Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Agência Estado

ASPAS

CAETANO & SIMONE

"O que Caetano, de fato, disse", copyright Agência Estado , 30/06/01

"Na entrevista publicada esta semana, Caetano critica a gravação de Simone da música Lenha, de Zeca Baleiro. Veja a transcrição completa da resposta de Caetano à pergunta do repórter

São Paulo – Por uma falha de edição de nossa responsabilidade, a síntese de um trecho da entrevista de Caetano Veloso foi publicado fora do contexto em que ele realmente se expressou. O trecho estava na seqüência da seguinte pergunta:

O que você tem escutado de melhor e de pior?

Caetano Veloso – ?Um sujeito educado e maduro deve agir como Chico Buarque; não dar palpite sobre o trabalho dos outros. Como não sou educado ou maduro, falo mesmo. Shows que adorei foram do Nação Zumbi, o do Tom Zé e o do Lulu Santos. O disco da Rebecca da Mata é muito bacana?.

E de ruim?

Como resposta a essa pergunta, a frase publicada foi:

Caetano – ?Quer que eu diga mesmo? Bom, odeio esta música que o Zeca Baleiro fez que fala de lenha, sei lá o que… (Lenha). A Simone gravou e ficou mais horrível. Ele cantando é suportável, mas com ela é horrendo. Pronto, falei?.

O trecho integral, conforme transcrição da fita onde foi gravada a entrevista, é o seguinte:

Caetano veloso- ?Tem coisas que eu ouço e não gosto. Posso lhe dizer. Eu gosto do Zeca Baleiro, eu adoro a música que se chama Bandeira, adoro aquilo, ele canta bem. Mas eu odeio esta música que fala ?a lenha, não sei o quê…? que Simone gravou e ele também gravou (Caetano canta ?o que quer dizer, eu não sei dizer, o que quer dizer, o que eu vou dizer…?) Qual é o nome desta música? E a Simone eu acho muito boa cantora. Quer ver uma injustiça que aconteceu? O disco da Simone com músicas do Martinho da Vila eu acho divino, divino, ninguém disse nada, ninguém disse nada, entendeu? Ficou, finge que não é nada. Aquilo é divino. O repertório dele fez bem a ela – aquele disco é de eu botar em casa, sozinho de tanto que eu gostei – e ela fez bem ao repertório dele. Ela deu clareza àquelas composições, é lindo. E foi um projeto pensado pela gravadora de uma cantora que cantaria um autor, combinado, não sei como foi, mas é lindo, é maravilhoso o resultado. E ela é uma grande cantora, muito boa, eu adoro. Uma voz muito bonita e que faz muito bem.

E este disco é um grande disco. Mas ela cantando Lenha…, a gravação do Zeca é mais… é uma música chata, mas é mais agüentável. Mas a da Simone é insuportável. Então, tô dizendo isso porque, porque eu não tenho educação. Ao mesmo tempo estou dizendo que amo estas pessoas. Por mil outras coisas que elas são e fazem e coisas, como no caso do disco da Simone, que não foram sequer reconhecidas pela crítica. Imerecidamente, porque foi um grande disco.?

?Mas essas coisas às vezes também mudam. Por isso que o Chico Buarque está certo de ficar calado. Quando saiu o disco Luz, do Djavan, que foi um dos discos que eu mais adorei na minha vida, eu adoro o Djavan, saiu o disco e eu achei o disco o máximo. Mas uma música que chama, é…, Pétala, eu não gostei na época e disse isso a Djavan. Mas passou um tempo e eu me apaixonei pela música. Então estou dizendo que estas coisas mudam?."

"Caetano tem o mesmo castigo que o Vaticano impôs a Boff", copyright Cidade Biz, 2/07/01

"O cantor Caetano Veloso foi desautorizado a dar entrevistas. A ordem é de Paula Lavigne – agindo mais como empresária dele do que como mulher.

Caetano tem show em cartaz em São Paulo e entrevistas à imprensa fazem parte do rito de divulgação de um evento musical desse porte. De mais a mais, Caetano é do tipo que comprar brigas e faz a delícia da imprensa.

O problema é que disposto a comprar brigas o bom baiano continua – mas a patroa obriga-o posteriormente a se desmentir.

Paula Lavigne é hoje dona de uma imponente produtora que também é gravadora de discos, a Natasha. Cada vez que a língua de Caetano coça-se para criticar um, digamos, Zeca Baleiro ou uma Simone, Paula entra em campo para limpar a barra de um eventual cliente."

ANTI-SEMITISMO

Anti-semitismo – ?Sempre que ouço dizer que a Folha tem uma tendência anti-semita, contesto, dizendo não concordar com a afirmação. Mas, quando leio algo que vai nessa linha e sei que passou pelo chefe de edição, fico triste e penso até em cancelar minha assinatura. No domingo passado (24/6), no caderno TV Folha, na apresentação da entrevista com o ator David Duchovny (pág. 4), ficou muito claro que a Folha não sabe -ou não quer saber- que ser judeu não é uma nacionalidade e que ser escocês não implica que não se possa ser judeu -ficamos sem saber a nacionalidade do pai de David e a religião de sua mãe. O ?ser judeu? referido pela apresentação mostrou um típico ar de racismo ou de diferença, coisa que nunca poderia acontecer em um jornal de grande circulação, de renome e de influência.? Daniel Uram (Rio de Janeiro, RJ)

Resposta da jornalista Milly Lacombe – Não houve intenção de racismo na apresentação da entrevista com David Duchovny, mas sim o propósito de resumir os comentários do ator sobre suas origens. Ele se definiu como ?meio judeu?, ?filho de um judeu com uma escocesa não judia?. O pai do ator é natural de Nova York, EUA."

    
    
                     

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