Wednesday, 08 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Repressão à mídia e desonestidade

A organização Repórteres Sem Fronteiras [5/4/05] publicou manifesto em que aponta diversos motivos pelos quais a eleição para o legislativo do Zimbábue, em que o partido do presidente Robert Mugabe saiu vencedor, não foi honesta: ‘Tendo em vista o aparato repressivo contrário a qualquer padrão democrático, o pleito de 31/3 foi claramente injusto’.

Desde 2002, o país tem uma lei de imprensa muito restritiva e a Comissão de Mídia e Informação, controlada pelo governo, tem fechado jornais e expulso jornalistas estrangeiros. No dia 25/2, esse órgão ordenou o fechamento do Weekly Times, de Bulawayo, segunda maior cidade do país. O jornal existia há apenas dois meses e em seu primeiro número publicou entrevista com um pastor que criticava Mugabe por não haver evitado um massacre de 20 mil civis em Gukurahundi, nos anos 80. Foi a quarta publicação fechada por motivos políticos em apenas dois anos.

Além disso, segundo a RSF, a mídia estatal claramente fez campanha pelo Zanu-PF, partido de Mugabe. O governo não credenciou diversos veículos internacionais para a cobertura das eleições, como a britânica BBC e a australiana ABC, porque haviam criticado o autoritarismo político no Zimbábue anteriormente. Toby John Harden e Julian Paul Simmons, do diário londrino Sunday Telegraph, conseguiram entrar no país africano, mas foram presos sob acusação de estarem com o visto vencido e sem credencial. O cinegrafista da TV pública sueca Fredrik Sperling foi expulso após filmar uma fazenda que Mugabe desapropriou e presenteou a um parente. Cinco semanas antes da eleição, quatro jornalistas que trabalhavam para veículos estrangeiros tiveram que se exilar porque vinham sendo ameaçados de prisão.