Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Sítio de internet estremece imprensa americana

Jim Romenesko acorda diariamente às cinco da manhã e põe-se a trabalhar. Sua missão: procurar, na internet, artigos que sejam relevantes para jornalistas. Estes são resumidos no sítio que leva seu nome, hospedado pelo Poynter Institute, organização, com sede na Flórida, dedicada aos estudos do jornalismo. A página de Romenesko virou parada obrigatória para profissionais da imprensa americana. Qualquer pecado cometido por jornalistas – no menor dos jornais – passa a ter projeção nacional depois de estampado no sítio.

O fenômeno em que se transformou Romenesko, afirma Jack Shafer [Slate, 18/4/05], funciona como um mecanismo de revisão do jornalismo que se produz, hoje, nos EUA e ajuda na transparência da profissão. Tudo começou como uma verdadeira brincadeira – ou melhor, um hobby – quando Romenesko editava o sítio Media Gossip, no início de 1999. O Poynter o contratou em outubro daquele mesmo ano, e desde então ele tem se tornado o pesadelo de alguns profissionais, e, para outros, a esperança por um jornalismo melhor.

Se não fosse pelo sítio, lapsos recentes de dois jornalistas teriam passado em branco na imprensa americana. Mitch Albom e Barbara Stewart cometeram o mesmo erro: apostaram na sorte e escreveram sobre algo no passado antes que acontecesse. Albom, no começo deste mês, escreveu um artigo na sexta-feira sobre um evento que iria acontecer no sábado – mas não aconteceu. O texto foi publicado no Detroit Free Press. O jornalista foi ‘suspenso’. Barbara, ex-repórter do New York Times que trabalhava como freelancer para o Boston Globe, também escreveu antecipadamente sobre um evento que – infelizmente para ela – foi cancelado por causa do mau tempo.

Outro caso é o do veterano repórter do Los Angeles Times Eric Slater que, há três semanas, escreveu uma matéria sobre a cidade de Chico, na Califórnia, com tantas fontes anônimas, erros factuais e estranhezas que era difícil entender o que estava errado nela. Romenesko colocou em seu sítio informação do Chico State Orion que dava conta de que o LA Times havia mandado um membro de sua equipe à cidade para refazer os passos de Slater – que foi demitido dias depois.

‘O sítio de Jim Romenesko é insubstituível porque dá aos repórteres honestos vantagem sobre seus colegas corruptos ou seus editores covardes’, conclui Shafer.