Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Revista produz documentário sobre a crise financeira de 2008

Henry Paulson Jr era o Secretário do Tesouro dos EUA há cinco anos, quando explodu a crise financeira em Wall Street. Em um documentário lançado no país na semana passada sobre Paulson, estão curiosidades como o fato dele ter achado “doloroso”, após deixar o cargo, saber que seu programa financeiro de compra de fundos em risco era mais impopular entre os americanos do que as práticas de tortura do Exército.

Mas a maior surpresa sobre Hank: Five years from the brink (Hank: Cinco anos desde a beira do abismo) é quem está por trás do filme: ele foi produzido pela revista de notícias financeiras Bloomberg Businessweek. O editor-chefe da publicação, Josh Tyrangiel, abordou Paulson e lhe ofereceu o convite para estrelar um filme centrado no quinto aniversário da crise financeira e suas tentativas de evitá-la. O projeto foi tocado pelo documentarista Joe Berlinger, cujo último filme, Crude, tratava de uma ação legal contra a Chevron no Equador por poluição industrial na selva amazônica.

“Eu acho que fizemos um bom trabalho em construir credibilidade para a revista, mas queríamos expandir essa credibilidade para outras mídias”, declarou Tyrangiel. O documentário foi vendido para a Netflix para distribuição exclusiva.

Uma nova maneira de contar a história

Utilizando telejornais da época e lembranças de Paulson – que em 2010 publicou um livro sobre a crise intitulado On the Brink (À beira do abismo financeiro, na edição em português) –, o filme tenta invocar o clima de suspense e ansiedade de 2008, quando o Lehman Brothers faliu, o Bank of America comprou o Merrill Lynch em uma venda urgente e o governo federal assumiu a Fannie Mae e a Freddie Mac. Paulson afirmou que, inicialmente, relutou em aceitar participar do documentário, mas se convenceu de que o filme poderia retratar o período em foco de novas e diferentes maneiras.

Tyrangiel disse que o acordo com a Netflix não é um indicativo de uma nova linha de negócios para a Businessweek, mas “a economia é competitiva e um aniversário possui um poder de concentrar atenção”. “Ao trazer Hank, que é um cara autêntico, e colocá-lo em frente a uma câmera para contar sua história, fizemos algo significativo para o aniversário da crise”, concluiu o editor-chefe.

A estreia do filme foi acompanhada de uma edição especial da Businessweek sobre o aniversário da crise. Para Daniel Doctoroff, executivo-chefe da Bloomberg, “a melhor maneira de contar uma história é não contar do jeito como sempre se fez”. Doctoroff acredita que o filme e a parceria com a Netflix ajudarão a ampliar a audiência da marca Bloomberg Businessweek.

Recentemente, outra revista de notícias americana, a Time, anunciou a criação de uma unidade para a produção de documentários.