Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Presidente Lula diz que imprensa
estrangeira cobre melhor o Brasil


Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 21 de setembro de 2007


MÍDIA & POLÍTICA
Lisandra Paraguassú


Para Lula, imprensa de fora sabe mais do País


‘Em discurso ontem na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou o pessimismo dos brasileiros e, numa crítica à imprensa, a imagem ruim que o País cria para si mesmo. ‘Hoje (ontem) o Guido Mantega disse uma coisa que é verdadeira: se a gente quiser saber as coisas que o mundo pensa do Brasil, temos que ler a imprensa estrangeira.’


Apesar dos elogios, nem sempre a relação de Lula com jornalistas estrangeiros foi cordial. Em 2004, o então correspondente do The New York Times, Larry Rother, quase foi expulso do País. O motivo foi uma reportagem sobre o consumo de bebidas alcoólicas pelo presidente.


Recém-chegado dos países nórdicos e da Espanha, Lula afirmou que aprendeu muito nesses quase 10 dias de viagem, especialmente que a imagem que os demais países têm do Brasil é muito melhor que a dos próprios brasileiros. ‘No Brasil, muitas vezes nós trabalhamos com pessimismo e não conseguimos, dentro de nós mesmos, ter uma visão do Brasil tal qual ele é, tal como as coisas acontecem. E sempre que acontece uma coisa boa nós ficamos procurando uma ruim para ficar justificando nosso discurso.’


No último dia da sua viagem à Espanha, o presidente se reuniu com meia centena de empresários espanhóis interessados em investir no Brasil. Nos discursos – que incluíram os presidentes do banco Santander e das empresas Telefônica, Iberdrola e Gás Natural – o tom foi de elogios extremos e confiança na economia brasileira, o que entusiasmou Lula.


‘O que chamou a minha atenção nesta viagem é que muitas vezes a gente fica no Brasil acompanhando as coisas do Brasil e nós vamos perdendo a dimensão do que o Brasil está construindo de expectativa e de perspectiva no mundo. Eu diria que é impressionante a imagem que o Brasil construiu lá fora’, afirmou. ‘Voltei convencido de que o Brasil não pode aceitar os discursos que nós fazemos diminuindo o Brasil, nem tampouco os discursos de algumas pessoas que tentam criar dificuldades.’


Lula chegou a atribuir a ‘uma origem de País colonizado’ e por ter sido ‘subordinado por muito tempo’ o fato de o Brasil ‘não exercer sua independência’. E cobrou mudanças. ‘Voltei dessa reunião convencido de que alguma coisa tem que mudar. Mudar no comportamento do governo, mudar no comportamento dos sindicalistas, mudar no comportamento dos empresários, mudar no comportamento da imprensa.’


Ele criticou também os empresários que reclamam da carga tributária. ‘Ninguém fala quanto as empresas estão ganhando, quanto os bancos estão ganhando, o quanto a massa salarial está subindo. Se vai tudo bem na economia, a empresa vai ganhar mais, o governo vai arrecadar mais, os trabalhadores vão ganhar mais’, disse. ‘Se a gente olhar para os últimos 25 anos vai perceber: nunca vivemos o momento que estamos vivendo. Não desperdicemos este momento.’’


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Lula se compara a venezuelano e diz que também é incompreendido


‘O clima pesado do encontro entre os presidentes Lula e Hugo Chávez, da Venezuela, foi disfarçado publicamente por meio da insistência do brasileiro em apontar que é tão incompreendido e criticado por seus opositores quanto seu ‘companheiro’ bolivariano. Em sua declaração à imprensa, Lula afirmou que, assim como Chávez, é vítima dos que não querem aceitar a existência de um ‘governo progressista’, que concentra suas ações nas camadas mais pobres da população, e dos boatos disseminados para atrapalhar a aliança estratégica entre os dois países.


‘Você tenha a certeza que tem no governo brasileiro e na minha pessoa para os bons e os maus momentos’, afirmou Lula, que defendera pouco antes a importância do bom entendimento bilateral no processo de integração sul-americana, em sintonia com o discurso de Chávez. Para Lula, as versões publicadas de que seu relacionamento com Chávez não estaria bom não passam de ‘intrigas’ e de ‘boatos’. Insistiu ainda em que nada impedirá o Brasil de aprofundar sua relação estratégica com a Venezuela.


Entusiasmado, Lula afirmou que os povos da Venezuela e do Brasil compreendem a prioridade dos dois governos aos mais desfavorecidos. Em seu ponto de vista, ambos os povos conquistaram cidadania e o compromisso com a democracia, e seus governos construíram um ‘alicerce’ para o desenvolvimento e a justiça social. Para ele, os dois países seriam muito mais ricos se tivessem adotado as atuais políticas há mais tempo.


Lula reafirmou sua máxima de que o Brasil ‘vive o melhor momento político e econômico dos últimos 30 anos’ e que a Venezuela segue na mesma linha. Em referência à pesquisa do Pnad, divulgada na semana passada, insistiu em que seu governo conseguiu melhorar as condições de vida dos brasileiros – um esforço que ‘outros não conseguiram em décadas’. Para ele, ‘é um prazer’ ver seus críticos se depararem com tais dados.


Apesar da cumplicidade política, Lula dobrou apenas parcialmente a resistência de Chávez à sua campanha pelos biocombustíveis. Compradora de etanol do Brasil, a Venezuela pretende ampliar suas compras externas de álcool, mas escolheu outro fornecedor – a Citgo, subsidiária da PDVSA instalada nos Estados Unidos, país que fabrica o combustível a partir do milho. ‘Você vê na televisão, às vezes, a briga do Chávez com o Bush e você lembra que os EUA ainda são o principal parceiro comercial da Venezuela, como também é do Brasil’, disse Lula.’


CASO MADDIE
O Estado de S. Paulo


Pais de Madeleine suspeitam de grampo


‘Kate e Gerry McCann, suspeitos do desaparecimento de sua filha Madeleine, que ocorreu há quatro meses em um hotel de Portugal, desconfiam que seus telefonemas e e-mails estejam sendo monitorados. Segundo o jornal The Guardian, o casal afirma que algumas informações reveladas pela polícia portuguesa só poderiam ter sido obtidas por meio de grampo.’


MÍDIA & CINEMA
Alberto Komatsu


Argentino investe no cinema brasileiro


‘Acostumado a investir em empresas como Unibanco, Telmex e Bradesco quando administrava recursos no mercado financeiro, o argentino Eduardo Costantini Jr., filho do dono do Museu de Arte Latino-americana de Buenos Aires (Malba), vai aplicar até US$ 10 milhões na produção e distribuição de filmes no Brasil. Para isso, criou, há um ano e meio, a The Latin America Film Company (TLAFC), fundo com US$ 25 milhões para promover o mercado cinematográfico latino-americano, nos próximos cinco anos.


‘Um dos objetivos da minha viagem ao Brasil é encontrar um investidor brasileiro para ser parceiro do fundo. Estamos conversando com quatro possíveis sócios’, diz Costantini, de 31 anos, torcedor fanático do time de futebol Boca Juniors. O TLAFC é integrado atualmente pela Costantini Films e pelo estúdio The Weinstein Company (ex-Miramax Films, que produziu ou distribuiu filmes como Pulp Fiction, Meu Pé Esquerdo e Kill Bill), com investidores do México, Espanha, Argentina e Estados Unidos.


Costantini, que já foi diretor-executivo do Malba, também está no Brasil para a estréia do filme em que investiu US$ 2 milhões: Tropa de Elite, exibido ontem no Festival do Rio. O executivo, leitor de Clarice Lispector e fã de Caetano Veloso e Maria Bethânia, acredita em um retorno sobre o investimento de 25%, mesmo após o longa-metragem ter ‘vazado’, em cópias piratas, em bancas de ambulantes das principais cidades do País.


No total, o investimento na produção do filme Tropa de Elite foi de US$ 4,5 milhões. O investimento foi feito em conjunto com a Universal Pictures Brasil. A estimativa de público do longa-metragem, segundo Costantini, é de 1 milhão de espectadores. Segundo ele, formado em administração de empresas, economia e cinema, a Universal vai distribuir 150 cópias do filme em todo o País.


‘O problema do cinema no Brasil é que ele está sendo financiado somente por empresas que podem usufruir de benefícios fiscais. Não há investimento direto. E é isso justamente o que tento fazer, não depender de incentivos fiscais. Aproveitamos quando ele existe, mas que não seja a única fonte de recursos’, diz Constantini. Ele trabalhou com seu pai por oito anos no Costantini Group, que administra cerca de US$ 1 bilhão em fundos de investimento no mercado financeiro e imobiliário.


Antes de Tropa de Elite, a TLAFC já havia investido para ter todos os direitos de distribuição na América Latina do filme A Rainha, que deu a Helen Mirren o oscar de melhor atriz. O fundo também comprou os direitos de distribuição do longa-metragem argentino Crónica de una Fuga para os EUA, Espanha, Austrália e Nova Zelândia. Ao todo, a TLAFC pretende produzir ou distribuir em torno de 15 filmes na América Latina nos próximos cinco anos.


‘A economia brasileira atravessa um bom e momento, com estabilidade e crescimento. É sempre melhor investir em um ambiente com essas características. Mas o retorno do fundo não depende apenas da economia de um país. O que mais conta é o desempenho de um filme internacionalmente’, diz Costantini, jogador de futebol e tênis nas horas vagas.


Além de produzir filmes, o fundo também pretende distribuir longa-metragens estrangeiros na América Latina, especialmente na Argentina, no Brasil e no México, países que concentram 80% da produção de filmes na região, estima Costantini. De acordo com ele, esses três países também respondem por 80% do faturamento das bilheterias latino-americanas.’


MERCADO EDITORIAL
Roberta Pennafort


Editoras esperam uma ‘explosão’ de vendas


‘As editoras na Bienal do Livro do Rio, que termina domingo, estão contando com uma explosão nas vendas no fim de semana. No primeiro, o resultado foi, em média, pior do que o registrado na última edição. Quando se contabilizam todos os dias de feira, no entanto, as grandes empresas calculam que os resultados de 2007 estejam superiores aos de 2005: a Rocco experimenta aumento de 20%; a Objetiva e a Nova Fronteira, de 10%. Mas há vendedor reclamando de falta de público.


O resultado consolidado só sairá depois do domingo, quando acaba a bienal. No entanto, a avaliação da Record – o maior grupo editorial do País – já é bem positiva. ‘No primeiro sábado, vendemos pouco menos que no primeiro sábado de 2005. Percebemos que os livros estavam mais caros no nosso estande do que no da (livraria) Saraiva. Então, no domingo, começamos a dar descontos de 15% na compra do segundo livro, e de 20% no terceiro. Aí o faturamento foi muito superior ao de 2005’, contou a diretora editorial, Luciana Villas-Boas.


Para o fim de semana, ela promete novidades: ‘Estávamos marcando bobeira; é capaz de inventarmos mais promoções. O brasileiro é muito sensível a desconto.’ Segundo Luciana, os mais vendidos têm sido os títulos do selo Galera, destinado ao público jovem, seguido por A Cabeça do Brasileiro, organizado por Alberto Carlos Almeida.


O staff da Objetiva não pára, garante o vendedor João Henrique, que está em sua 11ª bienal. ‘Estou até com dor nas costas e nas mãos, de tanto repor livros. Acho que a gente é o termômetro’, disse, apontando os maiores sucessos da editora na feira: Elite da Tropa – que pegou carona no filme Tropa de Elite, pirateado -, e Bússola de Ouro, série de Philip Pullman.


Na Martins Fontes, o desempenho não está satisfatório, aos olhos de quem trabalha no estande. ‘Em 2005 estava melhor. Lembro-me que após o almoço, horário mais movimentado, a gente não ficava parado. Espero que melhore’, disse o vendedor Marco Aurélio Moreira da Silva.


Paulo Rocco, dono da editora que leva seu nome e presidente do Sindicato Nacional dos Editores, ‘não ouviu ninguém falar nada sobre vendas ruins’. E ressaltou que o mais importante não é vender livro, e sim a festa literária. ‘Nossa vocação não é vender livro, é a educação, a cultura. Se fosse só vender, bastava armar uma barraquinha na rua.’’


TELEVISÃO
Cristina Padiglione


Elenco suicida


‘A insatisfação com os rumos da história – bem mais do que com a audiência – contamina parte do elenco de Sete Pecados, a novela das 7 da Globo. Até aqui, só Maria Zilda teve coragem de pedir para sair de cena, mas uma dúzia de atores mal disfarça a disposição em ver seus personagens assassinados ou coisa que o valha para, quem sabe, ter a chance de ser escalado para algo mais interessante na casa.


A novela de Walcyr Carrasco até que tem oscilado entre 30 e 33 pontos nos últimos dias – embora a meta seja 35, o patamar atual é menos desastroso do que o das novelas anteriores no horário.


Só que no diagnóstico do mercado publicitário, que nunca se distancia da percepção do telespectador, o trio central da história é fraco. Não que a performance de Priscila Fantim, Reynaldo Gianecchini e Giovanna Antonelli seja comparável à de uma folha de uma alface, como acontece com 80% do elenco de Malhação, mas falta nesse grupo alguém capaz de comover a platéia.


Convém recordar também que Priscila foi o terceiro nome tentado para o papel de Beatriz, recusado antes por Flávia Alessandra e Mariana Ximenez.


Quarteto


MC Ferrow (Hubert) e MC Deumal (Hélio de La Peña) invadem o show de Sandy e Junior e propõem novas duplas em Casseta & Planeta Urgente!. Já que Sandy e Junior não vão mais cantar juntos, eles podem formar duplas com os rappers.


Entre-linhas


Mesmo tendo enfrentado uma tentativa de Dança do Siri no meio da festa de lançamento de Sete Pecados via Second Life, a Globo gostou da experiência. E vai repeti-la com Duas Caras, a próxima novela das 9, na próxima quinta-feira.


Por falar em novela, Paraíso Tropical só cruzou as fronteiras para Portugal, o que é praxe entre a Globo e a rede lusa SIC. A trama de Gilberto Braga e Ricardo Linhares só será oferecida ao mercado internacional no MipTV, em abril.


Ione Borges anuncia que completa amanhã 27 anos de carreira como apresentadora.


Duas semanas no Japão renderam a Serginho Groisman 10 reportagens especiais para o seu Altas Horas.


Ao custo de R$ 137 mil o capítulo, Dance, Dance, Dance, a novela da Band que estréia dia 1º, às 20h15, terá 160 capítulos.


O presidente Lula deve cortar a fita de inauguração do Record News no dia 27. Além de conceder uma entrevista a Paulo Henrique Amorim na estréia do canal, o presidente é aguardado entre os quase 700 convidados da festa de lançamento.


Na esteira da fama de Bebel e da reta final de Paraíso Tropical, o Globo.com coloca hoje no ar trechos da estréia de Camila Pitanga na TV, na minissérie Sex Appeal, em 1993. A produção também marca o início de carreira de Luana Piovani, Carolina Dieckmann e Danielle Winitz.’


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 21 de setembro de 2007


MÍDIA & POLÍTICA
Carlos Heitor Cony


Jornais de ontem e de hoje


‘O ARQUIVO Nacional montou uma exposição sobre o extinto ‘Correio da Manhã’, aproveitando a doação que Fernando Gasparian fez àquela entidade do extenso material que havia adquirido da massa falida do jornal.


Além da mostra, houve palestras e debates sobre o período histórico a que pertenceu o ‘Correio’, cuja atuação na vida nacional pode ser medida pela entrevista de Carlos Lacerda com José Américo de Almeida, furando a censura do Estado Novo e dando o chute inicial para a redemocratização do país, em 1945.


Mais tarde, em 1964, após combater com violência o governo de João Goulart, no dia seguinte ao golpe de Estado, o jornal foi o primeiro – e, durante muito tempo, o único- a condenar o regime militar, denunciando torturas, violências e prisões.


Em dezembro de 1968, com a edição do AI-5, não houve condições para manter a linha de independência e combate à situação instalada no Brasil. Teve a Redação invadida; prisão de sua proprietária, Niomar Moniz Sodré, que ficou semanas na mesma cela das prostitutas apanhadas pela ronda policial; prisão de seus principais redatores; boicote total da publicidade pressionada pelo governo -o ‘Correio’ tornou-se que nem a família do poeta: ‘Uma fotografia na parede’.


Convidado a visitar a exposição, fui ver as fotos nas paredes do Arquivo Nacional, o grande Otto Maria Carpeaux com alguma coisa de gótico em seu rosto de judeu vienense; Carlos Drummond de Andrade, que era então o C. de A. de crônicas antológicas; Antônio Callado mocinho, elegante como o único inglês da vida real (a classificação é do Nelson Rodrigues); Luís Alberto Bahia, sem a cabeleira branca de seus últimos anos, mais do que nunca um clone visual de Leon Trótski; e Oswaldo Peralva, José Lino Grünewald, Márcio Moreira Alves, Hermano Alves, Antônio Moniz Vianna, o mais influente crítico de cinema de sua época. E dois de seus diretores de redação em momentos importantes do jornal: Edmundo Moniz e Janio de Freitas.


Quanto à palestra, além das abobrinhas de praxe, recebi uma pergunta sobre a diferença da imprensa daquela época com a imprensa de agora. O jovem culpava os jornais que hoje se publicam de todos os males de nossa vida pública, inclusive no episódio da absolvição do presidente do Senado.


A leitura superficial que ele fizera da reprodução de algumas páginas do ‘Correio’ dera-lhe a impressão de que a imprensa cumprira um papel que hoje não cumpre mais.


Tive de explicar que o caso do ‘Correio’ foi uma exceção naquele tempo. A mídia apoiou compactamente o golpe de 64, somente mais tarde, em 1968, vésperas do AI-5, começou a tomar uma posição de velada crítica ao regime, uma vez que a censura em vigor impedia a manifestação de pensamento contrário ao regime militar.


E quanto à mídia de hoje, considerei o jovem mal informado. Desde que estou na pedreira -faz 60 anos, nunca vi tamanha e tal unanimidade de opiniões e de cobertura factual dos escândalos de nosso tempo, notadamente no caso (e nos casos) criados pelo presidente do Senado.


Pelo contrário: está havendo uma corrida de Fórmula 1, uma emulação para ocupar o pódio, sagrando como vencedor o jornal, editorial, coluna ou noticiário que mais condene tudo o que está havendo na vida nacional.


Num só dia, lendo revistas e jornais, anotei expressões que estão sendo usadas para designar os vilões da política que agora se pratica: bandidos, salafrários, energúmenos, piratas, descarados, moluscos, assaltantes, caras-de-pau, depravados, facínoras, meliantes, cafetões, estelionatários, chantagistas. Houve até quem os chamasse de ‘sicofantas’ -que eu suspeitei ser alguma coisa de abominável e que me obrigou a uma consulta ao dicionário.


Não cheguei a medir, mas acho que, por centímetro quadrado das páginas da imprensa que condenam o presidente do Senado, nunca houve cobertura tão unânime e violenta. Se um décimo de cobertura semelhante tivesse acontecido em 1964, talvez o país não tivesse entrado nos chamados anos de chumbo.


Tentei explicar tudo isso ao jovem que me interpelou. Parece que não adiantou. Ele continuou achando que a imprensa está decadente: ‘Ninguém dá importância ao que hoje se publica’.’


Folha de S. Paulo


CONSELHÃO: LULA CRITICA O PESSIMISMO E A IMPRENSA


‘Em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o presidente disse que concorda com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, quando afirmou que para saber o que ‘o mundo pensa do Brasil, nós temos que ler a imprensa estrangeira’. Lula reclamou que sempre que acontece uma coisa boa, as pessoas ficam procurando uma ruim para justificar o discurso.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Mais equilíbrio (ou bolha)


‘Na manchete do ‘Wall Street Journal’, ‘Economia do mundo flui, enquanto a América cai’. A tese é que ‘a economia global parece passar por uma mudança fundamental’ e, ‘em lugar de depender da demanda dos EUA, poderia se tornar mais equilibrada’. China, Oriente Médio e até África ‘estão absorvendo mais das importações’. Os EUA caíram de 19% a 14% das importações globais em sete anos. ‘Em contraste, Brasil, África do Sul, Índia e outros agora respondem por 40%.’ E mais, na manchete do site do ‘Financial Times’, ‘Dólar desaba ao menor valor em 15 anos’.


Por outro lado, na página C1 do ‘WSJ’, a coluna de rumores do mercado aponta ‘bolha dos emergentes’, vislumbrada no salto das bolsas de Brasil, Índia etc. É a aposta ‘popular’ em Wall Street, se vier ‘estouro’.


No canal chavista, sorrisos em meio aos desacordos


LULA VS. CHÁVEZ


Após dar entrevista ao novo correspondente do ‘New York Times’, a ser publicada quando chegar a Nova York no final da semana, Lula foi encarar Hugo Chávez. Não houve cobertura por aqui até a noite, mas na Telesur e na Agência Bolivariana, ambas estatais, a pauta foi esta para o dia todo.


Deram os ataques chavistas ao gás brasileiro (vai durar ‘dez anos’, contra ‘200 anos’ do venezuelano), à demora nos acordos sobre a refinaria, o gasoduto, o Banco do Sul.


Depois se reuniram e, manchete por lá, ‘Chávez e Lula se reunirão a cada três meses para fortalecer os acordos’. Já no ‘Jornal Nacional’, no final, com os dois lado a lado tentando sorrir, o registro de que os dois nada acordaram.


LIÇÕES DA PETROBRAS


Talvez por coincidência, o ‘Miami Herald’ deu ontem o artigo ‘Lições da Petrobras’, louvando como a estatal tem uma produção crescente -contra a decrescente da venezuelana PdVSA, que não toma o ‘modelo da Petrobras’ em gerência e transparência.


IMPULSO PARA A VALE


A Vale do Rio Doce, de sua parte, foi destacada no ‘WSJ’ pelo ‘impulso’ que recebeu esta semana do Citigroup. O banco defendeu aplicar na empresa, em parte por causa da demanda da China por minério, que poderia elevar os preços em 30%, em 2008.


JANE’S E MAIS UM PAC


O site de ‘defesa’ Jane’s, que nasceu como publicação no século 19 e é referência global, destacou na home que ‘Lula quer nova doutrina para Brasil’. A idéia é ‘envolver as Forças Armadas e a indústria de defesa nos planos para crescimento’. O Jane’s diz que os projetos hoje se limitam a recauchutar jatos, navios e tanques ‘de segunda mão’. Repercutiu por outros sites, tipo Military Industry Today.


REFÚGIO


Da Al Jazeera à BBC, no campo de refugiados de Ruweished, ‘um lugar infernal’ na Jordânia, a notícia dos palestinos que iniciaram ontem viagem para ‘nova vida’ no Brasil


DA SÉ PARA O ‘RODA VIVA’


No alto da home da Folha Online, ‘Roda Viva’ entrevista Mano Brown na segunda’. Isso, após a ‘polêmica’ meses atrás sobre quem ‘deflagrou o conflito da Virada Cultural’, o rapper dos Racionais ou a Polícia Militar -que o prendeu depois, em um jogo.


O ‘Roda Viva’, para registro, vem montando um portal próprio, com a Fapesp. Já estão no ar transcrições de Oscar Niemeyer, Gilberto Gil, José Saramago e outros três. A única entrevista já com vídeo é de Fidel Castro em 1990, sobre o fim da União Soviética.’


INGLATERRA
Folha de S. Paulo


BBC demite produtor que mudou voto sobre gatinho


‘A BBC, emissora pública britânica, anunciou ontem ter demitido o produtor de uma de suas principais séries infantis de TV, por ter acobertado a fraude na votação para a escolha do nome de um gatinho que seria o mascote do programa.


As crianças que participaram da votação, por telefone ou pela internet, decidiram em sua maioria que o gatinho do programa ‘Blue Peter’ deveria se chamar Cookie (biscoito).


Mas a produção, com a cumplicidade de Richard Marson, o produtor afastado, mudou o resultado por acreditar que o nome mais conveniente seria Socks (meia curta), o segundo mais votado e também o nome do gato do ex-presidente americano Bill Clinton, nos anos de Casa Branca (1993-2001).


A votação e a fraude ocorreram em janeiro de 2006. Uma auditoria sigilosa foi concluída apenas recentemente, e seu resultado, ontem revelado.


Quando o programa voltar ao ar, na próxima terça-feira, seus novos responsáveis já estão obrigados a ler diante das câmeras um pedido de desculpas.


O site do programa dava ontem a explicação sobre os motivos que levavam o assunto ao noticiário. Afirmava que o nome mais votado não foi retido, e que os produtores ‘cometeram um erro’ por não cumprir a promessa de dar ao gatinho o nome mais votado.


Socks continuará no programa. Mas um segundo gato se incorporará à equipe e, obviamente, vai se chamar Cookie.


25 demissões


Os jornais ‘The Guardian’ e ‘Daily Telegraph’, além do próprio site da BBC, informam que essa e outras irregularidades deverão provocar a demissão imediata de ao menos 25 funcionários da emissora


A BBC procura preservar as imagens de honestidade e apartidarismo que lhe dão credibilidade dentro e fora do Reino Unido. Ela opera oito canais de televisão, dez emissoras de rádio nacionais e 40 outras locais.


O diretor-geral da BBC, Mark Thompson, divulgou declaração em que reitera suas ‘desculpas por terem sido enganados por tais lapsos editoriais’. Na mesma linguagem elegante, afirma que os enganos se referem a algumas dezenas de horas de programação, em meio a 1 milhão de horas produzidas pelo conjunto dos canais.


O programa infantil agora no centro das controvérsias, o ‘Blue Peter’, foi anteriormente multado em 50 mil libras (R$ 192 mil) por ter apresentado um convidado da platéia como se fosse o ganhador de um concurso que contatou a produção por telefone. A multa foi aplicada pela Ofcom, órgão regulador da mídia britânica.


Segundo a Reuters, há três outros esqueletos no armário de problemas. Um deles atinge programa do canal BBC 6 Music, em que a produção do radialista Tom Robinson inventou o nome do ouvinte que ganhou ingresso para a um show.


Em seguida, a produção da DJ Clare McDonnell também inventou o nome de um ganhador, porque todos os ouvintes que haviam concorrido, em número pequeno, já haviam sido contemplados anteriormente.


Por fim, na rede asiática da BBC, a produção não levou em conta um concurso para a escolha de um ator de Bollywood (centro de produção de filmes da Índia), porque este não estava disponível para entrevistas.


Paralelamente, foi demitida a produtora Leona McCambridge, do programa musical Liz Kershaw, que simulava ser uma transmissão ao vivo quando, em verdade, a produção era gravada com antecedência.


A direção da BBC determinou a criação de um curso de treinamento sobre seus princípios deontológicos, que deverão ser freqüentados já a partir de novembro por 16.500 funcionários da produção. Com agências internacionais’


INTERNET
Folha de S. Paulo


NBC liberará programas para download


‘DO ‘NEW YORK TIMES’ – A NBC Universal anunciou que permitirá o download gratuito de diversos dos programas da rede de TV NBC em computadores pessoais e outros aparelhos, na semana imediatamente posterior à sua transmissão aberta.


O serviço, que deve entrar em operação em novembro, surge depois que a NBC Universal anunciou que estava retirando seus programas do site de varejo online iTunes, da Apple. A parceria entre as duas se desfez devido a uma disputa sobre as práticas da iTunes quanto a preços e ao que a NBC considera falta de proteção contra a pirataria.


A decisão surge em um momento no qual as empresas do setor de televisão estão em busca de novos modelos econômicos. As redes continuam a perder audiência, e os telespectadores -especialmente a faixa etária das pessoas com menos de 30 anos- estão cada vez mais exigindo controle sobre suas escolhas de programação. O site da rede é NBC.com.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Globo e SBT podem dividir futebol em 2008


‘Executivos da Globo e do SBT conversam há dois meses sobre a possibilidade de a rede de Silvio Santos dividir as transmissões do futebol em 2008, algo impensável há alguns anos. Ainda não houve proposta formal, mas há interesse de ambas as partes.


A Globo está tendo dificuldades para renovar a atual parceria com a Band. A rede pediu R$ 40 milhões para repassar os direitos do futebol, mas a Band achou o valor alto demais.


Em 2007, a Band pagou R$ 20 milhões e teve prejuízo. A emissora foi prejudicada porque o contrato foi fechado em dezembro, quando os anunciantes já tinham destinado quase todas as suas verbas de publicidade para este ano.


O SBT já não é mais o rival da Globo que era nos anos 90, quando tentava tirar o futebol da concorrente. Hoje, a Globo até torce para que o SBT se recupere e impeça o crescimento da Record. Transferir o futebol para o SBT poderia contribuir.


No SBT, o futebol é visto com otimismo _a rede já até sondou Milton Neves. Mas as negociações não serão fáceis. O SBT pedirá jogos exclusivos e às 20h30 das quartas, o que a Globo dificilmente cederá.


A Globo lançou nesta semana seu plano comercial do futebol de 2008. A emissora desistiu de abrir uma sexta cota de patrocínio, após sondagens indicarem falta de interessados em pagar R$ 108 milhões pelas 1.916 inserções e 95 transmissões.


DIVIDIDA 1O projeto de transformar ‘Tropa de Elite’, ainda inédito nos cinemas, em programa de TV já causa disputa interna na Globo. A direção do ‘Fantástico’ quer tornar o filme um quadro. O diretor de núcleo Guel Arraes (que também é responsável pela teledramaturgia do ‘Fantástico’) defende um seriado mesmo, separado da revista eletrônica dominical.


DIVIDIDA 2O ‘porém’ é que a cúpula artística da Globo ainda não digeriu ‘Tropa de Elite’. Teme os resultados do triângulo polícia-bandido-herói.


REAÇÃODepois de estacionar na média dos 12 pontos, a novela ‘Caminhos do Coração’, da Record, esboça uma reação. Deu 15 na terça e na quarta.


CAÇA-NÍQUELO SBT está exibindo chamadas recrutando moças ‘talentosas’ de 18 a 21 anos. As escolhidas serão apresentadoras do ‘Fantasia’, que voltará em um formato que explorará telessorteios via prefixo 0900.


OLIMPÍADAA Globo lançou ontem no mercado publicitário o plano comercial dos Jogos de Pequim: seis cotas de patrocínio a R$ 25,5 milhões cada uma.


MARATONAA ESPN Brasil vai transmitir a Virada Esportiva, evento que reunirá mais de 240 atividades esportivas durante 24 horas interruptas, neste final de semana em São Paulo. Mobilizará 60 profissionais para a cobertura, que envolverá também a Caravana do Esporte, projeto social do canal, no Anhangabaú.’


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