Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Censura!

Edição de Marinilda Carvalho

O leitor – de todos os tiranos, o único digno de respeito e atenção – está conquistando mais e mais espaços no OBSERVATÓRIO. À semelhança dos vizinhos invasores de Cortázar, suas cartas ocupam pouco a pouco outras rubricas do O.I., como o Dossiê Eleições 4, que faz o rescaldo do segundo turno, o Dossiê Crise nas Empresas, que abriga as três mensagens mais polêmicas, e do recente Observatório Literário, inaugurado pelo escritor Esdras do Nascimento na edição de 20/10 – e que já provocou réplica!

Não pensem contudo que o Caderno do Leitor ficou sem recheio. O crème de la crème continua aqui, com dois dos assuntos mais candentes dos últimos tempos: o comportamento da TV Bandeirantes no debate final entre Covas e Maluf e a censura imposta pela Folha de S. Paulo ao artigo de Dines que deveria ter sido publicado no dia 24/10 – mas não foi.

Não dá pra não ler!

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Clique sobre o texto sublinhado para ler a íntegra da mensagem

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Nos últimos três meses, conheci três casos de manifestações de pensamento barradas. Dois aconteceram com o professor de português e jornalista Hélio Consolaro, que escreve coluna no jornal Folha da Região, em Araçatuba, SP. Também nesta semana veio à tona a censura interposta a Alberto Dines. Pior do que o caso de Consolaro, porque pelo menos este teve suas crônicas publicadas. Francisco Siqueira

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A ABO tomou posição em relação ao lamentável episódio de censura que Alberto Dines sofreu de parte da Folha de S. Paulo. [ver nota oficial no Dossiê Censura].

Vera Ramos, diretora da ABO

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Quando teremos disponível o texto que a Folha impediu que fosse publicado, às vésperas do segundo turno paulista?

José Luiz Guimarães, Assis, SP

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Voltando de viagem e lendo os jornais acumulados durante as últimas quatro semanas, fiquei sabendo de um episódio de censura que teria atingido Alberto Dines. Artigo na FSP do dia 31 de outubro parece fazer menção a esse fato. Contudo, não localizei o texto no OBSERVATÓRIO. Poderia ajudar-me a encontrá-lo?

Luiz Paulo Labriola, São Paulo, SP

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O jornal O Povo, de Fortaleza, em sua edição de 25/10, revela que não publicou o artigo do jornalista Alberto Dines, censurado pelo jornal Folha de S. Paulo e, conseqüentemente, não distribuído a outros jornais. A nota diz que a informação foi dada pelo próprio jornalista Alberto Dines. Quero saber por que o artigo censurado não está publicado neste site do OBSERVATÓRIO. Censura também?

Angela Borges

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Não conseguimos encontrar no site do OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA a coluna do Alberto Dines, cuja publicação foi vetada pela Folha. Dines havia dito em sua coluna, logo após o episódio, que o texto estaria disponível no site para leitura e discussão. Gostaria de saber onde posso encontrar o tal texto.

José Benedito da Silva, Diário de Bauru

Nota do O.I.: Amigos, o O. I. é quinzenal, publicado nos dias 5 e 20 do mês. O artigo de Alberto Dines está no Dossiê Censura, desta edição. E o O.I. só censura propaganda nazista, ou pedófila, ou de crimes em geral. E palavrão muito forte…. :-)))

Gostaria de fazer um comentário sobre a situação do SBT. Era um projeto altamente revolucionário no planejamento, mas que afundou na execução. O primeiro ponto louvável é que é um sistema, em oposição à rede, da Globo. Esta é centrífuga, está estruturada em produção central que se expande por todo o país. Já o sistema é orientado pela periferia, o que representa um modo diferente de se fazer televisão nacional. Eduardo Refkalefsky

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Leio no OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA a importante discussão a respeito da crise nas empresas jornalísticas. Observo, como participante ativo, um outro tipo de darwinismo, este de macacos-pequenos: os jornalistas que entram no mercado de trabalho agora, que se digladiam feito primitivos por um lugar à página. Tenho pena de mim mesmo quando penso sobre este assunto. Porque, o que é o jornalista, ou aspirante a, hoje, caro leitor, se não mero executivo da informação? Um engravatado com as mãos sujas de tinta do papel jornal? Paulo Polzonoff Jr.

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Realmente, acho que a Abril saiu da negociação com a Gazeta depois de ver os buracos de nosso mais importante jornal de economia e finanças que, como Dines bem diz, cobra e cobra o governo pelo ajuste fiscal. Macaco, mostra teu rabo… Severino Goes

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Parabéns a Dines, Fritz e Nahum! Nesta altura do campeonato, a leitura destes artigos sobre a mídia refresca e revigora.

O OBSERVATÓRIO NA TV está com um cenário muito pobre. Sei que a TVE não dá recursos, mas com bom gosto e inteligência dá pra melhorar. Bola pra frente.

Henrique Veltman

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Parabenizo-os pelos excelentes artigos e, principalmente, pelo alto nível dos colaboradores. Felizmente vocês acreditam que para realizar um trabalho de qualidade é necessário, acima de tudo, ter bons profissionais. Vocês são realmente diferentes de alguns empresários da comunicação. Obrigada pela atenção e por colaborar para minha formação profissional.

Rita Mucci

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O OBSERVATÓRIO tem papel importante na imprensa brasileira. O de levar a público o que acontece no jornalismo de nosso país. Muitas coisas não são ditas ou escritas nos órgãos de comunicação, por isso o OBSERVATÓRIO é uma “janela” de informação para todo o público. Uma dúvida que tenho é com relação à opinião pública e seu uso pelos chamados “formadores de opinião” em nosso país. Por que pessoas ”influentes e conhecidas” conseguem, com suas opiniões, modificar os conceitos de diversas pessoas sobre determinado assunto? Por que a chamada ”agenda-setting” e a “espiral do silêncio”, de alguma maneira, se relacionam com esse processo?

Emerson Monteiro Pelógia, aluno do 1? ano de Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero

Nota do O.I.: Ver artigo de Mauro Malin no Dossiê Crise nos Jornais.

Prezado Senhor Alberto Dines,

Tenho profunda admiração por sua biografia. Posso dizer que minha atuação jornalística, tanto quanto permite o meu limitado QI, tem se pautado por valores que aprendi no Jornal da Cesta, O papel do Jornal e, mais recentemente, no OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA.

Não é incomum o ídolo decepcionar o fã. Foi o que aconteceu após a leitura da nota A Band Malufou! no Observatório. Participei do debate na condição de representante da Rádio Bandeirantes. Conversei com todos os diretores e donos da emissora nos dias e horas que antecederam o encontro. Eles sequer tiveram a curiosidade de saber qual pergunta, tema ou coisa parecida. Informo também que a claque covista era muito barulhenta. Eu estava sentado perto deles e posso dar o meu testemunho de repórter.

A análise sobre o desempenho do mediador não pode ser confundida com ato deliberado da empresa para beneficiar este ou aquele candidato.

Quanto a José Paulo de Andrade, confesso minha ignorância em relação às suas preferências políticas. Sei tratar-se de são-paulino roxo. Confesso, inclusive, que nossas opiniões não batem. Reconheço em Zé Paulo, contudo, uma franqueza rara nos dias de hoje. Suas opiniões, reações, são movidas pela honestidade, e não para ser simpático a este ou aquele. Conheço vários colegas que professam simpatia por outros candidatos. Não vi observação semelhante no seu OBSERVATÓRIO. É vocação ou patrulha?

Entrevistamos ao final do debate todos os personagens, inclusive Duda Mendonça (aqui, uma observação: não é grosseiro tratá-lo de “Goebbels de Maluf”?). No dia seguinte, o 21 trouxe Nelson Brondi e Oswaldo Martins para debate. Na Rádio Bandeirantes, toda informação sobre uma candidatura só entra imediatamente seguida por informação de outro, com o mesmo tempo.

Para encerrar, lamento que em espaço tão curto o meu ídolo Alberto Dines tenha feito o exato oposto do que sua publicação prega. Atenciosamente,

Marcelo Parada, diretor de Jornalismo da Rádio Bandeirantes AM [sem e-mail]

Alberto Dines responde: Dispenso este tipo de “admirador” que recebe uma crítica e investe enfezado contra o “ídolo”. Prefiro tê-lo entre os adversários. Se você concorda que o moderador saiu-se mal, então há de convir que o debate falhou. Ou foi concebido para falhar. Isso é grave numa emissora que diz ter experiência na matéria. Foram justamente esses “deslizes” técnicos que colocaram as sondagens eleitorais sob suspeita. Aliás, isso está dito no editorial que você sequer comentou.

A minha opinião sobre o debate é compartilhada pelo Nelson de Sá (Folha, 19/10, Caderno Eleições, pg. 1), pelo Augusto Nunes (veementíssimo no programa OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA de 20-22/10) e por jornalistas proeminentes no grupo Estadão (cujos nomes não estou autorizado a revelar). A indignação destes foi traduzida pelas reiteradas manchetes do Jornal da Tarde e do Estadão nos dias seguintes, porque o telespectador-eleitor-cidadão foi induzido pelo Duda-Goebbels no fim do programa a acreditar que o vencedor tinha sido o nefasto. Onde já se viu entrevistar o marqueteiro de um dos debatedores antes mesmo que os próprios fossem ouvidos? Ou você, repórter, não reparou nessa aberração ? Parabéns pela acuidade.

Você viu os anúncios de página inteira pagos pela Band para valorizar a lisura na organização do debate? Você acha que ela gastou toda essa grana (que daria para comprar o sonhado teleprompter para a redação do Rio) se não houvesse uma indisposição generalizada nos meios publicitários e políticos contra a organização do debate?

Quanto à alcunha de Duda-Goebbels: você certamente não sabe quem foi o Dr. Joseph Goebbels, o industrial da mentira, proto-marqueteiro. Se soubesse me daria razão: basta ver o que dele tem dito D. Nicéia Pitta e o Dr. Calim Eid, figuras que, mesmo você, jamais chamaria de patrulhadores.

Concluo dizendo que para combater o fascismo não se pode usar luvas de seda. Tem que ser de boxe. A prova disso é a grande frente multipartidária que se armou em São Paulo para enfrentar Paulo Maluf. É a coisa mais bonita que vi desde a campanha das Diretas e da cruzada em favor da candidatura de Tancredo Neves. Nem tudo está perdido, apesar da tua carta. Saudações antifascistas. A.D.

P.S.: Quando desejar dirigir-se ao OBSERVATÓRIO, mande mensagem digitada e endereçada ao endereço genérico.

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Mestre Alberto Dines: surpreso e decepcionado, li seu comentário sobre o debate da Rede Bandeirantes do dia 18/10, que peca pelo que você, mestre reconhecido do jornalismo, sempre prega: apuração. Inicialmente, quanto ao rótulo que me pespegou, de ser simpático a um dos candidatos, é uma afirmação gratuita e desprovida de verdade. Houvesse você acompanhado a entrevista feita no último dia 9, na Rádio Bandeirantes, com o mesmo candidato, e certamente veria que não há nenhuma simpatia (a fita está à sua disposição, para verificar, no tocante ao assunto saúde, o questionamento que lhe foi feito, a respeito da demagógica proposta da Farmácia do Povo, em que ele acabou confessando que não venderia os remédios caros que a justificariam, por requerer pagamento de royalties).

Da mesma forma, o tal Médico de Saúde do programa do candidato do PSDB, se não é uma mentira eleitoral, está longe de ser uma verdade. O tal médico não passa de agente de saúde, despachante de paciente para hospital que tenha vaga, e assim mesmo é uma idéia ainda em implantação, atingindo poucos cidadãos. O povo está cansado dessas enganações. Cada jornalista, naquele debate, tinha direito a fazer uma só pergunta, sobre tema sorteado na hora, entre oito, determinados com as assessorias. Uma pergunta apenas! Coube-me a saúde, e da mesma maneira que reservei a do Médico de Família para o Covas, estava pronto a tratar, no mesmo tom, a da Farmácia do Povo, do Maluf, como fizera na rádio.

Eu posso ser questionado quanto à irreverência com que fiz a pergunta, mas não quanto à minha postura. Quer dizer que você me julgou simpático ao outro candidato só pela única pergunta que, como aos demais jornalistas, me coube fazer? É muito pouco, convenhamos. Na sua opinião, então, eu deveria fazer uma pergunta simpática para o candidato brilhar? Veja que há uma concepção diferente de enfocar o tema 😮 jornalista de rádio e televisão é mais incisivo (para não dizer descomplicado) e direto do que o de jornal, a linguagem dos veículos é diferente, nem por isso ele é menos jornalista. Uma pergunta feita com irreverência ajuda a esquentar a entrevista. Uma das máximas sempre lembradas é de que não existe pergunta indiscreta (ou inconveniente, ou lá o que seja), mas sim resposta comprometedora. E é cutucando que se obtém a verdade.

Quanto às manifestações, ouviram-se dos dois lados. Atrás da bancada em que eu me encontrava, ao lado do companheiro Marcelo Parada, estavam os convidados do PSDB, entre eles o sempre ruidoso José Aníbal, que não se cansou, com vários correligionários tucanos, de gritar e de ironizar o candidato adversário, tanto quanto faziam os do outro lado. É para se repensar a presença de claques, em futuros debates, mas nada que não se possa aprimorar. Afinal, nossa democracia ainda é incipiente.

Com relação à postura da empresa, certamente a direção se incumbirá de responder, mas eu, que participo da vida dela há 35 anos, 17 dos quais como diretor de Jornalismo da Rádio Bandeirantes, só pediria a você para não tirar conclusões simplistas, ditadas por sua paixão política e, portanto, falta de isenção, nessas eleições, e não ter memória curta para não lembrar das posições corajosas e independentes assumidas pelo Jornalismo da Bandeirantes (TV e rádio), durante o período da repressão, e os prejuízos que isso representou, em termos de expansão de rede.

Por último, eu não estou engajado em nenhuma “Frente antiqualquer candidato”, e lamento o julgamento parcial que você me dedicou. Não se esqueça de que eu mediei o debate do primeiro turno, com o respeito e os cumprimentos de todos os candidatos, como já havia acontecido em eleições passadas, desde 1992, sem que por isso tenha merecido uma linha sequer de sua parte.

Mestre, eu o admiro muito, por isso solicito esse Direito de Resposta. Torça, mas não distorça! Saudações jornalísticas!

José Paulo de Andrade

Alberto Dines responde: O telespectador não precisa apurar nada. O telespectador não é jornalista. A minha opinião foi de quem assistiu ao debate. Não o conheço e não tenho obrigação de conhecer o seu currículo ou suas preferências políticas, que merecem todo o respeito. Mas não posso furtar-me de reagir como jornalista e cidadão diante do que rolou no debate e logo em seguida. Repare que não estou sozinho. Queira anotar o que escrevi na resposta ao jornalista Marcelo Parada (o fax dele chegou antes). No último programa do OBSERVATÓRIO, recebemos duas manifestações de telespectadores na mesma linha crítica quanto à organização do debate da Band. Uma delas não li porque infringia certas normas. A outra, muito bem fundamentada, foi lida e provocou reações na mesma direção (que, eventualmente, poderão aparecer no próximo programa).

O processo de observação do desempenho da mídia está definitivamente implantado no Brasil. E os mediadores devem acostumar-se com a existência deste contra-poder. Não sou mestre, sou aluno. Sempre disposto a aprender. A.D.

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No artigo A Band malufou!, não é injusto chamar o publicitário Duda Mendonça de “o Goebbels de Maluf”? Uma revista que se propõe a cobrar maior seriedade da imprensa compara um publicitário a um membro do regime nazista alemão. Por mais que o jornalista não goste da pessoa ou de seus métodos, ele não está cometendo uma injustiça? Gostaria que o OBSERVATÓRIO falasse sobre o próprio UOL, que colocou a seguinte manchete, às 17h, no dia 25 (dia das eleições do segundo turno): “Covas, Garotinho e Itamar reeleitos”. O UOL não obedece a nenhum padrão de ética jornalística? Elabora uma manchete definitiva em cima de uma mera pesquisa de boca-de-urna? Não sei se minhas dúvidas são apenas de um estudante inexperiente ou se a conduta dos meios que citei é imprópria. De qualquer forma, gostaria de discutir melhor essas questões.

Daniel Gallas, estudante de Jornalismo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul/4? semestre

Nota do O.I.: Sobre “Duda-Goebbels” leia, por favor, algumas telas acima, a resposta de Alberto Dines a Marcelo Parada. Quanto ao uso das pesquisas pela mídia queira, por gentileza, acessar o amplo material disponível a respeito nos quatro dossiês sobre as eleições, onde está clara como água limpa a posição deste OBSERVATÓRIO.

As novelas são para a Globo a razão de viver. Ou seja, se o Ratinho não atrapalhasse a Globo, seu programa não estaria fazendo mal ao Brasil. Seria de péssimo mau gosto, mas não seria perseguido e fuzilado. O secretário José Gregori parece ignorar que o emergente que vê novela é praticamente o mesmo que vê o Ratinho, só que ultimamente anda preferindo outras baixarias. Mera escolha entre o real, sem trocadilho, e o fictício. José Rosa Filho

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Que o Ratinho apresenta farsas não há como negar nem condenar. O que eu estranho são as iniciativas para retirá-lo do ar por parte da Justiça. Nunca vi nada igual. Por que só Ratinho é perseguido? Será que ele é o único mal da televisão brasileira? E as manipulações de informação patrocinadas pela Rede Globo de Televisão? Rodney Brocanelli

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Gostaríamos de ter a sua opinião sobre a idéia de criar um conselho estadual e/ou nacional tripartite paritário de controle da mídia. Tripartite por ter representantes do governo, empresários e trabalhadores ou instituições de representação popular. Paritário por ser essa representação igual. Esses conselhos seriam responsáveis pelo controle da ética e da cidadania das programações da TV, e por toda a imprensa escrita, falada e televisada. Seria responsável pelo controle de desvios éticos, morais e sociais da mídia, inclusive responsável por fiscalizar propagandas enganosas.

Paulo César de Paiva, economista, subseção do Dieese

Nota do O.I.: A proposta acima hospeda um problema. Que se condensa numa palavra: “controle”. Eufemismo para censura. Quem me chamou a atenção para isso foi Alberto Dines. (M.M.)

Sou estudante de Jornalismo da Universidade Estadual de Londrina-PR, e li a respeito da Rede Nacional de Observatórios de Imprensa, a RENOI, proposta por Victor Gentilli. Imediatamente sugeri ao departamento do curso que a iniciativa fosse transformada em projeto de pesquisa entre alunos e professores. O pedido foi aceito, mas preciso saber se já existe um referencial metodológico a ser adotado e qual a orientação que o OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA pode prestar. Gostaria que me fosse enviada uma resposta o mais rápido possível, para que a implantação do projeto se dê imediatamente. Achei ótima a idéia de fazer análises da produção jornalística local.

Marcelo Frazão de Barros, 3? ano de JOR-MAT da UEL

Victor Gentilli responde: É com entusiasmo que vemos as adesões à proposta de criação de uma Rede Nacional de Observatórios. A idéia básica foi exposta no artigo divulgado na edição de 5 de julho [ver remissão]. É preciso que as universidades formalizem um convênio com o OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA para iniciar as atividades. De todo modo, apresentamos alguns textos publicados no OBSERVATÓRIO que podem servir como referências iniciais para quem desejar fazer estudos regionais de jornalismo: <www2.uol.com.br/cadernos/do2006a.htm#dos01>, <www2.uol.com.br/artigos/iq050998e.htm>, <www2.uol.com.br/artigos/iq050598e.htm>, <www2.uol.com.br/artigos/jd051097.htm>, <www2.uol.com.br/artigos/iq200698e.htm>.

A proposta da Rede Nacional está no endereço abaixo: </artigos/mat050798a.htm>

Espero contar com a adesão de sua escola. V. G.

A respeito do lançamento da revista Época, na qual mais uma vez se vê a neutralidade das Organizações Globo, como podemos encarar este novo veículo e como podemos qualificar este público, que a priori não é o mesmo de programas como Ratinho Show ou Leão Livre, mas está tão alienado quanto o público destes chamados programas de baixo escalão? Joaquim Marcos

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Enviei o seguinte e-mail à revista Caros Amigos: “Há muito tempo que venho querendo escrever a esta revista, a título de crítica. Desde que puseram Susanna Werner na capa, com seus vulgares olhos azuis. Ou até antes, quando começaram a ficar constrangedoras as manifestações de adoração desmedida ao MST. A bem da verdade, quando da elevação de Stedile à condição de intelectual-mor deste país, fiquei seriamente decepcionado. Não agüentei mais: era hora de dizer alguma coisa. Positivo Es Contábil

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As entrevistas, principalmente com figuras consideradas importantes, são feitas de tal forma que o entrevistado é quem conduz a entrevista. E ao longo das respostas, mesmo que estas estejam recheadas de incoerências e falsas relações, o entrevistador r a r a m e n t e procura pela clareza. Isto é ingenuidade ou é esperteza? Vera Silva

Só gostaria de fazer algumas observações sobre minha escala de valores ao Sr. Rodney Brocanelli, sem querer estender demasiadamente a polêmica sobre a Máfia dos CDs: como comprador quase compulsivo de discos sei que o preço é alto – em muitos casos – absurdo. Sei também que isso é decisivo para tornar a pirataria lucrativa. Só que a pirataria e o preço alto são dois pecados bem diferentes. Um, é crime sujeito às leis.

Carlos Vasconcellos

Só hoje, 24/10, tive oportunidade de ler a nota dos Observadores sobre André Schmidt, nazista e racista. “Nota dos Observadores: Nazista não tem que ter liberdade de expressão. Quem não aprende com a História está condenado a repeti-la. A Constituição é clara: (Art. 5, XLII) ?A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei?. Não existe liberdade absoluta, mas um sistema de liberdades. Na prática, é assim: dê liberdade a um nazista e ele desanda a matar.” É exatamente este tipo de raciocínio que destrói a liberdade de expressão. Alguém julga que “nazista não tem que ter liberdade de expressão”.

Para mim, soa como Hitler dizendo que “judeu não tem que ter direito a nada”. Insisto: se alguém tem poderes para julgar quem pode e quem não pode ter liberdade de expressão, automaticamente passamos a um regime de exceção! Se alguém acredita em disco voador, que tenha liberdade de falar e escrever a respeito. Se alguém acredita que sua raça é superior às demais, que tenha liberdade de falar e escrever a respeito. Cercear esse direito é negar o legítimo direito de expressão! Dizer “dê liberdade a um nazista e ele desanda a matar” soa para mim como “dê liberdade aos escravos e eles desandam a querer direitos”. A Constituição, do jeito que está escrita neste tema, é injusta. A divulgação de idéias, por mais absurdas ou desencontradas que pareçam, deveria ter livre trânsito. A aplicação prática destas idéias é que deveria ser objeto da lei. Assim, eu poderia dizer que acho que todas as duplas sertanejas deveriam ir para o paredón. Dizer OK! Mas fazer, não, pois é contra a lei. Se não for assim, qualquer idéia nova (ou velha e reciclada) pode ser sufocada por ser contra a moral vigente. Insisto: esse nazista assumido simplesmente defendeu suas idéias, que de resto são asquerosas para mim. Mas ele deveria ter direito sim a divulgá-las sem sanções que não uma eventual execração pública, com vaias, apupos etc. na rodoviária. A própria sociedade cobriria o coitado de vergonha. “Quem não aprende com a história está condenado a repeti-la”. Verdade. Stalin sufocou qualquer idéia oposta à dele. Discordar era proibido. Pensar diferente do conjunto de valores vigente à época (conjunto de valores forçado, por sinal) era o caminho para a morte. Qual a diferença da sua nota?

Dá pra lembrar do filme do Milos Forman, O povo contra Larry Flynt, sobre o publisher da revista pornográfica Hustler. O advogado que o defende faz parte de uma organização de defesa de direitos civis, e declara clara e publicamente que não gosta da revista, e que acha o conteúdo um horror, mas defende o direito legítimo de publicar quaisquer idéias. Isso é digno! Pouco importa o juízo de valor que se faz da idéia (e é exatamente isso que vocês estão fazendo), mas ela existe e deve ser respeitada, mesmo que contrarie a moral, os bons costumes, valores éticos etc. etc. etc.

Quanto a “não existe liberdade absoluta, mas um sistema de liberdades”, perfeito. Prego que esse sistema de liberdades libere as pessoas para pensar o que quiserem, conversar sobre o que quiserem, escrever sobre o que quiserem, mesmo que seja contra o conjunto de valores vigente. Prego também que aplicar no plano real essa idéia que contrarie a lei deve ser objeto de processo, prisão e outros quetais. Para mim, vale para tudo, inclusive pornografia infantil. O direito de dizer que se gosta de garotinhos e garotinhas é legítimo (pensar) mas tirar e divulgar fotos de pedofilia é crime (aplicar a idéia). No momento em que alguém passa a julgar o que pode e o que não pode pensar… Ditadura! Esse pode ser um tema bom para debate no O.I.! Em tempo: mesmo discordando de sua nota, considero legítimo seu direito à opinião! Abraços realmente democráticos e humanistas,

Flavio Muller

Nota do O.I.: O leitor insiste em brincar de esconde-esconde. Não vê a diferença entre direito de expressão e direito de pregar extermínio – de judeus, nordestinos, duplas sertanejas ou leitores confusos. Nazista perdeu o direito à liberdade de expressão em todos os países civilizados do mundo porque, no primeiro modelo de sociedade que sua medonha capacidade inventiva lhe permitiu criar, cassou esse direito de quem se atreveu a usá-lo e até a reivindicá-lo – sempre pelo extermínio! Nazista é incapaz de jogar o jogo do direito de expressão: toma a bola de cada oponente que ousa tocá-la e até o extermina. Os judeus nem puderam jogar, eram judeus. O OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA aprendeu a lição da história: além de cumprir a Constituição, não está aqui para dar colher de chá por tabela ao ideário nazista, a pretexto de respeitar pretenso direito de expressão. E, como dono da bola neste espaço, cassa o direito de expressão de nazista. E de quem defende direitos de nazista. M. C.

Esclarecedor e assustador o brilhante artigo de Isak Bejzman – Crianças da rua (e na rua). Prima pela simplicidade do texto e pelo instinto de pesquisa. Nem sempre se lêem artigos tão bem fundamentados na Internet. Parabéns Isak e pessoal do OBSERVATÓRIO.

Em tempo: gostaria de saber se podem fornecer endereços de ONGs que trabalham na recuperação da infância e na luta contra a cola de sapateiro.

Francisco Siqueira, jornalista

Nota do O.I.: Amigos, vamos ajudar o Francisco a ajudar crianças, a mais nobre das causas! Quem conhecer tais ONGs, favor avisar!

Informo que Vidas Lusófonas mudou de servidor. Em conseqüência, também o endereço mudou, foi simplificado, tornou-se óbvio: <www.vidaslusofonas.pt>. Mais informo que em novembro vamos dar alojamento ao cronista Fernão Lopes, ao bandeirante Fernão Dias Pais Leme, ao escultor Soares dos Reis e ao humanista Damião de Gois. É de aproveitar a convivência, pois nesta casa tudo está a acontecer, cada vida, cada conto…

Fernando Correia da Silva, coordenador

Percebo que eflúvios franceses tomaram conta da alma carioca de Sidney Garambone. Gostei muito do furo dele, quase ninguém fala sobre esses assuntos, sobre jornalistas que se acham o próprio Napoleão Bonaparte. É isso, Garamba, vamos deixar de dar furos n`água, vamos furar o balão dos empertigados pseudo-intelectuais-supremos-sabem-tudo. Lugar de repórter é na rua. Abraços paulistanos,

Juca Rodrigues

Roberto Campos (brasileiro?), intelectual que estudou em várias universidades americanas e foi presidente de várias empresas, além de ministro etc. etc. etc., parece que não mora no Brasil. Gleydson P. Albano

A Foto-Riografia News é uma revista de fotografia online que tem a intenção de abordar questões didáticas, assim como mostrar aos fotógrafos o que se produz na área, além de publicar entrevistas com editores de fotografia e pessoas que decidem o que vai ser publicado na área de imagem. Visitem o site em <www.foto-riografia.com.br>.

Ivan Lima

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O Para’iwa – Coletivo de Assessoria e Documentação está estreando na Internet. Somos uma ONG com o objetivo de produzir conhecimento sobre a realidade histórica, geográfica e cultural do estado da Paraíba. Visite o nosso site: <www.paraiwa.com.br>. E dê sua opinião. A equipe do Paraiwa agradece.

Para’iwa

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Edito o jornal Folhão, que circula em municípios da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, e as matérias do OBSERVATÓRIO são extremamente interessantes e merecem que jornais com circulação interiorana possam utilizá-las e dar uma visão melhor aos seus leitores do que é a Imprensa. Tendo tido a oportunidade de trabalhar em 1974 como repórter no JB e sob a “batuta” de um homem como Alberto Dines, considero-me um privilegiado por ter escolhido a profissão e um dia ter sido dirigido por tão ilustre profissional.

O OBSERVATÓRIO acabou sendo um achado não só para mim mas também para outras pessoas que editam publicações pequenas e médias no Brasil, num verdadeiro exercício de sobrevivência, principalmente porque não há uma fiscalização por parte do governo federal no sentido de obrigar Prefeituras e demais órgãos públicos a efetuarem a publicação de seus atos oficiais regular e periodicamente nos jornais locais.

Entretanto, vamos resistindo e buscando meios de solidificar a posição desses jornais, que acabam se transformando numa trincheira de resistência da imprensa brasileira e forma de expressão de sociedades que vivem verdadeiros dramas, muitas vezes sem oportunidade de expor seus problemas e suas aflições.

O sentido deste e-mail é solicitar autorização formal para reprodução das matérias do OBSERVATÓRIO, através de coluna que vamos criar com o título OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA. Um abraço a todos.

Emidio Jorge

Nota do O.I.: Autorização concedida! Costumamos pedir que a fonte seja citada e o conteúdo respeitado, mas com tal título na coluna, seria redundante… :-)))

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Informo que a revista de critica cultural, mídia e comportamento A Fabrica <http//:www.geocities.com/SoHo/Lofts/7300/> ou <http://www.geocities.com/SoHo/Lofts/7300/abertura.html> já está com sua edição de novembro online. Eis algumas de nossas manchetes: A delegada negra prende o casal branco e cria polemica: exerceu seus direitos ou abusou da autoridade?; A mídia vai na onda de José Saramago, Nobel de Literatura 98, e reafirma uma bobagem sem tamanho sobre a língua portuguesa. Espero receber críticas, comentários e sugestões.

Luiz Antônio Alves, editor

 

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Ninguém fura ninguém

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Continuação do Caderno do Leitor

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