Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Tiago Dória

MICROBLOG
Tiago Dória

Um site com uma edição exclusiva para Twitter

O Huffington Post é uma das primeiras publicações a integrar o Twitter às suas operações.

Primeiro, fez o óbvio, criou um perfil no serviço de microblogging. Em seguida, passou a utilizar o Twitter como caixa de comentário de suas matérias. Depois, começou a usar o recurso de listas para filtrar informações no microblog.

E, nesta quinta-feira, lançou oficialmente uma edição do Huffington Post para Twitter.

Quando vi a notícia pensei que seria uma versão compacta do Huffington Post, com textos curtos, que tenham ‘tweetability’, fáceis de serem ‘retuitados’, mas me enganei. Na realidade, a edição do Twitter do Huffington Post nada mais é do que um agregador.

Destaca as notícias que estão sendo mais ‘retuitadas’ em uma determinada editoria, além de indicar e exibir listas de pessoas para seguir, como ‘mulheres na área de tecnologia’, ‘senadores democratas’ ou ainda ‘jornalistas de moda’.

Com a exibição das listas em uma página, a intenção é criar um ‘fluxo de informação em tempo real’, o que, na prática, não funciona muito bem, pois nem todas as pessoas indicadas nas listas pelo Huffington Post atualizam constantemente os seus perfis.

Há o risco de você acessar a página várias vezes e ver as mesmas informações.

Parece ser interessante para quem não tem tempo nem paciência de fazer essa filtragem, de formar listas no Twitter sobre um determinado tópico.

 

FORMAÇÃO
Tiago Dória

Jornalista-programador ou programador-jornalista?

Nesta quarta-feira, a Universidade da Columbia, que possui uma das escolas de jornalismo mais respeitadas do mundo, anunciou a criação de um curso de mestrado que mesclará disciplinas da área de Ciências da Computação com as de Jornalismo.

A intenção é ir além de ‘habilidades multimídia’, ensinar o jornalista a criar, programar e gerenciar softwares, a pensar também como um desenvolvedor e engenheiro de software.

A criação do curso, que ainda espera aprovação do Departamento de Educação, não deixa de ser reflexo do quanto a fronteira entre jornalismo e desenvolvimento de softwares está diminuindo.

Dependendo da forma como você trabalha com os dados, criar aplicativos também é fazer jornalismo. Afinal, software é mídia, como diria o investidor Fred Wilson.

Software é mídia não somente no sentido de que as pessoas atualmente acessam softwares como se estivessem acessando mídia, mas por que eles se tornaram o principal intermediário atual da comunicação e da produção simbólica.

O curso da Columbia é bem válido, mas, sem querer pegar no pé dos jornalistas, acredito que atualmente é mais fácil fazer um desenvolvedor/programador pensar como jornalista do que um jornalista pensar como desenvolvedor/programador, por assim dizer.

Reflexo disso foi quando comecei a estudar na Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatec). Quando contava aos meus colegas de jornalismo que estava fazendo a Fatec, a primeira coisa que ouvia era – ‘Pô, desistiu da profissão!’. Por outro lado, quando falava para o pessoal da Fatec que tinha feito jornalismo, eles falavam: ‘As duas áreas têm bastante a ver. Trabalham com a questão de organização e hierarquização de informações e dados’.

Falo isso (sobre jornalistas e desenvolvedores) não somente por minha experiência na Fatec e em outros lugares, mas pelo que tenho acompanhado em ‘hack days’, como o Yahoo! Open Hack Day e o Transparência Hack Day, eventos em que, no Brasil, diga-se de passagem, é raro encontrar um jornalista, apesar de todo o papo de ‘cultura digital’, ‘colaboração’, ‘novos paradigmas’ que começa a povoar o discurso dos ‘mais antenados’ por aqui.

Para mim, a questão não é somente que o jornalista e o desenvolvedor/programador estão se aproximando um do outro. A coisa é mais profunda, é que desenvolvedores/programadores estão começando a pensar como jornalistas. Vide o último Yahoo! Hack Day Brasil, no qual existiu entre os ‘hacks’ uma grande preocupação em criar relevância em meio a tantas informações, em tornar legível uma montanha de dados e informações.

Lá fora já é comum encontrar desenvolvedores que estão à frente, produzindo por conta própria produtos de jornalismo. Para exemplificar, cito dois. Nick Bilton, no NYTimes, e o desenvolvedor Alan Taylor, que toca em frente o premiado blog Big Picture, do Boston Globe.

Enfim, posso estar errado, mas a minha sensação é a de que teremos mais programadores-jornalistas do que jornalistas-programadores.

 

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