Thursday, 10 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1309

A serviço do bolso

MONITOR DA IMPRENSA

MONOPÓLIOS

Sob a administração republicana de Bush, a mídia americana caminha cada vez mais para a formação de conglomerados. As barreiras que antes impediam fusões que pudessem comprometer a diversidade de opiniões estão sendo extintas, e corporações gigantescas já podem controlar parcelas significativas da mídia. Mas, perguntou Robert Scheer [Los Angeles Times, 26/4/01], será que esses proprietários em busca de lucro estarão preocupados com as implicações da concentração da informação numa sociedade livre?

Os primeiros sinais da resposta não são promissores. Depois da fusão AOL/Time Warner, a revista Time, a AOL e a CNN, assim como outras partes do conglomerado que se formou, passaram a ter a mesma voz, e a AOL tornou-se ainda a segunda maior operadora a cabo.

Só nos últimos dois meses a Comissão Federal de Comunicação (FCC) afrouxou a lei que proibia uma emissora de comprar outra, prometeu acabar com a que não permite que uma mesma empresa tenha TV e jornal na mesma região e anunciou que avaliará a possibilidade de reduzir o limite máximo de 35 % de audiência que uma rede pode atingir nos EUA.

De início, as medidas já favorecerão a Viacom, proprietária da CBS, que poderá comprar também a UPN; Rupert Murdoch, que pretende anexar a DirecTV, da General Motors; e a Tribune Co., que depois de incorporar a Times Mirror Co. no ano passado é dona de jornais em três áreas em que já tinha estações de TV. E como ficam os jornais independentes nesses mercados? Os pequenos veículos subsidiários poderão informar sem levar em conta a posição dos proprietários?

Para Robert Scheer, a cobertura das eleições do ano passado nos EUA dá a resposta: é difícil a mídia falar quando os interesses financeiros de seus patrões estão em jogo. Ou haveria outra explicação para a diferença de atenção dispensada a Al Gore ? que se opõe à formação dos conglomerados ? e a Bush quando se tratava deste assunto? Além disso, nada se falava do desejo dos magnatas da mídia de que os democratas não controlassem o Congresso. A regulamentação mostra que há um interesse público nessa área maior do que em qualquer outra indústria porque a concentração é uma ameaça à competição, vital para uma imprensa sem amarras. Um direito não de poucos proprietários, e sim de todos os cidadãos.



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Mídia em vantagem

ITÁLIA

O magnata da mídia e ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi vai processar a revista britânica The Economist por difamação, informou a BBC [27/4/01]. Segundo ele, o editorial publicado na sexta-feira contém uma série de "antigas acusações", e são um "insulto à verdade e à inteligência".

No artigo, a Economist fala detalhadamente da ascensão de Berlusconi, que é hoje um dos homens mais ricos da Itália, e descreve as numerosas batalhas judiciais em que ele está envolvido. Critica o magnata por ter falhado ao tentar explicar como faria para separar seus interesses na mídia, como proprietário dos três maiores canais comerciais de TV, de suas ambições políticas. O artigo ainda afirma que Berlusconi não serve para liderar o país.

O editorial causou uma tempestade política na Itália, e dominou as primeiras páginas de todos os jornais italianos na sexta-feira. Faltam apenas duas semanas para as eleições gerais no país, e a coalizão de esquerda começou a se aproximar de Berlusconi, líder do bloco de centro-direita, nas últimas pesquisas. O bloco estaria com 36%, segundo dados do jornal L?Expresso, e os esquerdistas, liderados pelo prefeito de Roma, Francesco Rutelli, teriam 32% dos votos ? mais que os 27 % da semana anterior. Diante dos resultados, Berlusconi deve precisar do apoio do partido de extrema direita, Liga do Norte, para ganhar o controle do Parlamento.

No entanto, mais de um terço dos eleitores ainda está indeciso. Um estudo mostrou que muitos italianos decidem seu voto nos últimos 10 dias da campanha, e a guerra contra a Economist acontece num momento crucial para Berlusconi.

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