Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Rebekah Brooks nega conhecimento sobre escuta de Milly Dowler

Durante o julgamento no qual é acusada de envolvimento no escândalo dos grampos telefônicos no jornal News of the World, a ex-executiva da News International Rebekah Brooks, que foi editora-chefe do extinto tabloidede 2000 a 2003, afirmou ter contado à polícia em julho de 2011 que não tinha conhecimento sobre a invasão da caixa postal de Milly Dowler, adolescente que teve seu telefone celular grampeado em 2002 quando estava desaparecida, e que foi encontrada morta meses depois.

Rebekah disse, ainda, que considerou o ato “repugnante” e alegou nunca ter se encontrado com o detetive Glenn Mulcaire, que trabalhou para o tabloide e já foi considerado culpado por grampear a caixa postal de Milly. “Como todo mundo, eu achei esse ato abominável e eu e a empresa, com razão, pedimos desculpas à família. Eu não sabia dos grampos. Nunca conheci ou falei com Mulcaire. Não tenho nenhum conhecimento sobre Mulcaire ou suas atividades”, teria dito ela no primeiro de seus quatro interrogatórios à polícia, dois dias após sua renúncia como executiva-chefe da News International. Foi o caso de Milly Dowler que provocou o fechamento do News of the World em 2011 e deu início ao Inquérito Leveson, aberto a pedido do primeiro-ministro britânico para investigar os padrões éticos da imprensa no Reino Unido.

Enquanto Rebekah era interrogada, a polícia mostrou a ela um artigo que estaria relacionado aos grampos. Ela defendeu-se alegando que, na data da publicação, 14/4/02, estava de férias. Rebekah contou que soube pela primeira vez que grampos estavam sendo usados pelo tabloide em 2006, quando Mulcaire e o ex-editor Clive Goodman, que cobria a família real, passaram a ser investigados – ambos foram presos em 2007. “Fiquei chocada e soube pela polícia que entre 90 e 100 telefones foram interceptados e, até o início deste ano [2011], continuei a acreditar que era só isso”, disse ela. “Disseram-me na época que eu mesma tinha sido vítima de Mulcaire, o que era uma questão preocupante”.

Atividade ilegal

A ex-editora disse à polícia que não pôde se preparar para responder a perguntas porque, a pedido da própria polícia, teve de deixar seu escritório no prazo de 15 minutos após sua renúncia. Ela teve seu escritório revistado e bloqueado, assim como iPad e computadores confiscados e conta de e-mail desativada. Os eventos antes de sua prisão tiveram um enorme impacto na sua vida e naquela ocasião ela teve de tomar decisões críticas para o futuro da News International enquanto era tema de intensa investigação da mídia.

Em um terceiro interrogatório, em março de 2012, Rebekah negou categoricamente que estivesse envolvida em uma “conspiração para subornar membros das Forças Armadas e do Ministério da Defesa” em troca de informação privilegiada. Ela foi acusada de autorizar pagamentos a esses funcionários quando atuou como editora-chefe do Sun, de 2003 a 2009.

Rebekah enfrenta cinco acusações relacionadas à suposta atividade ilegal durante seu tempo no News of the World e no Sun e declarou-se inocente de todas elas.

***

Leia também

Rebekah Brooks e Andy Coulson na berlinda