Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Google anuncia troca de presidente


Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 21 de janeiro de 2011


 


INTERNET


Álvaro Fagundes


Fundador do site, Larry Page assume a empresa


Larry Page, um dos fundadores do Google, vai ser o novo presidente-executivo da companhia, substituindo Eric Schmidt, que estava no cargo desde 2001.


A mudança foi considerada surpreendente até mesmo para os analistas que acompanham de perto os movimentos da gigante do setor de tecnologia.


Schmidt, 55, permanecerá no cargo até o dia 4 de abril, quando passará a exercer a função de presidente-executivo do conselho.


‘Supervisão de um adulto no dia a dia não é mais necessária’, escreveu Schmidt em seu Twitter.


‘Nós temos conversado faz um bom tempo sobre como simplificar nossa estrutura de comando e acelerar as decisões’, disse Schmidt. ‘Ao esclarecer nosso papéis individuais, vamos tornar mais claras as responsabilidades no topo da empresa.’


Para o executivo, Page, 37, ‘está pronto para liderar’.


Sergey Brin, o outro fundador do Google, terá como atribuição principal o desenvolvimento de produtos.


Schmidt, que antes de assumir o comando das operações diárias do Google tinha sido presidente-executivo da Novell, ajudou a conduzir a abertura de capital da empresa na Bolsa, em 2004, a torná-la a líder no setor de buscas na internet e a avançar no setor de smartphones.


A notícia foi anunciada logo após o fechamento das Bolsas, com o anúncio do resultado financeiro da empresa no quarto trimestre.


O Google lucrou US$ 2,5 bilhões nos últimos três meses do ano passado, 29% mais que no mesmo período do ano passado. As receitas se expandiram em 26% na mesma comparação, para US$ 8,4 bilhões.


‘O quarto trimestre marcou um final maravilhoso para um ano estelar’, disse Schmidt na apresentação do balanço.


No ano, o Google teve lucro de US$ 8,5 bilhões, US$ 2 bilhões a mais do que em 2009.


Apesar dos resultados positivos, as ações do Google recuaram cerca de 4% no ano passado, com os investidores preocupados com a desaceleração do crescimento das receitas. Nos primeiros dias deste ano, porém, elas se valorizaram em mais de 5%.


 


 


Márcio Falcão


STJ livra Google por ofensa no Orkut


A Justiça brasileira deu os primeiros passos para isentar provedores de acesso à internet de abusos cometidos por seus usuários.


Decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) publicada ontem estabelece que os provedores não podem ser responsabilizados por irregularidades de assinantes.


A decisão foi dada pela terceira turma da Corte em dezembro, durante julgamento de uma ação contra o Google do Brasil por danos morais.


Ainda cabe recurso da decisão ao próprio STJ e ao STF (Supremo Tribunal Federal). Segundo a assessoria do tribunal, como não foram encontrados precedentes, essa seria uma decisão inédita.


O caso foi provocado por uma mulher que pedia indenização por ter sido alvo de ofensas de usuários do Orkut, site de relacionamentos do Google.


Ela recorreu ao STJ depois de o TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo) ter rejeitado o pedido de indenização ao provedor.


O argumento do TJ de São Paulo foi de que esse tipo de fiscalização não pode ser exigida de um provedor de serviço de hospedagem, já que a verificação do conteúdo das veiculações implicaria restrição da livre manifes- tação do pensamento.


Na primeira instância, a autora da ação conseguiu uma determinação judicial para obrigar o Google a retirar o material ofensivo do ar.


Na avaliação da relatora do caso, ministra Nancy Andrighi, o provedor não é responsável pelo que o usuário escreve na rede social, nem pode ser obrigado a fiscalizar o conteúdo antes de publicá-lo na página.


Para a ministra, a fiscalização prévia do conteúdo eliminaria um dos maiores atrativos da internet, que é a transmissão de dados em tempo real, e poderia configurar censura.


FORA DO AR


Na decisão, ela sustentou que os provedores devem, assim que tiverem conhecimento da existência de dados ilegais no site, removê-los imediatamente, sob pena de responderem pelos danos, mantendo, dessa forma, um sistema minimamente eficaz de identificação de seus usuários.


Para a diretora jurídica do Google no Brasil, Fabiana Siviero, a decisão mostra amadurecimento do tribunal sobre as questões de internet.


‘É um precedente bem importante. A gente espera que os tribunais dos Estados comecem a acatar’, afirma. ‘Não dá para responsabilizar o dono do muro pelo que se escreve nele.’


Segundo o STJ, a isenção dos provedores de moni- torar o conteúdo das informações veiculadas é uma tendência mundial. Estados Unidos e Europa têm leis nessa mesma linha.


 


 


Acessar ‘NYT’ na web custará até US$ 20, diz agência


O ‘New York Times’ vai cobrar menos de US$ 20 (R$ 33) para os leitores acessarem por um mês o conteúdo de sua página on-line, segundo uma pessoa familiar com o assunto que pediu que não fosse ser identificada.


O preço será menor que os US$ 19,99 que os leitores pagam atualmente por uma assinatura do jornal para ser lido no Kindle, o leitor de livros digitais da Amazon.


No mês passado, Scott Heekin-Canedy, presidente do ‘NYT’, havia dito que o preço da assinatura do site seria similar ao cobrado para a leitura no Kindle.


A executiva-chefe da empresa controladora do jornal, Janet Robinson, está procurando novas fontes de receita, à medida que o faturamento com publicidade e a circulação do jornal impresso apresentam declínio.


Ela disse que a companhia planeja começar a cobrar pelo acesso ao site ainda no primeiro trimestre.


Durante entrevista, Robinson disse que será possível ler alguns artigos sem custos -o número ainda não foi determinado.


Os assinantes da versão impressa do jornal terão livre acesso às publicações da internet. Uma assinatura não promocional do ‘NYT’ custa hoje US$ 11,70 por semana.


O ‘Boston Globe’, que pertence à mesma empresa do ‘NYT’, começará a cobrar por acesso no segundo semestre de 2011.


Procurada, a porta-voz da companhia, Eileen Murphy, não quis comentar o assunto.


Atualmente, publicações como os jornais britânicos ‘The Times’ e ‘Financial Times’ e o ‘Wall Street Journal’, jornal que tem a maior circulação nos Estados Unidos, já cobram pelo acesso ao conteúdo na internet.


 


 


Gal Costa queixa-se de baianos e desagrada seguidores no Twitter


Usuária assídua do Twitter, a cantora Gal Costa desagradou alguns de seus seguidores anteontem no microblog. ‘Como na Bahia as pessoas são preguiçosas! Técnico do ar-condicionado não pode terminar o trabalho porque está com dor de cabeça. Essa é a Bahia!’, escreveu.


Um de seus quase 40 mil seguidores protestou, e ela se defendeu: ‘Não é racismo, meu filho, é realidade!’. Irritada com o que considerou ‘intolerância’ e ‘grosseria’, Gal afirmou que vai ‘ficar distante do Twitter’. ‘Tô fora!’, escreveu.


Procurada pela Folha por meio de sua assessoria, a cantora não foi encontrada até o fechamento desta edição.


 


 


TELECOMUNICAÇÕES


Tercio Sampaio Ferraz Junior


Dados sigilosos de telefone


A Folha informou nesta semana que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) pretende modernizar sua fiscalização, mediante monitoramento via internet de chamadas telefônicas fixas e móveis.


O objetivo é ter acesso on-line a centrais de reclamação. Argumenta-se que não haverá quebra de sigilo porque ao cliente será solicitada a devida autorização no momento em que realiza sua chamada.


Pode-se imaginar o custo operacional para separar devidamente as chamadas autorizadas das não autorizadas. Tudo indica que, no limite, isso não funcionará. Aliás, a reportagem (‘Anatel terá acesso total a dado sigiloso de telefones’, 19/1) informa que em nenhum trecho do futuro regulamento é mencionada essa consulta e que isso ficará para ‘detalhamento’ ulterior.


Num país despreparado para enfrentar violações clandestinas da comunicação, a imposição de quebra de sigilo mediante simples regulamento faz do Estado um espião potencial: hoje o dedo, amanhã a mão e o braço inteiro.


O sigilo de dados é uma hipótese nova, trazida pela Constituição Federal de 1988 (art. 5º, inciso XII): ‘É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal’.


O sigilo está referido à comunicação, no interesse da defesa da privacidade (art. 5º, inciso X). O que se regula é a comunicação por correspondência e telegrafia, de dados e telefonia. O que fere a inviolabilidade do sigilo é, pois, entrar na comunicação alheia, fazendo com que o que devia ficar entre sujeitos que se comunicam privadamente passe ilegitimamente ao domínio de um terceiro.


Não se trata apenas de intromissão clandestina. A proteção ao sigilo significa exclusão de qualquer um que possa ter outro interesse marcado pela parcialidade. Ou seja, a quebra não pode ser feita por quem não tem o dever de imparcialidade, por mais importantes que sejam suas funções. Assim já se pronunciou o STF.


Isso vale para a Anatel, que, ao fiscalizar, tem a competência para a vigilância, mas também para punir. E, para ter acesso aos dois, precisa de autorização judicial.


A Constituição admite a quebra de sigilo mediante ordem judicial apenas para a comunicação telefônica e, assim mesmo, só para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.


É o que dispõe a lei nº 9.296/96, que regulamenta nesse ponto a Constituição e que se aplica inclusive à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática.


O dispositivo entende corretamente o comando constitucional, ao se referir ao fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática. Portanto, a sistemas que registram os atendimentos de usuários e que guardam as interações com usuários, os dados dos contatos, o conteúdo das demandas e as providências tomadas.


Atente-se, nesse sentido, que não se trata, afinal, de proteger as operadoras, mas, sim, o próprio consumidor, cujo direito ao sigilo visa assegurar-lhe a identidade diante dos riscos proporcionados pela niveladora pressão social e pela incontrastável impositividade do poder do Estado, até em nome de sua proteção.


TERCIO SAMPAIO FERRAZ JUNIOR, 69, é professor titular da Faculdade de Direito da USP.


 


 


EUA


Warren Buffett anuncia saída do conselho do ‘Washington Post’


O megainvestidor Warren Buffett anunciou ontem que vai deixar o conselho da empre- sa controladora do ‘Washington Post’, que tem como principal acionista a holding Berkshire Hathaway, de propriedade dele.


Apesar da saída, o terceiro homem mais rico do mundo, segundo a ‘Forbes’, continuará a prestar consultoria.


O motivo é a preparação da transição de comando da Berkshire, de acordo com Paul Howard, diretor de pesquisa da Solstice Investimentos.


Buffett, 80, tem fortuna estimada em US$ 47 bilhões.


Em novembro, Melinda French Gates, mulher de Bill Gates, também deixou o conselho do ‘Washington Post’.


 


 


TELEVISÃO


Keila Jimenez


Globosat se divide em cinco e ganha espaço na ABTA


A recente saída de programadoras internacionais da ABTA (Associação Brasileira de TV por Assinatura) está fortalecendo a brasileira Globosat na entidade.


No final do ano passado, Discovery, Fox, HBO e Viacom anunciaram que estavam deixando a entidade, ao lado da ABPTA (Associação Brasileira de Programadores de TV por Assinatura). Um dos motivos da dissidência foi a decisão da ABTA de apoiar o Projeto de Lei 116 (antigo PL 29). A farpa do projeto para as programadoras: a criação de cotas de conteúdo nacional nos canais.


Ao mesmo tempo, a Globosat resolveu engrossar seu coro na entidade. Dividiu suas joint ventures e deu a cada uma poder de um membro independente na ABTA.


Em vez de apenas um voto, correspondente a todos os interesses do grupo, a Globosat agora detém cinco votos: um dos canais nacionais como GNT e Multishow, um da joint venture com a Universal, um dos Telecine (joint venture com estúdios americanos de cinema), um da joint venture com o Canal Brasil e o último, da parceira com a Playboy TV.


Procurada, a Globosat garante que a mudança já era prevista e que nada tem a ver com a saída de outros membros da ABTA, que, segundo o mercado, pode perder mais integrantes em breve.


O NÚMERO É…


Com a inédita sétima temporada de ‘CSI’, a Record marcou boa média de audiência para o horário das 21h anteontem: 11 pontos. Cada ponto equivale a 60 mil domicílios na Grande São Paulo.


Troca Sobre os boatos de que fora convidado para assumir o jornalismo da TV Câmara (SP), Luiz Gonzaga Mineiro, diretor de Jornalismo do SBT, é categórico. Desmente e diz que apenas dá dicas de TV ao amigo Netinho, vereador.


Volta Recuperando-se de um transplante de medula, Drica Moraes fará participação em ‘Morde & Assopra’, próxima trama das 19h da Globo.


Alto-mar A SKY fechou parceria com a MSC Cruzeiros e levará canais HD para TVs em áreas comuns dos navios.


A PERGUNTA É…


Do que adianta a Globo disponibilizar closed caption (legendas para deficientes auditivos) se o serviço some durante a exibição da atração?


Fraude A Globo avisa que há sites piratas pedindo informações bancárias e arrecadando dinheiro para vítimas das enchentes do Rio em seu nome. Pura enganação.


Mais um Engrossando o time puxado por Ana Paula Arósio, Chico Diaz também deixou o cast da Globo.


Dividida A briga pelos direitos de transmissão dos Campeonatos Brasileiros de 2012 e 2013 deve acabar em empate, com o evento exibido por Globo, Record e Band. A decisão sai em fevereiro.


Com SAMIA MAZZUCCO


 


 


André Barcinski


TCM resgata superprodução premiada sobre o Holocausto


O TCM tem uma das melhores programações da TV. Seu repertório de clássicos é imbatível, mas o canal parece usar matrizes que têm a idade dos filmes, e a qualidade das imagem nem sempre é das melhores. Torcemos para que não seja o caso de ‘Holocausto’, minissérie de 1978 que passa a ir ao ar na madrugada de sábado para domingo. Trata-se de uma superprodução que conta a saga de uma família de judeus alemães, os Weiss. A história começa no casamento do pintor Karl Weiss (James Woods) com Inga Helms (Meryl Streep). Inga é cristã e irmã de um oficial nazista que desaprova o casamento. Pouco a pouco, quase todos os Weiss são enviados a campos de concentração, e Karl e Inga são separados. ‘Holocausto’ venceu dois Globos de Ouro, apesar de ter sido criticada por incorreções históricas e por supostamente ter ‘suavizado’ a realidade. Mas marcou época ao levar um tema tão importante ao grande público. E é sempre um prazer ver atores como Meryl Streep e James Woods em ação.


NA TV


Holocausto


Reestreia da minissérie


QUANDO amanhã, à 0h, no TCM


CLASSIFICAÇÃO 12 anos


AVALIAÇÃO bom


 


 


TECNOLOGIA


Camila Fusco


Governo quer discutir isenção a tablets


O governo federal começa, na próxima semana, a dar os primeiros passos em direção a uma política específica para os tablets populares.


A intenção é classificar os tablets como PCs e, com isso, aproveitar a isenção de 9,75% de IPI, PIS e Cofins aplicada atualmente a desktops e notebooks.


Em entrevista à Folha, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse que as discussões começarão com uma reunião na segunda com Fernando Pimentel, da pasta do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).


Hoje, cada empresa classifica seus tablets de forma diferente. O Galaxy Tab, da Samsung, por exemplo, é classificado como telefone celular. Já o iPad, da Apple, usa a mesma classificação do iPod Touch na importação.


‘Fizemos sondagens com alguns fabricantes e a maioria sugeriu que, se os tablets forem classificados como computadores, poderão aproveitar benefícios fiscais hoje aplicados a desktops e notebooks’, disse Bernardo.


Segundo a Folha apurou, a Positivo Informática foi uma das empresas consultadas e respondeu que há possibilidade de criar equipamentos abaixo de R$ 700.


Caso os tablets sejam classificados como PCs, o governo poderá usar o mecanismo do programa Computador para Todos para definir os aparelhos que terão isenção.


Na ocasião, desktops de até R$ 2.500 e notebooks de até R$ 4.000 que utilizavam a configuração mínima estipulada pelo governo aproveitavam a isenção fiscal.


‘Discutiremos qual será a configuração. Pensamos em configuração mínima e preço máximo, mas as empresas poderão colocar mais coisas para rodar dentro do tablet, se quiserem. Acesso à internet é condição fundamental’, afirmou.


A isenção, porém, vai valer para quem montar os equipamentos no Brasil.


‘Nossa indústria precisa absorver um pouco dessa tecnologia. Pode não ser nenhum grande salto tecnológico, mas existirão grandes avanços em termos de emprego’, disse.


CONEXÃO


O ministro Paulo Bernardo acredita que até o fim do primeiro semestre deve sair também a internet a preços baixos, do Plano Nacional de Banda Larga, o PNBL.


O plano prevê triplicar o acesso à internet em alta velocidade no Brasil até 2014.


 


 


LITERATURA


14ª Jornada de Passo Fundo irá debater leitura e as novas mídias


A 14ª Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo (RS) terá como tema ‘Leitura entre Nós: Redes, Linguagens e Mídias’.


O evento, que completa 30 anos, acontecerá entre os dias 22 e 26 de agosto na Universidade de Passo Fundo. A programação inclui palestras, peças e exposições.


O português Gonçalo M. Tavares, o argentino Alberto Manguel são alguns dos autores estrangeiros convidados.


Entre os nacionais estão Affonso Romano de Sant’Anna, Ziraldo e Edney Silvestre.


Além da Jornadinha, voltada ao público infantojuvenil, o evento vai inaugurar o Jornight, com programação para jovens entre 15 e 25 anos.


Outro destaque da Jornada é a entrega do Prêmio Passo Fundo Zaffari & Boubon de Literatura, que dará R$ 150 mil ao melhor romance de língua portuguesa publicado nos últimos dois anos.


Na edição passada, em 2009, o vencedor foi ‘O Filho Eterno’, de Cristovão Tezza.


As inscrições para a Jornada podem ser feitas a partir de 4 de abril pelo site www.jornadadeliteratura.upf.br.


O valor varia de R$ 120 (individual) a R$ 1.500 (ingresso coletivo para dez pessoas).


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 21 de janeiro de 2011


 


TELECOMUNICAÇÕES


A Anatel ameaça o sigilo


Está em risco o direito de cada um ao sigilo telefônico e à privacidade. A ameaça parte da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), criada para regular um serviço de utilidade pública e para proteger o consumidor, não para bisbilhotar a vida dos clientes das telefônicas. A Anatel pretende instalar um sistema de fiscalização remoto, vinculado à estrutura das empresas, para ter acesso a informações sobre todas as chamadas. O objetivo, segundo a agência, é combater abusos contra o consumidor. Não haverá violação de sigilo, argumentam os defensores da proposta, porque o conteúdo das conversas será preservado. Esta alegação é insustentável.


É direito de cada um telefonar a quem quiser, quantas vezes quiser e por quanto tempo quiser sem ter de dar satisfações a qualquer agente público ou privado. O mesmo direito vigora no caso de cada ligação recebida. Sem ordem judicial, ninguém pode intrometer-se legalmente na vida de João ou de Antônio para verificar se foi feita alguma chamada para o número desta ou daquela pessoa. Mesmo para a autorização judicial há regras. O juiz tem de avaliar se há motivo razoável para a solicitação da quebra de sigilo. Além disso, ele deve limitar a autorização a propósitos bem definidos e por prazo determinado, para evitar a concessão de poderes excessivos à autoridade policial.


Dados como os pretendidos pela Anatel – números chamados, duração das conversas e frequência das ligações – têm sido usados em investigações policiais. Podem valer como indícios e até como provas. Autoridades policiais pedem autorização para a busca dessas informações precisamente porque o acesso aos dados configura quebra de sigilo. Essa é a interpretação aceita pelas Polícias e pela Justiça.


É também, e não por casualidade, a opinião de advogados atuantes no setor de telecomunicações. Bastará o acesso da agência ao número chamado, à data e à duração do contato para ser configurada a violação de sigilo, disse o especialista Pedro Dutra. ‘Isso é ilegal, desnecessário e ineficaz’, acrescentou.


A Anatel já tentou incluir em contratos de concessão uma cláusula de acesso aos dados, mas as companhias se opuseram, lembrou o advogado Floriano de Azevedo Marques, também citado em reportagem publicada ontem no Estado. Se a agência insistir na tentativa, provavelmente haverá reação por via judicial, acrescentou o especialista.


A pretensão da Anatel é claramente contrária a um direito consagrado pela Constituição. Nenhuma esforço de justificação realizado até agora produziu mais que um arremedo de argumento. O simples acesso aos dados não envolve quebra de sigilo, disse uma fonte do governo mencionada na reportagem. A relação da Anatel com as informações sobre as chamadas seria análoga, segundo essa fonte, à relação da Receita com os dados fornecidos pelos contribuintes. A analogia é obviamente falsa.


As informações transmitidas pelo contribuinte ao Fisco são necessárias ao cumprimento das obrigações tributárias. O dever do Fisco em relação ao sigilo consiste em impedir o vazamento dos dados. Mesmo essa restrição, como se viu na última campanha eleitoral, foi violada mais de uma vez. A relação entre o usuário dos serviços de telecomunicações e a Anatel é muito diferente do vínculo entre o pagador de impostos e a Receita.


De fato, a relação é oposta: no caso das telecomunicações, o credor é o usuário da telefonia, enquanto a parte sujeita a obrigações é a Anatel. O cliente da operadora não tem obrigação de expor sua vida privada à agência, mas tem o direito de exigir proteção. Essa proteção não depende, obviamente, do acesso permanente àquelas informações. A desconfiança em relação aos dados fornecidos pela operadora, em caso de reclamação, é uma desculpa precária e uma confissão de incompetência técnica.


Se o acesso permanente às informações sobre telefonemas for considerado legalmente aceitável, o sigilo das comunicações estará correndo risco de extinção. Em nome da segurança dos cidadãos, a Polícia poderá reivindicar igual direito à bisbilhotice. Por enquanto, a maioria dos policiais e juízes continua levando a sério o preceito constitucional. A Anatel deveria imitá-los.


 


 


INTERNET


Jeremy W. Peters, The New York Times


Cobrar ou não pelos artigos na internet?


Enquanto os jornais do mundo inteiro perguntam-se ansiosamente o que acontecerá se começarem a cobrar a leitura de artigos online, algumas respostas já começam a aparecer.


A experiência realizada por Steven Brill no Journalism Online, um sistema que permite aos jornais cobrar de seus leitores mais regulares na internet, analisou seus dados preliminares e concluiu que, em média, a receita da publicidade e o tráfego na internet, em geral, não tiveram uma redução significativa, apesar das previsões em contrário.


O tamanho da amostra dos dados colhidos pelo Journalism Online era reduzido – cerca de 20 jornais de pequena a média circulação que há vários meses cobram uma taxa dos leitores -, portanto, é difícil prever um padrão para os jornais maiores.


Mas as conclusões iniciais mostraram que as publicações tiveram sucesso com um modelo pago, estabelecendo um limite mensal conservador para o número de artigos que os leitores poderiam ler gratuitamente, e deixaram claro que a maioria dos leitores não seria afetada.


Segundo o Journalism Online, as visitas mensais aos sites incluídos em seu estudo caíram de 0% a 7%, enquanto as visitas às páginas caíram de 0% a 20%. Nenhum editor informou se houve um declínio da receita da publicidade.


Ao contrário de um esquema rígido de pagamento – exigindo uma assinatura para ler quase todo o conteúdo editorial -, o modelo empregado pelo Journalism Online não impede um grande tráfego na internet.


‘Se fixarmos uma medida pouco agressiva, como aconselhamos às pessoas, não desestimularemos 85%, 90% ou 95% das pessoas que procuram os sites’, disse Brill.


Ele acrescentou que a maioria dos jornais estabelece um limite baixo para o número mensal de artigos que podem ser lidos gratuitamente – entre 5 a 20. Os jornais cobram uma taxa de assinatura de US$ 3,95 a US$ 10,95.


Comportamento. Segundo L. Gordon Crovitz, um ex-editor do Wall Street Journal que ajuda a tocar o projeto, a conclusão que se pode tirar dos números obtidos é que os leitores ouvidos estavam dispostos a pagar por uma parte do conteúdo online, mas não por todo. Os consumidores estão dispostos a ‘pagar pelas publicações em que confiam mais, desde que as usem com frequência’, afirmou.


Os jornais que utilizam o Journalism Online concentram-se no noticiário local, como The Columbus Dispatch, do Mississippi e The York Daily Record, da Pensilvânia.


Com exceção do Wall Street Journal, os sites dos grandes jornais americanos continuam gratuitos até o momento. The New York Times será o maior jornal dos EUA a usar uma opção para os assinantes do seu site quando adotar um sistema de cobrança dos usuários mais frequentes do NYTimes.com, ainda no início deste ano.


Tim Ruder, diretor de faturamento da Perfect Market, uma empresa de consultoria de mídia especializada em noticiário, disse que o que serve para pequenos jornais não servirá necessariamente para os grandes. Mas acrescentou que, como nenhum jornal maior de cobertura nacional resolveu começar a cobrar pelas visitas anteriormente gratuitas, é difícil fazer previsões.


‘Até que ponto esse sucesso se replicará em sites maiores dependerá de muitas coisas, até mesmo da qualidade, da natureza e da exclusividade do conteúdo’, afirmou.


*É repórter especializado em mídia


(Tradução de Anna Capovilla)


 


 


Gustavo Chacra


Google anuncia troca de presidente


No mesmo dia em que publicou resultados trimestrais acima do esperado, o Google anunciou ontem a troca no comando da empresa. Eric Schmidt, presidente executivo (CEO) há uma década, deixará o cargo. Em seu lugar, entrará Larry Page, um dos fundadores da gigante de tecnologia.


A decisão foi tomada em conjunto pelo triunvirato que, além dos dois, inclui também Sergey Brin, outro fundador do site de buscas. Na época da contratação de Schmidt, dez anos atrás, Page e Brin tinham apenas 27 anos. Hoje, na avaliação de analistas, eles estão preparados para liderar a empresa. Especialmente em um universo onde Mark Zuckerberg, do Facebook, tem apenas 26.


Fora do comando do dia a dia da empresa, Schmidt assumirá o posto de presidente do conselho de administração da companhia. ‘Eu me focarei mais onde posso agregar o maior valor – externamente, em acordos de parceria, clientes, relações comerciais, governo e tecnologia’, disse Schmidt, que seguirá como conselheiro de Brin e Page. Pessoas próximas a ele afirmam que o executivo estava desgastado com o cargo.


Segundo o comunicado assinado por Schmidt e publicado no blog oficial do Google, Page, ‘em seu novo cargo, irá mesclar a tecnologia do Google com a sua brilhante visão’. A mudança deve ser efetivada no dia 4 de abril. Brin, de acordo com o executivo, permanecerá sendo descrito como ‘fundador’, se concentrando em ‘projetos estratégicos’.


Schmidt, um engenheiro de 55 anos, assumiu o Google em 2001, quando a empresa era ainda apenas um site de buscas. Os dois fundadores, na época muito jovens, queriam um administrador profissional para presidir a companhia.


No período em que Schmidt esteve à frente da companhia, o Google se transformou em uma das gigantes da tecnologia, ao lado da Microsoft e da Apple, com 24 mil funcionários ao redor do mundo. Entre seus negócios, estão o site de vídeos YouTube, o Gmail e o sistema operacional Android para celulares, que ampliou a presença da empresa para a área de telefonia.


Facebook. A decisão de mudar o comando, segundo analistas, tem por objetivo colocar alguém da área de tecnologia para poder rivalizar com o Facebook. O site de relacionamentos de Mark Zuckerberg, aos poucos, se torna uma sombra no caminho do Google. Apesar de todo o sucesso em diversas áreas, a empresa enfrenta dificuldades para se consolidar na área de sites de relacionamentos. O Orkut, lançado antes do Facebook, nunca emplacou nos Estados Unidos, apesar de sua popularidade no Brasil e na Índia. O Buzz, lançado há quase um ano, é considerado um fracasso.


Apesar dos reveses nesta área, o Google ainda domina o mercado de publicidade na internet. O Facebook, mesmo com mais de 500 milhões de usuários, não conseguiu ainda estruturar um mecanismo para competir com o Google.


Antes do anúncio da mudança no comando da empresa, o Google anunciou um lucro líquido de US$ 2,54 bilhões no quarto trimestre do ano passado (US$ 7,81 por ação), após lucro de US$ 1,97 bilhão no mesmo período de 2009 (US$ 6,13 por ação). A receita da companhia alcançou US$ 8,44 bilhões no trimestre período, com crescimento de 26% em relação ao mesmo período de 2009. Os números superaram as estimativas mais otimistas de investidores em Wall Street. As ações tiveram uma alta de 2% na Bolsa de Valores de Nova York.


Nesta semana, o mercado de tecnologia já havia sofrido outra notícia de impacto. De forma inesperada, o fundador e presidente da Apple, Steve Jobs, anunciou que deixaria a empresa para cuidar da saúde. Sobrevivente de um câncer no pâncreas, ele também sofre complicações de um transplante de fígado. Diferentemente de janeiro de 2009, quando o executivo afirmou que retornaria em seis meses, desta vez não foi estipulada data.


PARA LEMBRAR


Grupo nasceu como projeto de pesquisa


O Google começou em 1996, em meio a um projeto de pesquisa de Larry Page e Sergey Brin, então estudantes na Universidade Stanford, nos Estados Unidos. Formalmente, porém, a empresa só foi criada em setembro de 1998, após um financiamento de US$ 100 mil de Andy Bechtolsheim, cofundador da Sun Microsystems. Em agosto de 2004, já como uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, o Google abriu seu capital, conseguindo levantar US$ 1,67 bilhão com a venda de ações na Bolsa. A operação deu à companhia um valor de mercado de US$ 23 bilhões, colocando seus fundadores entre os homens mais ricos do mundo.


 


 


MEMÓRIA


José Maria Tomazela


Precursor do rádio faria 150


Se fosse possível aplicar o teste de paternidade aos grandes inventos, o DNA do rádio apontaria como um de seus progenitores um brasileiro – o padre gaúcho Roberto Landell de Moura, que hoje completaria 150 anos.


Apresentado publicamente em 1894, o transmissor de ondas criado pelo clérigo cobria o dobro da distância do aparelho do físico italiano Guglielmo Marconi, lançado um ano depois. Apesar disso, o italiano é considerado o pai do rádio, enquanto o padre Landell segue no mais completo anonimato.


Para tentar corrigir o que consideram um erro histórico, radioamadores, pesquisadores e admiradores lançaram o Movimento Landell de Moura (MLM), que tenta coletar 1 milhão de assinaturas para que o padre seja reconhecido pelo governo brasileiro como precursor das telecomunicações.


‘Sem esse reconhecimento oficial, ele não entra na história e não vai para as salas de aula, o que é lamentável’, afirma o jornalista Eduardo Ribeiro, um dos divulgadores.


Ele compara Landell a Santos Dumont, com a diferença de que o pai da aviação é reconhecido por seu feito. ‘A história de ambos tem início parecido, pois Dumont ganhou visibilidade em Paris, enquanto Landell, depois de ser apontado como louco por aqui, foi patentear seus inventos nos Estados Unidos.’


Ribeiro chama a atenção para o contexto da época: o Brasil era um país agrícola, atrasado e recém-saído da escravidão. ‘Não se imaginava que um brasileiro pudesse inventar algo impensável, como transmitir a voz sem fios.’


Pioneiro. Landell foi mais longe, assegura o escritor e jornalista Hamilton Almeida, autor do livro Padre Landell de Moura: Um Herói sem Glória (Record). Para ele, o brasileiro foi pioneiro também no desenvolvimento de aparelhos para a transmissão de imagens – embriões da televisão – e de textos – os teletipos. ‘O Marconi acabou levando a fama de inventar o rádio, mas o que ele desenvolveu foi o telégrafo sem fio, transmitindo sinais em código. Na mesma época, o aparelho do padre Landell transmitia não só os sinais, mas também a voz humana e sons musicais. A importância desses inventos para a humanidade é indiscutível.’


Segundo Almeida, ele previu que as ondas curtas podiam aumentar a distância das comunicações e usou a luz na tentativa de enviar mensagens, o princípio das fibras óticas. ‘Tudo está documentado por manuscritos, patentes, testemunhas e o noticiário da época.’


Na volta ao Brasil, o cientista procurou, mas não conseguiu apoio do governo. Almeida conta que, ao pedir ao presidente Rodrigues Alves dois navios para testar a transmissão de som na Baía de Guanabara, teve o pedido vetado por um assessor presidencial que o chamou de ‘maluco’. ‘O Marconi fez o mesmo pedido na Itália e teve uma frota inteira à disposição’, comenta. Acusado de ter ‘parte com o demônio’ por falar através de caixas, foi perseguido e teve seus inventos destruídos pelos fiéis, relata Almeida.


Embora tardiamente, o pai brasileiro do rádio começa a ser reconhecido. Entre os eventos que marcam os 150 anos, está o lançamento de um selo comemorativo pelos Correios em Brasília, São Paulo e Porto Alegre. Um projeto de lei do senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS) prevê a inclusão do nome do padre no Livro dos Heróis da Pátria, depositado no Panteão Tancredo Neves, onde já figuram personalidades como Santos Dumont, Oswaldo Cruz, Tiradentes e Zumbi dos Palmares. A Câmara de São Paulo também propôs a ele o título pós-morte de Cidadão Paulistano.


PARA LEMBRAR


No Brasil, o ‘furo’ da criação de Landell foi dado pelo Estado, que anunciou a transmissão pioneira em julho de 1899. Nos EUA, o brasileiro mereceu ampla reportagem do jornal The New York Herald, em outubro de 1902, com o título: ‘Padre Landell de Moura – inventor do telefone sem fio’. Na época, era essa a denominação dada para a transmissão da voz à distância sem fio condutor.


 


 


TECNOLOGIA


Alexandre Mello


Inovação é o diferencial, diz editor da ‘Wired’


Com frases de efeito, o editor Ben Hammersley, da revista britânica Wired – a mesma que anunciou o fim da web – esquentou o debate sobre empreendedorismo com executivos da Telefônica, em evento ontem na Campus Party. ‘O Skype está matando vocês’, disse o editor logo no começo da conversa, deixando muitos debatedores sem graça. ‘Uma empresa criada por cinco pessoas está ameaçando todas as teles.’


O consultor Ricardo Amorim complementou, dizendo que o serviço de voz sobre IP (telefonema via internet) é um ótimo exemplo em relação às empresas de telecomunicações. Mas que as teles também são um exemplo em relação às TVs. ‘O principal concorrente não é o que faz o mesmo que você, mas o que está fazendo o que você não vê, de um modo totalmente diferente.’


O tema inovação foi um dos mais debatidos. Para Hammersley, as empresas têm de ser 100% focadas em inovação e não investir míseros 5% em laboratórios.


Amorim destacou que ‘as empresas se tornam grandes por serem inovadoras, mas se mantêm grandes por meio de processos’ – e citou como exemplo a Apple. ‘Ela ficou grande por uma série de lançamentos inovadores. Mas, se não fossem os processos de produção com os chineses, jamais teriam preço para manter o sucesso.’ Hammersley discorda. Para ele, o diferencial da Apple é que todos pensam em inovar todos os dias, e fazem isso rapidamente.


Pequenos. Hammersley disse também que a empresa pequena tem mais facilidade para ser inovadora e entrar em novos mercados. ‘Pessoas talentosas e inovadoras não querem mais trabalhar em grandes corporações. Não querem mais um emprego. Querem um trabalho. E com questões interessantes para resolver. Ninguém mais pensa em planos de carreira. Pensam em como vai ser daqui a seis meses ou dois anos, no máximo’, disse.


 


 


Anne Warth


Governo vai discutir isenções fiscais para os tablets


O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, pretende discutir com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, a revisão da atual política industrial para dar aos ‘tablets’ (dispositivos portáteis de acesso à internet com telas touchscreen) os mesmos benefícios fiscais dados a computadores pessoais e notebooks.


Atualmente, notebooks e desktops têm isenção de 9,75% de IPI, PIS e Cofins. ‘Ficamos de nos reunir na semana que vem para ver como incluir a questão de comunicação e telecomunicações também nessa política’, afirmou Bernardo após palestra na Campus Party, no Centro de Exposições Imigrantes, na zona sul da capital paulista.


Bernardo disse já ter sondado a indústria sobre a questão. Segundo ele, os empresários se mostraram animados com a ideia. ‘Eles disseram que, se o governo der o mesmo tratamento dado aos computadores e notebooks aos tablets, nós podemos baratear e produzir rapidamente os tablets aqui no Brasil por preços e condições muito melhores do que a que temos hoje’, afirmou. ‘Eu sou favorável. E esse é um dos pontos que vou colocar na reunião com Pimentel para ver se avançamos.’


Telebrás. Durante o evento de tecnologia, o ministro das Comunicações também comentou a entrada da Telebrás no segmento de banda larga, diante da aprovação, pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), de pedido para a obtenção de licença do Serviço de Comunicação Multimídia (SCM). Para Bernardo, isso não significa que a empresa vai oferecer esse tipo de serviço diretamente ao consumidor. ‘Nós achamos que não é a vocação natural’, afirmou. ‘A Telebrás tem de entrar para ajudar a baratear o tráfego no atacado e para ajudar a achar soluções para essa questão.’


De acordo com o ministro, existem vários agentes e atores econômicos que podem ajudar a resolver a questão do preço. ‘Nós dissemos, na época da reativação da Telebrás, quando montamos o Plano Nacional da Banda Larga, que, se ninguém fosse fazer, nós iríamos fazer. Essa é a postura que temos colocado e reiterado. Na verdade, nós queremos um serviço de melhor qualidade e preço mais acessível, e a Telebrás vai ajudar’, disse.


O ministro também afirmou que a Telebrás não será afetada por cortes no Orçamento da União. ‘Não houve cortes por parte do governo. Os cortes que têm sido falados pelos ministros Guido Mantega (Fazenda) e Miriam Belchior (Planejamento) dizem respeito à administração direta e não envolvem empresas.’


Sobre a possibilidade de que o Ministério das Comunicações sofra cortes, ele disse que é o último dos ministros que poderá reclamar, uma vez que ocupou o Ministério do Planejamento na gestão de Lula. Ele reiterou ser favorável à disciplina fiscal e disse que, se houver necessidade de readequação, trabalhará com o orçamento que for definido.


 


 


POLÍTICA CULTURAL


Jotabê Medeiros


Ato de ministra provoca protesto


A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, provocou ontem um verdadeiro tiroteio verbal no Twitter. As manifestações foram decorrência da decisão da ministra de retirar do site do Ministério da Cultura as licenças Creative Commons, o que foi interpretado por militantes do compartilhamento digital como um ato de guerra em relação ao copyleft – e também uma adesão às teses mais conservadoras do direito autoral no País.


Diversos sites de direitos livres, do Brasil e do exterior, organizaram protestos na internet durante todo o dia. Endereçaram mensagens para a ministra Ana de Hollanda e seu principal colaborador, Antonio Grassi (ainda sem cargo). ‘Urgente! Começa o retrocesso no Ministério da Cultura!’, escreveu Sérgio Amadeu. Diversos fóruns pelo compartilhamento na net, como o Espaço Liberdade, organizaram discussões. Muitos demonstravam desapontamento com a decisão, que consideram que faz regredir a discussão sobre o software livre.


Ronaldo Lemos, diretor do centro que gerencia o Creative Commons, da Fundação Getúlio Vargas, viu uma decisão ‘política’ no caso. ‘A visão da ministra, pela remoção do Creative Commons, e pelo que disse em seu discurso de posse, é a visão das entidades arrecadadoras, é a visão do Ecad’, afirmou.


Lemos também acha que a retirada, pelo MinC, dos logotipos das licenças configura uma infração legal, pois compromete a identificação do conteúdo já produzido pelo Creative Commons. ‘Ao fazer isso, o MinC viola não apenas a licença, como também os direitos autorais subjacentes a cada obra.’


O Ministério da Cultura, que foi pioneiro na adoção dessa solução jurídica para os direitos autorais, não se manifestou sobre o caso até o fechamento desta edição. Os manifestantes lembram que a própria ministra, em seu site pessoal, disponibiliza vídeos de músicas para as quais não tem autorização, de forma não comercial, e que uma das lutas do Creative Commons é justamente tentar trazer para a legalidade práticas como essa.


Durante a gestão de Gilberto Gil, o Ministério da Cultura aderiu festivamente ao Creative Commons – Gil se tornou, em 2004, o primeiro compositor brasileiro a ceder direitos de uma canção à licença. O governo federal passou a utilizar maciçamente as licenças – o próprio Blog do Planalto é licenciado dessa forma. O advogado americano Lawrence Lessig, criador do Creative Commons, esteve há um ano com a então candidata Dilma Rousseff na Campus Party, em São Paulo. ‘Ela deixou claro que queria continuar o trabalho progressista do ministro Gil. Eu ficaria muito surpreso se ela voltasse atrás em sua posição’, disse Lessig ontem ao Estado.


 


 


TELEVISÃO


Patrícia Villalba


Cordel prepara as malas


Já está quase tudo pronto para a viagem que a equipe da diretora-geral Amora Mautner fará a Canindé de São Francisco, pequena cidade do sertão de Sergipe que receberá em fevereiro as filmagens de Cordel Encantado, próxima novela das 6 da Globo.


Ainda não está definido quantas pessoas serão necessárias para tocar os trabalhos iniciais da trama assinada por Thelma Guedes e Duca Rachid, mas é certo que, do elenco, irão dez atores. Entre eles, estará a protagonista, Bianca Bin, que volta a gravar tendo descansado apenas alguns dias depois de abandonar a Fátima de Passione. Ela ficou com o papel de Aurora – uma princesa europeia que é sequestrada, vem parar no sertão brasileiro e é criada como cangaceira -, depois que Paola Oliveira foi chamada para substituir Ana Paula Arósio no papel de Marina, na novela das 9, Insensato Coração. A ação se passa na década de 1920.


As gravações em Sergipe têm previsão de durar duas semanas e vão aproveitar os cânions, falésias, grutas e fazendas da região. As locações já foram escolhidas por uma equipe de pré-produção no início de janeiro. Com base econômica no turismo, Canindé é conhecida pelo Vale dos Mestres, de beleza deslumbrante, onde a vegetação intocada esconde pinturas rupestres de 3 mil anos.


A notícia de que a cidade abrigaria a produção da Globo foi comemorada pelo pessoal do turismo local, que caprichou na propaganda dos atrativos locais para convencer a emissora a gravar lá – a Emsetur, a agência estadual de turismo, enviou fotos e todas as informações possíveis. A outra opção da Globo para ambientar a cidade fictícia da novela era o Jalapão.


A equipe grava ainda num castelo no Vale do Loire, na França, que servirá de locação para as cenas do reino fictício do personagem de Carmo Dalla Vecchia, pai de Aurora.


E não foi só Bianca Bin que teve férias curtas. Ela estará com Cauã Reymond e Bruno Gagliasso, também do elenco de Passione – o primeiro viverá o herói romântico da história, e o segundo, o vilão. Gagliasso terá como parceira de falcatruas a personagem de Nathália Dill. A novela, que estreia em abril para substituir Araguaia, tem ainda confirmados os nomes de Luiz Fernando Guimarães, Débora Bloch, Guilherme Fontes, Tuca Andrada e Zezé Polessa.


 


 


 


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