Saturday, 27 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Sarkozy e a reformulação da TV pública

O presidente Nicolas Sarkozy planeja uma grande reformulação na televisão pública francesa já no início de 2009. Entre as primeiras mudanças, estará a diminuição gradual da publicidade nas emissoras públicas. Enquanto Sarkozy classifica o projeto de ‘uma revolução cultural genuína’ que irá restaurar a qualidade dos canais públicos, muitas vezes forçados a competir com a programação das emissoras privadas, críticos alegam que as reformas servirão para dar a ele maior controle sobre as ondas de TV.

Além da eliminação da publicidade nos quatro canais públicos do país, Sarkozy também deverá escolher quem irá dirigir a France Televisions, companhia de transmissão pública. Mais uma vez, os críticos dizem que o projeto é um atraso para a França, pois volta ao tempo em que a TV era uma ferramenta política da presidência. ‘O objetivo final [do presidente] é colocar a televisão pública em uma coleira para se preparar para as eleições de 2012’, afirma o deputado socialista Didier Mathus, que liderou uma campanha contra a lei.

No fim, a câmara baixa do Parlamento votou a favor – por 292 a 242 – do projeto, que não entrará na pauta do Senado até o Ano Novo. Isso significa que, provavelmente, as mudanças começarão a ser postas em prática antes que o projeto vire, de fato, lei.

Plano

O plano de Sarkozy estipula que a retirada gradual de todo o conteúdo publicitário dos canais públicos comece em 5/1. O governo deve garantir financiamento de 450 milhões de euros por ano nos próximos três anos para compensar a falta da receita publicitária. A verba deve vir de duas novas taxas: imposto de 0,9% sobre a receita de operadores de telefone e provedores de internet, e imposto de 1,5% a 3% sobre a receita publicitária dos canais de TV privados.

O presidente alega que o objetivo das mudanças é restaurar a identidade de serviço público das emissoras, perdida em meio à guerra por audiência disputada com os canais comerciais. Os franceses que se opõem ao projeto temem que o país siga o mesmo caminho da Itália, onde o primeiro-ministro Silvio Berlusconi, que construiu um verdadeiro império de mídia, tem aumentado o controle sobre a TV pública. Sindicatos de jornalistas ameaçam uma greve para 5/1 para protestar contra a reforma. Informações de Elaine Ganley [Associated Press, 18/12/08].