Após ser intimada a deixar o Iraque em 22/6 por autoridades do país, a correspondente do jornal francês L´Humanité Anne-Sophie Le Mauff decidiu instalar-se temporariamente em Amã, capital da Jordânia, na sexta-feira (24/6). A jornalista afirma que os responsáveis do Ministério do Interior do Iraque lhe explicaram que sua expulsão foi um pedido das autoridades francesas. O Ministério das Relações Exteriores da França negou a acusação, alegando que a decisão é soberana das autoridades iraquianas, motivadas por razões de segurança.
A organização Repórteres Sem Fronteiras protesta em seu sítio na internet contra a expulsão de Anne-Sophie, última jornalista francesa a trabalho no Iraque. Para a organização, expulsar um jornalista estrangeiro é um grave golpe contra a liberdade de imprensa e, se autoridades francesas realmente pediram aos iraquianos para expulsarem Anne-Sophie, a atitude seria considerada inaceitável. Embora os RSF reconheçam os riscos de se trabalhar no Iraque, acreditam que não cabe às autoridades francesas decidir se os jornalistas devem ou não permanecer no país, sendo esta uma decisão a ser tomada pelos próprios profissionais e seus empregadores.
Em artigo publicado na quinta-feira (23/6) no L´Humanité, o diretor de redação Pierre Laurent demonstra apoio à Anne-Sophie e afirma que a expulsão de sua correspondente é intolerável, pois alertar sobre a segurança é extremamente diferente de proibir um profissional de cumprir seu trabalho.
O recém-nomeado primeiro-ministro da França, Dominique de Villepin, declarou no Senado, cinco dias após a libertação da jornalista Florence Aubenas e de seu intérprete iraquiano Hussein Hanoun, que reunirá em breve representantes da imprensa francesa para buscarem soluções para evitar o seqüestro de jornalistas no Iraque, pois a situação no país é muito perigosa para os profissionais de comunicação, que ficam expostos em um autêntico mercado de reféns. Informações do Le Monde [21/6/05], dos Repórteres Sem Fronteiras [21/6 e 24/6/05] e do Libération [24/6/05].