Saturday, 27 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Censura!

Edição de Marinilda Carvalho

Contei os dias a partir do fim de semana de 7/8 de novembro, o do surgimento da matéria inaugural sobre fitas e chantagem – que pelo simbolismo chamaremos aqui no Caderno de Rataiada -, até que chegasse ao O.I. a primeira carta de leitor sobre o assunto. E a primeira, deMirian Patitucci, chegou na sexta-feira, 13. No sábado, 14, mais duas mensagens, de Severino Goes e Fernando Mazzucchelli.

Foram seis dias. Para um assunto tão cabeludo e de pouca informação, um tempo muito curto. Viva o leitor do O.I.. Ele se preocupa depressa…

Para completar, esta edição bate um recorde digno de registro – e agradecimentos: 60 cartas recebidos em 10 dias! E o destaque vai para a serena e esclarecedora mensagem da leitora Vera Silva, que encabeça os e-mails da rubrica Censura! – que, aliás, disputa com os blocos de cartas sobre Crise nos jornais e Show da vida o ibope da preferência “leitoral”!

Aproveitem a “aula” da Vera sobre liberdade de expressão!

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Clique no texto sublinhado para ler a íntegra

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Ao ler o artigo censurado de Alberto Dines, bem como algumas das correspondências enviadas ao OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA, principalmente uma delas, que foi assinada por Flávio Muller, defendendo o direito de expressão dos nazistas, vi-me refletindo sobre o que parece significar liberdade de expressão para as pessoas. Um grupo delas parece pensar que liberdade é “fazer aquilo que se quer”, não importa o quê. Outro grupo parece pensar que “a não-existência formal da censura é o limite da liberdade”. Outro grupo pensa que liberdade é “cada um poder escolher o que é melhor para si”.

Vera Silva

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A Folha anda meio tonta, sem saber o que fazer. Depois de conquistar o primeiro lugar em vendas do país, o jornal começa a mostrar sinais de quem ficou muito grande fora da hora certa – está sem equilíbrio. O caso da censura ao Dines é de uma arbitrariedade inominável. Intolerável, no caso da Folha, jornal que tem como bandeira a liberdade de opinião. José Rosa Filho

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Apesar de jovem, leio a Folha há anos. Já tive momento de irritação com o jornal, mas nenhum que justificasse o “divórcio”. Confesso que a censura praticada pelo jornal recentemente é, no mínimo, repugnante. Luiz Fernando Cardoso Dal Poz

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Abaixo, cópia de correspondência enviada à nossa vestal Folha de S. Paulo.

“Senhor(a) editor(a), rezam os estatutos e cartilhas desta Folha que seus colunistas obrigatoriamente devem ser apartidários, não lhes cabendo declarações de voto, preferências ideológicas e quetais. Ótimo. Ao vetar (censurar, melhor dizendo) um texto do jornalista Alberto Dines por considerá-lo partidário, e portanto indigno de ir às rotativas, grosseira e miseravelmente plantou uma notinha na coluna Painel (25/10) dizendo de suas vestais providências. Quando, ao menos em respeito à reputação profissional do censurado, deveria tê-lo assinado.
” José Antonio Palhano

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Quem diria?! Depois de anos batendo na tecla do AI-5, da tortura e morte de jornalistas, exaltando jornais como O Estadão, que publicava Os Lusíadas no lugar do texto censurado, elevando à mais alta condição intelectual jornalistas perseguidos pelo regime ditatorial, eis que nos deparamos com o retorno da censura, na sua forma mais vil e covarde: a auto-censura. Paulo Polzonoff Jr.

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Lamentei, como todo ser bem-pensante, a censura que Alberto Dines sofreu na Folha. Acho que o episódio diz muito sobre a esquizofrenia do jornal, que, absurdamente, tornou-se refém do próprio manual de redação e seu cipoal de regras. Andreas Adriano

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Caro Dines, há uma distorção, talvez até proposital, sobre esta “preocupação” com o Ratinho. O Ratinho assusta os “intelectuais” que não conseguem admitir a si mesmos que erraram fragorosamente na avaliação que fizeram do governo FHC. A sociedade que Ratinho apresenta está “escondida” no âmago das classes mais abastadas. Não é para ser mostrada, sequer ter existência reconhecida. O OBSERVATÓRIO abriu um espaço para reflexão, mas está embarcando em canoa errada. Mirian Patitucci

Alberto Dines responde: Se o OBSERVATÓRIO está embarcando numa canoa errada, o Ministério Público também entrou nela. E muito antes de nós. E o MP representa a cidadania. Ou ela também está errada? A.D.

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A Folha foi prepotente com Alberto Dines. E ele, capacho, por continuar a escrever nesse órgão de divulgação. Duas situações lamentáveis.

Moacyr José Castro Dias

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Li os comentários de Alberto Dines no OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA, e gostei muito. Pena saber que este meio de comunicação é reservado a poucos, e que o grande meio de comunicação que se destina realmente a todos esteja impregnado de mentiras e sonhos ridículos, e que por isso este tipo de matéria jamais será veiculado lá.

Vivo numa cidade inacreditável, difícil de entender mesmo, de um povo que trabalha como louco muitas vezes para nada e que descansa comendo um McDonald’s e assistindo novela, em vez de ser mais crítico e de tentar reverter a situação.

Espero estar vivo para ver tudo diferente…

Joel Dias

 

Um repórter fotográfico morreu em Marabá em circunstâncias suspeitas. Como fotógrafo de um jornal aqui do Rio – e formado em Jornalismo – e ciente de que nós, fotógrafos, sofremos preconceito na redação sob vários aspectos, me pergunto: se fosse um repórter de texto a vítima, essa notícia não teria maior repercussão? Notem [pela matéria publicada em O Globo ver remissão abaixo] que em nenhum momento o texto se refere ao fotógrafo como jornalista.

André Arruda

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A chamada grande imprensa do Brasil não noticia a imprensa do Brasil. Explico: em meio a uma das maiores crises já vividas na imprensa brasileira, não se vê uma matéria sequer sobre o assunto na mesma imprensa. Tem mais. Nos últimos sete anos, nada menos que 10 jornalistas foram assassinados no estado da Bahia, incluindo meu pai, Manoel Leal de Oliveira, por ousarem cumprir seu papel de fiscalizar e denunciar políticos e policiais corruptos. Nenhum dos casos foi resolvido pela polícia. Ninguém foi preso. Ninguém foi acusado. A mensagem é clara: se um jornalista incomodar, mate-o. Este assunto, que considero da maior gravidade em um país que se julga dono de liberdade de imprensa e democracia, nunca é visto na grande imprensa.

Espero que o OBSERVATÓRIO debata o assunto. Marcel Leal

Nota do O.I.: Estamos mais que prontos para este debate seriíssimo!

Para se obter um melhor preparo de jornalistas, é preciso pensar em uma reformulação dos cursos universitários e, em especial, dos de Jornalismo. A meu ver, eles deveriam ser acoplados, ou melhor, fazer parte dos outros cursos, como uma especialização. Adriana Lichtenfels Riccio

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A série de entrevistas na TV com os donos de empresas de comunicação foi muito interessante. Mas, ampliaria para algo mais democrático. Um programa especial. Uma mesa-redonda com a participação de empresários, de jornalistas em atividade, de jovens recém-formados que conseguiram seu primeiro emprego e os que ainda não, e de jornalistas de reconhecido talento que estejam desempregados. Colocar todo mundo para discutir os caminhos da imprensa. Não daria um bom tempero? Marcelo De Valécio

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A imprensa talvez esteja em crise mais por uma questão de credibilidade que em razão da diminuição do poder aquisitivo do leitor, haja vista ser de nitidez solar o posicionamento de certos jornais em prol de programas partidários ou ideológicos transitórios e conjunturais, muitas vezes pondo em risco a constitucional liberdade de informação, face à sua insistência em representar, no espaço que detém na mídia, discurso partidarizado, com prejuízo à notícia jornalística somente preocupada na transmissão fiel, com todas as facetas e versões, do evento político ou social que cabe ser veiculado. Antonio Carlos C. Garcia

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Há anos foi criada uma lei proibindo estagiários nas redações, porque os sindicatos não conseguiam controlar o abuso.

Vinte anos depois, a tal lei ainda vigora. E um jovem jornalista chamado Cláudio Gunk ratifica a proibição de estagiários nas redações. Gunk afirma que as matérias produzidas por estagiários “raramente alcançam a qualidade do produto de uma ‘puta-velha?”. Ele mesmo, aos 21 anos e, provavelmente, recém-formado, não pode produzir uma “puta-velha”. Por isto, gostaria de fazer-lhe algumas perguntas:

1. Com quantos anos pode-se fazer uma matéria de qualidade? Dependendo da resposta, eu, com 20, cursando Jornalismo, tranco a matrícula e vou fazer Matemática. Retomo a jornal quando estiver na idade certa;

2. Você, Gunk, é um jornalista inútil? Com 21, acabou de receber o canudo. A menos que escreva bulas ou receitas de culinária (com todo o respeito a quem faz isto e principalmente ao Cony, mas este não é o propósito dos profissionais de jornalismo);

3. Supondo que eu, com 20, estagiasse por dois anos numa redação e você, com 21, nunca tivesse estagiado, com o canudo na mão teria condições de fazer melhores matérias? Por acaso este canudo oferece superpoderes, será o espinafre do Popeye?

Israel de Castro

Cláudio Gunk responde: Apenas duas observações a respeito: 1. Sou estagiário. 2. Ensinar a meia dúzia de jovens é bem diferente de depender de várias dúzias deles. C. G.

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Caro Dines, lendo suas observações sobre a crise das empresas jornalísticas, notei, pela segunda vez, uma referência à suposta decisão do Globo de aposentar jornalistas aos 55 anos. Da primeira vez, achei que era apenas um engano e não retifiquei. Como agora você insiste na informação errada, quero esclarecer: O Globo não incentiva ninguém, muito menos jornalistas, a se aposentar aos 55 anos. Ao contrário. Quando criou um plano de previdência privada para todos os seus funcionários, há cerca de três anos, estabeleceu a idade-limite de 60 anos para a aposentadoria. Desde essa época, existe a possibilidade de qualquer funcionário se aposentar a partir dos 55 anos, mas ele perde, a cada ano, cinco por cento do que teria direito. Isto é, a empresa pune quem quer se aposentar com 55 anos com a perda de 25% de sua poupança, exatamente porque quer desestimular a aposentadoria antes dos 60 anos.

Com relação ao jornalismo, e, por considerarmos que a experiência é valor a ser preservado, continuamos, quando consideramos importante para o jornal, com profissionais que já completaram 60 anos. Caso recente é o do editor de Opinião, Luiz Garcia, que se aposentou e continua prestando serviços ao jornal na qualidade de consultor. E ele não é o único. Para finalizar, não entendi o comentário do Fritz Utzeri sobre a suposta redução do limite de idade para trabalhar no Globo. Ele sabe que não houve essa redução, e sabe também que não foi demitido por ter 55 anos, até porque ainda não os têm. Abraços,

Merval Pereira

Fritz Utzeri responde: Caro Merval, eu nunca afirmei que fui demitido de O Globo por ter 55 anos, mesmo porque não os tenho ainda. Estou com 53. A informação sobre os 55 anos eu li no próprio OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA. Mas a política de aposentar quem tem 60 anos existe e foi uma das razões pelas quais eu fui convidado para trabalhar em O Globo. Nosso Luiz Garcia deixaria o cargo e eu seria preparado para ser o editor de Opinião e sucedê-lo.

Não deu certo, mas posso declarar publicamente que foi um prazer trabalhar com vocês todos e fico particularmente feliz pelo fato de o Garcia continuar por mais algum tempo à frente da Opinião de O Globo.

Mas meu único comentário quanto à expulsória dos 60 anos permanece. Essa prática, a meu ver (opinião pessoal), é contrária à tradição e à história das Organizações Globo, a começar pelo próprio doutor Roberto Marinho. Não custa lembrar que o doutor Roberto estava exatamente nessa faixa de idade quando começou um processo que o transformaria no grande capitão da imprensa do Brasil. Se ele tivesse pendurado as chuteiras aos 60 não teria gerado o fabuloso mercado de trabalho que gerou. A TV Globo talvez nem existisse. Seria dono de um jornal importante no Rio, uma rádio e uma gráfica. O exemplo dele mostra claramente quanta criatividade e energia podem ser desperdiçadas com uma medida que considero equivocada. Não sou contra ninguém se aposentar aos 60, ou aos 50, mas acho que se o jornalista nessa idade continuar tendo energia, vitalidade, tesão e curiosidade, todas essas qualidades estarão acrescidas de uma que só a idade dá: experiência.

No Brasil, e isso não ocorre só na imprensa, vivemos jogando experiência no lixo e estamos sempre repetindo as mesmas bobagens. Eu fui correspondente nos EUA entre 82 e 85 e vejo ainda hoje, trabalhando, jornalistas que já considerava velhos naquela época.

Temos que levar em conta outra coisa. O país está envelhecendo, gostemos disso ou não. Admito que os jornais têm sempre que estar de olho em novos leitores, buscando novos talentos, mas não devemos livrar-nos de alguém baseados simplesmente num critério de idade que, repito, não foi o meu caso. Fui demitido porque minha experiência no Globo simplesmente não deu certo, apesar de – acredito – ter feito bem o trabalho que me foi dado fazer. Um grande abraço. F. U.

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Caro Dines, escrevo pela primeira vez a você com medo. Sou estudante de Jornalismo, 1? ano, mas audácia é qualidade nesta área, acredito eu. Vejo desmentidos irônicos e passíveis de falsidade com pesar. É preciso assumir a realidade, pública e notória, sabedores que somos, até o quarto escalão, de notas e publicações de estatais, em todo o Brasil, operações de salvamento ou não. Era melhor não ter respondido que dizer “na minha época, nada vi”.

O JB, símbolo de qualidade e prestígio, considerado por muitos, até pouco tempo, o jornal mais sério do Brasil, passa por crise. Me pergunto, que diabo de crise é esta que não acaba nunca? Só vejo essa palavra como explicação para dezenas de situações, entre elas acomodação intelectual, relaxamento mental, interesse ilusório de público inexistente, estruturas arcaicas de pensamento. Sei da dor em ver a realidade, mas para “nós”, jornalistas, a realidade é sempre um passado; o novo, o inusitado, é o presente. Em mudando o mundo, muda-se também a forma de vê-lo e de pensar. Acordem estes caras, pelo amor aos nossos jornais.

Guilherme Korte

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É com certa apreensão que leio o artigo Jornalismo sob sufoco, de Nahum Sirotsky. A enxurrada de informações inúteis destrói a nossa capacidade de refletir e assimilar os fenômenos diários. Guilherme Korte

Há mais de 15 anos venho estudando a incidência do sincretismo realidade-ficção na mídia, particularmente na TV. Só para se ter uma idéia da freqüência com que isso ocorre, recentemente o Jornal Nacional encerrou uma edição com uma cena de casamento de um ator americano, protagonista da peça O fantasma da ópera, e uma espectadora brasileira a quem conheceu e por quem se apaixonou à primeira vista, numa apresentação da peça em Nova Iorque. Fiquei olhando, entre perplexo e maravilhado, aquelas imagens perfeitamente adequadas ao fim de uma telenovela. Ali estava estampado, sem qualquer disfarce, o sincretismo que a televisão vem praticando todos os dias, há muito tempo. Guilherme Jorge de Rezende

Parabéns pelo artigo de Mônica Macedo. Concordo com ela a respeito do teor da reportagem da Veja sobre o Viagra. Parece-me, entretanto, que a questão remete desgraçadamente a outro fenômeno que não o nosso já proverbial sensacionalismo com que reportamos a medicina através da mídia. Falo da automedicação. É incrível como isto está arraigado em nossa cultura. José Antonio Palhano

Tem-se falado muito sobre nazismo, e isso é bom para não esquecermos o horror que esses cabeças ocas cometeram. Não dá para ser muito democrático com esse pessoal, não podemos deixar que eles respirem, temos que ser eternamente vigilantes.

Tem muita gente com discurso parecido na política brasileira, e ninguém fala nada com medo de ferir a democracia.

Democracia é combater a barbárie a todo custo, pois é a nossa liberdade que está em jogo. E ela tem um preço muito alto.

Djay Pariz Campos

Vi o filme Truman aqui em Paris e achei bom, mas nada de extraordinário. Já o título em português, que fiquei sabendo no site de vocês, é realmente “fantástico”. É curioso como às vezes os “tradutores” brasileiros erram feio ao criar um nome para os filmes. Outras vezes, contudo, têm sacadas geniais. Lembro-me de um filme horrível, em que a Wooppy Goldberg fazia o papel de uma falsa freira, cujo título (só em português) era brilhante: Mudança de hábito.

Acho o OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA sensacional. Mostra muito bem como o nível da imprensa brasileira é baixo. Saudações cordiais,

Paulo Magalhães

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Margarethe [Born]conseguiu se expressar com exatidão e clareza estupendas. “Vide o show” acaba fazendo alusão a vários shows, mas o que me veio à cabeça primeiro foi o de Falabella, Video show. Tratando da vida dos artistas globais e até mesmo dos jornalistas, o programa transforma tudo em suposta realidade, fabulando o conceito da televisão. Guilherme G. e Silva

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Favor avisar à senhora Margarethe Born Steinberger que o filme Truman – O show da vida, é de Peter Weir, e não de Costa-Gavras.

Luís Carlos Silva Eiras

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Aos leitores e ao revisor, peço desculpas pela confusão entre Weir e Costa-Gavras. Por favor, [em meu artigo Truman e o espaço público mal resolvido] leia-se Peter Weir onde se lê Costa-Gavras. Escrevi o texto logo depois de uma aula em que citei filmes como Mera coincidência, “O show da vida” e “Quarto poder” (este último, sim, de Costa-Gavras), daí o embaralhamento. São três filmes que têm muito em comum. Discutem a falta de compromisso da mídia com a realidade e com a verdade. São roteiros que denunciam, respectivamente, o Estado, a empresa televisiva (através de um diretor de programa) e o próprio jornalista.

A semelhança, contudo, não me escusa do vexame.

Margarethe Born Steinberger

Nota do O.I.: O “revisor” também pede desculpas… 🙂

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Brilhante o artigo O show da vida: fingimos que somos livres, os jornais fingem que são imparciais.

Rodrigo Veloso

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É com estranheza que percebo um novo fenômeno no jornalismo brasileiro: os jornalistas estão abismados com a projeção cinematográfica de sua profissão. Paulo Polzonoff Jr.

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Sobre o artigo de Alberto Dines O show da vida: fingimos que somos livres, os jornais fingem que são imparciais, o faz-de-conta é o pior que poderia acontecer com o ser humano. Será que sempre foi assim e só agora estamos nos dando conta? José Rosa Filho

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Acho que, infelizmente, estamos como meros coadjuvantes de um filme em que todos morrerão, inclusive a mídia, porque ela não saberá viver sem o nosso sangue. José Rosa Filho

As Escolas de Comunicação estão para perder o bonde da história numa área que o empresariado já descobriu há um bom tempo. Trata-se da área da Comunicação/Educação ou da criação de uma habilitação em Comunicação e Educação, quer pela instalação de terminalidade nova quer pela implantação da modalidade de cursos seqüenciais, especialmente nas universidades que contarem com uma boa Faculdade de Pedagogia e uma excelente Faculdade de Comunicação (no caso, estamos falando de uma área interdisciplinar por excelência). Ismar de Oliveira Soares

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Gostaria de saber a opinião de vocês sobre o curso de graduação e de curta duração (um ano e 11 meses), que a Universidade Estácio de Sá, no Rio, está oferecendo desde março deste ano. É um curso voltado exclusivamente para o mercado, com uma carga horária um pouco menor do que as dos cursos regulares de graduação. Nossos professores são profissionais que estão atuando ativamente na imprensa. Estamos no segundo período, com um projeto de jornal pronto para sair até o final deste ano.

O único problema é que o Sindicato dos Jornalistas diz não reconhecer o curso, e que não outorgará o registro profissional aos formados. Gostaria de saber se vocês já tinham conhecimento do curso e as suas opiniões. O não-reconhecimento pelo sindicato pode interferir no nosso ingresso no mercado? Sabendo-se que a cada ano formam-se 800 novos jornalistas, além da criatividade, é melhor ser especialista ou generalista? A expressão “o jornalista é um contador de histórias especialista em generalidades” seria a definição mais adequada?

Obs.: Diferentemente do que acontece nos curso de Comunicação, nós, do Curso Superior em Jornalismo, aprendemos o que é lide no primeiro período.

Ivan da Silva Pereira Júnior

Nota do O.I.: Caro Ivan, pela ordem: 1) O OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA não avalia cursos; 2) O registro profissional é exigido pelas empresas no ato da contratação do jornalista; 3) A área de atuação de jornalistas iniciantes é determinada pelas redações; jornalistas profissionais em geral são contratados segundo a especialidade. Boa sorte. M.C.

Lendo o artigo de Alberto Dines na Folha de 14/11, achei interessante a menção feita à “Noite dos Cristais”. Entretanto, ao querer, por antecipação, considerar sem nenhum significado as gravações feitas e/ou as insinuações a respeito do “Estado Maior do Tucanato”, o jornalista age da mesma maneira que o atual governo. Há quatro anos toda e qualquer crítica, opinião divergente ou sugestão distinta das proposições oficiais têm sido sistematicamente desqualificadas pelos porta-vozes do poder, incluindo-se aí a imprensa brasileira. Antes de se verificar e analisar a exatidão ou não das denúncias, acho prematuro desconsiderá-las por terem supostamente partido de pessoas ligadas à “Velha Direita”. Fernando Mazzucchelli

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Acho que é bom o OBSERVATÓRIO abrir espaço para uma discussão sobre o comportamento da imprensa quanto à história dos grampos e das contas nas Ilhas Caymán. Parte da imprensa está sendo pautada por um ex-assessor de imprensa do Palácio do Planalto. É o notório Cláudio Humberto Rosa e Silva, que mantém uma coluna no jornal Gazeta de Alagoas e em um semanário de Brasília, Jornal da Comunidade.

Severino Goes

Gostaria de expressar minha concordância com o comentário de Victor Gentilli acerca da precipitação e da falta de informação da imprensa quanto ao sistema eleitoral distrital. Também sou da opinião de que tal sistema provoca inúmeras distorções, fáceis de ser entendidas. Alberto Tosi Rodrigues

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Hoje fiquei muito triste. Um amigo me trouxe cópia xerox de uma crônica de João Ubaldo Ribeiro publicada em sua coluna do dia 18/10/98 no jornal O Globo, mas censurada em O Estado de S. Paulo. A crônica, feito carta dirigida ao senhor presidente da República, descreve a frustração que Ubaldo teve com a pessoa do senhor presidente.

Isak Bejzman

Prezado Dines, dou-me por parcialmente satisfeito com o espaço concedido ao meu Direito de Resposta. Parcialmente, porque me parece que o Caderno do Leitor não foi a coluna mais apropriada para uma defesa de princípios jornalísticos, entre jornalistas. Em segundo lugar, parcialmente satisfeito porque, apesar de você alegar não me conhecer, isso não o impediu de fazer afirmações a meu respeito. Mas de qualquer forma, o episódio serviu para que o processo de discussão se amplie e eu concordo que os meios de comunicação estão sob observação, o que é muito bom, e vai exigir cada vez mais jornalistas responsáveis. Saudações jornalísticas!

José Paulo de Andrade

Nota do O.I.: Caro colega, a defesa de princípios jornalísticos, entre jornalistas ou consumidores de jornalismo, tem sido a razão de ser deste Caderno por três anos. Já que, ao contrário da grande mídia, o O.I. dedica imenso esforço e espaço às manifestações de seus leitores, não consigo imaginar portanto “coluna” mais nobre (ou “apropriada”) para sua carta do que esta. M.C.

O Sr. presidente da República não paga aluguel ou qualquer outra taxa pelo uso dos imóveis da União que lhe são destinados com exclusividade (dois palácios e uma granja só em Brasília). É por demais sabido que tudo isso constitui salário, e configura hipocrisia tão grave ou maior que a denunciada por Veja (Guerra do teto, 21 de outubro) atribuir-se ao presidente da Republica um salário menor que R$ 8.000 por mês. José Molteni Filho

Merece destaque o Canal 42 da TVA Rio, que vem, com sua equipe de jornalistas, fazendo um trabalho de qualidade. Na minha opinião, os outros telejornalismos – Band/Bóris/Globo – ficaram particularmente insuportáveis noticiando pacotes de governo. Se eles estão esquentando os músculos, estão fazendo com competência e independência.

Ione da França

Barbara Gancia (ou será Bárbara Gância), dublê de colunista e humorista da Folha de S. Paulo, está com medo de apanhar. Ela se queixa de que o Ratinho, o do programa popular do SBT, tenta jogar o público contra ela, porque a jornalista criticou a propaganda da cartilagem de tubarão, na qual não se sabia até que ponto o testemunho do apresentador era sincero (dizia que até dava as cápsulas à senhora mãe dele). O certo é que o Ministério da Saúde tirou do ar o produto tubaranício, embora haja a ameaça de voltar. Paula

Não estou certo sobre se este é ou não o melhor endereço a quem postar uma sugestão genérica para o site, mas não fui capaz de encontrar outro. Gostaria de saber se é possível entrar no site do OBSERVATÓRIO e copiar todos os artigos da edição sem ter que entrar em página por página. Como cada página corresponde a um arquivo em HTML (ou pelo menos assim me parece), acho que não seria um recurso muito difícil de implantar. Eu já deixei de ler artigos porque simplesmente esqueci de copiá-los, e conheço pessoas que optaram pela versão impressa, embora condensada, simplesmente porque o atual sistema não facilita muito a leitura off-line.

No meu caso, que tenho uma conexão lenta e só disponho de dez horas por mês, o tempo que um sistema melhor me ajudaria a poupar é crucial. No mais, parabéns pelo site.

Andre Modenesi

Nota do O.I.: Estamos avaliando o melhor programa – entre os que podem ser baixados da Internet – para resolver este problema.

Prisão ao tirano sanguinário!!!!!!!!!!

Neresgton Neto, Rio de Janeiro

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Se Pinochet fosse um tirano ou um ex-tirano da Alemanha, do Japão, da França, dos Estados Unidos ou da Rússia, será que a Inglaterra teria peito para capturá-lo e entregá-lo à Justiça espanhola? José Luiz Dutra de Toledo

É fato que o Poder Judiciário é o menos transparente de todos os três poderes. Seus membros não são eleitos, não comparecem para prestar contas etc. Entretanto, estamos assistindo a uma série de reportagens criticando em demasia esse poder. Um exemplo tivemos recentemente em reportagem vista na Globo News, dando conta de que somente as obras do Poder Judiciário não eram interrompidas. E citava obras no valor de R$ 800 mil, e outros valores que, não precisando ser engenheiro para saber, são insuficientes para o término da construção de qualquer obra. Assim, será que a imprensa não está falseando um pouco a verdade, distorcendo números e dando chamadas falsas para atingir objetivos inconfessáveis?

José Tadeu Picolo Zanoni

 

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Continuação do Caderno do Leitor

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