Saturday, 27 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Executivo de esportes assume seção de notícias

A rede de televisão americana CBS substituiu na quarta-feira (26/10) o presidente de sua divisão de notícias, Andrew Heyward, por Sean McManus, executivo-chefe da divisão de esportes. A mudança ocorre em um momento em que as redes de televisão americanas enfrentam decisões-chave em sua programação para aumentar os índices de audiência.


Heyward ocupava o cargo da presidência da CBS News desde 1996. McManus é presidente da CBS Sports também desde 1996, mas não tem experiência no setor de notícias. Ele foi escolhido por ter liderado a renovação da divisão de esportes nos últimos anos. ‘Sean é um líder’, elogiou o presidente da CBS, Leslie Moonves. McManus assume o novo cargo na divisão de notícias no próximo dia 7/11, mas não abandonará a divisão de esportes.


Moonves indicou que a mudança se deve ao fato de Heyward estar no cargo há muito tempo e que seu contrato estava para vencer no fim do ano. Mas não é segredo para ninguém que o presidente não ficou satisfeito com a estagnação da divisão de notícias sob a liderança de Heyward. Há quase um ano, Moonves anunciou que um dos objetivos para a rede seria acabar com o que ele descrevia como sendo a ‘voz de Deus’: formato de um único âncora na transmissão de notícias.


Escândalo do 60 Minutes


Durante o tempo em que Heyward foi presidente da CBS News, a rede colecionou vários prêmios, incluindo mais de 50 Emmys. Mas o fim de seu mandato foi caracterizado por transtornos jornalísticos que levaram a CBS News a transmitir, em setembro de 2004, uma reportagem no 60 Minutes em que George W. Bush era acusado de ter recebido tratamento privilegiado quando serviu na Guarda Nacional, nos anos 70. Depois de uma série de críticas, especialmente em blogs republicanos, a rede reconheceu que a reportagem foi baseada em documentos cuja legitimidade e origem não poderiam ser comprovadas. Heyward teria defendido o relatório e os documentos e tentou manter seu cargo após o escândalo, ao contrário dos demais envolvidos na reportagem.


Em março, o veterano Dan Rather, que apresentou a polêmica reportagem no programa, decidiu abandonar o cargo de âncora após 24 anos no CBS Evening News – substituído por Bob Schieffer, Rather ficou apenas no comando do 60 Minutes. Quatro funcionários da CBS perderam o emprego por conta do incidente: a vice-presidente sênior Betsy West, supervisora dos programas jornalísticos do horário nobre, o produtor-executivo da edição de quarta-feira do 60 Minutes, Josh Howard, sua vice, Mary Murphy, e a produtora da reportagem, Mary Mapes.


McManus identificou como prioridade reformular o CBS Evening News, noticiário noturno da emissora, e aumentar a audiência não só deste programa, que está constantemente em terceiro lugar, como também do Early Show, que é apresentado pela mulher de Moonves e mais três co-âncoras. ‘Não é aceitável ser o número três. Não vou descansar enquanto não melhorarmos a qualidade e os índices de audiência de nossos programas’, prometeu McManus.  


Instabilidade nas redes americanas


A CBS não é a única emissora que passa por reformulações. Richard Wald, ex-executivo-chefe da NBC e da ABC, alega que o período de instabilidade afeta todas as redes de televisão, diante das novas opções jornalísticas em canais a cabo e na internet. As saídas quase simultâneas de três âncoras de longa data – Peter Jennings na ABC, Tom Brokaw na NBC e Dan Rather na CBS – também afetou as emissoras. O setor que mais requer mudanças nas emissoras é o de direção, mas ninguém está exatamente seguro sobre quais caminhos tomar – manter os formatos tradicionais ou inovar. Informações de Jacques Steinberg e Bill Carter [The New York Times, 27/10/05].