Wednesday, 08 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Dois mil mortos. E a mídia criticada.

Na terça-feira (25/10), o número de militares americanos mortos na guerra do Iraque chegou a 2.000. O tenente-coronel Steve Boylan, principal porta-voz da força americana, declarou em um e-mail aos jornalistas baseados em Bagdá que a amarga estatística é uma ‘marca artificial na parede’ e criticou a abordagem da imprensa, afirmando que as organizações de notícias devem destacar mais os feitos da missão militar dos EUA no Iraque.


Segundo Boylan, os 2.000 militares mortos em quase três anos de guerra não são um ‘marco’, como foi definido por grande parte da imprensa americana. Ele destacou que todos os soldados que morreram ‘para garantir liberdade a um povo que não conhecia a liberdade há pelo menos duas gerações’ são importantes, desde o primeiro até o último.


O tenente-coronel aproveitou para reclamar da cobertura feita da guerra, dizendo que os ‘verdadeiros marcos’ foram raramente noticiados ou discutidos. Seriam eles as tropas que se voluntariaram para lutar, as famílias dos soldados que ficaram um ano ou mais longe de casa, os iraquianos que enfrentaram um grande risco para restaurar a normalidade em seu país. ‘Celebrem os marcos diários’, pediu ele. ‘E olhem para o futuro de um Iraque livre e democrático no dia em que todos os nossos soldados retornarem para casa como os heróis que eles são’. Informações da AP [26/10/05].


Cartum faz homenagem e protesto


O cartunista Mike Luckovich fez uma homenagem criativa aos 2.000 militares americanos mortos no Iraque. Ele escreveu os nomes de todos eles em sua tirinha de quarta-feira no jornal Atlanta Journal-Constitution. Juntos, os 2.000 nomes formavam a pergunta ‘Why?’ (por quê?). ‘Eu queria encontrar um jeito de ressaltar que esta guerra toda é um desperdício’, afirmou Luckovich. ‘Mas queria também honrar as tropas que, na minha opinião, o governo mandou erroneamente para o Iraque’.


Segundo artigo de Dave Astor [Editor & Publisher, 26/10/05], o cartunista levou cerca de 13 horas para completar o trabalho. Parte da equipe do Journal-Constitution se envolveu no esforço – checando se todos os 2.000 nomes estavam presentes, se havia erros e, finalmente, fazendo um teste de impressão para ver se os nomes ficariam legíveis no papel. Quando ficou claro que ficariam tão pequenos que não seria possível lê-los, o jornal deu permissão para que o tamanho da tirinha fosse aumentado.


‘Foi uma grande experiência ver todos trabalhando nisso’, afirmou o cartunista. Luckovich, que é sindicalizado pela Creators Syndicate, contou que os 150 jornais que recebem seus desenhos foram perguntados se aceitariam publicar o cartum de quarta-feira em tamanho maior do que o usual, mas não sabia dizer quantos toparam a proposta.


O desenho provocou polêmica entre leitores, e o cartunista recebeu milhares de mensagens. Uma pesquisa no sítio do Journal-Constitution mostrava que, até a tarde de quarta-feira, 70% dos leitores haviam aprovado a homenagem.