Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Jornalistas libertados a pedido de ditador

Um grupo de jornalistas líbios que havia sido preso sem nenhuma acusação formal, na sexta-feira passada [5/11], foi solto esta semana, sob ordens do ditador Muammar Gaddafi. Os repórteres trabalham para o grupo de mídia al-Ghad, fundado por Saif al-Islam Gaddafi, filho do líder do país e visto como possível sucessor do pai. Gaddafi lidera a Líbia há mais de 40 anos e é a primeira vez que intervém publicamente no grupo de mídia de seu filho, de tendência reformista. Autoridades também haviam suspenso a impressão de um dos jornais do grupo, Oea, na semana passada, depois da publicação de um artigo crítico ao governo do primeiro-ministro, al-Baghdadi Ali al-Mahmoudi.


A agência de Notícias Libya Press, que também faz parte do grupo de mídia de Saif, emitiu uma declaração informando que 20 funcionários da empresa foram soltos. ‘A Libya Press espera que a ordem do líder Muammar Gaddafi para abrir uma investigação do caso seja cumprida’, escreveu. Um dos vice-diretores do grupo, que estava entre os detidos, Fawzi Batamr afirmou que ele e seus colegas foram bem tratados. ‘As perguntas dos investigadores foram sobre a Libya Press, sua autorização para operar na Líbia e seus procedimentos legais’, disse.


Críticos consideraram a prisão como o começo de um novo estágio no conflito entre reformistas e a velha guarda da Líbia. Figuras veteranas, próximas ao ditador, costumam ser resistentes a atitudes liberais de Saif al-Islam, em especial sobre temas vistos como danosos à segurança nacional. As brigas políticas na Líbia, uma das maiores reservas de petróleo da África, estão sendo acompanhadas atentamente por grandes empresas petrolíferas do Ocidente, como BP, Eni e Exxon Mobil. Elas investiram bilhões de dólares em projetos de gás e petróleo da Líbia e alguns analistas dizem que seus investimentos podem ser prejudicados por mudanças políticas. Informações da Reuters [9/11/10].