Monday, 06 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

ONU pede investigação de assassinatos no México

O escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos expressou preocupação com o aumento do número de jornalistas assassinados no México. De acordo com dados da organização Repórteres Sem Fronteiras, 80 jornalistas foram mortos no México desde 2000.

Somente em setembro, quatro profissionais foram mortos por informar a população sobre ações do crime organizado no país. Ganhou destaque na mídia internacional, há duas semanas, o brutal assassinato da jornalista María Elizabeth Macías, da cidade de Nuevo Laredo. A editora foi encontrada decapitada, e junto a seu corpo havia um bilhete dos criminosos: María Elizabeth foi morta por participar de debates em redes sociais. Dez dias antes, os corpos de um homem e uma mulher foram pendurados em um ponte, também em Nuevo Laredo, com um bilhete ameaçador: o mesmo irá acontecer a quem usar a internet.

Estes últimos assassinatos são uma consequência do aumento do uso de redes sociais para informar e debater questões de segurança em algumas das cidades mais violentas do país. No bilhete junto ao corpo de María Elizabeth, ela era chamada de “La NenaDLaredo”, apelido que usava para postar informações no Twitter e no site Nuevo Laredo en vivo. A jornalista seria moderadora do fórum online do site, que costumava ter informações sobre ações de traficantes e autoridades corruptas. Não se sabe como os criminosos descobriram sua identidade.

Intimidação

“Fica claro que estes crimes têm como objetivo enviar uma mensagem assustadora para silenciar notícias sobre a violência dos carteis de drogas e para confrontar campanhas feitas pelas autoridades pela promoção de reportagens anônimas sobre atividades criminais”, afirmou Rupert Colville, porta-voz do escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Em uma coletiva de imprensa em Genebra, ele ressaltou que os assassinatos ilustram a “situação excepcionalmente vulnerável dos jornalistas, assim como a condição deteriorada da liberdade de expressão no país”.

“Nós compreendemos o desafio enfrentado pelo governo mexicano nesta luta contra o aumento da violência. Mas nos preocupamos com a contínua impunidade destes assassinatos e de muitos outros crimes similares cometidos nos últimos anos”, continuou Colville, enfatizando que muitos destes crimes sugerem a participação – ou pelo menos a vista grossa – de agentes do estado. Também em setembro, foram encontrados corpos de 23 homens e 12 mulheres com marcas de tortura em dois caminhões abandonados na cidade de Veracruz, outra violenta região do país.

O escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu que o governo investigue os assassinatos, e lembrou às autoridades mexicanas de sua obrigação em proteger a população diante de ameaças à vida, segurança e liberdade de expressão. Informações do UN News Centre [30/9/11].

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