia cancha canarinho. Naufragados, o jeito foi tomar carona na caravela Scolari.
Exploradores, preconceituosos e colonizadores por exploradores, preconceituosos e colonizadores, digam a todos que não fico nem com a França e muito menos com a Itália, não preciso disso. Não preciso que me digam a bandeira ou camiseta que devo segurar ou vestir, em especial a mídia. Sou vira-lata, não sabujo!
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Jornalista, Porto Alegre