Thursday, 02 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Baixaria eleitoral: mídia cabocla sofre do Complexo Lewinsky (* denuncismo primário, * fofoquismo solerte, * desmentidos, idem)

 

A

mídia quer esquentar a campanha eleitoral. E escolheu a mais perniciosa maneira: procurando fazer barulho a todo custo, espalhando lama no ventilador. Tudo em nome da “independência” e “neutralidade”.

Estão tentando adotar na cobertura política o mesmo esquema da longuíssima Farra da Copa: se não há fatos relevantes, inventa-se. As laranjadas produzidas nos intervalos dos jogos do Brasil, agora repetem-se na disputa eleitoral. Convém recordar: quando chegou a hora de cobrir o fato mais importante do Mundial ninguém estava na concentração para contar – foram todos ao jogo final.

As denúncias do Jornal da Band envolvendo as finanças pessoais do candidato Lula da Silva são simplesmente repulsivas. Já o dissemos aqui: Luís Inácio da Silva é um ícone nacional e internacional, sua biografia exige respeito. Sobretudo por parte daqueles que se opõem às suas idéias. Lula não pode ser tratado como um Paulo Maluf. Querer apresentá-lo como trambiqueiro e fechar os olhos para as falcatruas de que Maluf é acusado, é repulsivo.

A manobra não aconteceu por acaso: ensaia-se há algum tempo uma ofensiva na vida privada de outros candidatos. Seria a compensação, prova de “isenção”, “eqüidistância”. Tem sido ensaiada por IstoÉ, foi tentada no Rio pelos velhos corvos de plantão na rua do Lavradio (Tribuna da Imprensa). E mesmo o protesto mezzo indignado de um colunista da Folha (10/8/98, p.2) teve a mesma sonoridade daquela capa de Veja onde, a pretexto de desmentir os boatos que destruíam a família de Glória Pires, magnificou-se amplamente o âmbito das aleivosias.

A mídia brasileira parece disposta a perder o resto da compostura. E credibilidade. O farisaísmo tornou-se endêmico. A lei do vale-tudo está começando a valer.