Tuesday, 30 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Amnésia em jornal é crime de lesa-pátria

* Quarenta anos do movimento concretista na poesia e nas artes plásticas. O Mais! da Folha, o Cultura do Estadão, o Segundo Caderno de O Globofartaram-se em falar de Décio Pignatari, dos irmãos Campos. Ninguém falou de um dos mais importantes desdobramentos plásticos do concretismo: a reformulação gráfica do Jornal do Brasil em 1956, obra do grande escultor mineiro Amílcar de Castro e dos jornalistas capitaneados por Odylo Costa, filho. O jornal inteiro, o Caderno B (obra de Reynaldo Jardim), o Suplemento Dominical (caderno de cultura) do JB, foram os mais efetivos agentes do concretismo, a mais duradoura experiência gráfica do jornalismo brasileiro, que deixou marcas nos principais jornais brasileiros até o início dos anos 90. O mais dramático é que nem o próprio JB lembrou-se do seu feito, preocupado em competir com o popularesco O Dia

* Um livrinho de 150 páginas, formato pequeno, que se lê num par de horas, A renúncia de Jânio, do falecido Carlos Castello Branco, o famoso Castellinho, é um dos mais perturbadores depoimentos publicados nos últimos anos. Está em 3aedição, mas dele não se ocupam os jornais. Os cadernos de cultura e variedades acham que é matéria política, as páginas de política não se sensibilizam pelos acontecimentos de ontem. Na lista dos personagens, figuram pelo menos 14 sobreviventes, firmes e lúcidos, que até agora não foram procurados para a grande matéria (ou teledocumentário) que o caso exige. Os textos adicionais do livro também apresentam senões. O posfácio do cientista político Emir Sader considera a antiga Esquerda Democrática "de direita" e o Partido Socialista Brasileiro "de esquerda", quando se sabe que os fundadores de um e outro foram os mesmos (João Mangabeira, Hermes Lima, Domingos Velasco, Osório Borba etc.). 

# A Zero Hora foi o único jornal a lembrar-se condignamente dos 20 anos da morte de João Goulart. De 2 a 7 de dezembro, publicou seis cadernos sobre Jango, trabalho de pesquisa histórica de alto nível. Grande repercussão no Sul. No resto do país, os jornalões despeitados engoliram em seco, sem graça. Dentro de cinco anos publicarão seus cadernos sobre os 25 anos da morte de Jango. Com exclusividade.