Wednesday, 01 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Governo aumenta censura a jornalistas locais

A China, que possui um dos ambientes mais controladores da imprensa em todo o mundo, acaba de apresentar mais uma leva de restrições aos seus jornalistas. Na semana passada [18/6], a Administração Estatal de Imprensa, Publicações, Rádio, Cinema e Televisão anunciou que, a partir de agora, os repórteres chineses precisarão obter permissão de seus empregadores antes de redigir “reportagens críticas”. Além disso, não poderão mais criar sites pessoais.

A agência estatal disse que as regras se fizeram necessárias após uma série de casos envolvendo má conduta por parte dos jornalistas locais – algumas delas, segundo as autoridades, incluiriam casos de extorsão.

As novas regras vêm em meio a uma onda de restrições à liberdade expressão após a ascensão do atual presidente chinês, Xi Jinping. No ano passado, vários blogueiros foram presos depois que novas restrições à publicação de “boatos” foram estabelecidas pelo Estado. Jornalistas que questionaram a riqueza de membros do governo foram presos.

Alguns veículos, no entanto – como o jornal Southern Weekend e o grupo Caixin –, continuam a publicar rotineiramente artigos mordazes expondo os males sociais e a corrupção locais. O Caixin publicou uma série de artigos sobre os interesses comerciais da família de Zhou Yongkang, ex-chefe de segurança do Partido Comunista chinês.

“Erro imenso”

Obviamente, a nova restrição causou revolta entre profissionais da imprensa e ativistas de direitos humanos, que disseram que as regras podem ter um efeito inibidor sobre o jornalismo já restrito da China (no índice de liberdade de imprensa publicado pela organização Repórteres Sem Fronteiras, a China é o 173º país com menor índice de liberdade de imprensa, num total de 179 países).

Ji Shuoming, jornalista chinês que mora em Hong Kong, declarou que jornalistas investigativos terão dificuldade para escrever suas reportagens e ficarão sob risco caso seus trabalhos atraiam a ira do governo chinês. Sophie Richardson, diretora da divisão chinesa da organização de defesa de direitos humanos Human Rights Watch, teme pelas novas medidas e diz que fechar um espaço já tão restrito no jornalismo é um erro imenso.