Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Jornalismo pode, sexo não

Numa mesma semana, um canal de TV indiano mostrou sacerdotes hindus assediando suas fiéis, políticos fazendo sexo com prostitutas em troca de favores e famosos da indústria cinematográfica local pressionando uma repórter disfarçada de atriz iniciante a se submeter ao ‘teste do sofá’. Nas três ocasiões, a reação da população foi de indignação – não com as situações mostradas, mas com a emissora, India TV, por atrever-se a escancarar o sexo nos lares de milhões de indianos.

Rama Lakshmi, em reportagem para The Washington Post [19/4/05], explica que o uso de câmeras escondidas para conseguir denúncias jornalísticas é algo comum no país. Há cinco anos, o sítio Tehelka as utilizou para mostrar políticos e militares recebendo subornos de supostos homens de negócios. A reportagem foi amplamente aplaudida como um grande trabalho de jornalismo investigativo. O sexo, no entanto, ainda é um tabu na imprensa do país do Kama Sutra. O ministro da Informação local veio a público para reclamar da veiculação de imagens de autoridades do estado de Bihar relacionando-se com garotas de programa supostamente providenciadas por investidores. O ministro disse que as cenas eram ‘obscenas’ e que ‘corrompem a moralidade pública’.