Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

A prova do provão em jornalismo

 

Victor Gentilli

 

A

s escolas de jornalismo que desejam melhorar seus cursos estão certamente debruçadas sobre a prova aplicada pelo MEC aos formandos deste ano no último dia 7 de junho. E estão verificando que precisam, com urgência, rever seus cursos. É hora de debruçar-se sobre a prova e refletir sobre as habilidades requeridas, sobre o trabalho da Comissão que estabeleceu os parâmetros do provão.

É, portanto, hora de crítica, análise, avaliação. Hora de refletir, com serenidade, sobre o significado do curso oferecido, sobre as necessidades efetivas dos alunos, sobre a capacidade de produzir ensino, pesquisa e extensão em jornalismo sintonizado com as necessidades do presente e do futuro. Compreender que o jornalista é um mediador, um tradutor, um profissional cuja função é selecionar, organizar, hierarquizar e dar sentido ao que ocorre no mundo, no país e nas cidades, neste mundo poluído de informação em estado bruto, desconexa e sem sentido.

Não se trata, portanto, de mudar currículos ou trocar professores. Isso pode até ser necessário. O perigo é que este seja um movimento apenas ornamental, daqueles que tendem a manter tudo essencialmente igual.

Até a aplicação da prova, as escolas mais atentas já sabiam que o MEC iria exigir das escolas profissionais completos, críticos, capazes de tomar decisões e confeccionar produtos jornalísticos com competência.

Agora, milhares de estudantes fizeram o exame. E puderam comprovar pessoalmente que muito do que viram no curso não era exigido pelo provão, ao mesmo tempo em que algumas questões sequer professores sabiam responder.

Definitivamente: o provão é um marco no ensino de jornalismo no Brasil. Teoria e prática precisam ser revistas. Não às pressas, de supetão, aos trambolhões, mas com serenidade, com reflexão e ponderação.

Este foi apenas o primeiro exame. Sua aplicação tornou evidente aos alunos e professores o que se deseja no ensino de jornalismo. Por enquanto, ainda há tempo para todos. Recomenda-se aproveitá-lo.

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