Friday, 03 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Procuradora quer federalizar crimes contra jornalistas


Leia abaixo a seleção de quarta-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 19 de maio de 2010


 


JUSTIÇA


João Paulo Gondim


Procuradora quer federalizar os crimes contra jornalistas


‘A procuradora regional da República Janice Ascari, do Ministério Público Federal de São Paulo, defendeu ontem no Rio que crimes de cunho político contra jornalistas sejam federalizados, ou seja, passem para o âmbito da Justiça Federal.


A ideia foi apresentada no encontro ‘Falhas e brechas da justiça: como evitar a impunidade nos crimes contra a imprensa’, na PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica).


‘Levar à esfera federal a investigação e o processo de crimes políticos contra a imprensa evitaria comprometimento do poder local no desfecho dos casos’, afirmou a procuradora.


Para que os crimes contra jornalistas adquiram essa condição é necessário alterar o artigo 109 da Constituição Federal, que estabelece as competências dos juízes federais.


‘A federalização tinha que ser corriqueira. Enquanto houver esse tabu de ‘ah, não vou federalizar porque o Ministério Público estadual perde força’, enquanto fica com essa briga só quem lucra é o crime’, endossou Fernando Matos, diretor de Defesa dos Direitos Humanos da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência.


Outra ideia apresentada pela procuradora foi a criação de um fundo para custear os processos enfrentados por jornalistas no exercício da profissão, como ações de indenização.


‘Há duas formas de intimidação do exercício do jornalismo: primeiro, proibir veículos e jornalistas de falar sobre fulano; depois, após a publicação, entrar com ações de indenização. Aí o jornalista tem que se preocupar com o valor de indenização, se preocupar em pagar o advogado. Isso tudo o sufoca’, afirmou Ascari.


Outra sugestão foi que as associações pressionassem pela criação de um projeto de lei que classificasse como prioritários no judiciário os assassinatos de jornalistas. Atualmente, no Brasil, apenas crimes investigados por CPIs têm prerrogativa de passarem à frente de outros processos.


Diretor de liberdade de imprensa da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa), Ricardo Trotti sugeriu que o governo brasileiro adaptasse a Lei Daniel Pearl, sancionada pelo governo americano anteontem.


Batizada em homenagem ao jornalista sequestrado e decapitado por insurgentes em 2002, no Paquistão, a lei determina que o Departamento de Estado dos EUA inclua no seu relatório anual sobre direitos humanos a situação da liberdade de imprensa nos países. O texto prevê ainda que as nações mais restritivas sofram sanções econômicas e legais.


Trotti sugeriu que, se criada, a lei se chame Tim Lopes, em homenagem ao jornalista morto em junho de 2002 por traficantes do Rio.’


 


 


BANDA LARGA


Paulo Bornhausen


O Estado desvirtuado


‘GOSTARIA de que me apontassem um país, em todo o mundo, que, por ser sede da Olimpíada e/ou da Copa do Mundo, criou duas estatais para coordenar um dos certames, em vez de investir em infraestrutura e dar condições para que a iniciativa privada cumpra seu papel.


Isso aconteceu, por exemplo, em Barcelona, cidade totalmente revitalizada a partir de maciças aplicações de recursos privados e de uma correta política social do governo local.


Porque quando o pitoresco se transforma em regra, como é o caso no Brasil do ‘nunca antes’ e suas ‘jabuticabas’, perde-se a graça, e também perde o país.


A universalização do acesso à banda larga não é apenas questão de inclusão social, política em nome da qual o governo do PT se arvora como o único capaz e interessado em transformar o país em classe média.


É um fenômeno, antes de tudo, decorrente do avanço tecnológico. E se estamos discutindo a questão no mesmo momento em que ela acontece nos Estados Unidos, por exemplo, é porque a privatização do setor de telecomunicações elevou o nosso país, no planeta globalizado, ao mesmo patamar do das grandes nações.


Os principais líderes petistas, de Lula e Dilma a José Dirceu, assumem ar imperial quando discursam a favor de um ‘Estado forte’. Atropelam os mais básicos conceitos constitucionais para fazer valer sua redentora ideologia. Negligenciam o respeito à inteligência do brasileiro.


A reativação da Telebrás, a título de ser a única possibilidade de se implantar o Plano Nacional de Banda Larga, é prova cabal de que o os comandantes do atual governo central estão, na verdade, querendo implantar no Brasil o ‘Estado desvirtuado’.


Mesmo que fosse fazendo da maneira certa, ou seja, submetendo seus planos ao Congresso Nacional, eles estariam equivocados.


Mas é a prepotência bolivariana que guia o pensamento de Dilma, Lula e seus seguidores; eles não têm equipe, têm ‘companheiros’.


Em todo o mundo, um projeto da natureza do plano de banda larga é exaustivamente discutido com a sociedade. Num segundo passo, ele é submetido ao Poder Legislativo, que cuida para que o outro pilar republicano, o Judiciário, não precise impor correções para que atinja seu principal objetivo, servir aos cidadãos.


No Brasil de Dilma e Lula, isso não acontece, porque o que eles buscam é a perpetuação no poder, é o controle absoluto do poder.


Os marqueteiros de Dilma precisam filmá-la em alguma sala de uma humilde cidade brasileira, onde eleitores estarão navegando na internet, para que outros cidadãos se convençam a votar na autora da façanha.


No caso específico da banda larga, desnuda-se outra qualidade petista, a hipocrisia. Um dos argumentos para a tentativa de reestatização do setor, claro, sob domínio direto e absoluto do grupo, é o custo dos serviços de telecomunicações, que eles definem como absurdo.


Com a competência de quem é responsável pelo pagamento das taxas, tributos, contribuições e impostos, tudo, claro, repassado para o usuário, um executivo do setor afirma que, em todos os Estados do Brasil, o imposto sobre cigarros é menor do que sobre serviços de telecomunicações.


Cito-o: ‘Não há uma única unidade da Federação em que os impostos que incidem sobre serviços de telecomunicações e da banda larga sejam menores do que os de cigarros. É essa a prioridade social que o país confere à banda larga?’.


E o governo, no justo afã de levar a modernidade tecnológica a todos os brasileiros, reduz a carga para facilitar o acesso? Sim, ele faz isso. Mas apenas para a ‘sua’ empresa, a Telebrás reativada, reestatizada.


E, no mesmo dia em que o decreto da banda larga é publicado, cuja execução vai exigir cerca de R$ 15 bilhões do Tesouro, o ministro da Fazenda anuncia, magnânimo, que o governo vai promover corte de R$ 10 bilhões nos gastos públicos…


O governo de Dilma e Lula pode não ter consultado ninguém para mais essa ação. Mas, nós, da oposição, vamos fazê-lo. Caberá à Justiça proteger os reais interesses da nação.


PAULO BORNHAUSEN , advogado, é deputado federal (DEM-SC) e líder do seu partido na Câmara.’


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


‘Major powers’


‘Na manchete ao longo do dia no ‘New York Times’, ‘Potências maiores têm acordo sobre sanções ao Irã, dizem EUA’. O anúncio da secretária de Estado ‘veio apenas um dia após iranianos anunciarem o acordo tentativo com Turquia e Brasil’.


‘NYT’ e outros registraram o suposto elogio aos ‘esforços sinceros’ dos dois, mas o ‘Financial Times’ ressaltou que ‘Clinton ataca acordo Turquia-Brasil’ e ‘só faltou acusar de serem ingênuos internacionais, enganados pelo Irã’. Para o jornal, ‘a crítica foi sinal da tensão entre as potências estabelecidas e aquelas em ascensão no palco mundial’.


O primeiro-ministro turco reagiu afirmando que é ‘hora de discutir se acreditamos na supremacia da lei ou na lei dos supremos e superiores’. E por aqui, via G1 e outros, ‘Aqueles que desprezarem o acordo terão de arcar, afirma Celso Amorim’.


CHINA NO MEIO


Antes das sanções, de manhã, a manchete no Brasil era o apoio expresso pela China ao acordo no Irã.


O estatal ‘China Daily’, que havia destacado o acordo no papel, deu depois na home que ‘Potências maiores concordam sobre resolução para Irã’. E por fim avisou que Hillary Clinton viaja amanhã à China para uma ‘nova rodada de diálogo sobre questões estratégicas e econômicas’.


Em análise, o americano ‘Christian Science Monitor’ especulou que o apoio chinês às sanções se deve a várias concessões diplomáticas e econômicas dos EUA.


RÚSSIA COM OS EUA


A ‘Foreign Policy’ postou análise do especialista Daniel W. Drezner, tentando entender o apoio ‘firme’ da Rússia aos EUA, contra o acordo no Irã. Avalia que Moscou pode ‘genuinamente’ não ter se persuadido, mas também que ‘está tão incomodada quanto Washington com os jovens países pretensiosos, potências em ascensão no mundo, fazendo estragos em sua diplomacia’.


Já o Council on Foreign Relations ressalta há dias que o analista Charles A. Kupchan defende na ‘Foreign Affairs’ ‘Por que a Rússia deve ser admitida na Otan’.


O EIXO MUDA?


O ‘Financial Times’ publica que a diplomacia Sul-Sul ‘vive um teste’ com as conversas lideradas por Lula e o turco Erdogan. No título, ‘Acordo revela eixo mutante no palco internacional’. O jornal avalia que, seja qual for seu resultado, ‘o acordo reflete a nova vontade das potências regionais de se arriscar nos temas em que os diplomatas ocidentais vêm encalhando’.


Em perfil, a AP despachou que ‘A estrela do Brasil de Lula brilha mais forte’. E em análise o ‘Christian Science Monitor’ se perguntou, também no enunciado, ‘Lula agora é menino grande na diplomacia?’


O EIXO DE LULA


O canal Al Jazeera entrevistou Lula. E no site, sob o título ‘O Eixo do Brasil’, anotou que vê um ‘mundo em mutação’ com crescente presença ‘multilateral’


TEMER LÁ


Segundo o site da ‘Veja’, Michel Temer viajou ontem a Nova York para evento na Câmara de Comércio Brasil-EUA. E também, segundo o ‘Globo’, para ‘palestra sobre O Futuro Político do Brasil’ na Americas Society.


‘IT IS THE FUTURE’


O site da própria Americas Society destacou seu evento ‘Brasil: Ele É o Futuro’, no centro WTC, em São Paulo, com o embaixador dos EUA, Thomas Shannon, e outros para ‘analisar o novo papel na região e no mundo’.


ASSASSINOS


A Reuters fez ‘reportagem especial’, que o Huffington Post deu na home, sob o título ‘Como a Casa Branca aprendeu a amar o programa de aviões zangões da CIA’, os ‘drones’. Eles realizam as ‘operações de assassinato’ no Afeganistão e no Paquistão. Obama banalizou os assassinatos a ponto de, em piada num jantar público, brincar para ninguém se aproximar de suas filhas: ‘Tenho duas palavras para vocês: zangões predadores’. Novos ‘drones’ já foram levados à África Oriental, para uso no Iêmen e na Somália.’


 


 


CAMPANHA


Felipe Seligman


TSE multa Lula pela 3ª vez por propaganda antecipada


‘O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) multou ontem pela terceira vez o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por propaganda eleitoral antecipada em favor da pré-candidata petista à Presidência Dilma Rousseff. Ele terá que pagar R$ 5.000.


Já Dilma foi poupada porque a corte entendeu que ela não é responsável pelas declarações.


O tribunal também decidiu multar, desta vez em R$ 53 mil, o Instituto Sensus, por não ter respeitado o prazo de cinco dias entre o registro de uma pesquisa eleitoral e sua divulgação. A assessoria de imprensa do instituto informou ontem à noite que a defesa estuda recurso.


No caso de Lula, os ministros entenderam, por 4 votos a 3, que seu discurso na inauguração de prédios de uma universidade em Teófilo Otoni (MG), ocorrida em fevereiro deste ano, foi claramente favorável à pré-candidatura de Dilma.


No evento, o público começou a gritar o nome da pré-candidata petista. Lula respondeu ao público, sem citar o nome de sua então ministra: ‘Não posso falar o que vocês estão falando’.


Depois, porém, ele afirmou: ‘Vamos fazer a sucessão para dar continuidade ao que nós estamos fazendo. Porque este país não pode retroceder. Este país não pode voltar para trás como se fosse um caranguejo’.


A representação foi proposta por PSDB, DEM e PPS. A oposição alegou que o verdadeiro propósito da viagem do presidente teria sido ‘propagandear que vai fazer a sua sucessão’. Lula já foi multado outras duas vezes, em R$ 5.000 e R$ 10 mil, pelo TSE, pelo mesmo motivo da penalidade aplicada ontem.


A primeira multa foi por conta de um discurso feito em evento do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) no Rio. A segunda, na inauguração de um sindicato em São Paulo.


‘Houve propaganda antecipada em função da interação entre a fala de Lula e o publico presente’, afirmou o ministro Aldir Passarinho em relação ao evento de Teóflio Otoni.


O ministro inicialmente havia negado o pedido, em decisão monocrática, mas mudou de posição ontem. Também votaram pela aplicação da multa os ministros Arnaldo Versiani, Cármen Lúcia e Marco Aurélio. Ficaram vencidos os colegas Marcelo Ribeiro, Nancy Andrighi e Ricardo Lewandowski.


Na semana passada, o tribunal decidiu multar Dilma e o PT, em R$ 5.000 e R$ 20 mil respectivamente, também por propaganda eleitoral antecipada, desta vez no programa partidário do PT, em dezembro.


No caso da pesquisa, o caso foi revelado pela Folha. Em 5 de abril deste ano, o Sensus registrou uma pesquisa de intenção de voto para a sucessão presidencial, mas indicou como contratante um sindicato (o Sindecrep, de trabalhadores em concessionárias de rodovias) que, na realidade, não encomendou a pesquisa.


Quatro dias depois, o instituto reconheceu que havia ocorrido um ‘erro material’ e ratificou a informação, afirmando ao TSE que o verdadeiro contratante era o Sintrapav (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada e Afins do Estado de SP).


O problema é que a pesquisa foi divulgada em 13 de abril, menos de cinco dias úteis após a correção. Os advogados do Sensus alegaram que o prazo deveria ser contado a partir de 5 de abril, mas os ministros do TSE entenderam, por 6 votos a 1, que o instituto deveria usar a data na qual a informação do contratante foi corrigida.’


 


 


CENSURA


Reuters


Cineasta iraniano preso entra em greve de fome


‘O diretor iraniano de cinema Jafar Panahi começou uma greve de fome na prisão, afirmou sua mulher a um site opositor ontem.


O cineasta, dono de inúmeros prêmios internacionais e correligionário do líder opositor Mir Hossein Mousavi na controvertida eleição presidencial do ano passado, foi preso no início de março, bem como sua mulher e sua filha.


As duas foram posteriormente liberadas, e ele levado para a prisão de Evin, em Teerã.


‘Fui levado a interrogatório na manhã de domingo, quando me acusaram de ter filmado a cela, o que é uma mentira deslavada’, Panahi disse à sua família por telefone ontem, segundo o site ‘Jaras’.


A página publicou ainda a seguinte declaração do cineasta: ‘Deixei de comer e beber desde então e continuarei assim até que minhas exigências sejam atendidas’.


Panahi demanda acesso a seu advogado, visitas dos familiares e o direito de permanecer em liberdade até que uma audiência para apreciar seu caso seja marcada, de acordo com sua mulher, Tahereh Saeedi.


O cineasta apoiou Mousavi no pleito que reconduziu à Presidência Mahmoud Ahmadinejad no ano passado.


A oposição acusa a reeleição de ter sido fraudada, o que motivou protestos de rua reprimidos com violência pelo regime.


De acordo com o governo, as manifestações foram orquestradas pelo Ocidente, com o intuito de minar a credibilidade da teocracia iraniana.


Milhares de opositores foram detidos nos protestos pós-eleitorais.


A maioria deles foi libertada desde então, mas mais de 80 pessoas acabaram condenadas por até 15 anos. Duas delas, julgadas depois da eleição, foram executadas.


Dois ministros franceses, na semana passada, solicitaram do Irã a soltura da Panahi, para que ele pudesse aceitar o convite para ocupar uma cadeira no júri do Festival de Cannes.


O apelo não surtiu efeito, e a cadeira que era destinada ao cineasta iraniano no tradicional evento francês permaneceu vazia, ao lado de uma placa com seu nome.


Panahi foi premiado com o ‘Camera d’Or’ em Cannes, pelo filme ‘O Balão Branco’, de 1995.’


 


 


CRISE


New York Times


Estudo critica estrutura de jornais nos EUA


‘Relatório divulgado neste mês pela Associação Alemã de Companhias Jornalísticas imputa a queda de circulação dos jornais americanos a problemas de estrutura das publicações do país.


Segundo o estudo, que compara as publicações americanas e alemãs, a maioria dos jornais da Alemanha são empresas familiares ou são controlados por companhias pequenas e de raízes locais.


Por outro lado, nos EUA, o setor está sob o domínio de grandes companhias listadas na Bolsa. Sob pressão de acionistas que clamam por resultados rápidos, os jornais norte-americanos realizaram cortes irresponsáveis em sua qualidade editorial e de produção, o que acelerou a fuga dos leitores e anunciantes para a web.


Os grupos jornalísticos norte-americanos, geralmente, apontam a crise econômica e a internet como causas dos problemas. A circulação diária de jornais caiu em 27% no país entre 1998 e 2008.


Tradução de Paulo Migliacci’


 


 


INTERNET


Financial Times


Google é questionado por invadir privacidade


‘Autoridades alemãs ameaçam processar o Google se a companhia americana não entregar para inspeção, até o dia 26, a coleção de dados privados que foram enviados por usuários via redes desprotegidas de internet sem fio e gravados ilicitamente pelo gigante da web.


A demanda evidencia a ofensiva que os dois lados do Atlântico preparam para investigar o Google, depois que o grupo revelou, na última sexta-feira, ter coletado informações pessoais enquanto operava seu serviço Google Street View.


Por meio de um porta-voz, o Google reiterou sua oferta de destruir os dados WLAN em conjunto com os reguladores, mas não chegou a dizer que entregaria um disco rígido com os dados, o que permitiria às autoridades saber que tipo de informação fora coletada.


Peter Schaar, o comissário de proteção de dados do governo alemão, havia afirmado na segunda que a explicação da empresa, que definiu a coleta de dados como ‘acidental’, é ‘altamente incomum’. ‘Uma das maiores empresas do mundo simplesmente desobedeceu às regras normais de desenvolvimento e uso de software.’


Nos Estados Unidos, a Comissão Federal do Comércio (FTC) também deve lançar uma investigação, segundo pessoas que conversaram com dirigentes da agência.


Os defensores da privacidade afirmam que as investigações deveriam considerar se a coleta de dados representou violação das regras quanto ao acesso não autorizado a computadores e a comunicações privadas.


‘Podemos estar diante de um dos maiores incidentes já ocorridos de vigilância conduzida por uma corporação privada’, disse Marc Rotenberg, diretor-executivo do Electronic Privacy Information Centre, organização sem fins lucrativos.


‘Você consegue imaginar o que aconteceria se uma empresa alemã tivesse em operação uma frota de veículos em Washington que capturasse tanta informação?’, indagou.


Os veículos do serviço Street View registram imagens para serviços de mapas e fotos, mas também estavam sendo empregados para montar um banco de dados eletrônicos, cujo objetivo seria melhorar o sistema de mapas e outros serviços relacionados à localização.


O Google informou que os líderes do projeto ignoravam que os veículos estavam registrando também fragmentos de dados de redes wi-fi e que os dados jamais foram disponibilizados a usuários fora da empresa. ‘Não queríamos recolher esses dados, para começar, e gostaríamos de destruí-los o mais rápido possível’, disse Peter Barron, porta-voz do Google.


Mas a credibilidade da empresa foi abalada, especialmente porque só revelou agora que os veículos, em uso há anos, tinham essa capacidade.


No Reino Unido, o gabinete do comissário da Informação anunciou que o Google parecia ter violado as leis nacionais de proteção a dados. Mas a organização afirmou que, após garantias do Google de que os dados seriam apagados ‘tão logo possível’, o comissário decidira não tomar medidas adicionais.


A controvérsia pode alimentar o desenvolvimento de leis de proteção à privacidade nos EUA, onde poucas das regras mais comuns na Europa são adotadas. Um projeto de lei que imporia regulamentação mais ampla foi apresentado nas últimas semanas.


Facebook


A confusão envolvendo o Google se segue a recentes protestos causados por uma redução nos controles de privacidade do Facebook. Nos últimos meses, a rede de relacionamentos passou a considerar a maior parte das informações sobre usuários como automaticamente pública, e alguns dados pessoais passaram a ser fornecidos a outros sites.


‘Tanto Google como Facebook fizeram uma contribuição não solicitada à causa das organizações que defendem a privacidade’, disse Jeff Chester, do Center for Digital Democracy.


Tradução de Paulo Migliacci’


 


 


Facebook faz parceria com ‘FarmVille’


‘Contrariando rumores de uma possível separação, o Facebook e a Zynga, companhia por trás de muitos dos mais populares jogos nas redes sociais, declararam que fecharam parceria de cinco anos, que vai abarcar games como ‘FarmVille’, ‘Mafia Wars’ e ‘Cafe World’ no site de relacionamentos.


Jogos da Zynga são distrações populares no Facebook e têm mais de 230 milhões de usuários ativos ao mês. Desses, 65 milhões jogam diariamente.


A Zynga obtém recursos por meio da venda de propagandas e de bens virtuais para os jogos.


O Facebook tem cerca de 500 milhões de usuários. As companhias não detalharam a parceria.’


 


 


Yahoo! compra empresa de conteúdo on-line Associated Content


‘O Yahoo! irá comprar a companhia de conteúdo on-line Associated Content. A empresa não divulgou os termos do acordo, que deverá ser fechado no terceiro trimestre, mas a ‘Advertising Age’, especializada em notícias de comunicação, afirmou que foram pagos mais de US$ 100 milhões no negócio. A empresa comprada tem mais de 380 mil colaboradores, que escrevem suas reportagens e críticas, que são pagas a partir do quanto o texto é acessado.’


 


 


Alexandre Orrico


Marco Civil tenta garantir direitos iguais


‘A internet é um meio de comunicação diferente da TV ou do jornal impresso. Ao assinar um provedor de conexão de internet, você tem direito automático ao uso do Google ou de blogs pessoais de seus amigos, sem que nem você nem os sites sejam obrigados a pagar para que isso aconteça.


Você não precisa ‘assinar’ os sites, como assina os canais de TV a cabo, nem pode ter a conexão reduzida quando entrar neste ou naquele endereço.


Esse é o princípio do conceito conhecido como neutralidade da rede, segundo o qual todas as informações devem navegar na mesma velocidade. Nos Estados Unidos, a discussão está no ápice. Afinal, quem usa mais deve pagar mais?


No Brasil, em outro ponto polêmico, o Marco Civil propõe a garantia da neutralidade, que hoje em dia pode apenas ‘ser depreendida da constituição ou de uma leitura extensiva do Código de Defesa do Consumidor’, diz Paulo Rená, gestor do projeto do Marco Civil.


A polêmica está no artigo 12 da seção III: ‘O responsável pela transmissão, comutação ou roteamento tem o dever de tratar de forma isonômica quaisquer pacotes de dados, conteúdo, serviço, terminal ou aplicativo, sendo vedado estabelecer qualquer discriminação ou degradação do tráfego que não decorra de requisitos técnicos destinados a preservar a qualidade contratual do serviço’.


‘O trecho pode abrir espaço para que o provedor continue bloqueando e limitando a banda do usuário para determinadas atividades, desde que justifique como sendo em prol da qualidade do serviço’, afirma Frederico Pandolfo, 25, analista de sistemas, pessoa que mais comentou no projeto. ‘Isso vai dar margem a continuidade do nefasto traffic shaping’, comenta Jorge Zhukov, participante do debate. Victor Hugo, outro comentarista, propõe: ‘Prezados, não seria melhor colocar que o prestador de serviço de internet não deve interferir no tráfego de dados e ser transparente nos procedimentos que ele adotará?’.


O traffic shapping citado por Jorge é um exemplo de violação do princípio. Quem usa com frequência protocolos para downloads de arquivos, como o BitTorrent, sabe o que o termo significa. Alguns provedores limitam a conexão de usuários que ultrapassem um limite de Gbytes para down- loads. Outros limitam a velocidade mesmo antes da cota estabelecida ser atingida.


Sem a neutralidade garantida, o internauta pode enfrentar lentidão extrema ao acessar um determinado site de notícias e, ao mesmo tempo, navegar com tranquilidade num site noticioso parceiro do provedor de internet, por exemplo. Em geral, empresas com maior poder financeiro seriam beneficiadas.


‘Imagine que você ligue para a pequena pizzaria da esquina da sua casa, e a primeira coisa que ouve é ‘você será atendido dentro de 2 minutos, mas caso queira ligar para a Pizza Hut, o atendimento será imediato’. Quem faz a analogia é Craig Newmark, criador do site Craigslist, exemplificando o que o fim da neutralidade da internet representaria.


Provedores


‘Somos defensores da neutralidade de rede e contra qualquer tipo de filtro. Isso é contra a própria internet’, diz Eduardo Parajo, presidente da Abranet. Mas ele faz um adendo: ‘Desde que não seja explicitamente claro no momento de contratação do usuário’.


Questionado se os contratos não podem ser abusivos, Parajo diz: ‘Isso é consequência de um problema sério que temos: falta de concorrência no setor. Se ele [o internauta] está tendo esse tipo de dificuldade, o ideal é procurar outro provedor’.


Reclame


Em caso de algum conflito com o provedor, o usuário deve procurar órgãos de defesa do consumidor, como o Procon ou o Idec, e até mesmo recorrer à Justiça comum. O internauta também pode denunciar a má qualidade dos serviços prestados por meio de sites especializados, tais como o Reclame Aqui (www.reclameaqui.com.br).’


 


 


Cristina Fibe


Estudantes nerds desafiam o Facebook


‘O mais novo fenômeno cibernético nos EUA ainda nem existe, mas já tem o apoio -financeiro- de mais de 4.700 internautas, graças a uma propaganda milagrosa: ser uma alternativa ao Facebook.


Com a promessa de resolver os problemas de privacidade do site multimilionário de Mark Zuckerberg, quatro nerds, como se definem, criaram um projeto de rede social que não force os usuários a dividir para sempre as suas informações pessoais.


Para concretizar essa ideia, batizada de Diaspora, os estudantes da NYU (New York University) Ilya Zhitomirskiy, 20, Dan Grippi, 21, Max Salzberg, 22, e Raphael Sofaer, 19, só precisariam de alguns meses e US$ 10 mil, segundo suas contas.


Em 24 de abril, iniciaram uma arrecadação on-line (em tinyurl.com/2ensbuk) para atingir o objetivo orçamentário em 39 dias.


Conseguiram o feito em apenas 12. E o fenômeno continuou a crescer: há uma semana, depois de dobrarem a meta, com mais de US$ 20 mil, viraram objeto de reportagem do ‘The New York Times’.


Disseminada a bandeira anti-Facebook pelo terceiro jornal de maior circulação no país, a coleta explodiu: até a conclusão desta edição, o total superava US$ 173 mil, 17 vezes mais do que se previa necessário.


O quarteto não anunciou o que planeja fazer com o dinheiro extra. Querem entregar primeiro a ideia que gerou todo o burburinho: um software livre, com código aberto para que outros programadores possam aperfeiçoá-lo (mais detalhes em www.joindiaspora.com).


Gratuito, o Diaspora, que deve ser lançado entre julho e agosto, pretende ser a rede social do futuro, permitindo ao internauta montar o seu servidor pessoal, agregando a informação que quiser -como as hoje espalhadas por Twitter, Facebook ou Last.fm-, sem prejudicar sua privacidade.


‘Quando você abre mão de dados, está fazendo isso para sempre’, disse Salzberg, o líder da empreitada, em entrevista ao ‘New York Times’.


‘A importância do que eles [sites como o Facebook] dão em troca é desprezível se comparada ao que estão fazendo, e nós estamos abrindo mão de toda a nossa privacidade.’


O grito dos quatro universitários ecoou em um grande número de insatisfeitos com a atitude das companhias americanas, que requerem cada vez mais informações dos usuários, em troca de mais rapidez e facilidades durante a navegação.


Os riscos que vêm incomodando os internautas são a impossibilidade de voltar atrás e apagar dados; e o fato de que podem ser vendidos a marqueteiros interessados no comportamento dos consumidores.


‘Elas [as grandes redes sociais] têm o poder de fazer o que quiserem com isso [as informações]. Esse é um problema que vamos consertar’, diz Ilya Zhitomirskiy, em vídeo de divulgação do Diaspora.’


 


 


TECNOLOGIA


Amazon anuncia Kindle para o Android, sistema do Google


‘A Amazon anunciou ontem que o Kindle (leitor eletrônico de livros) ganhará uma versão para o Android, o sistema operacional criado pelo Google para o uso em smartphones.


O aplicativo do leitor de livros já tem versões para Mac, Windows, BlackBerry e aparelhos da Apple. A versão para o Android será lançada até setembro (‘neste verão’ [hemisfério Norte], disse a empresa).


No Android, o usuário poderá ler os mais de 540 mil títulos da loja e, como nas outras plataformas, terá acesso à tecnologia Whispersync, para salvar e sincronizar, entre os diversos dispositivos, páginas e e-books lidos e notas feitas.


Ou seja, será possível iniciar leitura no Kindle e continuar, de onde parou, no Android.


O aplicativo, gratuito, vai rodar em versões do Android 1.6 (no Brasil, presentes nos aparelhos Sony Ericsson Xperia X10, Samsung Galaxy 2.0 e Motorola Milestone) e vai requerer cartão de memória instalado no celular.


O usuário pode acessar o site da Amazon (www.amazon.com/kindleforandroid) e se cadastrar para ser avisado quando o aplicativo for disponibilizado para download.’


 


 


PUBLICIDADE


Angela Pinho e Ricardo Gallo


Anvisa proíbe anúncio do Alpino que não tem Alpino


‘Está proibida desde ontem publicidade da bebida Alpino Fast que induza as pessoas a acreditarem que o produto tem o chocolate Alpino. A Nestlé lançou a bebida há três meses.


A decisão é da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que avaliará caso a caso se toda publicidade do Alpino Fast induz a erro. A multa pode chegar a R$ 1,5 milhão. A Nestlé tem 15 dias para recorrer.


Como a Folha revelou na semana passada, o Alpino Fast tem mesmo nome e cor do famoso chocolate, mas, segundo o próprio rótulo, não é feito com o bombom Alpino.


A medida da Anvisa abrange a publicidade em todos os meios de comunicação, inclusive no site da empresa. O texto ‘Alpino Fast é o sabor inconfundível de Alpino para beber em qualquer lugar’ continuava na página ontem à noite.


Há publicidade semelhante em revistas e na TV.


A Anvisa informou que não tem conhecimento de outros casos semelhantes -produtos que levem a mesma marca, mas com composição diferente.


Na semana passada, a Nestlé havia dito, inicialmente, que o Alpino Fast tinha sabor similar ao do chocolate. No dia seguinte, disse que a bebida contém a mesma ‘massa’ do Alpino.


Na ocasião, a empresa decidiu retirar da embalagem a inscrição ‘Este produto não contém chocolate Alpino’. Para a Nestlé, a mensagem confunde o consumidor. A intenção do aviso foi mostrar que no Alpino Fast não havia o bombom derretido, disse a Nestlé. Fazê-lo em uma bebida gelada é impossível, segundo a empresa.


Investigação


A iniciativa da Anvisa foi motivada por uma solicitação do Ministério Público Estadual da Paraíba. O promotor Francisco Bezerra soube do caso pelo blog ‘Coma com os Olhos’ (www.comacomosolhos.com), o primeiro a levar o assunto à internet, no final de fevereiro.


Bezerra abriu inquérito civil para apurar o caso, a exemplo do Ministério Público do Rio de Janeiro. Também investigam a Nestlé o Ministério da Justiça, o Conar (Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária) e o Procon do Rio e de São Paulo.


A polêmica levou o assunto a estar entre os tópicos mais comentados pelos usuários brasileiros do Twitter ontem.


Procurada ontem, a empresa disse ser ‘absurdo o que está acontecendo’ e que tomará as ‘medidas cabíveis’.’


 


 


TELEVISÃO


Andréa Michael


Trama da Record mostra dinheiro na cueca


‘Com aposta na sátira política, ‘Ribeirão do Tempo’, a nova trama da Record, tem dinheiro na cueca. E na do prefeito da cidade, que na novela tem o nome de Ari Jumento, personagem de André de Biase, político tosco que faz sucesso com o povo pelas besteiras que diz, mas que de bobo não tem nada.


Na história recente do país, há pelos menos dois registros de dinheiro suspeito guardado em cueca: em 2005, no escândalo do mensalão, e no final do ano passado, quando veio a público um suposto esquema de corrupção no Distrito Federal.


A descoberta ocorre porque o prefeito é uma das vítimas dos sequestros que começam a ocorrer na cidade nos primeiros capítulos da trama. Os crimes são praticados por encapuzados que determinam aos capturados, todos homens, que lhes mostrem as nádegas.


Depois o telespectador saberá que eles procuram um sinal de nascença, marca que identificará o filho perdido de Eleonora Durrel (Jacqueline Laurence), empresária que chega a Ribeirão para construir um resort e à procura da criança.


Além da sátira política, o autor Marcílio Moraes investe no amor bandido, no triângulo amoroso, em esportes radicais e nos crimes para ter público.


Quer chegar a 20 pontos de audiência, cerca de 1,2 milhão de domicílios ligados na atração na Grande SP. Anteontem, ‘Passione’, de Silvio de Abreu, estreou na Globo com 37 pontos (2,2 milhões de domicílios na Grande SP).


MIDAS


Foi fechada com o McDonald’s a terceira das quatro cotas de patrocínio do ‘1 Minuto com Pelé’. Por R$ 13,9 milhões, estará ao lado de Correios e Bombril no programa apresentado pelo rei do futebol no SBT.


BRINDE


Além de R$ 1 milhão e da vaga para trabalhar nas empresas de João Doria Júnior, o vencedor do ‘Aprendiz Universitário’ (Record) ganhará duas passagens executivas para Nova York pela American Airlines.


140 CARACTERES


Acaba de estrear no Play TV o ‘EuQMando Twitter’, que vai exibir videoclipes pedidos via microblog. Será a terceira versão do ‘EuQMando’, que começou com demandas gravadas em vídeo e depois por SMS. Às terças e quintas, às 21h.


EXPORTAÇÃO


Representantes da ABPITV, a associação dos produtores independentes de TV, estarão nas feiras Banff e nextMEDIA, em Banff, no Canadá, entre os dias 13 e16 de junho.


CARRUAGEM


Em comitivas diferentes, o príncipe Philippe da Bélgica e integrantes do Comitê Olímpico Internacional visitam hoje o Projac, a central de produção da Globo no Rio.


PALCO


Paula Braun, a mulher do duplo galã de ‘Viver a Vida’ (Globo), Mateus Solano, faz participação especial no episódio de 21/5 de ‘Os Buchas’ (Oi, às 21 h). Ela será a stripper Shirley Mamuca, em visita à casa do bucha Beni (Gregório Duvivier). Suspenderá o show ao reencontrar uma amiga.’


 


 


Roberto de Oliveira


Trama folhetinesca e elenco de estrelas despertam público em estreia


‘O grande desafio de Silvio de Abreu, depois do marasmo de ‘Viver a Vida’, é mais que dar um tapa na audiência, que anda adormecida: é mantê-la acordada e interessada ao longo de sua nova novela, ‘Passione’. O primeiro capítulo, anteontem, trouxe um ritmo quase cinematográfico, dividido entre uma Itália bucólica e uma São Paulo frenética. Está claro que há, ali, uma boa trama a ser trabalhada. Para dar suporte à história declaradamente folhetinesca, um elenco invejável. Fernanda Montenegro (ela de novo) dominou a estreia. Sua Bete traz o desespero de uma mãe à procura do filho Totó (Tony Ramos), que ela dava por morto. A saga da mãe coragem será o fio condutor. O dramalhão é amenizado por personagens cômicos como Clô (Irene Ravache), emergente paulistana, que cita regras de etiquetas de Danuza Leão para reprimir o marido novo rico. Agora como vilão, Reynaldo Gianecchini (Fred) contracena com Mariana Ximenes (Clara), dupla que lembra o casal Laura, ‘a cachorra’ (Cláudia Abreu) e Marcos, ‘o michê’ (Márcio Garcia), de ‘Celebridade’, de Gilberto Braga. Fred e Clara vão dar um bote em Totó, herdeiro de uma metalúrgica. Parece que Mariana aprendeu muito com a Flora cruel de Patrícia Pillar, de ‘A Favorita’. A grande cartada é o thriller, com um assassinato, garantindo um ‘turning point’ para acelerar a reta final. O autor deve repetir o recurso de colocar o público atrás do homicida, como em ‘A Próxima Vítima’. Esse desfecho será a arma que Abreu deve sacar para manter o público de mãos atadas e olhos grudados na tela.’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


(www.estadao.com.br)


Quarta-feira, 19 de maio de 2010


 


CAMPANHA


Mariângela Gallucci


TSE multa Lula por antecipar campanha


‘O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu ontem multar em R$ 5 mil o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por entender que, em janeiro, ele fez propaganda eleitoral antes do permitido durante inauguração em universidade federal de Teófilo Otoni, em Minas Gerais.


De acordo com 4 dos 7 ministros do TSE, Lula usou o seu discurso no evento para promover a pré-candidatura à Presidência de sua então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT).


A maioria dos integrantes do TSE aceitou recurso do DEM, PPS e PSDB questionando decisão anterior, do ministro Aldir Passarinho, que havia sido contrária à punição. Ontem, o próprio ministro voltou atrás e defendeu que Lula fosse multado por propaganda antecipada.


O problema ocorreu durante um discurso de Lula sobre a necessidade de garantir as conquistas de seu governo, o que levou a plateia a gritar o nome de Dilma.


Reconhecendo que não poderia fazer campanha, Lula afirmou: ‘Eu não posso falar o que vocês estão falando porque a lei não permite. Mas podem ficar certos de uma coisa. Nós vamos fazer a sucessão nesse país para dar continuidade ao que nós estamos fazendo’. Ele acrescentou: ‘Esse país não pode voltar para trás como se fosse um caranguejo.’


Na opinião de Aldir Passarinho, houve propaganda antecipada em função da interação entre a fala do presidente e os gritos do público, além de Lula ter falado sobre a sucessão. Todos os integrantes do TSE rejeitaram o pedido para que Dilma também fosse multada.


Sensus. Em outra decisão tomada ontem, o TSE multou em R$ 53,2 mil o instituto Sensus por ter divulgado em abril o resultado de uma pesquisa sobre a eleição presidencial antes do prazo mínimo de cinco dias, previsto na legislação eleitoral. Esse prazo conta a partir do registro da pesquisa no TSE.


PARA LEMBRAR


Sequência de punições soma R$ 40 mil


Em março, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) multou o presidente Lula duas vezes – no total de R$ 15 mil – por propaganda antes do permitido em favor de Dilma, durante eventos no Rio e em São Paulo. Na quinta-feira passada, o TSE também decidiu que o PT terá de pagar multa de R$ 20 mil por propaganda antecipada em dezembro. Dilma também foi punida, com multa de R$ 5 mil.’


 


 


Malu Delgado


Não sabemos o peso que a internet terá nas eleições, diz coordenador de Dilma na web


‘Em entrevista exclusiva ao Estado, o coordenador de redes sociais da pré-campanha de Dilma Rousseff, Marcelo Branco, confirma que não atuará na definição de nenhum conteúdo oficial do blog da petista e que sua função será ‘mobilizar’ a militância nas redes sociais e municiá-la com informações para o ‘debate nas ruas’ _ o que, segundo ele, vai de fato ser o fundamental na eleição presidencial.


Sobre ‘gafes’ cometidas na comunicação virtual de Dilma, como a colocação da foto de Norma Bengell que se confunde com as fotos da ex-ministra, Branco disse que tudo faz parte do jogo político e que não considera nenhuma das críticas dos adversários relevantes ‘sob o ponto de vista jornalístico’.


Além de defender o anonimato como um princípio da rede, o petista nega haver desavenças no comando da campanha e faz uma confissão: ‘Nós não sabemos qual o peso que a internet vai ter nas eleições, quantos eleitores vão decidir o seu voto a partir da influência da internet’.


O sr. diz que não é publicitário, não é marqueteiro, não é jornalista. Qual a sua função na pré-campanha hoje?


Eu sou profissional da tecnologia da informação. Estou na internet antes de ela existir, na origem da rede. A minha formação é Engenharia Eletrônica incompleta. Sou formado na rede. Coordeno a estratégia nas redes sociais. Não na internet, mas nas redes sociais (Twitter, Facebook, Orkut), nesta visão de que a internet serve para mobilizar os apoiadores para o debate na vida real.


É uma atuação diferente de uma ação mais institucional, como o blog oficial, por exemplo.


Claro que o blog está dentro da estratégia. Agora, quem é o editor do blog, quem escolhe os conteúdos é uma equipe de comunicação que está subordinada ao Rui Falcão (vice-presidente nacional do PT), da coordenação de campanha. Então o meu trabalho cotidiano não é ficar validando os conteúdos que vão para o blog, a foto que sobe, o texto que está ali. E esse blog é o blog pessoal da Dilma. Existe muita confusão. Não é um blog de campanha. A campanha só pode ser feita a partir de 5 de julho.


Os núcleos da pré-campanha estão pacificados, as funções bem definidas?


Claro, está tudo bem definido. A campanha tem uma coordenação política que o José Eduardo Dutra (presidente do PT) preside, junto com os demais partidos da base aliada; temos uma coordenação de comunicação feita pelo Rui Falcão; temos uma estratégia de Marketing que é do João Santana. E a gente só desdobra isso para as redes sociais. Nós não vamos inventar uma campanha política nas redes sociais. Está tudo muito tranquilo. Cada um tem o seu papel. Se tivesse dois marqueteiros podiam dizer que está havendo conflito. Não. O clima é muito tranquilo, não existe nenhum tipo de diferença. Claro que estamos em período de ajuste, em que a equipe está chegando, estamos nos conhecendo, e vamos fazer o melhor possível. Temos as melhores pessoas para fazer uma grande campanha. Na parte mais técnica, não dá para deixar de reconhecer que o João Santana é um gênio do Marketing Político.


Na sua opinião a internet não é necessariamente o espaço para a guerra eleitoral. Mas essa não tem sido a ação prioritária do PT e do PSDB?


A gente tem que pensar a internet nas eleições não só como um espaço para fazer a disputa da comunicação dentro dela, mas também como um espaço de organização da militância e dos apoiadores para fazer o debate fora dela. Nós não sabemos hoje, ainda, qual o peso que a internet vai ter nas eleições, o porcentual de eleitores que vai decidir o seu voto a partir da influência da internet. Por que? Porque são as primeiras eleições com internet livre no Brasil, e quem disser qualquer coisa vai estar chutando. É óbvio que a internet vai ter um peso muito maior do que teve até então, pois antes não tinha papel nenhum. Por isso estamos apostando neste espaço. Nossa compreensão é que o espaço de debate que as redes sociais podem promover é para alimentar os apoiadores com argumentos, desmentidos, mostrando as realizações do governo Lula, mas que esses conteúdos sirvam para o debate político fora da internet no bairro, no local de moradia, na fábrica, etc. Não pensar na internet como algo isolado da vida real. A eleições vão se decidir majoritariamente pelo que acontecer nas ruas.


O sr. cita avanços da minirreforma eleitoral e polêmicas, como a questão do anonimato e do direito de resposta.


Não é perfeita a legislação. A internet não é um meio de comunicação de massa, mas um espaço de expressão individual. Acho que os legisladores acertaram a mão quando mudaram essa visão. Mas duas coisas, no meu ponto de vista particular, e não é a visão da campanha, nem da Dilma, precisam ser mudadas. Uma é o tema do anonimato. O anonimato na internet está no princípio da rede. Quando a legislação proíbe o anonimato das campanhas políticas na internet é algo falho, é ridículo, né, tentar impedir que alguém poste um blog e não assine. O segundo (tema) é o direito de resposta, que ficou estabelecido. Acho difícil de executar, de praticar. O direito de resposta na internet significa que eu vou ser obrigado a colocar no meu blog e no meu twitter algo que eu não penso. Isso não significa que esteja isento a processos. A liberdade de expressão não dá imunidade às pessoas.


O anonimato não impede a abertura de processo na Justiça, sobretudo em caso de campanha eleitoral? Processar quem?


Por isso essas coisas na internet vão precisar ser melhor resolvidas. O anonimato na internet garante a liberdade de expressão, na China, no Irã, em países onde não tem democracia. O anonimato hoje na internet serve mais para a defesa dos direitos civis. Mas o principal é que a nova legislação eleitoral coloca na cena política, como protagonistas, milhões de pessoas pela primeira vez. Pessoas que não tinham possibilidade de se expressar com seus conteúdos, seus textos, seus vídeos, suas propostas políticas antes de a internet estar na rede e ser um espaço de discussão política. Isso vai ser possível. Não é possível o eleitor de A, B ou C colocar o seu conteúdo na TV. Mas hoje é possível que milhões de pessoas entrem no debate político como protagonistas (com a internet). Isso exige uma descentralização da campanha política. Não vão ser as coordenações das campanhas políticas que vão dizer o que é a linha da campanha. Quando há milhões de pessoas colocando seus conteúdos, essas pessoas vão poder influir nos rumos da campanha política do seu candidato.


E qual vai ser o papel então das coordenações de campanha na sua opinião?


Nossa estratégia não é pagar blogueiro e twitteiro para ficar destruindo reputação de pessoas na rede. Parece que tem sido a estratégia do nosso adversário na internet, que não tem nada na internet até agora a não ser o ‘petralhas’, o ‘mentiroso’, ataques pessoas, etc. Fizeram algo grave sob o ponto de vista jornalístico que foi fraudar o conteúdo (de texto) da Danuza Leão, e atribuir esse conteúdo à Marília Gabriela. Isso foi feito não anonimamente. Foi feito por pessoas que estão na direção da campanha do Serra. Isso, em qualquer lugar do mundo, teria destaque na imprensa de forma estrondosa. É algo grave o que aconteceu.


Considera isso manipulação de informação?


Não, isso é atentado à democracia, ao jornalismo.


E a polêmica sobre a foto da Norma Bengell no blog da Dilma? Considera manipulação, equívoco?


Faz parte do jogo político. Se tu passa o mouse em cima a legenda aparece: ‘manifestação nos anos 60’ e ‘Dilma, ministra do Lula’. É óbvio que os nossos adversários políticos vão dizer que estamos manipulando, é stalinismo. Sob o ponto de vista jornalístico, é óbvio que isso não é relevante. Agora, sob o ponto de vista dos interesses político-partidários dos adversários isso passou a ser relevante. Um blog, com a complexidade que ele tem, e só 10 dias depois que está no ar se acha um negócio para atacar, que é a foto da Norma Bengell, prova que a nossa política do blog é um sucesso.


Quais são as tais gafes que estão sendo apontadas na campanha digital da Dilma: a foto da Norma Bengell; ela dizer um termo que qualquer brasileiro que sabe o que significa _ quando ela diz mais ou menos assim que o Vidas Secas trata de um tema dos brasileiros que estão na miséria no Nordeste e vêm para o Brasil. Dizer que a Dilma, quando fala isso, não sabe que o Nordeste é Brasil ou está querendo dizer que o Nordeste não é o Brasil faz parte do jogo político.


Não estou dizendo que não faz parte do jogo democrático apontarem a falha na foto, darem destaque a uma expressão que poderia ser melhor usada. Mas, apontar isso como crise na campanha e que essa crise exige a demissão do Marcelo Branco, eu acho que isso é partidarizar o jornalismo por interesses políticos. Se apontarmos as gafes do Serra certamente são muito maiores, como o que ele falou em relação do Mercosul.


Essa tentativa de destruir a reputação de profissionais que estão ao lado da campanha da Dilma é algo organizado, não é algo espontâneo na rede. Vocês me conhecem, até então não tinha nada contra a minha profissão. Ninguém dizia que eu era um incompetente. Agora, vou dar um exemplo, blogueiros em campanha, de veículos importantes, dizem: ‘o cara é um hippie sujo, um cabeludo’. O que isso soma para a democracia? Existe sim estratégia de destruir reputações na rede e essa estratégia está sendo encabeçada pela coordenação de campanha do PSDB na internet. Os blogueiros do PSDB, que municiam a disseminação de conteúdos nas redes sociais, contratados e pagos por empresas jornalísticas, dão munição para o ataque. E com um texto totalmente desqualificado. O que interessa se o meu cabelo é comprido, se eu tomo banho e se eu não tomo banho? Pô, quem me conhece sabe que eu sou cheirosinho… Vamos combinar, né cara! Nós na campanha da Dilma estamos sendo inovadores na internet. Por isso é que estamos sendo atacados. A Dilma foi ao vivo duas vezes pela internet, fez debate com blogueiros pela rede. Ela lançou o Twitter dela pelo Twitter. Não foi uma nota de imprensa. Eu passei a seguir ela e ela a me seguir, e 30 minutos depois tinha 1.200 seguidores, meia hora depois 3.000.


Não existe nenhuma crise na campanha.


Vai ser criado o blog de campanha?


Claro, vai ter um blog de campanha, quando isso for permitido. Neste momento não. Agora é um posicionamento, e com coragem. O blog está bonito, os conteúdos a gente vai ajustando. Nada na internet é definitivo. A internet é um espaço para acertar e errar. Não esperem que a gente vai fazer super produção na internet. Os erros vão estar ali. As pessoas são humanas, vão errar. Superdimensionar qualquer tipo de erro, tentando transformar isso numa crise, faz parte do jogo político.


E em alguns momentos houve erros, sendo preciso mudar a estratégia?


Não. Falei dos ‘erros’ apontados pelo nosso adversário e que tiveram repercussão na mídia. Na minha opinião, acho que fatos como esse vão acontecer muitas vezes na campanha, e talvez até de maior gravidade. Acho que estamos sendo pressionados para que a gente saia da internet, e que a gente fique imóvel na pré-campanha, que seria uma opção. A estratégia do nosso adversário é zero, ele não está na internet, ele não existe na internet, então ele não erra.


Ele está no Twitter.


Mas isso ele já estava antes da campanha eleitoral. Não foi feito depois. O que tem do PSDB na internet é o mentiras (o blog Gente que Mente), o ‘petralhas’. Nós não. Nós estamos lá com a pré-candidata na internet, o Twitter dela com mais de 55 mil seguidores, saiu do zero. E o Twitter da Dilma é feito por ela, é ela que posta, ela que escolhe o que vai postar. Tem os caras que escreveram os manuais do marketing digital, como tem que se portar um candidato no Twitter. O Serra é o Serra no twitter, a Dilma é a Dilma, eu sou eu, tu é tu. Cada um tem uma forma de se comunicar.’


 


 


Solange Spigliatti


TRE multa jornalista por propaganda eleitoral no CE


‘O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Ceará confirmou a condenação da jornalista Regina Lúcia Meyer Marshall e da Editora Verdes Mares Ltda. por propaganda eleitoral antecipada veiculadas em notas publicadas na coluna mantida pela jornalista no ‘Caderno 3’ do jornal Diário do Nordeste, nos dias 24 e 26 de março. Os réus foram condenados ao pagamento de multa de R$ 5 mil cada um após representação da Procuradoria Auxiliar Eleitoral no Estado.


A corte concluiu que o material continha apologia à candidatura de reeleição do senador Tasso Jereissati (PSDB), segundo o Ministério Público Federal (MPF). No julgamento do recurso, o TRE seguiu, por maioria, o entendimento da Procuradoria Regional Eleitoral e do juiz auxiliar da Propaganda, João Luis Nogueira Matias, que entenderam que as notas tinham o objetivo de fazer propaganda antecipada para reeleição do tucano ao Senado.’


 


 


TELEVISÃO


Flavia Guerra


‘Autor por Autor’, um programa para gostar de ler


‘Há pouco mais de um mês, em dia de gravação do novo programa Autor por Autor, nos estúdios da TV Cultura, em São Paulo, o ator Othon Bastos passeava por um cenário todo azul, ao lado de Milhem Cortaz, e dizia: ‘Minha família tinha obsessão por livros. Meu pai queria que eu aprendesse a ler aos 4 anos. Quando fiz 6, comprou cartilha, tabuada e caderno e me levou à casa de uma certa dona Gilete. E disse a ela: ‘Aplique as regras. Este rapaz ainda não sabe ler.’


Quem olhasse para o monitor ao lado veria, em vez do fundo azul de estúdio, a cena completa: Bastos caminhando por uma biblioteca de fazer jus à família Mindlin. ‘Descobri depois que ‘aplicar as regras’ nada mais era do que usar a palmatória para impedir qualquer manifestação minha de falta de empenho ou burrice de aluno, mesmo’, dizia.


Enquanto isso, o diretor Ricardo Elias dava as dicas aos atores e à equipe no estúdio: ‘Este plano ficou ótimo assim. Na cena da casa, vamos ter um cenário para compor o quadro. A câmera vai ler não só o que foi criado por computador, mas também objetos reais. Mas nestas da biblioteca ‘virtual’, vocês precisam tomar cuidado para não ‘esbarrar’ nas estantes e no corrimão.’


O cenário ‘real’, no entanto, não tinha estante. Nem mesmo as memórias que Othon narrava eram suas, mas sim de João Ubaldo Ribeiro. ‘O Autor por Autor é isso. Mistura de tudo um pouco para compor um romance de formação da vida de um autor como o Ubaldo. Mesclamos entrevistas do próprio escritor com dramatização e, por fim, aplicamos o cenário por computação gráfica’, explicava Elias enquanto mostrava ao Estado cenas que ele e sua equipe criaram para ilustrar a vida e a obra do autor de obras como Sargento Getúlio.


É este misto de TV, teatro e literatura aplicada que estreia amanhã às 23horas com a missão de vencer, não com palmatória, mas, com criatividade, a difícil e recompensadora tarefa de criar no espectador a vontade de ler (mais) sobre a vida e a obra dos grandes escritores contemporâneos brasileiros.


Piloto. Autor por Autor, que nasceu com Lygia por Lygia, de novembro de 2009, foi concebido por Paulo Markun, tem direção geral de Elias e é uma co-produção com a SescTV. O piloto foi criado como uma homenagem à Lygia Fagundes Telles. Diretor premiado de filmes como De Passagem e Os 12 Trabalhos, Ricardo Elias está acostumado a falar ao público jovem. ‘Para este primeiro, passamos muito tempo concebendo a ideia do programa, que é a de contar como um autor se tornou o escritor que é hoje. O que ele viveu e leu que foi decisivo em sua formação’, comenta Elias. ‘Partindo desta ideia, queremos mesmo dialogar com o jovem que ainda está tomando os primeiros contatos com os grandes: Ubaldo, Ana Miranda, Carlos Heitor Cony… Queremos ser referência para que, ao final deste jogo televisivo, o espectador vá procurar mais sobre a obra.’


A ideia, ainda que cause um pouco de estranhamento aos atores, foi aprovada pelo elenco. ‘O texto é ótimo e a ideia também. Confesso, foi estranho no início. Tive de atuar com o nada e caminhar por linhas marcadas no chão. Quando vi a cena real que ia ao ar, levei um choque’, conta Othon, para quem a graça de Autor por Autor é a de ‘humanizar’ e chamar novos leitores.’


Já Leona Cavalli, que vive a autora Ana Miranda, comentou com o Estado no intervalo de gravação: ‘Sinto como se estivesse em um videogame. Mas não que seja negativo. Tenho a impressão de que no futuro vamos dizer: ‘Lembra quando começamos a usar o blue screen na TV?’


A técnica do blue screen (ou tela azul) não é nova. Mais conhecida por ser usada pelos apresentadores da previsão do tempo e VJs da MTV, ela ganha agora ares mais dramáticos com o uso que equipes como a de Autor por Autor fazem. ‘A graça não está no fundo azul, mas sim em poder associá-lo a programas como o Erad, que permite que as câmeras que usamos ‘leiam’ o cenário previamente criado por computador como sendo real. É esse ‘virtual real’ que faz a diferença nesta nossa tarefa’, diz Elias.


Tecnologia. A tarefa se completa na pós-produção, quando cenas reais e virtuais passam pelo último tratamento. ‘As cores, sombras, nuances finais dos cenários são criados e aplicados com o programa de finalização Scratch. Além disso, criamos também legendas que funcionam como notas de rodapé sobre a vida dos retratados. No final, temos um livro eletrônico bem ilustrado’, comenta o diretor, que já trabalha no próximo programa, sobre Carlos Heitor Cony. Desta vez, Tuca Andrada será o autor. Além do elenco, cenários mudam de acordo com a vida e a obra de cada um.


Por um ano, todo mês, um escritor brasileiro vai ter sua vida ilustrada na tela da TV Cultura. ‘Sabemos que há sempre limitações, mas, pense, se de cada 50 mil pessoas que virem o programa, ao menos 10 mil forem procurar os livros, este será um programa vitorioso’, aposta Othon.


O ator, aliás, não conversou nem sabe o que Ubaldo vai achar do projeto. ‘Conheci Ubaldo e seu pai quando eu trabalhava no Tribunal de Contas de Salvador. E fiz uso das minhas memórias carinhosas sobre ele para criar não ‘outro Ubaldo’, mas uma espécie de memória personificada dele. Até tentei conversar com ele, mas não consegui. A secretária dele é uma muralha! Esperamos que ele goste do resultado.’


Quem é João Ubaldo Ribeiro


João Ubaldo Osório Pimentel Ribeiro nasceu na Ilha de Itaparica (BA) em 1941. Filho do advogado Manuel Ribeiro e de Maria Filipa, formou-se em Direito. Hoje, ele é colunista do Estado, além de membro da Academia Brasileira de Letras’


 


 


Charlie Sheen continua na série ‘Two and a Half Men’


‘A rede CBS e os fãs de ‘Two and a Half Men’ já não devem se preocupar com a saída de Charlie Sheen da série. O ator que interpreta o solteirão Charlie Harper firmou um novo contrato que o manterá por mais duas temporadas na série de comédia, segundo informou o porta-voz Stan Rosenfield, após o acordo. Na vida pessoa, Sheen ainda vive momento conturbado, pois responde a processo por violência doméstica contra sua mulher.


‘Para colocar um ponto final nesses dois meses de boatos estou feliz de voltar para minha casa na CBS toda segunda-feira à noite’, disse Sheen, de 44 anos, em um comunicado no qual agradeceu o apoio da diretora executiva da CBS Corp. Leslie Moonves.


A incerteza havia nublado o futuro de Sheen na série depois que o ator disse a amigos que queria deixar papel ao completar sete anos, pois estava cansado das exigências da produção e queria focar no cinema. Sheen atua na continuação do sucesso de 1987 ‘Wall Street’, protagonizado por Michael Douglas.


Comenta-se que o ator tentava conseguir um contrata de US$ 2 milhões por capítulo. Tanto a CBS quanto Sheen se recusaram a comentar o valor do contrato. A Hollywood Repórter afirma que o ator fechou contrato por US$ 1 milhão.


A série ‘Two and a Half Men’, na qual também atua Jon Cryer, é uma peça chave na programação da CBS nas noites de segunda-feira. O ano passado a rede renovou o contrato da série por três anos, até a temporada 2011-12, apesar de o contrato de Sheen vencer no final da atual temporada.


A vida pessoal do ator anda muito agitada. Ele é acusado de violência doméstica contra sua mulher, Brooke Müller, em Aspen, no Colorado, onde enfrentará um julgamento em 21 de julho. Sheen nega.


Em fevereiro ele se internou em um centro de reabilitação para tratamento não divulgado, interrompendo temporariamente a produção de ‘Two and a Half Men’. A CBS e a produtora da série, Warner Bros. Television, emitiram um comunicado em apoio ao ator quando este buscou ajuda profissional e lhe desejaram o melhor.’


 


 


INTERNET


Sílvio Guedes Crespo


Microsoft muda Hotmail e ‘contra-ataca’ rival Gmail


‘A Microsoft divulgou imagens e informações sobre as mudanças que fará em seu sistema de e-mails Hotmail. Na avaliação do site de tecnologia IDG Now!, a iniciativa é um ‘contra-ataque’ ao serviço rival Gmail, do Google.


A empresa procura aproximar do Hotmail um dos seus principais produtos, o pacote Office. O usuário do Hotmail que receber por e-mail um arquivo de Word, Excell ou Power Point poderá abri-lo em qualquer computador, inclusive em ‘navegadores populares’ (palavras da Microsoft), ainda que o Office não esteja instalado.


O comunicado da empresa acrescenta que será possível ‘enviar, receber e trabalhar com outros usuários’ documentos do Office pelo Hotmail. Para essa integração, a Microsoft usará seu SkyDrive, serviço de armazenar e compartilhar arquivos.’


 


 


Rafael Cabral


sjobs@apple.com


‘Cuidado: se você mandar um e-mail para o Steve Jobs ( sjobs at apple.com), é bem capaz que ele responda – e nem sempre ele é bem educado ou político. O jornalista Ryan Tate, do Valleywag, aprendeu isso depois de mandar uma mensagem para o fundador da Apple no fim da noite de sexta-feira, reclamando do sistema fechado do iPad, e ser fuzilado com respostas como ‘E você, o que você criou de bom? Você criou algo ou só critica o trabalho dos outros e diminui suas motivações?’.


Tudo começou depois que o jornalista viu um anúncio chamando o tablet da Apple de ‘revolucionário’. Ele não aguentou e escreveu:


‘Se Bob Dylan estivesse fazendo 20 anos hoje, o que ele acharia da sua empresa? Ele acharia que o iPad tem algo a ver com ‘revolução’? As revoluções têm a ver com ser livre’.


Duas horas e meia depois, Jobs respondeu:


Sim, ser livre de programas que roubam seus dados pessoais. Ser livre de programas que detonam sua bateria. Ser livre da pornografia. Sim, ser livre. Os tempos estão mudando, e alguns caras tradicionais do mundo PC sentem que o mundo deles está sumindo. Está mesmo.


Tate então reclamou da briga da contra a Adobe, da política antipornografia da App Store e, novamente, do sistema fechado do iPad: ‘Quer saber? Não quero me ver ‘livre’ da pornografia. E até minha esposa concorda com isso’, disse. Incansável, Jobs retrucou novamente: ‘Se você tem filhos, deveria se preocupar em se ver livre da pornografia’.


Com Tate subindo o tom e não dando o mínimo sinal de que concordaria ou ao menos aceitaria os argumentos do CEO da Apple, Jobs tentou acalmar a discussão:


Por que você está tão bravo por causa de um assunto técnico como esse? Isso não diz respeito à liberdade, mas sim sobre a Apple tentar fazer o melhor para seus usuários. Clientes, desenvolvedores e editoras podem fazer o que bem entenderem – eles não têm que comprar ou desenvolver ou publicar no iPad se não quiserem.


E veio mais uma resposta, mais uma vez repetindo que não, não era um problema técnico. Steve não aguentou e deu sua cartada final.


Estamos tentando de tudo para concretizar (e preservar) a experiência de uso que imaginamos. Você pode até discordar, mas nossa intenção é pura. E aliás, o que você fez que é tão maravilhoso? Você criou algo ou só critica o trabalho dos outros e diminui suas motivações?


Sem mais réplicas, o bate boca acabou às 2h20 da manhã.’


 


 


Tatiana de Mello Dias


Google i/o: falta um dia


‘O Link acabou de desembarcar em São Francisco, na Califórnia, onde acontecerá a quarta edição do Google I/O, o maior encontro de desenvolvedores da empresa. Espera-se um público de cinco mil pessoas nos dois dias de evento.


Dá para ter uma ideia da dimensão do evento dando uma olhada na programação: são 81 páginas de conferências, encontros, apresentações e demonstrações de aplicativos. Milhares de desenvolvedores vieram de todas as partes do mundo aprender e ensinar a fazer aplicativos para as plataformas da empresa.


O que esperar? Estão falando de uma ‘plataforma de tv social’ que o Google lançará com a Intel. Será? Do Google I/O provavelmente sairão os detalhes da versão 2.2 do Android e também algumas novidades sobre o Chrome – na programação oficial não há menção ao sistema operacional, mas quem sabe o Google não aproveita o evento para confirmar os rumores?


A extensa programação é dividida em núcleos – Android, Chrome, Wave, Geolocalização e Social Media, entre outros. O evento começa oficialmente amanhã. As apresentações serão transmitidas em streaming.


Você também acompanha a cobertura do evento no blog e no Twitter do Link.’


 


 


 


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