Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Antonio Brasil

TV / EUA

“O primeiro furacão você nunca esquece”, copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 19/09/03

“?What a mess!?, ?Que Confusão! ou em tradução mais livre, ?Que M…?. Para mim, essa foi a melhor manchete da semana aqui nos EUA. Foi divulgada pelo site da NBC em conjunto com a Microsoft, o MSNBC. Durante os últimos dias, a mídia americana só falava nas ameaças da terrível ?Isabel? – para quem não sabe, todo o furacão nos EUA tem tradicionalmente o nome de mulher. Freud talvez explique o preconceito. O furacão estava a caminho da costa leste e prometia muita destruição. Mas para as TVs americanas, furacão significa coberturas espetaculares, shows de imagens, repórteres enfrentando as intempéries e altos índices de audiência. Os americanos têm obsessão pelo tempo e levam muito a sério as notícias sobre a previsão do tempo. E quando existe a ameaça de um furacão atingir o território americano, o interesse aumenta e não se fala em outra coisa.

Por outro lado, as autoridades também se preparam para enfrentar os desastres inevitáveis. Esses preparativos também são avaliados e comentados com grande profundidade pelos jornalistas especializados em meteorologia e política. Ninguém perdoa um político ou administrador que não faca um bom trabalho. Dessa vez, não faltaram comentários maldosos em relação ao próprio presidente Bush. Diante da ameaça de fechamento dos aeroportos, ele resolve sair de fininho e ?enforcar? a sexta-feira. Embarcou com a família para o seu ?esconderijo? de final de semana em Camp David. Pelo jeito, não é só em Brasília que político esperto arranja qualquer motivo para fugir do trabalho ou da capital.

Imaginem se tivéssemos furacões!

Mas, para mim, foi emocionante. Acompanhei o furacão durante toda a noite pela janela e pela TV. É bem verdade que ao chegar à costa leste americana, Isabel já estava mais calma. Com ventos que ainda alcançavam 55 kms p/hr, foi rebaixada a condição de mera ?tempestade tropical?.

Mas mesmo assim, segundo a CNN, (ver cobertura em aqui), Isabel matou 16 pessoas, destruiu milhares de residências, causou enormes inundações em diversas cidades da costa leste, fechou aeroportos, inclusive o da capital Washington (sábio presidente Bush) e deixou cerca de 4,5 milhões de americanos sem eletricidade. O estrago foi grande, inclusive aqui na universidade onde trabalho em Nova Jersey. Apesar da correria dos americanos, vários prédios ainda estão sem eletricidade.

Mas nada supera a profusão de imagens das redes de TV. Tem de tudo. Cidades inundadas, grandes barcos lançados à distância e o mais emocionante, diversos jornalistas de TV pagando sempre o maior ?mico? para mostrar ao público americano os perigos de um furacão, e tudo ao vivo. Os intrépidos jornalistas de TV fazem questão de mostrar que não têm medo de nada e que fazem qualquer coisa para trazer a melhor cobertura jornalística, custe o que custar. Com roupas coloridas e extravagantes, enfrentando ventos fortíssimos, muita chuva e tendo até mesmo que se segurar em postes para não sair por aí voando, esses jornalista também dizem muita bobagem. Ainda bem que mal conseguimos ouvir o que dizem. Aos berros, gritam frases desconexas que ninguém se importa por não entender. O importante é mostrar como é difícil a vida de jornalista de TV. E pensar que ainda tem muito estudante desesperado, em busca de um ? televidão?. Mal sabem eles, em verdade, como é dura a vida dos jornalistas de TV, principalmente quando a pauta é… furacão!

A competição pela melhor cobertura jornalística do furacão Isabel entre as redes de TV é quase tão violenta quanto o próprio poder de destruição desses fenômenos da natureza. Mas todo mundo adora ver desastre pela TV. De qualquer maneira, pessoalmente, gostei muito da cobertura da CNN. Seus repórteres estavam em quase todos os lugares, conseguiram manter uma certa ?compostura? diante do desastre e caso vocês queiram conferir as condições de trabalho dos nossos colegas americanos é só clicar aqui.

Mas nada supera a seriedade e profundidade da cobertura dos especialistas, o Weather Channel, (ver aqui). Eles obviamente sabem tudo de meteorologia. Produzem um excelente trabalho durante o ano inteiro e quando chega uma mega notícia como o furacão Isabel, eles estão preparados, sabem sobre o que falam e fornecem informações precisas. Nessas ocasiões, o Weather Channel, uma rede de TV a cabo com um ótimo site de notícias, deu um verdadeiro banho nas grandes redes de TV americanas ou sites de notícias.

E para aqueles que adoram ver boas imagens de desastres da natureza, o Weather Channel disponibiliza diversos vídeos no seu site. A boa noticia é que eles ?ainda? não cobram absolutamente nada pelo acesso a essas imagens extraordinárias. Infelizmente, essa não é mais a estratégia dos sites das redes de TV americanas. A ABC News que disponibiliza uma excelente cobertura jornalística pela Internet, inclusive com ótimas imagens ao vivo, alem de matérias mais extensas para os telespectadores que buscam mais conteúdo nas matérias apresentadas pela rede de TV. O problema é que assim como a CNN, a ABC News enfrenta problemas financeiros e resolveu cobrar pelo acesso as imagens.

Pessoalmente, acho uma grande bobagem. É uma medida precipitada que tende a afastar da Internet um público que está acostumado a ver tudo ?de graça? na TV. Ainda temos uma longa trajetória pela frente para convencer ao publico que a Internet com banda larga já é uma alternativa viável a cobertura televisiva. Já podemos ver imagens de boa qualidade pela rede, mas ainda não se tornou um hábito para a grande maioria do público interessado em notícias. Precisamos incentivar o público a buscar melhores alternativas de noticiários na Internet nesse verdadeiro ?furacão? de informações que enfrentamos todos os dias.

Mas apesar da qualidade da cobertura jornalística das TVs americanas e da agilidade dos diversos sites especializados na Internet, devo confessar que ainda nada supera a realidade. O primeiro ?furacão?, visto da sua própria janela, você nunca esquece!”

 

TV BANDEIRANTES

“Band testa ?Na Geral?, do rádio, na TV”, copyright Folha de S. Paulo, 21/09/03

“?Na Geral?, uma das maiores audiências do rádio, transmitido pela Bandeirantes AM e FM, será testado na televisão. A Band fará no próximo mês um piloto (teste) com o programa _uma espécie de mesa-redonda que mistura futebol com ?besteirol?.

Comandado pelo trio Beto Hora, Lélio Teixeira e Zé Paulo, o ?Na Geral? foi criado em 2001 na Brasil 2000 FM e conquistou ouvintes e anunciantes ao comentar futebol com humor. Em fevereiro deste ano, mudou-se para a rádio Bandeirantes.

O programa será adaptado à TV, sem transmissão simultânea no rádio. Poderá ser um diferencial na cobertura das Olimpíadas 2004.

Milhas Manoel Carlos deverá voltar a morar em Nova York com a família em 2004. Depois, se a Globo permitir, o autor de ?Mulheres Apaixonadas? pretende passar um ano morando em Lisboa, para viajar por toda a Europa.

Capítulo Maneco não quer mais fazer novelas, só séries. Mas a Globo deve tentar convencer o autor, com contrato até 2008, a escrever pelo menos mais uma para as oito. E ele diz: ?Posso garantir que ninguém sairá ferido?.

Disco O programa ?Música Brasileira? (Multishow) vai ser editado em dois DVDs. Um deles será MPB, com Sandra de Sá, Ira!, Jair Rodrigues, entre outros. O outro, de soul e samba, com Tom Zé, Max de Castro, Pedro Mariano e cia.”

 

GNT FEMININA

“GNT mira mulheres para perder ?sisudez?”, copyright Folha de S. Paulo, 21/09/03

“Basta escolher. Há a moderna, a despojada, a louca, a loura, a veterana, a ríspida e quem mais você puder imaginar. A partir deste mês, o canal GNT reformula sua programação para dar vazão a todas as facetas possíveis de sua maior audiência: as mulheres.

?Elas são 60% do nosso público, e 80% de nosso rendimento publicitário vêm das mulheres?, diz Daniel Conti, 30, gerente de marketing do GNT. ?A idéia é que o canal seja mais focado, perca o caráter um tanto sisudo e dê mais espaço ao entretenimento.?

O programa que melhor sinaliza as mudanças é ?Armazém 41?, que estréia amanhã. Revista eletrônica apresentada pelo ator Frederico Lessa e pela locutora Daniela Mel, a atração é formada por esquetes de cinco a oito minutos diários sobre temas como sexo, dinheiro, cosméticos e saúde.

Segunda é dia do esquete ?Sem Controle?, com o humorista Marcelo Madureira e o jornalista Arthur Dapieve, que vão fazer comentários irônicos sobre a programação do próprio canal.

?Telefone sem Fio?, às terças, será uma espécie de estréia do 02 Neurônio -das colunistas da Folha Nina Lemos, Raq Affonso e Jô Hallack- na TV. A partir de conversas telefônicas simuladas, elas vão falar sobre questões que apavoram ou alegram as mulheres.

Hoje estréia o primeiro programa de ?Companhia Ilimitada?, que está previsto para se tornar uma série. Exemplos de relações que deram certo -sejam elas amorosas ou profissionais- serão abordadas na atração. O casal de músicos Rita Lee e Roberto de Carvalho abre a série. Já ?+ D? (sábado) enfoca arquitetura e design, com a apresentação de Chris Nicklas e Cristina Brasil. Completam o pacote do GNT séries estrangeiras sobre sexo e culinária.

NOVA PROGRAMAÇÃO DO CANAL GNT. Estréias: ?+ D? (sáb., às 21h30); ?Armazém 41? (de seg. a sex., às 22h30); ?Companhia Ilimitada? (hoje, às 21h); ?Confissões Sexuais? (sex., à 0h30); ?Falando de Sexo com Sue Johanson? (hoje, à 0h); ?Receitas de Nigella? (qua., às 19h30); ?Sex TV? (sáb., à 0h30) e ?Truques de Olivier? (ter., às 19h30).”

 

TV VANGUARDA

“Boni aposta no regional em lançamento de emissora”, copyright Folha de S. Paulo, 22/09/03

“A globalização versus a regionalização. É apostando na necessidade desse confronto de interesses que José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, inaugurou oficialmente no sábado a TV Vanguarda Taubaté, no ar há um mês.

Quando foram abertas licitações para algumas emissoras do Estado, Boni diz ter se identificado com a região de Taubaté, enquanto já negociava com a Globo a compra da filiada de São José dos Campos, no ar há 15 anos.

?Não entrei como sócio, apenas como ?palpiteiro-mor?, já que as ações pertencem aos meus filhos, e a Globo exige fidelidade de seus sócios. Preferi ficar livre, caso apareça outra oportunidade de criar uma outra rede regional independente da Globo?, explica.

Para Boni, que vê a globalização como uma ?ameaça?, a regionalização de uma programação de TV nada mais é do que reação.

?O caminho é fazer televisões mais despojadas, locais, que falem com a comunidade. A TV brasileira não está perdida: está engessada e depende de um único produtor de conteúdo que é a Globo.?

Se a globalização impede, de alguma maneira, o regional, a proposta da Rede Vanguarda é apostar na capacidade criativa do Brasil, dando maior autonomia diante das TVs por assinatura.

?Por ser uma emissora experimental, ficará distante daquilo que nós chamamos de hábito. O único hábito que nós temos que cultivar aqui é o da informação, direcionada para quem está por perto?, completa Boni.

A primeira parte dos investimentos está voltada para a expansão das emissoras, que atingirão 46 cidades da região do Vale do Paraíba, Bragantina, serra da Mantiqueira e litoral norte.

Os investimentos na área de conteúdo devem sair a partir de janeiro. Boni propõe a produção de dramaturgia nos estúdios de universidades locais e a realização de um festival de música, em parceria com Solano Ribeiro. A própria Globo poderá testar ali programas, produtos e comerciais.

A prioridade é para o jornalismo local, e, segundo J.B. de Oliveira, o diretor da Globo Boninho, a idéia é explorar os espaços alternativos. ?Vamos entrar nas brechas, em horários nobres como o após o ?Fantástico?, o horário depois do ?Programa do Jô, toda a manhã de sábado, além de alguns horários no domingo?, diz.

Crítica

Estavam presentes na solenidade de inaugura&ccedilccedil;ão da TV Vanguarda o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o ministro das Comunicações, Miro Teixeira, para quem ?a combinação de rede nacional com produção local vai salvar o conteúdo brasileiro?.

Sobre os últimos acontecimentos envolvendo uma suposta entrevista de membros da facção criminosa PCC, no ?Domingo Legal? (SBT), apresentado por Gugu Liberato, o ministro das Comunicações disse estar, pessoalmente, estarrecido. ?Não conheço precedente tão grave que tenha sido tão facilmente comprovado. Acredito que, pela primeira vez, houve uma demonstração tão grande da deformação da verdade ou da prática ou aproveitamento da mentira?, disse.

Segundo ele, o ministério instaurou um processo, devido à gravidade dos fatos, e Gugu terá um prazo de defesa de dez dias a partir de sua notificação.

A respeito do mesmo tema, Boni falou: ?A televisão brasileira já cometeu alguns deslizes e passou por momento difíceis como este. Não tenho uma opinião formada sobre o assunto, mas a falsificação de uma notícia é inaceitável. Não admito nem falsificar pegadinha, quanto mais notícia?.”

 

GUERRILHA

“?Guerrilha? propõe política e ação para jovens”, copyright Folha de S. Paulo, 22/09/03

“A proposta é incentivar jovens a romper com o imobilismo, dizem os realizadores.

?Guerrilha?, novo programa da Cultura voltado para o mundo juvenil, tem proposta. É cabeçoso, tem um quê de ONG, de brigada voluntária, de identidade, de cyberativismo, de flash mob… Tem tudo para ser bem chato. Mas não é.

A apresentadora, Anelis Assumpção, é um encanto radical de moça -só para lembrar o nome daquela velha coleção de livrinhos da Brasiliense, memória afetiva da safra de jovens dos 80.

Boa também a idéia dos quatro repórteres andarem em bando, vozes da rua. Tanto no auditório quanto nas externas, a sensação é a de que todo mundo está brincando de fazer TV. Mais um ponto a favor.

No primeiro programa era dispensável a justificativa moralista do título: ?Mas Essa Guerrilha Aqui É por uma Boa Causa?. Como se outras guerrilhas fossem feitas obrigatoriamente para o desastre da humanidade. Merece o desconto, pois estréia é sempre um salve-se quem puder. A banda Makumbacyber cuidou de animar o terreiro.

?Qual a Sua Bandeira?? era o segundo programa, que tem a parceria do Itaú Cultural, entrando no ar. Anelis, filha de Itamar Assumpção (morto em junho), deusa de um certo subúrbio chique que só tem em SP, já estava bem à vontade. Com poder, elegância e verbo para segurar o tranco.

Jards Macalé, de convidado, a palo seco, mandou ver com ?Positivismo?, de Noel Rosa e Orestes Barbosa. Os versos dizem mais ou menos assim: ?O amor vem por princípio/ a ordem por base/ o progresso é que deve vim por fim…/ Desprezastes essa lei de Augusto Comte/ e foste ser feliz longe de mim?.

Macalé tem proposta: amor, ordem e progresso na bandeira brasileira. Provoca o Congresso para votar sua emenda. ?Quem tirou o amor da bandeira brasileira??.

?Guerrilha? não chega ainda a ser assim um ?Buzzina?, que se tornou um excelente programa, tesouro da juventude by Cazé, na MTV, mas se junta a este na baderna -agora é a vez de lembrar a coleção atual da editora Con- rad- que os jovens ainda podem fazer.

Como os baianos que abaixaram recentemente, no grito, os preços das passagens na cidade de Salvador. Salve o eterno retorno: nostalgia 68 na alta fervura do dendê.

Guerrilha

Quando: aos domingos, às 17h30, na TV Cultura”