Thursday, 02 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

TV paga faz campanha contra política de cotas


Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 31 de maio de 2010


 


TELEVISÃO


Andréa Michael


Sky diz que PL-29 elevará preço de TV por assinatura


‘A Sky inicia hoje uma campanha contra a política de cotas de programação nacional que será criada para a TV por assinatura, se o PL-29 for aprovado com o texto atual.


O projeto, encaminhado ao plenário da Câmara na semana passada, estabelece novas regras para a TV paga e enfrenta manobras contra sua aprovação.


‘Trará burocracia, reserva de mercado para produtores independentes nacionais e o consumidor é que vai pagar a conta’, diz Luiz Eduardo Baptista, presidente da Sky.


‘Vai afetar 100% dos assinantes de hoje e do futuro. Os deputados ou não entendem ou não estão preocupados.’


O ponto de vista será informado em mala direta aos 2 milhões de assinantes Sky.


O sistema de cotas exige um mínimo de 30% de canais brasileiros e três horas e quarenta minutos de programas nacionais por semana nos pacotes das operadoras.


Bem-sucedido, o lobby liderado pela Sky levou o PL-29 para votação em plenário. Sem esse movimento, o projeto seguiria da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara direto para o Senado.


Relator do proposta em 2007, Jorge Bittar (PT-RJ) rebate: ‘A Sky continua fazendo política subterrânea. Conseguiremos a assinatura de 38 deputados em um recurso para que o PL-29 saia do plenário e vá para o Senado.’


140 ‘Nickaracteres’ Ao escolher seus ídolos e criações preferidos para o Meus Prêmios Nick de 2010, as crianças encontrarão três novidades entre as 19 categorias da premiação neste ano: livro, casal e Twitter. A primeira votação será na semana de 28/6. A segunda, em agosto. No site do canal.


Cortina Em maio, houve oito estreias internacionais da Globo: ‘Caminho das Índias’ na Georgia, Polônia e Hungria; ‘Caras e Bocas’, com o título ‘Aquarela do Amor’, no Uruguai, em El Salvador e na Bolívia; e ‘Mulher’, na Polônia e na Hungria.


Adrenalina O programa ‘Repórter Record’ de hoje mostra o dia a dia dos policiais: os riscos, a corrupção, a correria, o orgulho e o medo. Às 23h.


Taxímetro Custa R$ 700 mil cada uma das quatro cotas mensais de patrocínio do ‘De Frente com Gabi’, programa que Marília Gabriela estreia no próximo domingo no SBT. A apresentadora continua com sua atração no GNT.


Passionet 1 A audiência morna da nova trama das 21h na TV ainda não preocupa diretores da Globo nem o autor, Silvio de Abreu. ‘Temos boa história, excelentes atores e ótima direção. É questão de tempo’, diz. Na internet, ‘Passione’ vai melhor.


Passionet 2 Os links das cenas gravadas especialmente para a rede, acessados 500 mil vezes na primeira semana da novela, tiveram 650 mil visitas na segunda. ‘Nossa meta é chegar a 2 milhões de acessos semanais’, diz o diretor Luiz Henrique Rios.’


 


 


Diogo Bercito


Animax reforma grade e fãs de desenhos japoneses reclamam


‘O namorico entre o canal pago Animax e os fãs de animês azedou em maio, com um anúncio formal.


O canal oficializou que os tais desenhos japoneses não são mais prioridade na grade, que conta agora com séries e filmes internacionais.


Essa relação -que começou no Brasil em 2005- já mostrava sinais de enfraquecimento nos últimos anos.


Descontentes, fãs vêm se manifestando em blogs e sites, apontando descaracterização da proposta inicial.


A visão de Stefania Granito, diretora de marketing para a América Latina do Grupo Sony (que detém o canal), é outra. ‘O Animax nasceu 100% animês e evoluiu’, diz.


Entre as vantagens, ela aponta um alargamento do público-alvo -agora de 14 a 24 anos. E a possibilidade de novos anunciantes. ‘A associação entre os animês e as marcas era mais restrita.’


Ela nega que o canal esteja para sair da grade da SKY, afirmando que a negociação sobre o tema está aberta.


Em contato com o atendimento da SKY, a Folha foi informada de que não poderia ter o canal em novos pacotes.


Questionada, a SKY divulgou nota oficial afirmando que, por razões comerciais, ‘tomou a decisão de não incluir o canal na versão 2011 de seus pacotes’. Não há previsão de exclusão do canal para antigos assinantes.


O canal está disponível na NET, na TVA e na Telefônica’


 


 


INTERNET


Andrea Murta


‘Facebookcídio’ marcará protesto de usuários hoje


‘Apesar dos recentes esforços do criador do Facebook, Mark Zuckerberg, para apaziguar a ira despertada por questões de privacidade de dados, usuários revoltados prometem fazer desta segunda o dia de um ‘suicídio coletivo’ de seus perfis no site.


Até a tarde de ontem, o movimento ‘QuitFacebookDay’ (dia de sair do Facebook) congregava mais de 25 mil pessoas que prometiam abandonar a rede virtual de relacionamentos hoje.


É pouco se comparado aos quase 500 milhões de usuários do Facebook, mas mostra que os problemas estão longe de acabar para Mark Zuckerberg, 26.


As duas últimas semanas foram possivelmente as de pior publicidade para a rede desde sua criação em 2004.


Zuckerberg veio a Washington na semana passada apresentar ao Congresso americano e ao mundo as novas regras para privacidade de dados dos usuários do Facebook.


Foi uma tentativa de dar mais opções de controle de divulgação de dados pelos usuários, após alterações que complicaram enormemente o processo.


O Facebook vem tornando há anos cada vez mais públicos os dados que registra dos seus usuários.


Em dezembro último, chegou ao ponto de tornar informações básicas públicas a priori -quem não concordasse com isso teria que bloquear a divulgação por meio de um complicado sistema de opções.


‘Acreditamos que o Facebook não tem muito respeito por seus dados’, diz a página do movimento ‘QuitFacebookDay’.


O movimento diz que a decisão de sair não é fácil, mas que há opções: ‘se toda a população do Brasil pode usar o Orkut, cremos que há esperança para você achar um novo lar na rede’.’


 


 


Domínio do Google motiva queixas


‘O Google diz que sua missão é dar ao usuário a informação que ele procura, mesmo que isso signifique priorizar o seu próprio conteúdo e ‘desenfatizar’ sites que a empresa considere oferecer experiências ruins.


‘Dizer a um mecanismo de buscas que ele não pode inovar e mostrar resultados de um jeito que beneficie os usuários afetaria os próprios objetivos das nossas leis de concorrência’, disse Matthew Bye, advogado do Google.


Nos últimos anos, o Google se tornou a forma canônica de fazer buscas na web, um portal de informação que dita que tipo de conhecimento é visível ao público navegante. Esse crescente poder de mercado gerou lucros estratosféricos, mas também uma atenção indesejada das agências reguladoras.


Quase uma década depois de o Google adotar como credo o lema ‘Não seja mal’, o governo dos EUA está examinando as aquisições e ações do Google como nunca antes, buscando indicativos de que o domínio da empresa seja nocivo à concorrência nos campos das buscas da internet e da publicidade on-line. O Google tem conseguido se safar na maioria das revisões regulatórias. Em 21 de maio, a Comissão Federal de Comércio aprovou a aquisição pelo Google, por US$ 750 milhões, do AdMob, uma ‘start-up’ de publicidade para celulares.


Os funcionários da comissão inicialmente pretendiam se opor à compra, porque ‘despertava sérias questões antitruste’. Mas a agência acabou aprovando a transação, pressupondo que a entrada da Apple no mercado facilitaria a concorrência.


Mesmo assim, o gigante das buscas deve receber, em meados deste ano, uma indicação de até que ponto Washington pode ficar desconfortável com companhias tão dominantes. O juiz federal Denny Chin deve se pronunciar nos próximos meses sobre o acordo com autores e editores de livros incluídos em bibliotecas digitalizadas pelo Google. O Departamento de Justiça foi contra o acordo.


Ao mesmo tempo, os próprios tropeços do Google geraram uma nova onda de escrutínio.


Neste mês, a empresa admitiu que seus carros equipados com câmeras, que fotografam bairros do mundo para as imagens do Street View, dentro do Google Maps, recolheram inadvertidamente fragmentos de comunicações de pessoas usando redes sem fio desprotegidas. A Comissão Federal de Comércio e reguladores na Europa dizem estar examinando a questão.


Juntos, esses inquéritos são um teste para a disposição do governo dos EUA em contestar uma empresa amplamente admirada.


Executivos do Google reconhecem o escrutínio. ‘Estamos ficando maiores e temos sido muito perturbadores dentro de alguns setores’, disse Alan Davidson, diretor de políticas públicas do Google nos EUA. ‘Sabemos que temos um alvo gigante nas nossas costas.’


Os executivos da empresa contestam a premissa de que o Google é um monopólio, embora a participação da companhia no mercado cresça inexoravelmente. Eles argumentam que o Google ainda é pequeno no mercado publicitário geral, que totaliza US$ 800 bilhões por ano.


O Google também diz que oferecer resultados de modo claramente acessível é algo bom para o consumidor, sem a intenção de prejudicar rivais. Mas, acima e no meio dos resultados das buscas, cada vez mais surgem links para serviços do Google, como mapas, os vídeos do YouTube e listagens de produtos e empresas. Concorrentes dizem que isso ocorre em benefício do próprio site de buscas.


Os notórios erros do Google doem porque passam a impressão de que o comportamento da empresa está cada vez mais inconsistente com o mantra ‘Não seja mal’.


Um dos fundadores do Google, Sergey Brin, admitiu os erros recentemente na conferência anual da empresa para desenvolvedores, em San Francisco. ‘Pisamos na bola, e não estou querendo justificar’, afirmou Brin. ‘A confiança é muito importante para nós, e vamos fazer tudo o que pudermos para preservá-la.’’


 


 


Brad Stone, NYT


Reguladores estão de olho no Google


‘Na década de 1990, Gary Reback, advogado que atua no Vale do Silício, colocou quase sozinho a força das ações antitruste do governo federal dos Estados Unidos contra o peso-pesado da alta tecnologia naquela época, a Microsoft. Agora, Reback argumenta que há um perigoso novo monopólio: o gigante de buscas Google.


Neste mês, Reback ciceroneou por Washington o casal de empreendedores Adam e Shivaun Raff, responsável pelo site londrino de comparações de preços Foundem. Os três foram recebidos por assessores parlamentares e agentes antitruste do Departamento de Justiça e da Comissão Federal de Comércio dos EUA. A meta deles era divulgar a queixa do casal de que em 2006 os algoritmos supostamente objetivos do Google de repente jogaram o Foundem para o submundo dos resultados das buscas. Eles dizem também que o Google aumentou a taxa cobrada do Foundem para anunciá-lo junto com os resultados.


Essas medidas, diz o casal, esconderam seu site de comparação de preços, e o Google posteriormente deu destaque para suas próprias listagens de compras.


O Google é ‘o árbitro de cada coisa na web, e privilegia suas propriedades sobre as de todos os demais’, disse Reback num café em Washington, acompanhado do casal. ‘O que ele quer é controlar o tráfego da internet. Qualquer coisa que abale sua capacidade de fazê-lo é ameaçadora.’’


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


Ícaro e os EUA


‘O estatal ‘China Daily’ deu editorial saudando a nova Estratégia de Segurança Nacional dos EUA, em que ‘Obama enfatiza a cooperação com potências emergentes como a China’.


Ao lado, artigo do diretor da entidade de ‘controle de armas da China’ elogia o acordo do Irã com Brasil e Turquia, cujos ‘esforços devem ser encorajados’, e avalia que, ‘como a situação mudou, as punições pré-planejadas devem também mudar, ou seja, não há mais racionalidade na imposição de novas sanções’. Por aí vai, até ecoar, no fim, ‘Conselho de Segurança não deve impor novas sanções’.


Por outro lado, o site americano Politico destacou que ‘funcionários da Casa Branca e do Departamento de Estado estão recomendando o novo livro de Peter Beinart, ‘Síndrome de Ícaro: Uma História do Húbris Americano’, que sai amanhã. E que conclui com um conselho a Obama, ‘encontre um bálsamo simbólico para o orgulho ferido da América’, porque é hora de ‘enterrar a arrogância do projeto de domínio global’.


‘Soft’, NÃO Na ‘Newsweek’, Fareed Zakaria defende Obama, que vem sendo criticado como ‘mole’ desde ‘a foto’ de Lula com Ahmadinejad e Erdogan. O autor de ‘O Mundo Pós-Americano’ avisa que ‘Brasil e Turquia não estão sós nas pontes ao Irã’. E que a política de confronto, até Bush, ‘fracassou horrivelmente’.


CARTA LÁ No ‘New York Times’, nada. Mas o ‘Washington Post’ publicou que ‘Autoridades de EUA e Brasil discordam quanto a carta sobre Irã’. Em reportagem de Washington, prioriza a versão do Departamento de Estado, mas dá trechos da carta de Obama a Lula -e diz que ‘talvez devesse ter sido enviada nota posterior’.


ENFADONHOS


A ‘Foreign Policy’ postou e comparou a Estratégia de Obama aos planos de defesa de Brics, Japão e União Europeia. Sobre o Brasil, ressaltou o vínculo com desenvolvimento


‘Esses Clinton são todos tucanos.’


LULA a um assessor, segundo o jornal ‘O Globo’, depois de falar com o turco Erdogan sobre as críticas da secretária Hillary Clinton ao acordo com o Irã.


CLINTON CONTRA OBAMA


O marqueteiro James Carville, célebre pela frase ‘é a economia, estúpido’, que norteou a eleição de Bill Clinton, disse a George Stephanopoulos, também ex-assessor de Clinton e hoje âncora da ABC, que Obama revelou uma ‘estupidez política’ ao não demonstrar atenção ao vazamento. De Maureen Dowd no ‘NYT’ a Arianna Huffington em seu site, toda a mídia liberal concordou, no fim de semana


‘BRASIL VENCE A COPA!’


A BBC fechou sua semana dedicada ao Brasil, intitulada ‘Brazil Rising’, mostrando como ‘cresce a influência do país’.


E o produtor do ‘BBC World News America’ escreveu no Huffington Post o artigo ‘Brasil vence a Copa do Mundo!’, tratando não de futebol, mas da ascensão ‘tanto como potência econômica quanto no palco global’. Diz que foi Lula quem, ‘tema sobre tema, fez do Brasil um ator’.


ROUBINI ENTRE NÓS


O economista Nouriel Roubini faz hoje a palestra ‘Brasil: A construção da quinta maior economia do mundo’. Ele afirma à nova ‘Exame’ que ‘o crescimento está acelerado, mas há fatores que ajudam a amenizar o risco de superaquecimento’, como a queda nas commodities, com o menor crescimento global.


‘No curto prazo, não vejo problemas’, diz, mas ‘crescer 7% por muitos anos’ exige transformações como cortar impostos e investir em infraestrutura.’


 


 


PROFISSÃO PERIGO


Clifford J. Levy, NYT


Jornalistas russos são pagos com sangue


‘KHIMKI, Rússia – Mikhail Beketov foi alertado, mas não parou de escrever. Sobre transações fundiárias duvidosas. Empréstimos irregulares. Subornos por baixo da mesa. Tudo isso era evidência, argumentava ele em seu jornal, da corrupção desenfreada num subúrbio de Moscou.


‘No ano passado, pedi a renúncia da liderança municipal’, disse Beketov em um de seus últimos artigos. ‘Dias depois, meu automóvel foi explodido. O que me espera a seguir?’


Não muito tempo depois, ele sofreu uma selvagem agressão em frente de casa e foi deixado sangrando sobre a neve. Seus dedos foram esmagados, e três deles tiveram de ser amputados, como se os agressores quisessem ter certeza de que ele nunca mais escreveria uma só palavra.


Beketov também perdeu uma perna. Aos 52 anos, está numa cadeira de rodas, com o cérebro tão danificado que é incapaz de pronunciar uma só frase.


Os policiais prometeram uma investigação minuciosa, mas mal ergueram os olhos das suas mesas. Vídeos de vigilância foram ignorados. Vizinhos não foram ouvidos. Informações sobre o desagrado de políticos com Beketov foram tidas como ‘não confirmadas’, segundo entrevistas com autoridades e moradores.


Cultura da impunidade


Depois de rejeitar repetidos apelos de Beketov por proteção, o Ministério Público assumiu o caso, mas não parece ir muito longe. Colegas do jornalista se dizem ansiosos para dar informações sobre quem no governo foi atingido pelas revelações dele. Mas ninguém perguntou.


Passados 18 meses, ninguém foi preso.


O incidente marca o início de uma onda de ataques não resolvidos e de intimidação oficial contra jornalistas, ativistas de direitos humanos e políticos de oposição em toda a região, que inclui os subúrbios de Moscou, mas não a cidade propriamente dita.


Tais intimidações -entre as quais estão também os esforços agressivos de promotores para fechar novos veículos de comunicação e ONGs- funcionam como uma enervante dissuasão.


E, em alguns casos nos últimos anos, a violência descambou para a pistolagem. A corrupção é disseminada na Rússia, e o governo costuma funcionar mal. Mas a maioria dos jornalistas e ONGs evita se aprofundar nesses temas.


A cultura russa da impunidade representa o exemplo mais flagrante da incapacidade do país em estabelecer leis reais nestas duas décadas desde o colapso da União Soviética. O presidente Dmitri Medvedev já repreendeu o ‘niilismo jurídico’ do país. Mas, sob o governo de Medvedev e do seu antecessor, o hoje premiê Vladimir Putin, tal niilismo persistiu. E entre os maiores beneficiários estão os políticos do partido governista, o Rússia Unida.


Boris Gromov, governador da região de Moscou, comandou o 40? Exército durante a guerra soviética no Afeganistão, e seus adversários acham que ele governa com o mesmo sentido de ordem de um general. Gromov, nomeado por Putin, encheu o governo local com ex-colegas do Afeganistão, como o prefeito de Khimki, Vladimir Streltchenko.


Beketov fundou seu jornal, o ‘Khimkinskaia Pravda’ (‘A verdade de Khimki’), em 2006. Ele escrevia regularmente sobre supostos casos de corrupção envolvendo autoridades locais, em geral membros do Rússia Unida.


Uma denúncia repercute


Suas reportagens tiveram repercussão nacional quando ele questionou por que a prefeitura, para ampliar uma avenida, demoliu um monumento que continha restos mortais de aviadores soviéticos.


E ele abordava incansavelmente o destino da floresta de Khimki, uma área intocada a uma improvável proximidade de Moscou.


Praticamente sem que a opinião pública notasse, o governo planejava que uma rodovia para São Petersburgo cruzasse a floresta. Beketov suspeitava que as autoridades estivessem lucrando secretamente com o projeto.


Desacostumados a esse tipo de crítica, os governantes locais o fustigaram publicamente. Beketov recebeu telefonemas ameaçadores. Pediu em vão ajuda às autoridades, segundo colegas. Chegando em casa certo dia, achou seu cão morto na soleira da porta. Então, seu carro foi explodido.


Em vez de investigar a explosão, os promotores abriram um inquérito criminal sobre o jornal dele. Amigos dizem que Beketov lhes contou que um funcionário municipal havia lhe feito um alerta sobre suas reportagens.


Numa noite de novembro de 2008, Beketov foi atacado, provavelmente por várias pessoas.


Iulia Jukova, porta-voz da comissão investigadora do Ministério Público na região de Moscou, disse que o departamento conduziu um rigoroso inquérito, mas teve de arquivá-lo por falta de provas. Ela afirmou que os investigadores precisavam ouvir Beketov, mas que seus médicos não autorizaram. (Beketov está incapaz de se comunicar desde o ataque.)


O governador Gromov e o prefeito Streltchenko não quiseram conceder entrevista para esta reportagem. Depois da agressão, Streltchenko declarou que não tivera envolvimento com o crime, mas se queixou da atenção dada ao assunto.


‘Não quero dizer que foi bom o que aconteceu com o Mikhail’, disse. ‘Mas quero que vocês separem a verdade da inverdade.’


Em Solnietchnogorsk, ao norte de Khimki, o jornal ‘Solnietchnogorsk Forum’ publicou denúncias sobre como os políticos locais tentavam dispensar eleições para manter o poder.


O editor do jornal, Iuri Gratchov, tem 73 anos. Em fevereiro de 2009, vários homens o agrediram quando ele saía de casa, fazendo-o passar um mês na UTI, com concussões e fraturas.


A polícia inicialmente disse que ele estava bêbado e caíra. Em seguida, afirmou que ele havia sido vítima de um assalto comum, embora só tivesse sido levada uma pasta com material para ser publicado no jornal. Os bandidos não foram achados, e políticos do Rússia Unida disseram que o ataque não tinha relação com o trabalho de Gratchov.


‘Talvez tenham sido ‘hooligans’, ou talvez tenha sido ao acaso’, disse Nikolai Bojko, dirigente local do partido, também veterano do Afeganistão. ‘A ideia de que tenha sido encomendado -não acredito nisso.’


Jornal processado


Os promotores tiveram mais sucesso procurando provas de que o ‘Solnietchnogorsk Forum’ havia cometido uma calúnia. Abriram processo contra o jornal, querendo fechá-lo. Enquanto isso, em Khimki, um novo jornal da oposição, o ‘Khimki Nach Dom’ (‘Khimki é o nosso lar’), foi fundado para ajudar a manter o trabalho de Beketov.


O editor, Igor Belousov, 50, é profundamente religioso. Publica o calendário ortodoxo russo no jornal. Já trabalhou na prefeitura, mas diz ter saído por causa da corrupção.


Não muito tempo depois de lançar o jornal, Belousov foi acusado de calúnia, numa ação cível movida por promotores, e num processo penal aberto pelo prefeito Streltchenko. Em fevereiro, a polícia o deteve sob acusação de vender cocaína. Documentos judiciais mostram que o caso se baseia no depoimento de um traficante que não se lembrava de detalhes básicos do suposto crime.


‘Tínhamos muito jornalistas aqui, mas todos sofreram e todos desistiram’, disse Belousov. ‘Só sobrei eu, e agora estou desistindo.’’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


(www.estadao.com.br)


Segunda-feira, 31 de maio de 2010


 


TELEVISÃO


Keila Jimenez


Público prefere os dublados na TV paga


‘Achiadeira é grande, mas a audiência entrega: os canais de filmes legendados estão perdendo cada vez mais público, enquanto os dublados, sobem em audiência. Segundo medição do ibope nacional da TV paga no mês de abril, canais como Fox, TNT e Telecine Pipoca, todos dublados, figuram entre as 20 maiores audiências no setor. Já os demais Telecines e HBOs seguem perdendo posições no ranking. Telecine Premium, que encerrou 2009 em 16º em audiência, caiu para 32º lugar em abril deste ano. Já a HBO caiu do 25º para 26º lugar. Entre os lideres de audiência na TV por assinatura no mês de abril estão: Discovery, seguido por Sportv, Disney Channel, Cartoon e Globo News.


R$ 200 é o preço do ingresso para ver uma partida da Copa da África em 3D em salas de cinemas, em pacotes que serão abertos só para empresas


‘Agora seria de outro jeito, seria cara a cara’ Darci Pereira confessa a Roberto Cabrini, em 1990, que mataria o seringueiro Chico Mendes de novo. Hoje, no Conexão Repórter


Amiga coluna garante que matou o segredo de Gerson (Marcelo Antony) em Passione: ele é gay sim, e perdidamente apaixonado pelo melhor amigo, Mauro (Rodrigo Lombardi). Por isso sempre quis roubar as namoradas do moço e agora casar-se, de picuinha. com Diana (Carolina Dieckmann).


Além da troca do plano médico por outro ligado à Igreja Universal, o Life Empresarial, funcionários de programas jornalísticos da Record foram orientados a entrevistarem médicos e especialistas de saúde somente de uma lista indicada e atualizada pela Life. A regra só deve ser quebrada quando se trata de um estudo de um cientista ou de uma universidade específica.


Na Forma da Lei. nova série policial da Globo, irá ao ar às terças, e não aos domingos. Estreia dia 15 de junho, no lugar do força-tarefa.


A Net não descarta a hipótese, em um futuro próximo, de lançar um canal com produções em 3D, assim como o que está sendo lançando nos EUA. A novidade reunirá atrações de vários canais feitas com a tecnologia.


A festa da parabólica continua. Emissoras seguem transmitindo sinais diferentes, com programação local, em afiliadas que deveriam apenas retransmitir a programação original da cabeça de rede, da geradora. A Rede TV! está na mira da Anatel por conta disso, mas outras emissoras são conhecidas por lucrarem com essa prática ilegal mal fiscalizada.


O Rockgol da MTV pretende contribuir muito com a Copa de 2014, que será no Brasil. O programa fará inspeção nos banheiros de estádios que sediarão a Copa por aqui. ‘Vamos mandar um cagão ambulante para frequentar os banheiros dos estádios para ver até que ponto o Brasil está preparado para receber os estrangeiros’, diz o apresentador Marco Bianchi.’


 


 


HQ


Evento dedicado a tintim em Paris arrecada US$ 1,3 milhão


‘Uma estátua de bronze em tamanho natural do repórter Tintim (foto) das histórias em quadrinhos e mais de 200 objetos relacionados ao personagem criado por Hergé, pseudônimo do belga Georges Remi (1907-1983), alcançaram total de US$ 1,3 milhão em leilão realizado no sábado em Paris. O lote mais caro foi o que continha duas aquarelas originais de 1938 da série O Cetro do Rei Ottokar, arrematado por US$ 299,62 mil. As obras foram publicadas originalmente no número 17 de Le Petit Vingtième, em 27 de abril de 1939. Já a escultura em que Tintim aparece com as mãos nos bolsos acompanhado por seu cachorro Snowy foi vendida a US$ 153,65 mil, no leilão realizado pela casa Drouot-Montaigne. As aventuras do personagem Tintim foram traduzidas em quase 80 idiomas e desde 1929 são vendidos mais de 200 milhões de exemplares de suas histórias em quadrinhos.’


 


 


ELEIÇÕES


Mariângela Galucci


MP pede ao TSE que multe Lula e Dilma por campanha antecipada


‘O Ministério Público Eleitoral (MPE) deu hoje novas demonstrações de que discorda do comportamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidenciável do PT, Dilma Rousseff, durante a atual fase de pré-campanha eleitoral. Em pareceres encaminhados ao TSE, a Procuradoria Geral Eleitoral opinou que o tribunal deve aceitar o pedido dos Democratas(DEM) e multar Lula, Dilma e o presidente da Força Sindical, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho,por propaganda eleitoral antecipada durante comemorações ao Dia do Trabalho.


Até agora, Lula já foi multado quatro vezes pelo TSE; Dilma, duas vezes; e Paulinho, uma. Na primeira das representações que deverão ser julgadas em breve pelo TSE e sobre as quais a Procuradoria opinou, o DEM sustenta que, para promover a candidatura de Dilma, o presidente usou o pronunciamento oficial transmitido em rede de rádio e TV em homenagem ao Dia do Trabalho.


Segundo o DEM, sob o pretexto de divulgar as realizações de seu governo e saudar os trabalhadores, Lula teria feito propaganda de Dilma ao afirmar que ‘este modelo de governo está apenas começando’ e que ‘este modelo vai prosperar’. Na opinião da Procuradoria, como não há comprovação da participação ou do prévio conhecimento de Dilma sobre o pronunciamento, ela não deve ser multada.


Ao analisar a outra representação do DEM, que pede que Lula seja punido por sua participação num evento em São Paulo em comemoração ao Dia do Trabalho, a Procuradoria concluiu que houve propaganda antecipada subliminar porque o presidente teria se referido a Dilma como a pessoa capaz de dar prosseguimento às ações políticas de seu governo.


Nesse caso, o MPE sugere que o TSE multe Lula e Dilma, já que a presidenciável não ocupa mais cargo no governo e não havia razão para a sua presença no evento a não ser promover sua candidatura. A Procuradoria também quer que Paulinho seja punido porque teria deixado clara a sua opção pela candidatura de Dilma.


Na terceira das representações, o DEM afirma que houve propaganda antecipada da candidatura de Dilma num evento realizado no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC em comemoração do Dia do Trabalho. Nesse caso, o MPE pede que Lula e Dilma sejam multados.’


 


 


INTERNET


Sílvio Guedes Crespo


Google mapeou toda a rede WiFi do Reino Unido, diz jornal


‘‘Todos os roteadores sem fio WiFi – aparelhos responsáveis por dar acesso à internet à maior parte dos computadores britânicos – em todos os lares [do Reino Unido] entraram em uma base de dados do Google’, diz reportagem do jornal londrino Telegraph publicada no domingo (30).


Isso aconteceu nos últimos três anos, enquanto o Google conduzia o projeto Street View, em que a empresa coleta imagens das ruas das principais cidades para deixar à disposição na web.


As imagens eram gravadas por câmeras colocadas em carros que percorriam as vias; os veículos eram equipados com antenas que captaram, também, dados transmitidos por pessoas que acessavam a internet por conexão sem fio.


A empresa não divulgou o projeto até que um inquérito do governo da Alemanha obrigou a empresa a admitir que, ‘por engano’, armazenou pacotes de dados que podem ter incluído, por exemplo, mensagens pessoais de e-mail feitas por redes não seguras (aquelas que não exigem senhas).


Recentemente, o Google tirou das ruas os carros do projeto Street View, mas, no caso do Reino Unido, o projeto já havia sido concluído. No Brasil, o Google já terminou de mapear a cidade de São Paulo em 360º.’


 


 


Teles denunciam sites e entram na briga da privacidade na web


‘As maiores empresas de telecomunicações da Europa resolveram entrar oficialmente na briga sobre a alegada violação de privacidade por sites que armazenam grande quantidade de dados de internautas, como o Google e o Facebook.


O jornal espanhol Expansión informa que 41 grandes operadoras fizeram uma denúncia formal à Comissão Europeia contra ‘grupos de internet’ que estariam em uma situação vantajosa por se submeterem a uma regulação mais frouxa.


Entre as operadoras estão Telefónica, Deutsche Telekom, Orange, Telecom Italia, TeliaSonera, KPN e Belgacom.


As teles dizem que as práticas das companhias de internet de armazenar dados dos usuários ameaçam a privacidade dos cidadãos e ainda dá aos sites uma ‘vantagem abusiva’ no mercado de publicidade online, uma vez que as operadoras são submetidas a leis mais restritivas.


A denúncia é assinada pela Etno (sigla em inglês para Associação Européia das Operadoras de Redes de Telecomunicações). A entidade, sempre segundo o jornal espanhol, pretende iniciar ainda neste ano trabalhos para abordar uma revisão das regras européias de proteção de dados, que são de 1995 – portanto, anteriores ao Google e ao Facebook.


A notícia não diz se o documento cita nominalmente o Google e o Facebook, mas o teor da denúncia deixa claro que essas duas empresas seriam afetadas.


‘Devido a obrigações de proteção de dados, as operadoras tradicionais de comunicação eletrônica, como as companhias de telecomunicações, estão perdendo terreno frente aos grupos de internet’, afirma trecho da denúncia, destacado no jornal.


Na última quinta-feira, a União Europeia advertira Google, Microsoft e Yahoo por armazenarem o histórico de pesquisas feitas pela internet.’


 


 


Carla Peralva


O Xereta


‘Em 6 meses, Mark Zuckerberg mudou quatro vezes as regras de privacidade do Facebook. Resultado: um movimento de fuga marcado para hoje e o título de vilão da vez


O Facebook conecta mais de 400 milhões de pessoas e tudo indica que logo vai atingir a casa do meio bilhão. Quando isso acontecer, um em cada 13 habitantes no mundo (considerando uma população de 7 bilhões) estará na rede social. Mais de 25 bilhões de postagens já são feitas por lá a cada mês. Agora, esse gigante enfrenta reclamações proporcionais a seu tamanho. Governos, organizações internacionais e usuários estão questionando a forma como a privacidade é tratada na rede social.


Até sexta-feira à noite, 23.361 pessoas haviam prometido deixar a rede social hoje e excluir seu perfil. Esta segunda-feira, 31, é o dia de sair do Facebook, o Quit Facebook Day, como é chamado pelos criadores do movimento.


Irritados com a dificuldade de controlar a exposição de seus dados, dois canadenses resolveram buscar adeptos para uma debandada do site que, segundo eles, não respeita usuários, informações pessoais nem o futuro da web.


As constantes reclamações sobre o Facebook reabriram um debate recorrente quando se trata de redes sociais: a privacidade.


Desde novembro do ano passado, o Facebook alterou quatro vezes sua política de privacidade. E a cada mudança, os dados dos usuários ganhavam mais exposição pública até que eles percebessem a mudança e reconfigurassem o que deveria ser visto apenas por seus amigos e o que todo mundo poderia ver se jogasse o nome da pessoa no Google.


Em abril, junto do lançamento do botão ‘Like’ que pode ser usado por outros sites, veio a mudança que disparou a reação anti-Facebook. A política de privacidade da rede social foi alterada mais uma vez e passou a conter itens polêmicos que, entre outras coisas, determinam o compartilhamento dos dados dos usuários com aplicativos de terceiros e sites que usam os plugins sociais da rede. As informações poderiam ser armazenadas por outras empresas para sempre.


No dia 5 de maio, o Electronic Privacy Information Center apresentou queixa exigindo que a Comissão Federal de Comércio dos EUA pedisse explicações para o Facebook sobre as frequentes mudanças em suas regras de privacidade, que, segundo eles, tornavam os controles ilusórios e cada vez menos intuitivos.


Eles exigiram e a resposta veio na quarta-feira, 26, com o anúncio da simplificação dos controles de privacidade e da possibilidade controlar a exibição de informações que antes eram obrigatoriamente acessíveis.


E era esse o ponto de conflito: até quarta, informações como nome, foto de perfil, cidade, profissão, lista de amigos e conteúdos marcados com o ‘Like’ eram obrigatoriamente públicas e poderiam ser armazenados indefinidamente pelos aplicativos. Agora, a lista de amigos e a páginas curtidas podem ser privadas.


Por causa das tensões dos últimos meses, Mark Zuckerberg, criador e CEO do Facebook, virou o mais novo vilão do Vale do Silício. Com apenas 26 anos, já foi conhecido como visionário e empreendedor e, agora, ganha a fama de inescrupuloso e despreocupado com a segurança das informações de quem usa a rede social criada por ele seis anos atrás, enquanto ainda era um jovem universitário em Harvard.’


 


 


TECNOLOGIA


Natalia Gómez


Eike Batista quer entrar no setor de banda larga em parceria com governo


‘O empresário Eike Batista, conhecido por seus investimentos nas áreas de mineração e energia via holding EBX, tem interesse em entrar no setor de banda larga por meio de uma eventual parceria com o governo. Segundo o executivo, que participa hoje do Fórum Exame, em São Paulo, seriam necessários investimentos de US$ 10 bilhões para levar a banda larga de 10 mega por R$ 40 a R$ 50 para todos os brasileiros. Batista afirmou que o setor de banda larga é interessante porque os custos unitários caíram muito nos últimos anos. ‘Não seria tão custoso oferecer internet a R$ 40 para todos. O Brasil merece e necessita’, disse.


De acordo com ele, ainda não existem estudos concretos e nenhuma proposta foi apresentada ao governo. Segundo ele, o governo teria que contribuir para que o projeto seja eficiente e isso poderia ser feito por meio de uma Parceria Público-Privada. Na visão do empresário, o setor de telecomunicações está relacionado aos negócios da EBX por tratar-se de infraestrutura. ‘Acredito que existe um grande potencial para o uso da internet para educação à distância no Brasil’, afirmou.


Questionado sobre os planos da EBX de abrir capital, como fez com suas subsidiárias, Batista afirmou que não há necessidade porque a companhia está ‘mega capitalizada’. Na visão do executivo, a crise na Europa não deve comprometer o crescimento do País porque apenas 10% do seu Produto Interno Bruto (PIB) é oriundo de exportações. ‘O mercado interno vai muito bem, obrigado’, afirmou. No caso das exportações, ele acredita que a demanda deve se sustentar porque o Brasil exporta itens que o resto do mundo não tem.


O setor de minério de ferro, em que o grupo atua por meio da MMX, tem um cenário positivo devido à forte demanda chinesa, segundo ele. ‘Os chineses têm falta de matéria-prima’, disse. No momento, a subsidiária OSX está construindo um estaleiro em Santa Catarina para atender à demanda da OGX, produtora de petróleo, com aportes de US$ 1,7 bilhão e conclusão prevista para 2012.


Batista defendeu que o governo escolha dois a três estaleiros para concentrar a demanda do País, permitindo a obtenção de escala. ‘Assim seria possível concorrer com qualquer estaleiro da Coreia’, disse, durante o evento. Segundo ele, o plano atual de pulverizar a produção em vários estaleiros reduz a eficiência. ‘Hoje estes estaleiros só produzem equipamentos em partes, o que fica 40% mais caro’, disse.


Vazamento de petróleo


O vazamento de petróleo em um poço da British Petroleum no Golfo do México poderá aumentar os custos de extração na região pré-sal do Brasil, afirmou Eike Batista. ‘Aumentaria o custo com certeza, mas numa dimensão que não inviabilizaria o retorno ao investimento’, declarou ele ao ser questionado sobre o assunto em um evento em São Paulo.


Especialistas no país alertaram, após o vazamento no golfo, que o Brasil deveria tomar medidas preventivas para evitar acidentes como aquele na área de exploração da BP, já que os equipamentos utilizados pela indústria atualmente poderiam não ser adequados às profundidades maiores do pré-sal.’


 


 


Lúcia Guimarães


Yo, Pad


‘Há dois meses, afirmei aqui que não estava interessada em primeiras edições de gadgets eletrônicos. Demorei sete semanas para descumprir minha moratória de consumo. Encomendei o raio do tablete de madrugada online, como se contasse com o sono profundo do superego.


Coloquei a caixa com displicência sobre a mesa da sala, em meio ao resto da correspondência. Demorei um dia para abrir. Não comentei com amigos, temerosa de que ‘comprei um iPad’ fosse soar como ‘comprei um casaco de mink’.


A engenhoca se iluminou convidativa ao primeiro toque. Sapequei o bookmark do Estadão no desktop e logo tive um ataque de ira anti-Jobs. Lembrei que o Nero da Apple quer incendiar a companhia Adobe e, por isso, o iPad simplesmente não roda vídeos em Flash, o mais popular software de vídeos do mundo online, usado pela TV Estadão.


Na semana passada, vários conglomerados de mídia deram uma banana para Steve Jobs. No dia em que Apple passou a Microsoft pela primeira vez como a companhia de tecnologia mais valorizada do mundo, empresas como a NBC Universal e a Time Warner disseram que não vão gastar rios de dinheiro reempacotando seus arquivos de cinema e TV no formato que Jobs ditar.


Escrevo na sexta-feira em que as filas para ver a Mona Lisa foram superadas pelas filas para comprar o iPad na loja do Louvre. O tablete foi colocado à venda em mais nove países e a comoção é evidente, com estimativas de vendas de 6 milhões de tabletes até o fim do ano.


Mas os europeus são menos afeitos ao Big Brother corporativo, como atestam variados desafios legais enfrentados pela Microsoft e o Google, ao longo dos anos.


Como reagirão os leitores do Guardian, depois do New York Times, o segundo maior jornal online em inglês, com mais de 30 milhões de visitantes únicos mensais, quando ficarem impedidos de assistir ao replay de um gol dominical no seu custoso tablete?


O zelo controlador de Steve Jobs é conhecido e ele recentemente se engajou numa troca agressiva de e-mails em plena madrugada. Depois de tomar umas e outras, o blogueiro techie Ryan Tate escreveu para Jobs, descontente com o comercial de TV que dizia ser o iPad uma revolução. ‘Revolução é sobre liberdade’, reclamou o inebriado missivista. Para sua surpresa, Jobs disparou de volta: ‘Sim, liberdade de programas que furtam seus dados pessoais, liberdade da pornografia.’ Uau, ele zela pela virtude dos viciados em seus produtos.


Se o leitor que não dirige a maior companhia tecnológica do mundo tinha fantasias sobre a glamourosa vida de um executivo lendário, aí está. Às 2 da manhã, Steve Jobs, o homem que descreve o gesto de usar um aparelho como uma ‘experiência’, está surfando a internet em busca de moinhos de vento.


Aqui, um parêntese: pelo menos na minha vida, a empresa do ditatorial Jobs teve um efeito libertador e não me refiro apenas à fluidez de seu sistema operacional. Tarefas que exigiam visita a uma produtora de TV passaram a ser executadas no laptop no meu colo, às vezes instalada no ônibus ou no trem.


Voltando ao duelo de titãs, há um complicador para os planos bélicos de Jobs. O software Google TV vai jogar os vídeo da internet nos aparelhos de TV. E, embora o iPad avance como um Humvee sobre o pedregoso terreno do consumo tecnológico, há vários outros tabletes em produção. Melhor para nós.


Como praticante de uma profissão que merece atenção do Ibama, foi com instinto de sobrevivência que me lancei a um fim de semana de convivência intensa com o tablete de Jobs. Em dezembro passado, o editor nova-iorquino Peter Kaplan disse ao Estado que um ‘iPod em esteroides’ ia resgatar o jornalismo da extinção. ‘Novo gênio, nova lâmpada’, previu Kaplan.


Sim, meu consumo voraz de notícias foi francamente facilitado pelo iPad. Basta um pouco de insônia produtiva e pulo da cama de manhã já versada no conteúdo de jornais britânicos, americanos e brasileiro. Ler livros, como se esperava, é mais confortável para os olhos e desconfortável para as mãos, porque a criatura pesa quase 700 gramas. As Aventuras de Huckleberry Finn baixam grátis, cortesia do domínio público, em poucos segundos, com as ilustrações originais. As obras completas de Shakespeare também estão lá na estante, onde devem ficar juntando poeira cibernética. Mas a loja monopolista nunca ouviu falar em Philip Roth, Jorge Luis Borges ou Roberto Bolaño.


Não estou tendo visões messiânicas, mas, o que será aquilo no fim do túnel? Uma luzinha?


Dislexia. A coluna de 17 de maio saiu com o título Poliformismo Editorial quando o correto era Polimorfismo Editorial. Reli o texto inúmeras vezes e não notei. O leitor José Nagado generosamente me informou da discrepância entre o que se passava na minha cabeça e o que digitei no texto. Uma pena que não encontrei com o José Nagado antes de tomar o ônibus calçando um sapato preto e outro marrom.’


 


 


2 milhões de iPads


‘A Apple disse nesta segunda-feira ter vendido 2 milhões de unidades do iPads desde o lançamento do tablet nos Estados Unidos há dois meses. A comercialização em nove mercados estrangeiros teve início no último fim de semana.


A empresa não especificou as vendas regionais no comunicado, mas tinha dito anteriormente que vendeu 1 milhão de iPads no primeiro mês nos Estados Unidos desde o lançamento em 3 de abril — ultrapassando a marca mais rápido que o iPhone.


Fãs pelo mundo todo se mobilizaram na sexta-feira, dia do lançamento oficial o iPad na Austrália, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Suíça e Reino Unido.


A Apple atrasou o lançamento internacional do tablet em um mês uma vez que teve dificuldade em atender a demanda pelo aparelho, que recebeu boas avaliações por seus atributos de vídeos e jogos, livros e revistas digitais e navegação na Internet.


A Apple disse que o iPad será lançado em mais nove países em julho, e mais outros mercado mais adiante no ano.


A RBC Capital Markets estimou que as vendas totais do iPad cheguem a 8,13 milhões de unidades pelo mundo até o fim do ano — o que geraria cerca de 4 bilhões de dólares em receita.’


 


 


Tablet da Asus


‘A Asustek Computer se tornou a mais recente empresa de tecnologia a ingressar no mercado de computadores tablet nesta segunda-feira, 31, se unindo à rival Acer na disputa com a Apple pelo nascente segmento de mercado.


O tablet da empresa, chamado Eee Pad, funcionará com chips da Intel ou da ARM e executará o sistema operacional Windows, disse Jonney Shih, presidente do conselho da empresa, antes do início da Computex, a segunda maior feira mundial de computação.


‘O Eee Pad pode exibir vídeos em formato Adobe Flash, oferecendo a experiência plena da eeb, e tem uma porta USB e câmera’, disse Shih. ‘Estudamos como melhor poderíamos atender às necessidades de usuários de toda espécie, e acredito que o produto seja esse.’


O iPad não oferece câmera ou porta USB. A Apple não tornou seus iPads ou iPhones compatíveis com o popular software multimídia Flash, da Adobe, definindo-o como ‘pouco confiável’, exclusivo e fechado além de afirmar que a tecnologia é pouco adaptável para aparelhos móveis.


A Asustek não divulgou detalhes de preços ou sobre a data de lançamento. A empresa já exibiu em eventos setoriais produtos que nunca foram colocados à venda.


A companhia taiwanesa também está colaborando com Intel e Microsoft para criar uma loja online de aplicativos, disse Shih, seguindo o exemplo de outras empresas de tecnologia como a Nokia, que vem tentando reforçar suas ofertas de software para competir melhor com a Apple.


Shih não ofereceu detalhes adicionais sobre o formato ou data de lançamento da nova loja de aplicativos. A Apple oferece mais de 200 mil programas, enquanto o Google tem 38 mil deles disponíveis para seu sistema Android.


‘Se a Asustek deseja realmente se sair bem nesse campo, a plataforma é o mais importante’, disse Edward Yen, analista do UBS. ‘Tenho certeza de que o hardware é bom, mas a maior questão agora é se ele atrairá usuários suficientes para criar a massa crítica necessária a uma loja de aplicativos.’’


 


 


ÉTICA


Carlos Alberto di Franco


Políticos e ‘legalidade’ versus ética


‘A imprensa paranaense está escrevendo um belo capítulo na história do jornalismo de qualidade, um exemplo a ser seguido por todos nós. A investigação ética é sempre a melhor aliada da cidadania. Foi o que se viu na série de reportagens do jornal Gazeta do Povo e da Rede Paranaense de Comunicação (RPC-TV), veiculadas em meados de março. Os repórteres Katia Brembatti, Karlos Kohlbach, James Alberti e Gabriel Tabatcheik devassaram uma poderosa máquina de corrupção que, há anos, domina o Poder Legislativo do Paraná.


A Assembleia Legislativa do Paraná escondeu 56,7% de seus atos em diários avulsos, inacessíveis ao público, muitos sem numeração e publicados em datas aleatórias, desconectadas da época dos fatos publicados. A prática encobria uma impressionante máfia administrativa. Os repórteres tiveram acesso a mais de 700 diários editados entre 1998 e 2009 e durante dois anos cruzaram o conteúdo das publicações. Não foi dossiê encaminhado à redação. Foi um formidável investimento em jornalismo investigativo. Essa aposta na denúncia bem fundamentada revelou situações como a da agricultora Jermine Leal e sua filha Vanilda Leal, moradoras em casas pobres, de chão batido, na área rural de Cerro Azul, a 100 quilômetros de Curitiba. Sobrevivem graças ao Bolsa-Família. Mas na documentação da Assembleia Legislativa do Paraná apareciam como beneficiárias de R$ 1,6 milhão ao longo de cinco anos, dinheiro que nunca viram. O exemplo é só uma casquinha de noz num mar de podridão, corrupção e cinismo.


Os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) já comprovaram que o esquema de corrupção montado dentro da Assembleia Legislativa desviou pelo menos R$ 26 milhões dos cofres públicos. Esse valor equivale aos depósitos feitos pela Casa na conta bancária de 17 funcionários fantasmas. A estimativa dos promotores, no entanto, é de que o desvio total chegue a R$ 100 milhões. Até o momento, 18 pessoas foram presas por conexão com o esquema criminoso.


Diante do quadro levantado pela série de reportagens, a seção paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR) lançou, há três semanas, o movimento ‘O Paraná que Queremos’, que em carta aberta conclama a sociedade paranaense a pedir transparência no Legislativo e a punição dos envolvidos nas denúncias. A conclamação surtiu efeito. O movimento chegou até agora à marca de 142 adesões de entidades ? Universidade Federal do Paraná (UFPR), Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio), Associação Paranaense dos Juízes Federais (Apajufe), Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe) ?, 136 de empresas e 152 de pessoas físicas. O movimento, um autêntico grito da cidadania, mostra que a sociedade reage positivamente às denúncias da imprensa.


A Assembleia Legislativa do Paraná, numa reação recorrente em situações semelhantes, classificou como ilegal e antidemocrática a campanha ‘O Paraná que Queremos’. Em carta intitulada Por um Paraná justo, legal e ordeiro, entregue à OAB-PR, o procurador do Legislativo Marco Antonio Marconcin afirma que os anúncios de adesões publicados pela OAB-PR na Gazeta do Povo e exibidos na RPCTV ferem ‘o princípio da legalidade e respeito às instituições no marco da democracia constitucional’. A carta da Assembleia afirma que a campanha incita à desordem e ‘compõe um chamamento temerário de quebra do respeito devido às instituições legais; configurando incitamento à comoção social e, no limite, violação da ordem pública por afronta à legalidade democrática, ao investir de forma generalizada contra a Assembleia Legislativa, no exercício constitucional do Poder Legislativo Estadual’. Marconcin diz ainda que a OAB não observa o ‘devido processo legal’ e faz prejulgamento da ‘generalidade dos deputados, dos servidores e da instituição parlamentar’. É o comportamento de sempre. ‘Legalidade’ versus ética. Presunção de inocência versus transparência nos assuntos públicos. Como se fosse possível construir o Estado de Direito de costas para os valores éticos.


Armação da imprensa. Distorção da mídia. Patrulhamento de jornalista. Quantas vezes, caro leitor, você registrou essas reações nas páginas dos jornais? Inúmeras, estou certo. Elas estão contidas, frequentemente, em declarações de políticos apanhados com a boca na botija, no constrangimento de homens públicos obsessivamente ocupados com a privatização do dinheiro público e no cinismo dos que usam a ‘legalidade’ como escudo protetor para a prática da delinquência. Todos, independentemente da contundência de suas impressões digitais, negam tudo. Procuram, invariavelmente, um bode expiatório para justificar seus delitos. A culpa é da imprensa! A acusação é uma manifestação explícita de desprezo pela verdade e de desrespeito ao cidadão.


Registro, entusiasmado, o bom exemplo dos jornalistas do Paraná: uma denúncia sólida e irrefutável. Complementa-se o dever da denúncia com o que eu chamaria de jornalismo de buldogues. Precisamos, todos, ser a memória da cidadania. Seria bom, em período eleitoral, relembrar o nome dos deputados e funcionários que participaram ativamente dos desmandos criminosos.


É dever ético da imprensa promover uma ampla conscientização popular da relevância que os cargos públicos têm e da importância de que pessoas absolutamente idôneas os ocupem. Os programas eleitorais vendem uma bela embalagem, mas, de fato, são vazios de conteúdo. Nós, jornalistas, devemos ser o contraponto a essa tendência. Cabe-nos a missão de desnudar o que o marketing esconde.


DOUTOR EM COMUNICAÇÃO, É PROFESSOR DE ÉTICA E DIRETOR DO MASTER EM JORNALISMO’


 


 


 


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