Friday, 11 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1309

Barraco na sessão da tarde

CLAUDETE TROIANO vs. JOÃO KLEBER

Marinilda Carvalho

A apresentadora Claudete Troiano, do Note & Anote, programa de culinária, decoração e anúncios caseiros da TV Record, declarou guerra à baixaria na TV. Seu primeiro alvo foi o humorista João Kleber, que comanda show de dramas pessoais na RedeTV!. Os tiros acertaram as modelos bonitas que fazem programas de entrevistas. Claudete era repórter da Rádio Nacional antes de ser contratada pela TV Gazeta/CNT, de onde saiu para o Norte & Anote. Mais do que isso não se sabe: nem do site da apresentadora consta sua biografia.

A tal guerra começou na quarta-feira, 22/5: Claudete entrevistou uma mulher que revelou ter participado de "dramatizações" em shows como os de Ratinho e João Kleber. Contou que num programa de Kleber fingiu ser uma mãe que sofria com a homossexualidade do filho ? enquanto ela falava, eram mostradas as imagens em que contracenava com o suposto filho. Contou que na vida real é mãe de um delegado de polícia e um engenheiro ? que ficara revoltado com a "dramatização" por temer que as suspeitas de homossexualismo recaíssem sobre ele.

Na quinta-feira, Claudete convidou o jornalista Mauro Gomes e o radialista Paulo Barbosa para que comentassem o baixo nível dos programas que exploram a miséria humana. Em tom comedido, os três execraram a falta de ética desses shows. Claudete aproveitou para condenar a contratação de "gostosonas" para o papel de jornalistas. "Quem perde é o público", repetia ela. Ao fundo, as cenas produzidas por Kleber eram repetidamente exibidas.

O trio de novíssimos observadores da TV foi interrompido pelo telefonema de uma funcionária da agência de modelos que tem contrato com o rapaz que representou o filho "homossexual" na encenação. "Excelente profissional, está há tempos conosco." Claudete não podia acreditar na própria sorte. A farsa estava duplamente exposta: mãe e filho eram atores contratados pela produção de João Kleber! Nem em roteiro de novela.

No programa de Kleber, o barraco estava armado. Arfante, apoplético, o humorista denunciava a "falta de ética" de Claudete, jurava vingança e processo na Justiça e conclamava a categoria a lhe dar apoio. Sacudindo em frente à câmera um papel, gritava: "Teu passado taqui! Te prepara! O Brasil vai conhecer a tua história! Você faltou à ética! Não vai ter apoio de nenhum apresentador de TV do Brasil! Você se meteu com quem é mais forte que você! Te prepara!"

Ao fim e ao cabo do programa, não contou "história"
alguma. Pediu socorro a José Luís Datena, que o sucedia
na programação, à frente de um show de polícia
e violência: "Vai, Datena, meu amigão, eu sei
que você já passou por isso também." Foi
solenemente ignorado. Era barraco demais para Datena, afinal ele
só conseguiu seu registro de jornalista profissional em 2000.
Sob protestos, como soubemos aqui mesmo no Observatório
pela carta de Paulo Fernando Flamínio Peres, de São
José do Rio Pardo, SP (leia
em http://www.teste.observatoriodaimprensa.com.br/caixa/cp211120011.htm)
.

O Observatório, barracos à parte, dá às boas-vidas à crítica da TV comercial na própria TV comercial.