ITÁLIA
Giulio Andreotti, ex-primeiro ministro da Itália, foi condenado a 24 anos de prisão por ordenar o assassinato do jornalista Mino Pecorelli, em 1979. O antigo democrata cristão, hoje com 83 anos, teria, segundo o tribunal, conspirado com a máfia para executar o crime. O chefe mafioso Gaetano Badalamenti, já preso nos EUA, recebeu condenação igual à de Andreotti. O fato de os acusados de propriamente matarem Pecorelli serem inocentados ajudou a aumentar a revolta de companheiros do ex-primeiro ministro, que, segundo eles, estaria sendo vítima de perseguição. "Estou sem palavras. A história não pode ir a julgamento", condenou Sergio Dantonioni, outro ex-democrata cristão. O atual líder italiano, Silvio Berlusconi, aproveitou para também se dizer injustiçado na acusação de corrupção que enfrenta em Milão.
O processo contra Andreotti, atualmente senador vitalício, se iniciou com o depoimento de Tommaso Buscetta, líder mafioso que esteve escondido duas vezes no Brasil e primeira figura importante da organização criminosa italiana a quebrar seu código de silêncio. Ele, assim como outros criminosos, revelou que Pecorelli, então editor do Osservatore Politico, planejava publicar denúncias contra o primeiro ministro quando foi morto. O assunto teria a ver com o seqüestro e assassinato do presidente do Partido Democrata Cristão, Aldo Moro, pelas Brigadas Vermelhas, grupos de guerrilha de extrema esquerda ativos na Itália na década de 1970. Pecorelli tinha ligações com o serviço secreto italiano e o artigo que publicaria poderia, supostamente, ter acabado com a carreira política de Andreotti, alvo recorrente de suas denúncias de corrupção. Segundo The Guardian, [18/11/02], o político poderá recorrer e só será preso se o recurso for negado.