Tuesday, 07 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Editora-executiva fala sobre estado do jornalão

Em um talk show sobre o “inesperado futuro da mídia”, promovido pela revista The New Republic, a editora-executiva do New York Times, Jill Abramson, descreveu o jornalão como o rei dos jornais, horas depois de ter expirado o mais recente plano de demissões voluntárias. “Por causa da qualidade da nossa apuração, o NYTimes tem uma função de agenda-setting, ainda, mesmo com a multiplicidade de organizações de mídia e tantas matérias diferentes. As pessoas ainda confiam no NYTimes para lhes dar um sentido do que é importante e do que é interessante”, disse.

Os presentes – CEO da HBO, Richard Plepler, e o editor-chefe da The New Republic, Franklin Foer – não discordaram. Os três descreveram o jornal como um porto de elite para projetos de reportagens caros e ambiciosos, que requer apoio contínuo dos leitores para financiamento. “Digitalmente, o que descobrimos é que se nosso conteúdo é único e de alta qualidade, no espaço digital, podemos pedir às pessoas que paguem”, afirmou Jill.

O jornal provou que um paywall pode funcionar, pelo menos no NYTimes – com centenas de milhares de assinantes digitais desde que se passou a cobrar pelo conteúdo, em 2011, 50% da receita vêm de anúncios e 50% de assinaturas. “O jornal tem uma audiência muito inteligente e altamente educada. Sua segurança financeira é construída nisso”, argumentou.

Segundo a editora-executiva, as pessoas só pensam que a cobertura do jornal é liberal devido à sua página de opinião liberal, e não porque a homogeneidade dos repórteres pode não refletir as preocupações do país. Para ela, o jornalão parece liberal porque críticos confundem liberalismo com a sensibilidade cosmopolitana de um veículo que está em Nova York. “O compromisso do NYTimes em cobrir a alta e a baixa culturas é completo e isso não vai mudar”, concluiu.