Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Empresa em Israel lança internet kosher


Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas.


 


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 29 de novembro de 2010


 


INTERNET


Edmund Sanders, Los Angeles Times


Uma internet para ortodoxos


Num escritório cinzento da cidadela de judeus ultraortodoxos chamada Bnei Berek, três jovens devotas com o rosto colado num computador procuram na internet pornografia, mexericos sobre celebridades e uma lista de sites proibidos pelos rabinos.


É um trabalho estranho para moças que se vestem modestamente e usam perucas em obediência às suas crenças. Mas esta é sua função na primeira provedora de internet ultraortodoxa de Israel, a Nativ, que tenta lançar um produto capaz de transformar a comunidade tradicionalmente resguardada do mundo: a internet kosher.


Como imagens ousadas de mulheres são o conteúdo ofensivo mais comum, a companhia concluiu que seria menos reprovável contratar mulheres para vasculhar a web para que clientes ultraortodoxos, ou haredi, surfem sem preocupação. Lea Bernat, 22, ex-professora de jardim da infância, clica diariamente em centenas de páginas. ‘Se estiver limpo, nós o divulgamos’, afirmou. ‘Se é impróprio, dizemos ao cliente que o site não foi aprovado’.


Mas será kosher? Este é o problema enfrentado por muitos ultraortodoxos que se movimentam online. Eles são muito bem recebidos por um setor em grande expansão que procura atender às suas necessidades especiais, embora ainda não haja um consenso a respeito de uma Internet kosher.


Há o Koogle, um motor de busca inspirado no Google de empresas kosher que oferecem, por exemplo, pechinchas como ‘modestos’ vestidos de noiva. Muitos rabinos se mostram céticos quanto ao YouTube, então o Yideotube oferece uma ‘fonte diária online de vídeos cuidadosamente avaliados’, que variam de caricaturas de ativistas contrários à guerra a dicas para comprar um traje ‘kittel’ cerimonial.


Preocupados com a possibilidade de infringir as proibições do trabalho no Sabbath? A SaturdayGuard vende software que permite aos sites bloquear o acesso aos usuários, conforme a hora, entre sexta-feira e sábado à noite.


Há até um grupo de apoio online, o GuardYourEyes.org, especializado em ajudar judeus ortodoxos a romper a ‘dependência da luxúria’ na internet. Além dos costumeiros programas em 12 passos e dos ‘edificantes’ e-mails diários, o grupo oferece dicas para reduzir as visitas inadequadas. Inclusive com um software que envia listas dos sites visitados à esposa ou ao rabino.


Há muito tempo, os ultraortodoxos consideram a moderna tecnologia incompatível com a vida espiritual. A televisão é proibida e somente os celulares ‘kosher’, que trazem selos rabínicos e as mensagens de texto desabilitados, são aceitos. Os rabinos ultraortodoxos inicialmente declararam a internet a maior ameaça para o judaísmo, comparando-a a comer carne de porco e considerando-a ‘mil vezes pior’ do que a TV. Com a difusão da tecnologia, os rabinos abrandaram sua postura, e em 2005 permitiram um uso limitado da internet para fins de trabalho.


Agora, como a internet permeia a maior parte da vida, dos bancos à matrícula das crianças na escola, as famílias haredi não têm outra escolha senão apelar para a internet. Cerca de 30% delas admitem ter acesso à internet em casa, embora o número real deva ser de aproximadamente 50%.


‘A esmagadora maioria compreende que, se não se pode combatê-la, é melhor adotá-la’, diz Avi Greenzeig, de 24 anos, considerado o primeiro ‘monitor kashrut’ de Israel – semelhante aos que inspecionam os restaurantes kosher. No escritório anônimo do site em Jerusalém, Greenzeig revê cada artigo e comentário de leitor antes que seja postado online. Ele bloqueou, por exemplo, um artigo sobre um rabino acusado de assediar estudantes masculinos.


Os rabinos também manifestaram preocupação com os sites de outros credos religiosos. E temem que os haredi desperdicem muito tempo surfando por sites de notícias e de entretenimento irrelevantes e não dediquem tempo suficiente na meditação religiosa.


A Nativ, sediada em Bnei Berek, nos arredores de Tel Aviv, adere a rigorosos princípios religiosos, empregando apenas trabalhadores haredi e atendendo às instruções dos rabinos. O serviço padrão oferece cerca de 2.200 sites, na maioria agências do governo e empresas haredi. Todas as formas de mídia social, como o Facebook, YouTube e Twitter, são bloqueadas, assim como as imagens do Google. Os clientes que querem acesso a alguma outra coisa devem apresentar uma carta do seu rabino. Cabe às monitoras inspecionar o site. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA


É JORNALISTA


 


 


FUTURO


Carlos Alberto Di Franco


O fascínio dos jornais


A melhor arma do jornal para se adaptar às novas tecnologias digitais é a qualidade do seu conteúdo. Há mais de uma década, falando do alto da tribuna da Associação Mundial de Jornais, Bill Gates fez um exercício de premonição. O dono da Microsoft previu que no ano 2000 não haveria mais jornais impressos. Hoje, ao contrário da sombria profecia de Gates, os diários continuam vivos. No Brasil, para além da razoável saúde dos diários tradicionais, explodiu o fenômeno dos populares de qualidade. O novo segmento não tem apenas incorporado novos leitores. Ele, de fato, representa uma esplêndida plataforma educativa. É fascinante ler alguns depoimentos dos novos leitores. São pessoas simples, frequentemente marginalizadas do debate público, que encontraram nos jornais populares de qualidade a porta de entrada da cidadania.


Os diários têm conseguido preservar o seu maior capital: a credibilidade. A confiança da população na qualidade ética dos seus jornais tem sido um inestimável apoio para o desenvolvimento de um verdadeiro jornalismo de buldogues. O combate à corrupção e o enquadramento de históricos caciques da política nacional, alguns sofrendo o ostracismo do poder e outros no ocaso do seu exercício, só é possível graças à força do binômio que sustenta a democracia: imprensa livre e opinião pública informada.


Os jornais brasileiros têm cumprido um papel singular. Transformaram-se, de fato, numa instância decisiva de uma sociedade abandonada por muitas de suas autoridades. O Brasil, graças também à qualidade dos seus jornais, está experimentando uma profunda mudança cultural. A corrupção, infelizmente, sempre existirá. Faz parte da natureza humana. Mas uma coisa é a miséria do homem; outra, totalmente diferente, é a indústria da negociata e a certeza da impunidade. Estas, sem dúvida, devem e podem ser combatidas com os instrumentos de uma sociedade civilizada. A transparência informativa é o elemento essencial na renovação dos nossos costumes políticos.


Mas o cidadão que confia na integridade dos jornais é o mesmo que nos envia alguns recados: quer menos frivolidade e mais profundidade. Tradicionalmente fortes no tratamento da informação, alguns diários têm sucumbido às regras ditadas pelo mundo do entretenimento. Ao atribuírem à televisão a responsabilidade pelo emagrecimento de suas carteiras de leitores, partiram, num erro estratégico, para um perigoso empenho de imitação. Acabamos, frequentemente, imobilizados por uma falácia. A força da imagem, indiscutível e evidente, gerou um perverso complexo de inferioridade em algumas redações. Perdemos a coragem de sonhar e a capacidade de investir em pautas criativas.


É hora de proceder às oportunas retificações de rumo.


A revalorização da reportagem e o revigoramento do jornalismo analítico devem estar entre as prioridades estratégicas. É preciso atiçar o leitor com matérias que rompam a monotonia do jornalismo de registro. Menos aspas e mais apuração. O leitor quer menos show e mais informação de qualidade. O sensacionalismo, embora festejado num primeiro momento, não passa pelo crivo de uma visão retrospectiva. Curiosidade não se confunde com aprovação. O prestígio de uma publicação não é fruto do acaso. É uma conquista diária. A credibilidade não se constrói com descargas de adrenalina.


Apostar em boas pautas (não muitas, mas relevantes) é outra saída. É melhor cobrir magnificamente alguns temas do que atirar em todas as direções. O leitor pede reportagem. Quando jornalistas, entrincheirados e hipnotizados pelas telas dos computadores, não saem à luta, as redações se convertem em centros de informação pasteurizada. O lugar do repórter é na rua, garimpando a informação, prestando serviço ao leitor e contando boas histórias. Elas existem. Estão em cada esquina das nossas cidades. É só procurar.


O leitor não quer receber o noticiário do telejornal da véspera. Quer análise, interpretação, explicação. Quer, no fundo, algo que sirva para a sua vida. O que vai conquistar novos leitores é uma ágil e moderna prestação de serviços, é a matéria que ultrapassa a superficialidade eletrônica, é a denúncia bem apurada, é o texto elegante e bem escrito.


Há muito espaço para o jornalismo de qualidade. Trata-se de ocupá-lo. Com competência, ousadia, criatividade e, sobretudo, com ética. A percepção do cidadão a respeito do papel do jornal é um inequívoco reconhecimento do seu vigor editorial e da força da sua credibilidade. Isso é bom. Mas deve ser um ponto de partida. Não podemos deixar a peteca cair. O Brasil depende, e muito, da qualidade técnica e ética dos seus jornais.


Finalmente, precisamos ter transparência no reconhecimento de nossos eventuais equívocos. Uma imprensa ética sabe reconhecer os seus erros. As palavras podem informar corretamente, denunciar situações injustas, cobrar soluções. Mas podem também esquartejar reputações, destruir patrimônios, desinformar. Confessar um erro de português ou uma troca de legendas é fácil. Mas admitir a prática de atitudes de prejulgamento, de manipulação informativa ou de leviandade noticiosa exige coragem moral. Reconhecer o erro, limpa e abertamente, é o pré-requisito da qualidade e, por isso, um dos alicerces da credibilidade.


A força de uma publicação não é fruto do acaso. É uma conquista diária. A credibilidade não combina com a leviandade. Só há uma receita duradoura: ética, profissionalismo e talento. O leitor, cada vez mais crítico e exigente, quer notícia. Quer informação substantiva.


O jornalismo moderno, mais do que qualquer outra atividade humana, reclama rigor, curiosidade, ética e paixão. É isso que faz a diferença.


DOUTOR EM COMUNICAÇÃO, É PROFESSOR DE ÉTICA E DIRETOR DO MASTER EM JORNALISMO


 


 


VAZAMENTO


WikiLeaks abala diplomacia dos EUA


Os bastidores da diplomacia dos EUA e de seus aliados foram expostos ontem de maneira inédita após a organização WikiLeaks divulgar 251.287 documentos secretos – entre despachos de embaixadas e consulados, transcrições de conversas entre autoridades, ordens internas e outros registros.


Os documentos mostram detalhes de como países árabes e Israel pressionaram os EUA a atacar o Irã, os laços entre Pyongyang e Teerã para desenvolver mísseis e até mesmo ordens para que diplomatas americanos atuassem como espiões em embaixadas no mundo e na sede da ONU. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, estaria entre os espionados.


O governo americano condenou imediatamente o histórico vazamento (mais informações nesta página). Os documentos do WikiLeaks foram simultaneamente revelados pelos jornais The New York Times (EUA), The Guardian (Grã-Bretanha), El País (Espanha), Le Monde (França) e pela revista Der Spiegel (Alemanha). Eles cobrem um período que vai dos anos 60 até fevereiro.


Entre as informações mais polêmicas estão o pedido do rei Abdullah, da Arábia Saudita, para que Washington bombardeasse o Irã ‘cortando a cabeça da cobra’. Vários outros líderes do Golfo Pérsico também exortaram Washington a atacar Teerã.


Uma diretiva de 2008 do Departamento de Estado dos EUA orienta diplomatas americanos a espionar autoridades estrangeiras, revelando número de cartões de crédito e de milhagens, além de detalhes da vida privada de líderes mundiais.


Ucraniana. Há ainda informações sobre como os EUA tentaram retirar combustível nuclear do Paquistão, barganhas com países para que aceitassem presos de Guantánamo, além da invasão chinesa do sistema do Google, dando a Pequim acesso a computadores do governo americano. Sobre a América do Sul, há um relatório que investiga agentes da espionagem iraniana atuando no Paraguai.


Os documentos trazem também histórias curiosas como a ‘excelente’ relação entre os premiês italiano, Silvio Berlusconi, e russo, Vladimir Putin. Os dois trocariam com frequência tanto presentes quanto contratos de empresas. Sobre Muamar Kadafi, o líder líbio, afirma-se que ele viaja sempre acompanhado de ‘uma voluptuosa enfermeira loira da Ucrânia’.


Documentos antigos dão nova perspectiva a eventos históricos. Num deles, de 1979, o diplomata americano Bruce Laingen, que servia em Teerã, desdenha do ‘enorme egoísmo que povoa a psique persa’ ao observar a revolução. Pouco depois ele foi mantido refém na embaixada dos EUA. / NYT e THE GUARDIAN


 


 


TELEVISÃO


Cristina Padiglione


Operação de Risco bate CQC até pelo dobro


Programa cultuado como rara opção de vida inteligente na TV aberta, o CQC se habituou a perder do ‘reality’ show Operação de Risco, que lhe faz pouco mais de meia hora de concorrência toda segunda-feira, mas bem no início do programa. A missão dos Homens de Preto tem sido reduzir essa derrota, que nas duas últimas edições lhe rendeu metade do público sintonizado na RedeTV!. No dia 15, Operação obteve 6,48 pontos, ante 3,6 do CQC (das 22h13 às 22H48). Na semana passada, a derrota (22h14 a 22h52), foi de 2,69 para 6,67 da Rede TV!, que tinha 10,89% dos televisores ligados no horário, ante 4,4% da Band. Cada ponto equivale a 56 mil domicílios na Grande São Paulo.


Coitadinha da Anita


Ostentando perucona para ser Dalila na minissérie que a Record põe no ar em janeiro, Mel Lisboa faz cara de ai-que-nojo para o assédio de Camilo Bevilacqua, que na história vive seu padrastro.


US$ 28 milhões


É o valor que Reynaldo Gianecchini desviou em Passione. É a inflação na corrupção: em Vale Tudo (1989), Reginaldo Faria dava sua banana por US$ 800 mil


‘Vou fazer Guerra dos Sexos com Silvio de Abreu’


Promessa de Jorge Fernando em entrevista gravada a Marília Gabriela para o canal GNT: no ar domingo próximo


A Globo desmente o que fontes seguras dão como certo: que Boninho, diretor responsável pelo Big Brother Brasil, foi repreendido pela direção da casa após declarar no Twitter que tudo estará liberado no BBB 11, incluindo ‘porrada’ e (mais) álcool.


Para todos os efeitos, a assessoria de imprensa da Globo informa que o BBB11 terá as regras de sempre.


Na Itália, o must da Endemol, criadora do Big Brother, já é outro e tem final anunciada para hoje, na RAI 3: Vieni Via Con Me bateu todos os recordes de audiência do canal, com 9 milhões de espectadores na estreia e 10 milhões na segunda edição.


Autor de Gomorra, o livro que deu origem ao filme sobre a máfia napolitana, Roberto Saviano é o principal apresentador do Vieni Via Con Me e se dá ao luxo de protagonizar longos monólogos sobre temas que jamais seriam discutidos entre as paredes do Grande Fratello (o Big Brother local), como máfia e Berlusconi. Vale uma visita ao Youtube.


A Record rufa tambores pela audiência de seus filmes na Super Tela, exibidos na virada da quarta para a quinta-feira, que bate a Globo no Ibope há oito semanas. A vantagem da Record foi de 11 a 10 na média de outubro, e de 12 a 10 em novembro, na Grande São Paulo.


E a GloboNews avisa que sua audiência média cresceu em dez vezes com a cobertura da operação policial iniciada pela Vila Cruzeiro, no Rio. O canal bateu todos os recordes, incluindo aí o resgate dos mineiros no Chile, eleições e caso Bruno.


Palmeirense que emocionou todos os câmeras com suas lágrimas, no jogo da última quarta-feira, o garoto Eduardo Keini, localizado pelo repórter Vinicius Nicoletti, da ESPN Brasil, visitou a sede do canal no Sumaré, após ter sido levado ao encontro do próprio Felipão.


 


 


 


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 29 de novembro de 2010


 


CULTURA


Gilmar Machado


Plano Nacional de Cultura e pluralidade


O Congresso Nacional aprovou o Plano Nacional de Cultura (PNC). O ato representa valorização e democratização de uma das maiores riquezas do nosso povo, já que a educação e a cultura são pilares que sustentam o desenvolvimento e o crescimento de toda sociedade. O PNC vai valorizar o nosso povo, com tanta pluralidade de hábitos, costumes e artes. Além de definir princípios e objetivos para a área cultural nos próximos dez anos, a proposta discrimina os órgãos responsáveis pela condução das políticas para a área e aborda aspectos relativos ao financiamento. É um instrumento legal e de controle da sociedade para o cumprimento de metas de desenvolvimento cultural de caráter plurianual. O projeto resgata valores da educação e da cultura, sendo esta importante ferramenta para alcançar mentes e corações de estudantes, melhorando as condições e a contextualização do ensino e mostrando aos nossos alunos que a cultura e o ensino são moldes para fazê-los crescer como seres humanos. O plano visa propiciar o desenvolvimento cultural e integrar as ações do poder público para a valorização do patrimônio cultural brasileiro. Como diz o texto, será regido pelos princípios de diversidade cultural, de respeito aos direitos humanos, de responsabilidade socioambiental e de valorização da cultura como um vetor do desenvolvimento sustentável. Visa também estimular a produção, a promoção, a difusão e a democratização do acesso aos bens culturais; a formação de pessoal qualificado para a gestão do setor; e a valorização das diversidades étnica e regional. A história demonstra que tem havido um processo de exclusão da maioria de nossa população. Nossas crianças e nossos jovens, embora herdeiros de um grande patrimônio cultural e criativos o suficiente para enriquecê-lo, não conseguem ver seu próprio rosto na grande produção cultural dominante. A política cultural tem sido privilégio de poucos, que dividem entre si os recursos, sejam eles públicos ou privados, destinados à criação e à produção cultural. Desde 2005, com a aprovação da emenda constitucional nº 48, o Ministério da Cultura trabalha no tema. Vários fóruns de debates e estudos trouxeram subsídios à formulação do plano e garantiram o aprimoramento das diretrizes que agora orientam a execução das políticas culturais de todo o país. Um dos objetivos dos fóruns regionais era o de fortalecer a ação do Estado no planejamento e na execução das políticas culturais. Nossa proposta, ao criar o PNC, é estabelecer a transformação das políticas culturais como políticas estratégicas do Estado. Transformado em lei, permitirá ampliar o acesso dos brasileiros aos produtos culturais. Na medida em que cresce o acesso à cultura, aumenta o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e diminui a violência do país.


GILMAR MACHADO, 49, professor de história, é deputado federal reeleito (PT-MG), autor do Plano Nacional de Cultura e vice-líder do governo no Congresso Nacional.


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


Crise diplomática


Desta vez o WikiLeaks soltou os documentos via ‘Guardian’, ‘New York Times’, ‘Der Spiegel’, ‘Le Monde’ e ‘El País’.


O jornal britânico foi o que deu mais criticamente, com a manchete ‘Vazamento de despachos dos EUA detona crise diplomática global’, destacando a espionagem de diplomatas da ONU e a pressão saudita por ataque americano ao Irã.


O ‘NYT’ foi mais contido, ‘Despachos vazados desvendam diplomacia dos EUA’, justificando serem textos de uma ‘era de guerra e terrorismo’ e com uma ‘visão franca ‘ sobre Irã etc. Sublinha que os diplomatas tiveram ampliado seu ‘papel de espionagem ‘.


A revista alemã dá na capa (acima) a opinião americana sobre líderes como a primeira-ministra Angela Merkel, que ‘evita riscos e raramente é criativa’. No site, ‘A visão do mundo por uma superpotência’.


No jornal francês, ‘As revelações do WikiLeaks dos bastidores da diplomacia americana’. No espanhol, ‘Os segredos da diplomacia dos EUA, a descoberto’.


// ‘NYT’ & CASA BRANCA


Segundo o próprio WikiLeaks, o ‘NYT’ recebeu os documentos na segunda e no mesmo dia informou o conteúdo à Casa Branca, que iniciou operação para controlar danos, inclusive repassando informações a vários países. O governo britânico, depois, ameaçou ‘Guardian’ e outros com processos. E o ‘Guardian’ postou o material dizendo, em nota, que não soltaria ‘alguns despachos’ devido às ‘leis que impõem um ônus especial sobre as publicações britânicas’.


O ‘NYT’ postou nota dizendo que, ‘por temerário que seja publicar este material contra objeções oficiais, seria presunçoso concluir que os americanos não têm direito de saber o que é feito em seu nome’. ‘Le Monde’ e ‘El País’ postaram justificativas semelhantes.


// AMORIM, ‘PENSADOR GLOBAL’


Dividindo a capa da nova ‘Foreign Policy’ com Bill Gates, Warren Buffett, Barack Obama, Ben Bernanke, Hillary e Bill Clinton, entre outros, o chanceler brasileiro Celso Amorim foi eleito o sexto ‘pensador global’ pela revista americana. Seu perfil diz que foi escolhido ‘por transformar o Brasil em um ator global’.


Com a ilustração ao lado, Amorim concede longa entrevista, a principal da edição de dezembro, à própria editora da ‘FP’, Susan Glasser, que viajou a Brasília para falar com ele. Defende o potencial do Brasil como mediador global. A lista traz ainda, em 32º lugar, com outros três ambientalistas, Marina Silva.


INFLUÊNCIA


A ‘FP’ ouviu seus eleitos para a lista de ‘líderes que mais influenciaram’ no ano. Pela ordem, Ahmadinejad, Lula e os chineses Hu Jintao e Wen Jiabao


O DIA Sob o enunciado ‘O momento multipolar chegou _e não é nada como os americanos imaginaram’, Parag Khanna escreve na ‘FP’ que a ‘marca’ de que a nova ordem mundial era de verdade foi ‘o dia em que o Brasil e a Turquia se juntaram’ para propor um acordo nuclear com o Irã.


CRISE NOVA Também na edição, Ian Bremmer, da consultoria de estratégia Eurasia, se pergunta se ‘o mundo vai conseguir evitar uma nova crise’. Contrasta os problemas de EUA e Europa com as ‘perspectivas ensolaradas’ de Índia, Brasil, Turquia, ‘liderados pela China’, e prevê ‘conflitos’.


DIFERENÇA


Visto como descartado por Dilma Rousseff no Brasil, Amorim acumula entrevistas e premiações, do espanhol ‘La Vanguardia’ à revista americana de comércio hemisférico ‘Latin Trade’. Na capa mais recente, semanas atrás, a ‘LT’ elegeu o chanceler como ‘líder inovador do ano’, justificando ser ‘um diplomata que faz a diferença’


 


 


VAZAMENTO


EUA investigaram até a ONU, diz WikiLeaks


Cerca de 250 mil documentos diplomáticos confidenciais do Departamento de Estado dos EUA, divulgados ontem pelo site WikiLeaks, escancaram a política externa do país entre dezembro de 1966 e fevereiro deste ano.


Espionagem do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ataque aéreo contra o Irã por países árabes, elo entre o governo russo e o crime organizado e dúvida sobre a saúde mental da presidente argentina Cristina Kirchner estão entre as revelações.


Com 15.365 telegramas, o Iraque é o país mais citado.


Franqueados a um pool de mídia impressa -’New York Times’ (EUA), ‘Guardian’ (Reino Unido), ‘El País’ (Espanha), ‘Le Monde’ (França) e ‘Der Spiegel’ (Alemanha)-, os documentos também mostram como as embaixadas americanas foram usadas como parte de uma rede de espionagem global.


Agentes consulares de Washington ao redor do mundo foram encorajados a coletar informações confidenciais e pessoais, inclusive de países aliados, como números de cartões de crédito, dados biométricos e de DNA.


O site disse que seu servidor esteve sob ataque antes da divulgação dos dados.


IRÃ E FOGO AMIGO


Segundo os documentos, o secretário da Defesa dos EUA, Robert Gates, acredita que qualquer ataque militar ao Irã apenas adiará em três anos a obtenção, por Teerã, da bomba nuclear.


A filtragem dos documentos também revela que a ex-primeira dama dos EUA, Hillary Clinton, teve suas atividades monitoradas desde que se tornou secretária de Estado do governo Obama.


Mas há informações picantes, como a descrição das ‘festas selvagens’ comandadas pelo premiê italiano, Silvio Berlusconi. Os relatos também mostram a profunda desconfiança que ele inspira em Washington.


Os EUA também se esforçaram para isolar diplomaticamente o presidente venezuelano, Hugo Chávez, do resto da América Latina.


REAÇÃO DOS EUA


Em comunicado, o Departamento de Defesa dos EUA condenou ‘a revelação imprudente de informações obtidas de modo ilegal’.


Segundo seu porta-voz, Bryan Whitman, o departamento tomará medidas para evitar que isso ocorra novamente, como impedir a transferência de dados armazenados nos computadores para CD-ROMs ou memórias USB.


Mas o vazamento desses informes e seu potencial de estrago devem modificar o modo como se darão as relações diplomáticas entre os países.


Os EUA, que foram notificados do teor dos documentos antes de sua divulgação, contataram antecipadamente vários países, de modo a tentar limitar os danos. Entre eles, estavam vários da Europa e do Oriente Médio.


O vazamento de ontem constitui a terceira leva de documentos secretos dos EUA divulgados pelo WikiLeaks neste ano.


São 251.288 documentos enviados por 274 embaixadas. Destes, 145.451 tratam de política externa, 122.896, de assuntos internos dos governos, 55.211, de direitos humanos, 49.044, de condições econômicas, 28.801, de terrorismo e 6.532, do Conselho de Segurança da ONU.


Em junho, o site franqueara 90 mil informes militares sobre o Iraque e, em outubro, centenas de milhares sobre a guerra no Afeganistão. O Pentágono suspeita que quem está por trás dos vazamentos é o analista de inteligência Bradley Manning, 22.


 


 


TELEVISÃO


Keila Jimenez


Ratinho volta ao horário nobre do SBT com o capeta


O Ratinho de dez anos atrás volta hoje ao ar, atualizado e literalmente com o capeta. Uma das grandes atrações do retorno do ‘Programa do Ratinho’ hoje à faixa nobre do SBT, às 21h, é um homem que pretende se transformar fisicamente no demônio.


No maior clima de suspense, a atração vai mostrar intervenções bizarras que o personagem em questão vem fazendo no corpo ao longo dos anos, acreditando estar parecido com Satanás. Entre elas, o implante permanente de chifres na testa.


Sim, em tudo isso lembra o Ratinho do final dos anos 90, com assistencialismo, bizarrices e humor que o consagraram e muito incomodaram em audiência a Globo.


Depois de amargar passeio por várias faixas na grade do SBT e algumas reformulações, Ratinho retorna a um dos horários mais disputados da TV, revendo formatos que fizeram sucesso no passado. Entre eles, o famoso exame de DNA, que terá mais espaço na atração.


Com cenário ‘high-tech’, telão de led e links de jornalismo à disposição, Ratinho fará uma espécie de teste para ver o que público ainda espera dele na TV. Se a audiência, que vinha na casa dos 4 pontos, subir, ele volta a ser o polêmico Ratinho de antes (cada ponto equivale a 60 mil domicílios na Grande SP).


Caldo verde Averiguação aberta em 2007 no Ministério Público rendeu dias atrás um pito na Record. Motivo: o preparo de uma sopa de tartarugas exibido no ‘Programa da Tarde’. A rede prometeu não exibir mais abate de animais.


Segue ‘Na Fama e na Lama’ e ‘Morando Sozinho’, da Dínamo, terão segunda temporada no Multishow.


É hoje O segredo de Gerson (Marcello Antony) será revelado hoje em ‘Passione’, em consulta com dr. Gikovate, com direito a flashbacks.


Força Além dos Marinho, outro que andou apoiando Silvio Santos foi Johnny Saad, presidente da Band. ‘Somos amigos há muitos anos, foi uma conversa carinhosa.’


Boa causa A MTV dedica toda sua programação de quarta-feira ao Dia Mundial de Combate à Aids. Entre os filmes, debates e séries estão ‘Me, Myself & HIV’, documentário com jovens portadores da doença.


Prisão Editores do ‘Programa do Gugu’ (Record) apelidaram a ilha de edição de ‘China’, onde dizem passar 20 horas/dia trabalhando.


Hollywood O livro ‘A Senhora das Velas’, de Walcyr Carrasco, pode virar filme pelas mãos de uma grande produtora de cinema americana.


Pontas Com o fim do ‘Casseta & Planeta’ no dia 21, os cassetas estão abertos e liberados na Globo para participações em outros programas.


 


 


 


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