Wednesday, 09 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1308

A prova do "webflanelismo"

OPERADORA, PROVEDOR, ANATEL

Luis Gustavo Dias

Em resposta ao artigo do Sr. Gilberto Braz, permitam-se provar que no serviço de conexão em banda larga o provedor é dispensável.

Como qualquer um pode ver pelos cabeçalhos de minhas mensagens, meu endereço IP é 200.204.153.202, de propriedade da Telefônica, e não do provedor. Diga-se de passagem, sou cadastrado na Freenet, que nem existe mais. Aproveito para contar minha história com o Speedy. Sou assinante desde fevereiro de 2000. Assinei o Speedy na Rede ATM, que era ligada ao UOL. Aí, sim, o provedor era realmente o provedor de acesso. Eu usava um IP do UOL, o 200.221.32.2, usava seu backbone e toda a sua estrutura. E eu pagava religiosamente. A partir de janeiro de 2001, passei para a Megavia, rede IP da Telefônica, e parei de pagar o UOL, pura e simplesmente parei. E minha conexão permanecia perfeita. Em setembro de 2001, fui obrigado pela Telefônica a me cadastrar com algum provedor. Para não perder meu Speedy, assinei o Terra. No mês seguinte, a Freenet apareceu, oferecendo apenas autenticação aos usuários do Speedy PPPoE. Mesmo assim me registrei e mudei meu cadastro com a Telefônica. E cá estou.

Agora, na figura abaixo, uma prova de que minha conexão não passa pela Freenet (meu provedor, que está no meu cadastro na tele):

Observem que do ponto 2 ao 5 é tudo da Telefônica. Então, como se explica a falta do nome do provedor? Cadê o indício do provedor? Observem que no ponto 9 a conexão já é americana. Caso haja alguma dúvida, o ponto 1, de IP 10.0.0.254, é o meu modem, porque eu compartilho a conexão aqui em casa.

Essa demonstração, feita pelo programa tracert de qualquer Windows, também serve para o Speedy PPPoE.

Como você pode notar novamente, cadê o provedor? O fato de o Speedy ter que autenticar com o provedor nada influi na conexão.

Já na figura abaixo, vê-se que a conexão passa pelo provedor.

Por quê? É fácil explicar. O usuário é da rede ATM da Telefônica. Que, sim, realmente passa pelo UOL. Portanto, deve pagar o provedor. Este é o primeiro tipo de Speedy, não há o que fazer, não há o que argumentar. É outra manobra da Telefônica: ela muda o sistema do Speedy, muda o contrato etc. E submete todo mundo ao contrato que estiver no site, independentemente da época da assinatura; e ainda mantém três sistemas de Speedy! Esse é o grande problema e a grande briga. O Speedy do usuário da figura acima é totalmente diferente do Speedy Megavia e o do PPPoE.

Assim, há apenas um tipo de Speedy cuja a conexão realmente é feita com o provedor. O do caso acima: ele oferece o meio físico, o UOL o acesso à internet. No meu caso e no caso do pessoal do PPPoE, a Telefônica oferece tudo, menos o "conteúdo". Aliás, não sei para que o usuário precisa assinar um conteúdo, sendo a própria internet o conteúdo. É um paradoxo tremendo! Fui assinante do UOL de fevereiro de 2000 até janeiro de 2001 pelo SpeedUOL. Depois que mudei para o Megavia, parei de pagar provedor.

Espero assim ter desmentido a matéria de Gilberto Braz.

Ah, outra coisa que o Gilberto não percebe: isso se chama capitalismo. Concorrência. Por exemplo, minha microempresa pode ir à falência porque a multinacional chegou. Mas o provedor não pode falir por estar Telefônica dando acesso? Legal essa visão dele.

Tudo bem, a Telefônica tem mais facilidade para chegar no usuário final e cobrar um monte pela interconexão, mas há que se chegar a um acordo, bom para todos: operadoras, provedores, usuários. Ou, caso todo mundo queira ganhar mais do que todo mundo, cabe a um órgão de maior autoridade seguir o exemplo de outros países, onde tudo dá certo e onde normalmente a operadora é o provedor de acesso e ponto final. É bem complicada a discussão. Mas Gilberto deveria ter mais cuidado com o que fala.

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