Saturday, 27 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

EUA pressionam, COI acata e Europa reclama

Os fãs de esportes nos países europeus terão de se levantar de madrugada para assistir aos maiores eventos dos próximos Jogos Olímpicos, em Pequim, devido às mudanças no horário feitas para se adaptar à transmissão televisiva americana. As finais de natação dos Jogos de 2008 foram transferidas do horário noturno para a manhã, a pedido da emissora de TV NBC, importante patrocinadora do evento. As finais de algumas modalidades atléticas, como a de corrida masculina de 100 metros, competição de basquete e ginástica olímpica, também devem ser mudadas de horário pela mesma razão. A NBC, que pagou cerca de US$ 500 milhões para transmitir as Olimpíadas, teme perder audiência e, assim, publicidade, se os principais eventos forem realizados à noite.


Com isso, o Comitê Olímpico Internacional (COI) arrumou briga com emissoras da Europa e Ásia, incluindo a britânica BBC, que acusam o Comitê de ceder à pressão dos americanos e prejudicar a audiência nos outros países. ‘Se as finais de natação ocorressem no horário tradicional, que é durante a manhã, os telespectadores no Reino Unido poderiam assisti-las ao vivo na hora do almoço. Mas o COI concordou com um pedido da NBC, o que forçará os telespectadores a acordarem de madrugada – às três da manhã – ou dormirem tarde. Teremos uma baixa audiência, porque todos têm de trabalhar no dia seguinte’, opina um funcionário da rede britânica.


A BBC pediu à Federação Britânica de Natação para fazer lobby junto à Fina (Federação Internacional de Desportos Aquáticos), a fim de impedir os planos do COI. A rede também pediu a dois dos três membros britânicos do comitê – Sir Craig Reedie e Sir Phil Craven – para usarem suas influências para a grade de horário permanecer a mesma. Uma porta-voz da BBC informou que a rede está trabalhando junto à European Broadcasting Union, que representa as maiores emissoras da Europa, para pressionar o COI.


Kerry Stokes, presidente-executivo do Channel Seven, que transmite os Jogos Olímpicos na Austrália, observou, em carta ao presidente do COI, Jacques Rogge, que na última vez que o comitê mudou os horários dos eventos, em 1988 em Seul, ‘a decisão esvaziou os estádios, o que resultou em imagens ao redor do mundo que prejudicarem o COI, e a mídia foi crítica à influência dos EUA em um evento global’. Informações de Denis Campbell [The Observer, 16/7/06].