Thursday, 02 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Não há liberdade de expressão na Síria

A organização Repórteres Sem Fronteiras enviou na semana passada uma carta ao presidente da Síria, Bashar al-Assad, onde pede a soltura de três jornalistas presos no país por conta de suas atividades profissionais.

O jornalista e escritor Nabil Fayad, preso em 30/9, escreve para o sítio de resenhas políticas Annaqed.com e para o jornal semanal kuaitiano al-Sayassah. Ele é um dos fundadores do sítio Liberal Syria (www.liberalsyria.com), um fórum liberal de discussão online. Em seus artigos, Fayad critica o obscurantismo religioso e o crescimento do fundamentalismo muçulmano na Síria. Por causa deles, já foi intimado a depor diversas vezes pelo serviço de inteligência do país. Muitos dos editoriais escritos por ele – em prol da democracia e da liberdade de expressão – foram censurados na Síria e em outros países árabes, conforme denuncia a Repórteres Sem Fronteiras [8/10/04].

Jihad Nasra, também jornalista e escritor e, junto com Fayad, um dos fundadores do Liberal Syria, foi preso em 1/10. Ele escreve para o sítio de notícias Levant (www.thisissyria.net).

O estudante de jornalismo e membro da minoria curda da Síria Massud Hamid, de 29 anos, foi detido há mais de um ano, em 24/7/03. Hamid havia fotografado uma manifestação pacífica dos curdos em Damasco. Ele é acusado oficialmente de pertencer a uma ‘organização ilegal’.



Nem em Bahrein

O vice-presidente do Centro de Direitos Humanos de Bahrein (BCHR), Abdul al-Hadi al-Khawaja, foi preso em 25/9 por ter acusado o primeiro-ministro, Shaikh Khalifa Al Khalifa, de ser responsável pelos problemas econômicos do país e de ter cometido abusos aos direitos humanos no passado.

Al-Khawaja disse em um seminário da BCHR, na capital Manama, que a corrupção e a distribuição desigual de renda em Bahrein estava deteriorando a qualidade de vida no país. Ele comprovou suas alegações por meio de documentos que mostravam os problemas sociais e econômicos de Bahrein. As autoridades locais mandaram fechar a BCHR e impediram que a instituição finalizasse suas atividades.

Segundo o grupo americano Human Rights Watch, que criticou a prisão, Al-Khawaja está sendo detido sob a acusação de violação do código penal de Bahrein, que proíbe a disseminação de ‘notícias falsas e maliciosas’ que causem ‘danos ao interesse público’ ou que incitem movimentos contra o governo.

A liberdade de expressão em Bahrein é fortemente controlada. Segundo o Comitê de Proteção aos Jornalistas, uma nova lei de imprensa lançada em outubro de 2002 impõe duras restrições à imprensa no local. Os jornais têm que ter aprovação do ministro da informação e do gabinete antes de poder publicar. De acordo com a lei, aqueles que criticarem o rei e o islamismo, insultarem os líderes dos países árabes ou islâmicos, incitarem idéias sectárias, publicarem falsas informações ou qualquer notícia que prejudique a unidade da nação podem ser punidos. Informações da International Freedom of Expression eXchange [6/10/04].