Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Polícia expulsa jornalistas de prédio de TV estatal extinta

A polícia grega despejou, na semana passada [7/11], um grupo de ex-funcionários que ocupava o prédio da emissora de rádio e TV estatal ERT, fechada em junho pelo governo. Os policiais usaram gás lacrimogêneo para dispersar um protesto na frente do edifício ocupado; pessoas que se recusaram a deixar o local foram presas.

O governo de coalizão cortou o sinal da emissora em junho com a justificativa de que, em um momento de crise, sua manutenção havia se tornado cara demais. Cerca de 2.600 funcionários perderam seus empregos. Centenas deles recusaram-se a aceitar o fechamento e continuaram a ocupar o prédio do canal, transmitindo programação via internet.

Os profissionais despejados afirmaram que não iriam desistir. “Nós estamos aqui, os funcionários da ERT continuam a trabalhar!”, disse, já da rua, a jornalista Machi Nikolara. “Nos próximos dias encontraremos meios de produzir programas de rádio e TV com a consistência e profissionalismo que caracterizam nosso trabalho”, declarou, em nome dos colegas.

Surpresa e protestos

O fechamento da rede pegou os funcionários da ERT – e a população grega – de surpresa. A instituição funcionava há 75 anos e foi a única emissora de TV do país até 1989, quando foi permitida a entrada de canais privados. Já na década de 90, a ERT começou a sofrer com a queda de audiência por conta da dura competição com os rivais comerciais, o que deu início a um longo debate sobre seu custo e eficiência.

Finalmente, com o país em crise, o primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, anunciou o fechamento da emissora este ano em uma tentativa de mostrar aos credores internacionais seus esforços para reestruturar a economia do país. Samaras afirmou que o governo não poderia mais arcar com as despesas da rede (de 300 milhões de euros por ano). Um canal interino passou a funcionar em julho até que uma nova rede estatal – batizada de Nerit – seja lançada.

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