Saturday, 27 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Cartunistas políticos se refugiam na internet

Com a autocensura cada vez mais comum nos jornais impressos russos, cartunistas encontraram na web uma boa plataforma para divulgar desenhos satíricos ao presidente Dmitry Medvedev e ao primeiro-ministro Vladimir Putin. ‘Não há cartuns políticos quando não há disputa política e onde a maior parte das publicações depende das autoridades’, afirma Viktor Bogorad, um dos poucos cartunistas que se atrevem a satirizar na imprensa os líderes do país.

Seus desenhos são publicados no jornal econômico Vedomosti e no Moscow Times, diário em inglês lido em grande parte por expatriados. Ambas as publicações são de propriedade do grupo de mídia finlandês Sanoma. Em geral, Medvedev é caracterizado por ele como esnobe e jovial, enquanto Putin é desenhado com olhos vermelhos. Em um cartum publicado recentemente no Moscow Times, Putin apareceu como Napoleão. ‘Para achar algo que tenha a ver com sátira política é preciso ir à rede, onde ainda existe liberdade’, desabafa Bogorad. ‘Quando se viu um cartum da governadora de São Petersburgo, Valentina Matviyenko? É impensável na imprensa local’.

Repressão ao humor

Para divulgar seu trabalho, cartunistas recorrem a sites como o Umorist, o KremlinGremlin ou o Caricatura. Um cartum divulgado no KremlinGremlin mostra Putin com uma gravata decorada com a bandeira soviética e segurando um boneco do sucessor Medvedev.

O primeiro-ministro é amplamente visto como o político mais influente da Rússia, mesmo tendo deixado a presidência em 2008, depois de dois mandatos consecutivos de quatro anos. Durante seu governo, houve uma onda de repressão ao humor. O programa de TV humorístico Kukly, muito popular nos anos 90, foi encerrado quando Putin assumiu a presidência, já que o canal que o exibia tornou-se estatal. Segundo Viktor Shenderovich, criador de Kukly, a sátira política ainda existe na Rússia, mas se tornou ‘mais discreta’. Com informações de Marina Koreneva [AFP, 4/11/10].