Sunday, 05 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Grampos e extorsões

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

As páginas de polícia hoje já não estão no lugar onde sempre estiveram. Mudaram de lugar. Estão na primeira página dos principais jornais. Numa situação inusitada – a polícia virou assunto das páginas de polícia.


Tudo isso começou há três semanas num domingo quando O Globo abriu com grande destaque a história do documentarista João Moreira Salles que estava dando dinheiro a um traficante para que escrevesse um livro e assim saísse do mundo do crime. Acontece que esta história veio à baila porque o cineasta descobriu que o seu telefone estava grampeado e temendo que fosse alvo de extorsão, abriu o jogo.


A mídia jogou-se num debate, ao nosso ver, bacharelesco. esqueceu o grampo e a possibilidade de chantagem, fatos concretos e comprovados, e pôs-se a discutir uma hipótese: se o pagamento ao traficante para que escrevesse suas memórias constituía crime ou não.


O grampo e a possibilidade de extorsão que levaram o cineasta a procurar um jornal foram suplantados por uma polêmica um tanto mundana já que o cineasta tem sobrenome ilustre, um dos herdeiros de um dos maiores bancos brasileiros e o traficante sabe envolver-se com o glamour.


Agora, três semanas depois, a polícia do Rio vira notícia com a descoberta de uma banda podre no seu alto escalão envolvida em assassinatos, seqüestros, narcotráfico e, atenção, extorsões.


A questão é esta: a mídia teria comido mosca? É isso o que vamos discutir hoje. Não a banda podre mas o caso do João ou se quiserem o caso de uma mídia que se ocupa do supérfluo e esquece o essencial.


Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm