Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Pesquisa comprova parcialidade da mídia

Conservadores de carteirinha costumam acusar a imprensa americana de ser parcial em benefício dos liberais na cobertura de qualquer tipo de questão, desde aborto a controle de armas e casamento gay. Dois economistas do American Enterprise Institute, organização conservadora de pesquisa localizada em Washington, acabam de publicar um estudo onde afirmam que esta premissa é verdadeira também na cobertura da economia.

Segundo Kevin A. Hassett e John R. Lott Jr, os jornalistas cometem o mesmo pecado de beneficiar o enfoque liberal em assuntos econômicos. Os pesquisadores passaram um pente fino em 389 jornais e reportagens da agência de notícias Associated Press datados de janeiro de 1991 a maio de 2004. O período escolhido abrange as administrações de George H. W Bush, Bill Clinton e George W. Bush.

Para a pesquisa, foram selecionadas manchetes sobre crescimento do produto interno bruto, desemprego, comércio varejista e demanda de bens de consumo durável. As manchetes foram classificadas como positivas, negativas, neutras ou misturadas – no modo como se referiam à economia dos EUA. A partir desta análise, os economistas chegaram aos resultados numéricos.

Imprensa pró-Clinton

Eles descobriram que Clinton recebeu uma maior quantidade de manchetes positivas do que os dois presidentes republicanos. Na média, Bush pai e Bush filho receberam de 20 a 30% menos notícias positivas do que o presidente democrata em cada veículo pesquisado.

Os economistas também chegaram à conclusão de que, como um grupo, os 10 maiores jornais dos EUA e a AP podem ser considerados ainda mais inclinados ao lado liberal. Contabilizando as manchetes de todos eles, vê-se que os republicanos receberam de 20 a 40% menos manchetes positivas do que Clinton. Entre os 10 principais jornais do país, apenas o Houston Chronicle não foi identificado como parcial com tendência pró-democrata.

‘Nós não construímos um teste que identifique o motivo de tanta parcialidade’, afirma Hassett. ‘Talvez ela possa ser explicada pelo desejo de se auxiliar a sorte política dos democratas’, cutuca ele. Mesmo sem explicar o porquê do fenômeno, a pesquisa atraiu atenção fora do círculo conservador. Foi elogiada, por exemplo, pelo economista Christopher D. Carrol, professor da Universidade Johns Hopkins que foi consultor econômico no governo Clinton. Segundo ele, ‘esta é a primeira vez que eu vejo uma tentativa séria de se analisar a questão’. As informações são de Eduardo Porter [The New York Times, 12/9/04].