Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

O equilíbrio entre interesse público e privacidade

Em tempo de proliferação de paparazzi e escândalos envolvendo grampos telefônicos, parece haver a crença de que o comportamento intrusivo de jornalistas é algo relativamente novo, o que não poderia estar mais longe da verdade. O jornalismo, por sua natureza, é – e sempre foi – intrusivo. Decidir se é justificável invadir a privacidade de uma pessoa é algo visto como um ato de equilíbrio entre dois conjuntos de direitos (do público e do indivíduo), e por isso há leis de privacidade.

A rainha britânica Vitória, morta em 1901, já se incomodava com fotógrafos, assim como as primeiras estrelas de Hollywood. Antes da Segunda Guerra Mundial, em 1937, oGuardian havia publicado uma matéria sobre intromissões de privacidade por parte de jornais, uma resolução do conselho executivo do Sindicato Nacional de Jornalistas em apoio àNewspaper Society, Press Association e Reuters por “expressar desaprovação de práticas envolvendo invasão de assuntos privados de membros do público” e outra resolução do conselho do Instituto de Jornalistas que condenou práticas de invasão de privacidade na apuração de matérias. O Instituto de Jornalistas ainda agradeceu a dois deputados por apoiar a lei de registro de jornalistas, que colocava “conduta não profissional sob revisão disciplinar por um corpo de representantes da profissão”.

Os anos 30 foram marcados por uma guerra de circulação e o comportamento intrusivo pode ter sido uma consequência disso. Nos anos 60, o então editor do Daily Mail, Mike Randall, emitiu normas éticas. Uma das primeiras, curiosamente, dizia para a equipe não “invadir vidas privadas quando não houver interesse público”. Informações de Roy Greenslade [The Guardian, 23/3/12].