Thursday, 02 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Protesto contra greve de fome de jornalista

Embora o Ministério da Justiça do Irã tenha divulgado que o jornalista e preso político iraniano Akbar Ganji havia interrompido na terça-feira (9/8) a greve de fome iniciada em 11 de junho, a mulher dele, Massoumeh Shafiie, e um porta-voz do hospital afirmaram que ele ainda se recusava a se alimentar.

O jornalista, de 46 anos, foi condenado em 2001 a seis anos de prisão depois de escrever um artigo no qual vinculava várias autoridades a uma série de assassinatos de intelectuais e escritores. Em junho, Ganji começou uma greve de fome para pressionar o judiciário para conseguir sua libertação incondicional e foi transferido para um hospital da capital.

Diversas organizações internacionais pediram o fim da greve de fome do jornalista, dentre elas os Repórteres Sem Fronteiras. Na sexta-feira (12/8), um grupo de 160 intelectuais iranianos mobilizou mais de mil pessoas a se reunirem em frente ao hospital onde o jornalista está internado para pedir por sua libertação e pelo direito de visitá-lo para saber do seu estado de saúde e confirmar se ele suspendeu ou não sua greve de fome. Não foi permitida a entrada de ninguém no hospital. Sua família está proibida de visitá-lo desde agosto e seus advogados desde julho – um deles, Abdolfattah Soltani, foi preso no dia 30 de julho. Policiais à paisana o vigiam dia e noite e todo o andar no qual ele se encontra foi esvaziado.

O diretor de relações públicas do hospital, Dr. Tabesh, informou que Ganji havia sido transferido aos cuidados intensivos e que seu estado era crítico. O médico Hessam Firouzi, que faz parte do grupo que apela para que Ganji interrompa sua greve de fome, avaliou o quadro clínico do jornalista e informou que ele perdeu 30 quilos.

Recentemente, fotos de Ganji inconsciente e esquálido circularam na rede. Segundo o secretário-geral dos Repórteres Sem Fronteiras, Robert Ménard, e a pesquisadora iraniana da ONG, Reza Moeni, ultraconservadores iranianos estão tentando manipular a mídia internacional qualificando o jornalista de ‘suicida’ e ‘extremista’ – receosos que Ganji se torne um mártir para a liberdade de imprensa no Irã. Em uma coletiva no dia 28/7, o presidente iraniano Mohamed Katami criticou a obstinação do jornalista em continuar sua greve de fome. Informações da Reuters [9 e 11/8/05], dos Repórteres Sem Fronteiras [9 e 12/8/05] e de Robert Ménard e Reza Moeni, do The Boston Globe [12/8/05].