O Washington Post se enrolou, na semana passada, com a publicação de uma série de tirinhas. Intitulado Doonesbury, o desenho de autoria de Garry Trudeau segue sempre o mesmo tema durante a semana inteira e, na passada, reproduziu uma série de 2008 sobre um pacote de demissão voluntária em um jornal. O tema é sensível: em tempos de crise na indústria jornalística, grande parte dos títulos americanos já passou por isso; o próprio Post eliminou mais de 100 cargos na redação, por demissão voluntária, no ano passado.
Mas enquanto outros jornais que publicam as tirinhas de Trudeau estamparam a série sobre o tema, o Post, após publicar as tirinhas na segunda (23/2) e terça-feira, mudou o assunto da série na quarta e na quinta. Na sexta-feira (27/2), entretanto, o diário voltou ao tema original, publicando todas as tirinhas que estavam faltando. Junto delas, veio uma nota do editor-executivo Marcus Brauchli, culpando uma ‘falha interna na comunicação’ pela substituição.
Erro inocente
A série de Trudeau tinha como personagem principal o repórter Rick Redfern, forçado a deixar o emprego após 33 anos em um jornal. As tirinhas já haviam sido publicadas em setembro, no Post e em outros jornais. O autor de Doonesbury é sindicalizado pela agência Universal Press, que vende as tirinhas para uma série de publicações americanas. Em semanas em que não há tirinha nova – como foi o caso da passada –, a agência seleciona um desenho antigo para enviar aos clientes.
Segundo fonte da redação do Post, Brauchli teria perguntado no início da semana quem havia escolhido a ‘reprise’ da série sobre demissão voluntária, o jornal ou a agência. Aparentemente, um editor interpretou o questionamento como uma recusa de Brauchli às tirinhas. O editor-executivo, em entrevista, insistiu se tratar de um ‘inocente mal entendido’. Informações de Richard Pérez-Peña [The New York Times, 2/3/09].