Sunday, 05 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Entrevistas coletivas completam um século de existência

As entrevistas coletivas da Casa Branca não perderam sua utilidade depois de um século de existência, completado em março. A opinião é da professora de ciências políticas Martha Joynt Kumar, da Universidade de Towson, autora de diversos livros sobre a relação entre a mídia e os presidentes americanos.

Martha conta que as entrevistas coletivas foram estabelecidas por Woodrow Wilson, que convidava todos os repórteres, não apenas as corporações de notícias. O formato foi caindo no esquecimento com o advento de sessões de perguntas e respostas e entrevistas pessoais.

No entanto, isso não significa que as entrevistas coletivas virarão uma relíquia. Apesar dos presidentes não as usarem tão freqüentemente, elas representam o momento em que os presidentes podem responder às perguntas difíceis e mostrar que sabem sobre o que estão falando.

Apesar das reclamações de que Barack Obama restringiu o acesso da imprensa à Casa Branca, a professora aponta que o presidente prefere as discussões individuais que o permitem “se aprofundar nos assuntos importantes para ele e demonstrar seu comando político”. Obama concedeu 79 entrevistas coletivas desde que foi eleito (George W. Bush concedeu 89 durante seus oito anos de mandato; seu pai concedeu 143 em quatro anos), comparadas a 674 entrevistas individuais (Bush pai, Bush filho e Bill Clinton, juntos, só concederam 116).

Martha argumenta que as entrevistas coletivas permanecerão necessárias ao menos durante o futuro próximo. Elas são o lugar onde os presidentes estabelecem legitimidade e chamam o apoio público. Essas necessidades continuam, não importa quem é o presidente ou qual é a mídia.

Aparentemente, não faltam pessoas procurando acesso ao presidente. O jantar anual oferecido pela Casa Branca aos correspondentes é hoje tão popular que excede o número de 2,5 mil convidados, incluindo muitas celebridades.