Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Burras vazias, burradas à solta

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O maior anunciante brasileiro está apertado e os seus clientes estão aflitos. O governo (suas empresas e serviços) trancou os guichês, a mídia está com a língua de fora e o pires na mão. Além da falta de grana, o Executivo reexamina sua estratégia de comunicação e o sistema de licitação para a escolha das agências de publicidade que distribuirão as verbas [para assinantes do conteúdo do provedor UOL, ver artigo de Fernando Rodrigues, em

Compreende-se a necessidade de comprimir gastos, entende-se que uma nova equipe prefira adotar seus próprios procedimentos, mas o que merece séria atenção dos setores competentes são os vazamentos "informais" de verbas. E de nítido teor político.

A Petrobras, maior empresa do país, responsável por um admirável programa cultural e uma rigorosa política de publicidade e propaganda, não pode ser contaminada pelos perigosos critérios do "aos amigos, tudo". Foge aos seus objetivos como empresa que visa crescimento e lucros, compromete a indispensável eqüidistância de uma empresa pública.

 

AGRONEGÓCIO

O agronegócio é a nossa principal fonte de exportações ? representa 29% do PIB. Como diz a revista Época num inspirado título, é "A salvação da lavoura" (edição de 28/4, págs. 54-61).

Começamos a colher uma safra recorde de grãos e, neste momento (de 28/4 a 3/5), realiza-se em Ribeirão Preto, capital agrícola do país, a 10? edição do Agrishow. Tudo indica que será o maior evento comercial de todos os tempos, maior ainda do que o Carnaval carioca, com efeitos multiplicadores imensuráveis.

Os dois jornalões de São Paulo publicaram no domingo (27/4) e segunda (28) cadernos especiais ? pagos pelos organizadores ? para lembrar a importância do evento. Mas os pauteiros, inclusive da área econômica, esqueceram de avisar os leitores. Nenhuma linha a respeito da grande exposição agrícola que interessa não apenas aos fazendeiros, agricultores e especialistas, mas interessa muitíssimo aos leitores ligados à realidade do país. No próprio semanário da Editora Globo, apesar das 7 páginas sobre a nossa revolução verde, nenhuma referência ao Agrishow.

Se o evento fosse no Texas, as agências mandariam matérias e os jornais se mexeriam. Se al-Jazira anunciasse que o Brasil está batendo a superpotência americana na exportação de soja, o Agrishow mereceria uma notinha na página internacional.

Mas na capital paulista, a 319 quilômetros de Ribeirão, nossos dinossauros só se movimentam estimulados pelos releases. Ou matéria paga. É mais um caso de letargia urbana (ou suburbana).

Em tempo

O noticiário só apareceu na terça-feira (29/4), graças a presença do ministro da Agricultura no Agrishow, onde fez um pronunciamento

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