Sunday, 05 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Soldado que vazou informações pode ser condenado à prisão perpétua

Os promotores que julgarão o soldado Bradley Manning disseram que utilizarão evidências de que Osama bin Laden pediu e recebeu de um membro da al-Qaeda os documentos que Manning vazou para o WikiLeaks. Os promotores também disseram que apresentarão o histórico de conversas onlines de fevereiro de 2010 entre o soldado e Julian Assange, fundador do WikiLeaks.

A juíza militar do caso disse que o julgamento do soldado Manning será adiado até 3/6, para permitir considerações sobre as informações secretas que poderão ser usadas. O julgamento deverá durar cerca de seis semanas.

Manning, antigo analista de inteligência no Iraque, pode ser sentenciado à prisão perpétua caso seja considerado culpado de todas as acusações, incluindo ajudar o inimigo. Ele é acusado pelo maior vazamento de informações confidenciais da história, incluindo laudos militares sobre as guerras do Afeganistão e do Iraque, gravação em vídeo do ataque de um helicóptero americano que matou dois jornalistas e relatórios sobre os detidos em Guantánamo.

Em uma tentativa de amenizar a sentença, os advogados de Manning disseram que ele iria confessar ter vazado documentos para o WikiLeaks e ter cometido crimes menores. A juíza disse que alguns, mas não todos os acordos, seriam aceitos pela lei militar. Na semana passada, advogados de defesa mudaram sua oferta, dizendo que Manning estaria disposto a confessar uma lista de crimes que chegariam a uma sentença máxima de 20 anos de prisão. Se a juíza aceitar a oferta, os promotores terão a opção de também aceitar ou continuar com as acusações para condená-lo a penas maiores. Os advogados de defesa disseram que suas testemunhas irão argumentar que os documentos vazados eram de baixo nível e possuíam informações ultrapassadas, que não poderiam causar um dano significativo à segurança nacional.

O desafio dos promotores contra uma testemunha da defesa, Yochai Benkler, um professor de direito em Harvard e especialista em internet, gerou uma discussão reveladora sobre a natureza do WikiLeaks. A juíza perguntou a um promotor uma questão hipotética: se o soldado Manning tivesse vazado os documentos para o New York Times em vez do Wikileaks, eles estaria sofrendo as mesmas acusações? “Sim, senhora”, disse o promotor, capitão Angel Overgaard. O New York Times e outros grandes veículos publicaram centenas de documentos que o soldado Manning é acusado de vazar. O Departamento de Justiça está investigando o WikiLeaks para determinar se Assange e seus associados podem ser acusados.

Defensores da mídia dizem que a acusação pode ser um precedente perigoso para organizações jornalísticas que frequentemente obtém e publicam informações consideradas confidenciais. Informações de Scott Shane [The New York Times, 10/1/13].

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