Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Jornalistas libertados por razões médicas

Depois de Oscar Espinosa Chepe e Raúl Rivero, Edel José García Díaz foi o terceiro dos 27 jornalistas cubanos presos em março de 2003 a receber liberdade condicional esta semana. Oficialmente, eles estão agora sob uma forma de prisão domiciliar depois de receberem permissão de ir para casa por razões médicas. García apresentava problemas digestivos, pressão alta e problemas de visão.

Chepe disse ao Comitê para Proteção dos Jornalistas [29/11/04] que recebeu a carta de soltura na manhã de 29/11, e que as autoridades o avisaram que ele voltaria à prisão caso se expresse publicamente contra o governo novamente. A CPJ pediu às autoridades cubanas que libertassem os jornalistas que ainda estão presos.

Relações com a Europa

Pelo menos seis outros jornalistas foram transferidos nos últimos dias, porém não ficou claro se eles seriam soltos e sob que termos. Depois da notícia das transferências, o governo cubano anunciou os contatos diplomáticos formais com a Espanha. Especula-se que é possível que a libertação dos jornalistas seja parte de negociações com a Espanha com o objetivo de normalizar as relações entre Cuba e a União Européia.

Os jornalistas Pedro Argüelles Morán, Pablo Pacheco Ávila e Jorge Olivera Castillo foram levados na sexta-feira para a prisão hospitalar de Combinado del Este, onde vão ser submetidos a exames médicos, disse o dissidente político Margarito Broche, que foi solto em 29/11. José Ubaldo Izquierdo e Omar Ruiz Hernández também haviam sido transferidos para a mesma prisão hospitalar em 26/11, de acordo com os familiares de outros jornalistas presos.

Segundo no ranking

Com 24 jornalistas ainda detidos, Cuba permanece em segundo lugar em número de jornalistas presos ficando atrás somente da China. Dos outros 75 dissidentes políticos presos em março do ano passado, 11 já foram soltos – sete deles entre abril e julho e quatro recentemente.

A organização Repórteres sem Fronteiras [3/12/04] disse estar feliz com a libertação de Raúl Rivero, que chamou de ‘o fim de uma grande injustiça contra um renomado jornalista e escritor’. Rivero foi vencedor de prêmio concedido pelos Repórteres Sem Fronteiras em 1997 e sua reputação internacional o ajudou a protegê-lo das agressões as quais seus colegas estavam expostos. Contudo, o governo nunca concedeu a ele um visto temporário de saída do país, de forma que se ele deixasse Cuba não poderia mais voltar.

O código penal cubano prevê que a Corte ou o Ministério do Interior podem conceder condicional por qualquer período de tempo. Em junho passado, o jornalista Carmelo Díaz Fernández recebeu condicional por motivos médicos e foi mandado para casa. Na época, ele foi avisado que ele voltaria a ser preso se não mantivesse um bom comportamento ou se recuperasse da doença. Também em junho, Manuel Vázquez Portal, vencedor do prêmio de Liberdade de Imprensa da CPJ de 2003, foi solto sem nenhuma explicação. Somente em outubro foi revelado que ele tinha sido solto em condicional por motivos de saúde.