JORNALISMO ONLINE
"Internauta vai ter de pagar para ler na web as notícias dos jornais", copyright Cidade Biz (www.cidadebiz.com.br), 23/04/02
"Hoje apenas um em cada seis jornais cobra dos internautas o acesso a seu conteúdo. Mas a situação deve se inverter: Num futuro não muito distante, cinco em cada seis jornais cobrarão pela navegação de internautas em suas páginas.
A estimativa é da Associação Mundial de Jornais – a WAN, da sigla em inglês. E, mais uma vez, será a publicidade a vilã da história: os periódicos que hoje liberaram seu conteúdo para os usuários de web mantêm suas operações virtuais graças à venda de seus espaços publicitários na rede.
Metade desses veículos, porém, pretende começar a taxar o acesso daqui a um ano e o restante deve fazê-lo dentro de cinco anos. Eles têm como respaldo a comprovação, via experiência de seus concorrentes, de que a cobrança necessariamente não diminui o número de visitantes. Segundo o estudo da WAN, contudo, também não aumenta os ganhos da empresa.
Outras conclusões do relatório são de que os sites pagos costumam oferecer conteúdos e serviços específicos, de que poucos sites exploram, por enquanto, o potencial do comércio eletrônico e de que a maioria das operações na internet funcionam com orçamentos muito baixos.
Os dados do estudo irão pautar o Congresso Mundial de Jornais e o Fórum Mundial de Diretores, eventos programados para o período entre 26 e 29 de maio nas cidades belgas de Bruges e Bruxelas.
Das conferências participarão, entre outras personalidades, o comissário europeu de Empresa e Sociedade da Informação, Erkki Liikanen, o presidente do Parlamento Europeu, Pat Cox, o primeiro-ministro belga, Guy Verhofstadt, e o Prêmio Nobel de Economia, Amartya Sen."
"RSS e Feedreader: lidando com a overdose de informação", copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 26/04/02
"Alerta! Alerta! Aviso aos navegantes… Novos recursos para leitura de notícias estão surgindo nos mares do jornalismo online.
Mesmo com toda a facilidade e todo o dinamismo da Web para leitura de notícias, às vezes fica difícil lidar com a imensa quantidade de informações que circulam nesse meio virtual. Talvez, uma boa solução para quem não admite ficar desinformado seja os leitores de feed (feed readers), programas que buscam notícias de acordo com o gosto do usuário. Mas como isso funciona?
Existe um padrão mundial de notícias chamado RSS (Rich Site Sumary). Esse formato, desenvolvido pela Netscape, objetiva ser comum no mercado para a sindicalização de conteúdo. O RSS é vantajoso também para o consumidor: com a ajuda de um RSS reader, o usuário pode ler as manchetes/headlines de vários sites noticiosos sem precisar visitá-los, um por um, todo dia.
Segundo o site RSSFicado (que comento logo abaixo), geralmente as notícias no formato RSS fornecem um título, um resumo da manchete e um link pelo qual o usuário pode obter mais informações. Assim, você só abre o seu navegador para ler o que realmente for de seu interesse.
Feedreader e o projeto RSS Ficado
O Feedreader é um programa freeware que busca para o usuário feeds de notícias (RSS feeds) baseadas no formato XML (eXtended Markup Language). Optei por falar sobre o programa por ele ser leve e estar tornando-se cada vez mais popular entre usuários do Windows. Para quem quiser experimentar a brincadeira, basta baixar e instalar a nova versão, que possui cerca de 600 Kb. Todo o processo é simples, e o Feedreader já traz alguns canais de notícias instalados, como o Slashdot, a WiredNews e a CNN.com.
O projeto RSSFicado, comandado pelo brasileiro Charles Pilger, objetiva o acesso a notícias de diversas fontes em um único RSS reader, permitindo que o usuário mantenha-se informado, otimizando seu tempo. ?Na verdade, são vários os sites de notícias que disponibilizam arquivos RSS ou XML para seus usuários utilizarem. Aqui no Brasil é que a prática não é difundida, e foi em função disso que o projeto foi criado. Tanto que não há qualquer fim lucrativo?, diz Pilger.
O site do RSSficado possui uma lista de mais de 60 sites ?RSSficados?, ou seja, sites que possuem suas notícias preparadas para o Feedreader. Para incluir um desses sites no Feedreader, basta copiar seu link (disponível no site do RSSficado), entrar no programa, clicar no menu ?New feed?, e colar a url no campo ?Link?.
Feedreaders versus agências: a pergunta que não quer calar
Mas espera aí! Então todo esse recurso está roubando o público dos sites fontes? Calma. Não vamos crucificar ninguém às pressas. Essa pergunta já foi levantada no site do RSSficado e realmente gera muita polêmica. Para Fernando Villela, diretor de conteúdo do SeliG, os feedreaders não ameaçam a audiência dos sites: ?Com certeza, quem utiliza ou vier a utilizar os leitores de RSS compõe uma parcela marginal do público, como jornalistas, geeks e viciados em informação. O usuário comum não se dará o trabalho de mexer com leitores de feeds, porque isso não é tão relevante pra ele. É claro que, para a maioria das pessoas, continuará sendo muito mais fácil e simples ler as notícias todas diretamente nos sites?, diz Villela.
?Há o senso comum de que os feedreaders não roubam público das agências, mas inexistem estudos mais detalhados sobre o assunto. Eu, por exemplo, não entro mais em dezenas de sites para ler notícias. A nova versão do Feedreader tem um navegador embutido de extrema eficiência, basta clicar em ?open link in minibrowser? para abrir a matéria no próprio programa. Ao fazer isso, você gera audiência para o site e irá ver os banners e propagandas, como se fosse um navegador convencional. Mas para ler apenas as chamadas e últimas, o site perde os pageviews?, diz Paulo Rebêlo, subeditor do Webinsider e correspondente no Brasil da Wired.com.
Fernando Villela acredita ainda que o RSS tem o claro poder de aumentar a audiência de um site: ?O RSS facilita enormemente a publicação dos títulos das notícias de um fornecedor de conteúdo em outros sites (como provedores locais, páginas pessoais e blogs), de maneira com que eles sejam atualizados automaticamente, em tempo real com o produtor de conteúdo. Conclusão: dessa maneira, o RSS permite, sem trabalho extra para o produtor de conteúdo, que as notícias deles estejam presentes em uma infinidade de locais diferentes, gerando com isso novos pontos de distribuição. Cada novo ponto desse será um potencial novo ponto de entrada para o site de notícias, e aí então a circulação nele pode aumentar?, completa Fernando."
LUÍS NASSIF
"?Sempre acreditei no jornalismo de serviço?", copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 23/04/02
"Considerado o jornalista brasileiro mais influente da atualidade e mais lido pela alta burocracia política, Luís Nassif, 51 anos, tem plena consciência de sua responsabilidade. Aliás, Nassif está acostumado a ver relacionada ao seu nome a palavra ?mais?. Com 32 anos de jornalismo, ele tem em seu currículo passagens pelos maiores veículos de comunicação do país e o Prêmio Esso 1985, categoria Nacional, pela denúncia contra o governo do ex-presidente José Sarney e a manipulação do segundo decreto do Plano Cruzado. ?Procuro canalizar para as discussões sobre o modelo institucional brasileiro, os aprimoramentos a serem feitos em todas as áres, fugindo um pouco das questões de curto prazo?, diz.
O dom jornalístico de Nassif foi descoberto quando tinha 12 anos, quando começou a fazer um jornalzinho do Grupo Gente Nova, em Poços de Caldas (MG), sua cidade natal. Em setembro de 1970, começou a trabalhar como estagiário da revista Veja, onde permaneceu por nove anos. ?Naquele período, meu trabalho de maior fôlego foi o que desvendava os bastidores da disputa pelo controle do Banco do Comércio e Indústria de São Paulo?, recorda.
Foi no Jornal da Tarde, de São Paulo, que o espírito pioneiro de Nassif se manifestou. ?Sempre acreditei no jornalismo de serviço, aquele voltado a resolver os problemas concretos dos leitores, e tive no JT o espaço que necessitava para colocar os projetos em pé?, explica, referindo-se à criação das seções Seu Dinheiro e Jornal do Carro. A primeira definiu o padrão de organização das informações pessoais utilizadas até hoje, elevando a tiragem do JT às segundas-feiras em 30%. Já o ?Jornal do Carro? tornou-se, em apenas dois meses, a maior fonte de faturamento do diário.
Em 1983, Nassif foi para a Folha de S. Paulo, onde fez um conjunto de análises matemáticas que ajudaram a derrubar o então presidente do BNH. Foi também na Folha que escreveu uma série de matérias sobre o Plano Cruzado e descobriu que o então consultor geral da República, Saulo Ramos, planejava manipular o segundo decreto do plano. ?As mudanças permitiram a manutenção da indústria da liquidação e das concordatas, que renderia rios de dinheiro para escritórios de advocacia. Fiz a denúncia. No dia seguinte, o governo se reuniu emergencialmente para analisar a questão e ordenou a Saulo que explicasse as mudanças?, conta.
No meio do caminho, uma das fontes de Nassif voltou atrás, obrigando o jornalista a publicar matéria se desmentindo. ?O jornalista José Carlos de Assis, especialista na área, me ligou no dia seguinte me passando elementos que comprovavam que a mudança beneficiava as ações. Voltei à luta por dez dias, até que o governo admitiu o erro e tentou corrigi-lo?. Nassif ganhou o Prêmio Esso de 1985 por esta série de reportagens.
Ainda na Folha, Nassif montou o Datafolha, para arquivos e pesquisas, e também criou a seção Dinheiro Vivo. Quase no início dos anos 90, decidiu montar a Dinheiro Vivo, uma agência de informações voltada só para economia. Foi a primeira a trabalhar no conceito multimídia, com a informação sendo distribuída para os terminais em tempo real. ?Infelizmente o mercado na época era muito fechado e as empresas de distribuição de notícias exerciam um poder monopolista muito grande?. Nassif foi obrigado a descontinuar o serviço em tempo real. ?A Agência Estado contratou minha equipe e o padrão de cobertura que criamos, e se deu muito bem?, orgulha-se.
Hoje, Nassif é presidente da agência Dinheiro Vivo, apresenta um programa com o mesmo nome na TV Gazeta e escreve uma coluna para a Folha. Leia aqui seu artigo de estréia no Comunique-se, ?A assessoria barra pesada na berlinda?."
allTV
"Mouse remoto na mão", copyright IstoÉ, 29/04/02
"O empreendimento é um verdadeiro ovo de Colombo. Pelo menos é a sensação transmitida pelo jornalista Alberto Luchetti, ex-diretor de núcleo da Rede Globo, quando fala da sua allTV, a primeira televisão interativa via internet, 24 horas no ar, prometida para estrear na terça-feira 30. Ao que parece, sua idéia é tão inovadora quanto lógica. Consiste em se valer das comodidades proporcionadas pelos avanços tecnológicos, aproveitar a onipresença da internet para fazer televisão
e levar o conceito da comunicação às últimas consequências. A inspiração veio da CityTV canadense, que funciona num prédio em Toronto totalmente voltado para transmissões em UHF – o programa de tecnodança Electric Circus, que passa na madrugada de sábado pelo canal pago Multishow, por exemplo, é gravado no andar térreo.
?A diferença principal é que enquanto a CityTV funciona em UHF minha televisão será livre?, garante Luchetti.
Livre em termos. Os maiores beneficiados serão aqueles que já têm conexões rápidas com a internet, do tipo Speedy ou Virtua. O público restante verá uma imagem que se move em saltos. Mas Luchetti confia na promessa do governo federal de oferecer linhas mais eficientes, pois são nada menos que 23 milhões de internautas navegando no País. O perfil típico deste ser – segundo pesquisa encomendada pelo jornalista – é jovem, tem idade entre 14 e 34 anos e pouco mais da metade é constituída por homens solteiros com segundo grau completo. Pensando neste tipo de público, foram criados os programas Marmitão do velho, culinária de pratos rápidos; Pisando na bola, de defesa do consumidor; Gente que faz merda, no qual figuras públicas serão questionadas pela população; e ZapTV, em que os apresentadores dão um giro pelos canais abertos. Escudado por uma equipe que o acompanha desde a TV Jovem Pan, o Canal 21 e a Rede Globo, onde dirigiu o Domingão do Faustão e o Altas horas, de Serginho Groisman, Luchetti diz que aprendeu a trabalhar com milhões e tostões. ?Eu comparo minha programação à de uma rádio FM cuja espinha dorsal é a música?, esclarece.
Na allTV, a espinha dorsal será variedades, informação, entretenimento e serviço ancorados por seis casais de apresentadores, que se revezarão a cada quatro horas, ligando as outras atrações que Luchetti chama de vértebras. O quartel general da empresa funciona no bairro do Paraíso, zona sul de São Paulo, numa casa de 350 metros quadrados onde foram construídos cinco estúdios, e as dependências são equipadas com microcâmeras à base de controle remoto. Entre os apresentadores, os destaques são a estreante Mayella Itiê, 16 anos, Christiano Cochcrane, 30, filho da apresentadora Marília Gabriela, e a exuberante Luciana Cardoso, mulher de Fausto Silva. Para dar movimentação às atrações, não faltarão enquetes, gincanas, chats e entradas ao vivo para o espectador que tiver uma câmera acoplada ao seu computador. A allTV, que entrará no ar pelo endereço www.alltv.com.br, foi viabilizada por um consórcio cujos sócios preferem não aparecer. Eles são proprietários de 49% das ações da empresa. Luchetti ficou com 51% e o controle do veículo. Até o momento, foram aplicados US$ 2 milhões. Mas ele garante que até o final do ano mais US$ 3 milhões sejam injetados no projeto. A sobrevivência, conta o jornalista empresário, é garantida por cotas de publicidade. Seis delas já lhe rendem R$ 250 mil ao mês."