Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Daniela Milanese

‘A Net já chegou a um acordo com os credores sobre a renegociação de suas dívidas. O diretor geral da empresa, Francisco Valim, afirmou que os termos econômicos da reestruturação estão definidos. Agora, as partes trabalham para a assinatura do memorando de entendimentos, que vai formalizar o acordo.

‘Isso deve ocorrer em breve’, disse o executivo, sem dar detalhes dos termos do negócio. ‘É a última pedra que faltava para a melhora da empresa.’ A Net está inadimplente com os credores desde dezembro de 2002. No fim do ano passado, a dívida líquida da companhia era de R$ 1,140 bilhão, 59% em dólar.

Segundo Valim, haverá a emissão de novos títulos da companhia, que vão substituir os papéis já vencidos. A emissão passará pela aprovação dos órgãos reguladores do mercado de capitais no Brasil (CVM) e nos Estados Unidos (SEC).

O acordo foi fechado com um comitê formado por mais de 30 credores, que representam fatia superior a 80% do endividamento. O Unibanco não faz parte desse comitê, portanto não aprovou a negociação. O banco tem, desde o ano passado, um processo de cobrança em andamento contra a Net.

Valim disse que o processo de acordo da dívida foi lento por causa da grande dispersão, já que o maior credor da empresa tem menos de 5% do total envolvido.

A reestruturação financeira é a grande questão que envolve a Net, e o grande entrave na visão dos investidores. Operacionalmente, a companhia tem mostrado melhora dos resultados. Ontem, a operadora de TV por assinatura anunciou prejuízo de R$ 268,387 milhões em 2003, uma queda de 76% em relação ao resultado negativo do ano anterior.

O número deve-se principalmente à redução das despesas financeiras provocada pela queda do dólar. Mesmo assim, o patrimônio líquido continua negativo, agora em R$ 162,611 milhões.

A novidade é que a companhia conseguiu o primeiro lucro operacional de sua história, de R$ 43,1 milhões (descontadas as despesas financeiras). A base de assinantes, que vinha caindo nos últimos anos, ficou estabilizada em 1,352 milhão de clientes.

Outro indicador que apresentou melhora foi a taxa de desconexão dos assinantes, ao recuar de 20,1% em 2002 para 13,8% no ano passado.’



Eliane Pereira

‘Net conclui negociação da dívida’, copyright MMOnline (www.mmonline.com.br), 17/03/04

‘Operadora de TV por assinatura divulgou resultados financeiros positivos relativos ao ano de 2003; segundo o presidente Francisco Valim, 2003 foi o melhor ano da empresa

A Net Serviços de Comunicação acaba de concluir a negociação econômica de sua dívida com o comitê de credores. O montante do débito chega a R$ 1,140 bilhão. O próximo passo é a assinatura de um memorando de entendimento sobre o acordo e, mais adiante, a emissão de novos títulos da dívida. O anúncio do acordo foi feita nesta manhã de quarta-feira, dia 17, pelo presidente da empresa, Francisco Valim, durante a divulgação dos resultados financeiros relativos a 2003.

A operadora ligada às Organizações Globo registrou Ebitda de R$ 306,5 milhões em 2003, resultado 71,5% superior em relação ao ano anterior. A base de assinantes cresceu 1,7%, fechando o ano passado com 1,352 milhão de clientes. Houve crescimento também no número de assinantes do Virtua (serviço de acesso a internet em alta velocidade) num total de 91.474 clientes, ou 64,3% a mais que em 2002. Segundo Valim, o ano de 2003 foi o melhor da história da empresa. Entretanto, em função do alto custo da dívida, que gera uma alta despesa financeira, a empresa encerrou o ano com prejuízo acumulado de R$ 268,4 milhões.’



O Globo

‘Net reduz perdas e anuncia acordo com credores’, copyright O Globo, 18/03/04

‘A Net Serviços de Comunicação anunciou ontem acordo com um grupo de credores que responde por cerca de 80% de sua dívida, cujo pagamento está em negociação desde dezembro de 2002. O presidente da empresa, Francisco Valim, disse que um memorando de entendimentos será assinado em breve e que a operação envolverá a emissão de títulos, com novos prazos e taxas de juros, que serão trocados pelos papéis antigos e não quitados. Em 31 de dezembro, a dívida líquida da Net era de R$ 1,140 bilhão, 59% dos quais em dólar.

– Concluímos a negociação dos termos econômicos e estamos agora na fase de formalização – afirmou ele.

Após explicar que nenhum credor detém individualmente mais do que 5% da dívida, Valim disse que o comitê de negociação representa a maior parte dos mais de 30 credores. O Unibanco, que tem um processo de cobrança de dívida contra Net, ainda não aderiu à proposta:

– O processo é moroso porque a dívida é pulverizada.

A empresa divulgou também o balanço de 2003. Líder do mercado de TV por assinatura e operadora de Internet em banda larga (Vírtua), a Net reduziu em 76,5% seu prejuízo, que passou de R$ 1,125 bilhão, em 2002, para R$ 268,4 milhões. Indicador que afere o desempenho operacional de uma companhia, o Ebit consolidado (lucro antes de juros e impostos) ficou positivo pela primeira vez na história da Net: R$ 43,1 milhões.

O resultado é atribuído ao aumento no volume de vendas, à redução dos índices de desconexão e à renegociação com fornecedores. A base de assinantes de TV por assinatura chegou a 1,352 milhão, 1,7% a mais do que em 2002.’



Regina Neves


"Net tem prejuízo de R$ 268 milhões", copyright Gazeta Mercantil, 18/03/04


"Empresa de TV paga da Globo informa, porém, que 2003 foi o seu melhor ano. A Net Serviços de Comunicação, maior operadora de TV a cabo do País, fechou o exercício de 2003, que a empresa considera como o de melhor desempenho operacional de sua história, com um prejuízo acumulado de R$ 268,4 milhões, que corresponde a uma redução de 76,5% sobre a perda do ano anterior, de R$ 1,125 bilhão. Já o lucro em 2003 antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de R$ 306,5 milhões em 2003, um aumento de 71,5% em relação a 2002. A margem foi de 24,6%.


Segundo o diretor geral da Net, Francisco Valim, ao divulgar, ontem, o balanço da empresa, a situação da empresa em 2002 ‘não era sustentável’ e ele credita a reversão do quadro em 2003 a uma série de fatores, que vão da reestruturação gerencial a campanhas de marketing e melhorias nos canais de venda que levaram à ampliação da base de assinantes e da receita média tanto em TV por assinatura quanto em banda larga (Virtua), por meio do aumento de vendas e da redução dos índices de desconexão.


Pesou também positivamente a desvalorização do dólar em 18,2% no ano passado, o que ajudou a reduzir os custos tanto das despesas com programação quanto da dívida. A Net também conseguiu fechar negociações em termos econômicos com o comitê de credores que representa mais de 80% da sua dívida vencida de R$ 1,14 bilhão (uma redução de 8,2% em relação ao quarto trimestre de 2002) e, embora sem data prevista, está na fase final de formalização do processo para a assinatura do acerto final.


A dívida, segundo a empresa, está pulverizada num grande número de credores e nenhum deles tem mais de 5% do total. A composição da dívida é 59% em dólar e 41% em real. Valim confirmou que haverá emissão de novos títulos da Net para alongamento da dívida e que a nova composição acionária será divulgada juntamente com a conclusão das negociações. A atual estrutura acionária é composta por 46,1% das Organizações Globo; 22,1% do BNDESPAR; 6,4% do Grupo Bradespar; 4,2% da RBS e 21,2% do público.


A Net informou que encerrou 2003 com base de 1,352 milhão de assinantes, aumento de 1,7% sobre 2002. No ano passado foram 226,1 mil vendas brutas em TV por assinatura, o que representa um aumento de 40% em relação ao ano anterior. Já a taxa de desconexão caiu de 20,1% no quarto trimestre de 2002 para 13,8% no quarto trimestre de 2003. A receita média por assinante aumentou 14% e chegou a R$ 88,07 contra R$ 77,03 em 2002. Na banda larga a base de assinantes passou de 55.677 em 2002 a 91.474 em 2003 e a taxa de desconexão foi reduzida de 20,6% para 12,1%. Valim destacou também a redução de custos focada em áreas específicas como programação, tecnologia da informação, serviços de campo e consolidação de infra-estrutura (como a troca de fornecedores de vendas terceirizadas e de atendimento a cliente) como pontos importantes no desempenho obtido pela Net.


A empresa opera com a marca Net nas principais cidades brasileiras, incluindo operações nas quatro maiores do País: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre. Sua rede de cabos se estende por mais de 35 mil quilômetros, passando por cerca de 6,5 milhões de domicílios. A Net oferece também serviços de internet rápida através da marca Vìrtua e serviço de comunicação de dados e multimídia para redes corporativas através da Vicom, que está à venda.


Para Valim, 2003 foi o ano de estabilização da companhia. ‘Até o início de 2003 a Net vivia um circulo vicioso, perdendo base, reduzindo investimentos e despesas de aquisição de clientes para pagar sua divida e conseguimos reverter esse quadro em um ano’, afirma. Segundo ele a empresa havia perdido 135 mil assinantes em dois anos; o nível de investimento foi drasticamente reduzido de R$ 318 milhões para R$ 79 milhões em 2002. A disparada da moeda americana havia aumentado o custo de programação de 32% em 2001 para 37% em 2002 das receitas líquidas. ‘Além disso o pagamento com juros e principal da dívida chegaram a R$ 1,2 bilhão em 2002 e a empresa teve que tomar emprestados R$ 556 milhões para cumprir suas obrigações financeiras’.


Valim explica que a reestruturação da empresa em 2003 passou pela implantação de uma nova estratégia ‘alinhada com os acionistas’ com a identificação e priorização dos principais projetos, criação de um foco gerencial e implementação de soluções para os principais desafios operacionais como aumento de vendas, gestão de desconexão, sistema de cobranças e ‘pelo desenvolvimento de um modelo de gestão Net’. No setor interno Valim destacou a nova política da companhia de participação de resultados. ‘Pelo sistema de bônus foram distribuídos R$15 milhões entre nossos funcionários, o que representou cerca de dois salários para cada um deles’.


História


A Net iniciou suas operações em 1991, com a aquisição de pequenas operadoras de TV a cabo, já existentes, e de licenças operacionais para diversas localidades. Em maio de 2002 houve a alteração da denominação social da companhia para Net Serviços de Comunicação S.A., tendo como principal objetivo associar o nome da empresa à marca pela qual ela é reconhecida pelos seus clientes."





Samuel Possebon


"Net diz que acertou termos econômicos com credores", copyright PAY-TV News, 17/03/04


"‘Já chegamos a um acerto do ponto de vista econômico com nossos credores e agora falta a formalização do acordo, o que deve ser anunciado em breve’, declarou o presidente da Net Serviços, Francisco Valim, durante a entrevista coletiva de divulgação dos resultados de 2003 nesta quarta, 17. A finalização das condições econômicas é um fato novo, e não apenas retórica do executivo. Isso significa que a Net está de fato bastante próxima de poder anunciar as condições do acerto com os credores, representados ‘em aproximadamente 80%’, pelos comitês de negociação, segundo Valim.


As condições do acordo serão divulgadas apenas no momento em que os termos colocados estiverem formalizados. Segundo a Net, sempre pode haver novos arranjos nessa etapa final, mas as linhas gerais estão dadas. Condições macroeconômicas ou conjunturais dificilmente interferirão, agora, no acordo.


Títulos


A Net não detalha, mas dá a entender que no pacote acertado com os credores estão novos títulos a serem emitidos em troca dos atuais. Outras fontes confirmam que deve haver uma revisão no papel e tamanho da participação dos acionistas controladores, eventualmente com novos acionistas, mas estas são informações extra-oficiais. A Net Serviços está confiante de que, com os resultados do ano passado apresentados pela empresa, dificilmente haja hoje descrédito dos credores com relação ao futuro da empresa.


Em relação à competição e à possibilidade de troca de operações ou participações com concorrentes, Valim ressalta que não existe nada nesse sentido. Admite, entretanto, que o mundo ideal da competição é aquele em que apenas ‘céu e terra’ disputam o mercado, em alusão à briga com o DTH. ‘As empresas de satélite estão se posicionando e revendo a competição entre elas. O ideal é brigarmos apenas com um operador de DTH, como é nos EUA’."





Inaldo Cristoni


"Net finaliza termos de negociação com credores", copyright Telecom Online, 17/03/04


"A Net Serviços de Comunicação concluiu os termos da negociação de sua dívida líquida (de R$ 1,1 bilhão) com seus credores, segundo infomou hoje, 17, Francisco Valim, presidente da empresa. ‘Falta apenas a formalização, o que esperamos que ocorra em breve’, disse. Segundo ele, a negociação foi feita com um comitê de credores que, juntos, representam aproximadamente 80% da dívida líquida da companhia. Ele esclareceu que a Net tem, hoje, mais de 30 credores, mas ressaltou que o montante da dívida está bastante pulverizado. ‘O nosso maior credor não detém mais do que 5% do total da dívida’. O executivo esclareceu, também, que o Unibanco, que move ação de cobrança, não está representado no comitê. A empresa divulgou hoje seus resultados financeiros relativos a 2003. No último trimestre do ano teve crescimento de 4,9% na receita líquida em relação ao terceiro trimestre, passando de R$ 321,7 milhões para 337,4 milhões. A empresa contabilizou dívida líquida de R$ 1,140 bilhão, representando uma queda de 3,2% em relação aos três meses anteriores e de 8,2% sobre os R$ 1,242 bilhão de 2002. O EBITDA (lucro antes de impostos, taxas, depreciações e amortizações) consolidado encerrou o trimestre em R$ 80,1 milhões, uma variação negativa de 1,2% quando comparado aos R$ 81,1 milhões do trimestre anterior. A margem do EBITDA caiu de 25,2% para 23,8% no período. A empresa contabilizou prejuízo líquido de R$ 116,5 milhões (ou R$ 0,60 por ação), uma piora de 9,1% em comparação aos 106,8 milhões do terceiro trimestre. Já no consolidado do ano, a receita líquida evoluiu 8,2%, de R$ 1,150 bilhão, em 2002, para R$ 1,250 bilhão, no ano passado. No ano, o prejuízo líquido acumulado foi de R$ 268,4 milhões ante R$ 1,125 milhão apurado no exercício 2002. Em 2003, o EBITDA consolidado atingiu R$ 306 milhões, um aumento de 71,5% sobre 2002. A margem foi de 24,6%. De acordo com o executivo, o crescimento da receita líquida é conseqüência dos reajustes na mensalidade, do aumento da base de assinantes de banda larga (64,3%) e do aumento nas vendas do pay-perview (168 mil vendas no Campeonato Brasileiro, o que representa um crescimento de 28,2%). Hoje, a Net possui uma base de 1,3 milhão de assinantes conectados com rede de cabo em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Florianópolis. A base de clientes cresceu 1,7% em relação a 2002. Já a taxa de churn caiu de 20,1% para 13,8%. A receita média por assinante, por sua vez, cresceu 14% e chegou a R$ 88,07. contra R$ 77,03 em 2002."



Eliane Pereira


"Net conclui negociação da dívida", copyright MMOnline (www.mmonline.com.br), 17/03/04


"Operadora de TV por assinatura divulgou resultados financeiros positivos relativos ao ano de 2003; segundo o presidente Francisco Valim, 2003 foi o melhor ano da empresa


A Net Serviços de Comunicação acaba de concluir a negociação econômica de sua dívida com o comitê de credores. O montante do débito chega a R$ 1,140 bilhão. O próximo passo é a assinatura de um memorando de entendimento sobre o acordo e, mais adiante, a emissão de novos títulos da dívida. O anúncio do acordo foi feita nesta manhã de quarta-feira, dia 17, pelo presidente da empresa, Francisco Valim, durante a divulgação dos resultados financeiros relativos a 2003.


A operadora ligada às Organizações Globo registrou Ebitda de R$ 306,5 milhões em 2003, resultado 71,5% superior em relação ao ano anterior. A base de assinantes cresceu 1,7%, fechando o ano passado com 1,352 milhão de clientes. Houve crescimento também no número de assinantes do Virtua (serviço de acesso a internet em alta velocidade) num total de 91.474 clientes, ou 64,3% a mais que em 2002. Segundo Valim, o ano de 2003 foi o melhor da história da empresa. Entretanto, em função do alto custo da dívida, que gera uma alta despesa financeira, a empresa encerrou o ano com prejuízo acumulado de R$ 268,4 milhões."





Talita Moreira


"Net chega a acordo com a maioria dos credores", copyright Valor Econômico, 18/03/04


"Um comitê integrado por mais de 30 credores da Net Serviços de Comunicação, representantes de 80% do valor da dívida, aderiu ao plano de reestruturação financeira da empresa.


Segundo Francisco Valim, presidente da Net, a empresa concluiu a negociação dos ‘termos econômicos’ dessa dívida, que somava R$ 1,1 bilhão líquido no fim de dezembro. Uma parcela de 59% desse valor é denominada em dólar. ‘Vamos assinar o acordo em breve’, diz.


Entre os credores que não integram o grupo está o Unibanco.


O executivo afirma que não há um patamar mínimo de adesão para que o acordo tenha validade. Porém, ele diz ser pouco provável conquistar o apoio de todos os credores. ‘São muitos e nenhum deles tem mais de 5% da dívida’, diz ele.


De acordo com o presidente da Net, a repactuação prevê a emissão de novos títulos. O executivo não revela se serão emitidas ações. No entanto, observa que a proposta não inclui um aumento de capital por parte da BNDESPar (empresa de participações do BNDES) – uma das possibilidades discutidas anteriormente.


‘[A renegociação] era a última pedra que faltava para poder falar sobre a perenidade e o sucesso da empresa’, ressalta Valim.


A Net teve prejuízo líquido consolidado de R$ 116,5 milhões nos três últimos meses de 2003 – menos que a metade da perda contabilizada no mesmo período do exercício anterior.


A empresa fechou 2003 com prejuízo de R$ 268,4 milhões. Mesmo assim, ‘foi o melhor resultado da história’, destaca Valim. A Net havia terminado o ano anterior com prejuízo de R$ 1,1 bilhão, fortemente influenciado pela alta do dólar, e pagamento de dívida suspenso.


A maior estabilidade das taxas de câmbio no ano passado ajudou a Net a melhorar a linha final do demonstrativo de resultado. Sem variação expressiva do dólar, as despesas financeiras líquidas caíram de R$ 958,6 milhões em 2002 para R$ 215,2 milhões. Desse total, R$ 106,2 milhões foram registradas no quarto trimestre.


Nos três últimos meses do ano, a Net apresentou receita líquida de R$ 337,4 milhões, o que mostra crescimento de 16% na comparação com igual período de 2002. Em todo o ano passado, o faturamento aumentou 8,2% e atingiu R$ 1,2 bilhão. A geração de caixa foi de R$ 306,5 milhões, com alta de 71,5%.


A Net encerrou 2003 com um total de 1,3 milhão de clientes de TV por assinatura. A base de assinantes de internet banda larga aumentou de 55,7 mil para 91,5 mil.


As ações preferenciais da Net subiram ontem 1,12%, para R$ 0,90. O giro financeiro foi de R$ 33,7 milhões. O volume de negociações com papéis da empresa na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) tem aumentado desde setembro do ano passado.


No parecer que acompanha as demonstrações financeiras, a auditoria Ernst & Young dá ênfase à necessidade de reestruturação financeira. A auditoria também diz que a companhia de TV paga registrou em seu ativo um montante de R$ 402,6 milhões em créditos fiscais cuja realização depende da geração de lucros tributáveis e do equacionamento da dívida."



Tela Viva News


"Net quer ter serviços digitais em 2004", copyright Tela Viva News, 17/03/04


"A Net Serviços deve ter, ainda esse ano, serviços digitais. Não é a primeira vez que a empresa diz ter um projeto para digitalização da rede, mas é a primeira vez em que isso é colocado como uma necessidade. ‘Com serviços digitais, poderemos oferecer venda de programação por impulse pay-per-view, como faz o DTH, o que é uma forma importante de aumentar a receita por assinante’, diz Ciro Kawamura, diretor de marketing e produtos da Net. Ele ressalta que mesmo com as limitações tecnológicas, a receita média por assinante da operadora em 2003 foi expressiva (R$ 88). Mesmo assim, a Net está em fase de receber propostas dos fornecedores das alternativas de equipamentos digitais. ‘É um projeto que depende de um momento oportuno para ser lançado, mas vem esse ano’, diz Kawamura, que confirma que a empresa está negociando opções de programação. Projetos de voz sobre IP ou mesmo parcerias com as teles são coisas que sempre estão no campo de possibilidades da Net, ‘mas hoje nosso principal produto é o Vírtua’, diz Francisco Valim, presidente da operadora.


Sobre as vendas de pay-per-view, que têm sido proporcionalmente menores na base da Net do que na Sky, que tem acesso à mesma programação, Kawamura diz que a falta do impulse PPV é um obstáculo, mas lembra que a comparação tem que ser feita lembrando-se que nem toda a base da Net Serviços está codificada e pronta para esse tipo de serviço. Ainda assim, a Net vendeu 168 mil pacotes do Campeonato Brasileiro em 2003, o que é 28,2% a mais do que no ano anterior.


Novos pacotes


A Net Serviços levou, no início do ano, a experiência das novas alternativas de empacotamento para Porto Alegre. É a primeira grande cidade a receber a opção, que vinha sendo testada em cidades médias. ‘A aceitação tem sido boa e as operadoras locais demandam a nova alternativa’ diz José Felix, diretor de operações. A Net avalia ainda os riscos em grandes bases, como a capital gaúcha. ‘Isso nos dará confiança para lançar o produto em outras bases, gradualmente’.


Em relação ao serviço Vírtua, apesar do crescimento de 67% registrado em 2003, não existem planos de levá-lo a novas cidades. ‘Isso demandaria uma leva de investimentos que não está nos nossos planos agora’, diz Francisco Valim, presidente da empresa.


A novidade é que a Net, definitivamente, passou a adotar o DOCSIS como tecnologia padrão de sua rede de dados. Os modems S-CDMA da Terayon não serão trocados, mas a opção agora é pelo padrão. Segundo José Felix, um fenômeno curioso é o fato de que alguns modems recentemente instalados já serem padrão DOCSIS 2.0. ‘Mas isso é por uma decisão do fornecedores. Não é, ainda, uma estratégia de negócios nossa’.



Folha de S. Paulo


"Reestruturação da Net engloba 80% da dívida", copyright Folha de S. Paulo, 23/03/04


"Uma parte da dívida da Net Serviços de Comunicações não entrou na renegociação anunciada na semana passada pela empresa.


Segundo informação apurada pela Folha, a renegociação envolveu um grupo de 30 credores, que representa algo um pouco superior a 80% da dívida da empresa. O valor da dívida renegociada é estimada em R$ 1,14 bilhão.


Dentre as instituições que não participaram da reestruturação está o Unibanco. Por meio de sua assessoria de imprensa, o banco afirmou que não vai se pronunciar sobre o caso.


Como a dívida da Net é muito pulverizada -nenhum credor detém mais de 5% do valor total-, a empresa vinha encontrando bastante dificuldade para renegociá-la. Além do Unibanco, existem outras instituições de grande porte que não farão parte do processo de renegociação, que ainda será formalizado.


Os entraves em torno da dívida da Net têm sido apontados por analistas do mercado financeiro como um dos grandes pontos negativos da empresa.


As ações preferenciais da Net lideraram as perdas no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo de ontem. Os papéis da empresa costumam ser um dos mais voláteis da Bovespa, com fortes altas e perdas sempre que há noticias ou rumores sobre sua condição financeira. Ontem a desvalorização das ações preferenciais da empresa ficou em 7,2%."




O ESTADO DA MÍDIA
Antonio Brasil

‘Jornalismo pode ter futuro sombrio’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 19/03/04

‘‘A imprensa enfrenta uma crise de identidade em meio a um enorme processo de transformação tão importante como a invenção do telégrafo ou da televisão’. Esta é uma das conclusões mais significativas do relatório ‘O Estado da Mídia Noticiosa em 2004’, divulgado esta semana pelo Pew Research Center, com apoio da Universidade de Columbia.

Em um cenário de mudanças, as perspectivas imediatas, principalmente para os jornais e os noticiários televisivos, são consideradas ‘sombrias’. Estamos diante de um verdadeiro ‘círculo vicioso’. Os empresários do setor investem somente na distribuição e convergência de mídias, ao mesmo tempo em que ‘enxugam’ as redações dos grandes veículos. O público, que não é bobo, responde a essas iniciativas se afastando do jornalismo tradicional. Contata-se uma crescente desconfiança em relação aos objetivos e a própria competência da imprensa. O mundo está cada vez mais complexo e a grande imprensa insiste em soluções simples. O índice de credibilidade da grande imprensa junto ao público americano caiu de 72 % em 1985 para cerca de 49 % em 2002. Por outro lado, 67 % dos americanos acreditam que a imprensa tende a ocultar seus próprios erros.

O relatório também indica que o papel e a capacidade do jornalista enquanto mediador de informações estão sendo colocados em dúvida. Existe uma cultura evidente de acomodação por parte de jornalistas que se consideram ‘donos’ absolutos da informação. Apesar de ‘explorados’ ou ‘despreparados’, muitos jornalistas se recusam a enfrentar esse cenário de mudanças. Culpa-se tudo, menos a própria competência. Mas o consumidor de notícias, ao em vez de se contentar com a alienação e excessos de uma cultura de entretenimento, parte em busca de alternativas informacionais.

O crescimento dos alternativos

A pesquisa também faz questão de indicar que nem tudo é pessimismo. Os jornais comunitários e étnicos em suas versões impressas e online, além das novas formas de jornalismo ‘amador’, contrastam com o cenário da mídia tradicional. Eles estão mais ajustados aos novos tempos e apresentam índices otimistas de crescimento, tanto em termos econômicos como em credibilidade junto ao público. A imprensa alternativa avança e preenche espaços.

Os grandes jornais e redes de TV, no entanto, percebem os efeitos da segmentação do público, apostam na convergência de mídias e se ajustam a uma nova realidade. Os veículos alternativos ou nova mídia não podem mais ser considerados meros ‘ladrões’ de público. Eles se tornam laboratórios experimentais para novas idéias que ainda podem salvar a prática jornalística de uma ‘acomodação’ perigosa baseada somente em tamanho, prestígio ou diplomas.

A crise dos noticiários de TV 24 horas

As maiores vítimas das novas tecnologias têm sido os canais de notícias 24 horas. Essas empresas pagam um preço alto nessa verdadeira guerra pela sobrevivência. Os noticiários nas TVs pagas custam caro, têm uma audiência flutuante e limitada e até hoje não conseguiriam definir uma identidade. Não possuem recursos suficientes para fazer jornalismo de verdade e tornam-se um repositório de matéria requentadas ou supérfluas. O público interessado em notícias busca e já encontra melhores alternativas na Internet. TVs a cabo com conteúdo jornalístico precisam de super eventos como guerras ao vivo ou desastres extraordinários para sobreviver com um mínimo de audiência. Após tantos anos no ar ainda não sabem para que servem e têm um futuro duvidoso pela frente. Aqui nos EUA, a audiência de canais noticiosos como CNN, MSNBC e Fox está estabilizada em índices considerados ‘preocupantes’. Essas TVs não conseguem ultrapassar os números referentes a 2001 com cerca de 2 milhões de telespectadores e o futuro é considerado ainda mais sombrio.

No Brasil, a situação de canais com nomes e objetivos semelhantes como a Globo News ou Band News é ainda mais dramática. O investimento financeiro e a audiência são mínimos e a reciclagem de matérias é máxima. Manter um canal de notícias 24 horas sem uma estrutura condizente com os seus objetivos é tarefa inglória. A solução é fazer rádio na TV. Os pobres apresentadores se revezam na frente das câmeras durante horas repetindo as mesmas historias, não acrescentam informações e esperam ansiosos por algum evento extraordinário. Se a grande notícia acontecer no exterior, por exemplo, a solução preguiçosa e barata é recorrer ao sinal sempre onipresente salvador da CNN. Depois é só começar a traduzir os comentários de outros jornalistas igualmente desinformados. Enquanto isso, na Internet, o seu verdadeiro canal de notícias 24 horas, um público mais exigente procura e já encontra inúmeras soluções focalizadas e personalizadas.

Jornalismo dinossauro

O cenário de mudanças não poupa ninguém, grandes ou pequenos. As grandes redes de TV americanas buscam soluções e experimentam alternativas jornalísticas. Esta semana o pobre do Peter Jennings está ‘ancorando’ o seu telejornal diretamente do Iraque. Em meio a explosões em hotéis e poucas informações, arrisca a própria vida para garantir alguns pontos preciosos em uma verdadeira guerra de audiência. Ou seja, quem não se adapta e experimenta soluções ousadas corre o risco de ser derrotado ou virar dinossauro. Mas não no Brasil. Nossas TVs ou empresas jornalísticas são consideradas ‘estratégicas’ e não precisam se preocupar jamais com erros ou acertos. Para que perder tempo e dinheiro com pesquisas aprofundadas sobre as preferências do público ou desenvolvimento de novas alternativas comunicacionais se os cofres da viúva estão sempre abertos e disponíveis a uma boa conversa?

O jornalismo pode estar em dificuldades e enfrenta uma crise de ‘meia idade’. Está se tornando mais complexo, diversificado e personalizado. Estamos nos afastando de uma cultura baseada na palavra impressa para uma cultura multimídia. Os jornalistas experimentam novas formas de mediação para garantir a própria sobrevivência. Os tempos de um jornalismo único e poderoso baseado somente na escrita tradicional e no seu próprio prestígio podem estar com os dias contados. Hoje, se o americano busca notícias, quaisquer notícias, o mais rápido possível, o veiculo ideal está na novíssima Internet ou no velho rádio. Mas se o interesse está direcionado para notícias em profundidade, por incrível que pareça, os americanos devem aguardar os telejornais noturnos das grandes redes ou os jornais impressos do dia seguinte.

Futuro sombrio

Mas você também pode confiar nas suas próprias idéias ou no seu apurado faro jornalístico e colocar em dúvida as conclusões de pesquisas como esta. No Brasil, por incrível que pareça, sabemos mais sobre as novelas e seu público do que sabemos sobre o jornalismo de TV. Não acompanhamos as mudanças, tendências e distorções. Confiamos em um poder supremo de improvisação, em soluções milagrosas e no toque pessoal de certos indivíduos ‘iluminados’.

Sem maiores consultas ou pesquisas, concluímos há muitos anos que ‘Deus é brasileiro’ e que, provavelmente, é um colega jornalista, de preferência com diploma, é claro. Afinal, pesquisa custa dinheiro, muitos ainda consideram ‘perda de tempo’ ou ‘coisa de americano’. Mas depois, quando o desastre for eminente, é só culpar o mesmo Deus, o governo da hora ou o público pelos nossos próprios problemas.

Agora, se você não acredita em soluções milagrosas ou negociadas nos bastidores, mas admira uma boa pesquisa, pode consultar os dados em detalhes aqui mesmo http://www.stateofthemedia.org. O relatório final com 500 páginas de informações relevantes é um alerta realista sobre as mudanças no jornalismo americano. Mas se não tivermos cuidado, pode revelar o nosso próprio futuro sombrio.’