Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Empresário estima que jornais morrerão em 10 anos

Uma década. Este é o prazo especulado por Rupert Murdoch, presidente e executivo-chefe da News Corporation, para não existir mais jornais devido à competição da internet. Por esta razão, durante depoimento na semana passada no Inquérito Leveson, ele pediu ao governo que “não os regule demais”, noticia Lisa O’Carroll [The Guardian, 26/4/12]. “Estamos lidando com um mundo muito complexo de tecnologias que produzem rupturas e estamos sofrendo nas mãos delas. Então peço ajuda no que se refere à regulamentação”, afirmou. “Uma imprensa diversa garante a democracia e queremos democracia em vez de autocracia”. A investigação foi aberta a pedido do primeiro-ministro britânico, David Cameron, após o escândalo dos grampos telefônicos que levou ao fechamento do tabloide News of the World.

Segundo Murdoch, todos os jornais estão sob “pressão extrema” da internet e, mesmo que alguns leitores ainda prefiram a experiência tátil do produto impresso, isto não durará para sempre. “Acredito que teremos notícias impressas e online por um tempo, certamente por uns 10 anos, alguns dizem cinco. Eu estaria mais inclinado a dizer 20, mas isto significaria tiragens muito pequenas”, especulou.

Espaço ocupado

O magnata afirmou, ainda, que a internet fez com que a tiragem e a receita publicitária dos jornais caíssem e forçou recentemente a Johnston Press a transformar alguns de seus jornais regionais em semanários. “O fato é que, quando a internet chegou, desenvolveu-se vagarosamente como fonte de notícias e agora está completamente no nosso espaço, e acho que é responsável por muito da queda na tiragem”, disparou.

Murdoch é proprietário de três jornais nacionais no Reino Unido – Sun, Times eSunday Times –, possui cerca de 150 jornais locais e nacionais na Austrália, além do New York Post e Wall Street Journal nos EUA. Ele ressaltou também que o desafio é transformar a internet em uma “oportunidade”. Além disso, criticou o serviço de notícias locais da BBC e afirmou que esta era uma das razões pelas quais as tiragens dos jornais estão em declínio.