Wednesday, 08 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Agência corre atrás do prejuízo

A agência de notícias Associated Press lançou uma campanha para se tornar mais competitiva globalmente. A AP sentiu-se prejudicada recentemente pela queda nas vendas dos jornais europeus, o que acarretou no corte de serviços de agências de notícias, e pelo protesto de editores americanos contra as novas cobranças propostas por estes serviços.

As estratégias a serem desenvolvidas para aproveitar melhor as novas tecnologias e para entrar mais agressivamente no saturado mercado americano foram discutidas em uma reunião neste mês com o presidente da agência, Tom Curley, transmitida via internet para os 3.700 funcionários dos 242 escritórios da AP em todo o mundo.

A empresa, de mais de 157 anos, planeja tornar-se mais relevante na era das notícias digitais via internet e celulares. Para isso, uma reestruturação em suas operações globais já foi iniciada, com aposentadorias forçadas e afastamento de dezenas de jornalistas. A agência introduziu um serviço de notícias de última hora focado no mercado internacional e criou uma equipe multimídia investigativa. No próximo ano, um pacote multimídia será oferecido na Rede para jovens.

A AP também pretende passar a cobrar taxas aos jornais americanos pela reutilização da informação nos seus sítios de notícias, medida que pode ser apoiada por uma lei que fiscalizaria o uso ilegal de notícias na internet. Ainda este ano, será inaugurado um sistema de informações online chamado eAP que mandará notícias, fotografias, vídeos e clipes de áudio com códigos de identificação para permitir que se saiba quantas vezes o material foi usado por seus clientes. Michael Phillips, diretor editorial do grupo E.W.Scripps, que conta com 21 jornais, incluindo o The Rocky Mountain News, não acha justo a cobrança dupla sobre notícias usadas em uma ou duas plataformas e considera que a AP não está mais agindo como uma cooperativa.

Funcionários descontentes

O sistema eletrônico preocupa o sindicato dos funcionários da AP, que temem que um dia o eAP possa ser usado para determinar o nível do quadro de funcionários e decidir quais escritórios serão fechados. Os empregados mais antigos relembram que na antiga administração os afastamentos temporários eram raros e os funcionários ficavam na empresa durante toda a carreira profissional. Curley era presidente e publisher do jornal USA Today e substituiu Louis Boccardi, que presidiu a agência por mais de 18 anos. No seu primeiro ano na empresa, apesar das críticas dos funcionários, Curley aumentou a renda da AP em 6%.

História

A agência surgiu em 1848, quando executivos da imprensa nova-iorquina competiam entre si para ter acesso a notícias européias, mandando seus repórteres para a Europa de navio. Seis jornais, incluindo o The New York Tribune, estabeleceram um compromisso para acabarem com a cara competição e decidiram criar a Associated Press, que mandaria notícias por cabos transoceânicos e telégrafo. Informações de Doreen Carvajal [International Herald Tribune, 20/6/05]