Friday, 11 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1309

Comunique-se / Meio e Mensagem

EDITORA ABRIL

"Editora Abril: retração publicitária provoca redução na força das marcas", copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br) / Meio & Mensagem, 15/04/02

"Em relatório administrativo divulgado na última sexta-feira (12/4), pela força de suas marcas e da segmentação de seus títulos, a participação da Editora Abril e suas controladas apresentou queda de 2,7% em 2001, valor inferior ao registrado no ano anterior no segmento mídias em revistas, que foi de 5,6%. Segundo a empresa, a queda se deve à retração do mercado publicitário depois que anúncios de cigarros foram proibidos de serem veiculados, além do ajuste no mercado de internet.

Em se tratando de circulação, os títulos registraram uma queda de 4% (as vendas alcançaram 218 milhões de exemplares) em relação a 2000, quando representava 70%. Em 2001, essa porcentagem caiu para 68%.

A receita líquida da editora chegou a R$ 1,62 milhão, um aumento de 5% se comparado ao ano passado. Os custos e despesas operacionais cresceram 3%, totalizando R$ 1,58 milhão. O prejuízo líquido atingiu R$ 44 milhões, muito menor do que no ano anterior, que foi de R$ 127,2 milhões.

No mercado virtual, a Abril tem participação de 32% no UOL. Em 2001, a empresa vendeu parte de suas ações para a PT Multimídia, por R$ 397,5 milhões. Antes, a participação chegava a 35%.

As demissões do ano passado chegaram ao número de um mil, passando de 7.676 funcionários em 2000 para 6.687 em 2001."

 

BRASIL vs. SIMPSONS

"Os Simpsons e o Brasil", copyright Pensata (www.uol.com.br/folha/pensata), 14/04/02

"A celeuma criada com o episódio dos Simpsons que mostra o Brasil, mais especificamente o Rio de Janeiro, pode ser mais danosa para a imagem do país que o próprio desenho animado.

Quando Fernando Henrique Cardoso criticou o programa e a Riotur anunciou que queria processar a produtora do desenho, ambos mostraram que além de vivermos num país ?violento? e ?excessivamente sexualizado? (como afirma o desenho), somos também incapazes de compreender o humor e o espírito das caricaturas.

Os Simpsons, como outros programas de humor ao redor do mundo, vivem mesmo do exagero para fazer rir. E não raro esse tipo de programa escolhe países ou povos como alvo de seus deboches. Se seguisse o exemplo do Brasil, o Canadá, por exemplo, processaria os produtores de South Park, que zomba dos canadenses todas as semanas.

O Reino Unido e a França também não se cansariam de ir à Justiça contra o ?preconceito explicito? de quase todas as sitcoms, dos talk shows e do ?Saturday Night Live?, que mostram ingleses e franceses como se fossem todos efeminados, esnobes e pouco higiênicos.

Mas ninguém de fato leva a sério o que apresentam esses humorísticos. Os Simpsons, por exemplo, não zombam apenas de estrangeiros. O desenho animado faz rir justamente porque ironiza o americano médio, que é apresentado como caipira, pouco instruído, autocentrado e preconceituoso.

No episódio em questão, sobre o Brasil, é exibido muito do desconhecimento que esses americanos médios têm em relação ao nosso país e ao mundo. Por exemplo, quando Lisa (a filha intelectual dos Simpsons) diz que está ajudando um órfão brasileiro, Homer pergunta à filha por que ela ajuda ?meninos do Brasil?, uma vez que todos os meninos do Brasil são pequenos hitlers, fato que ele ?aprendeu? num filme (?Os Meninos do Brasil?, que mostra supostas experiências genéticas do nazista Josef Mengele em nosso país). Além disso, Bart (o outro filho), resolve estudar espanhol quando sabe que vêm com a família ao Brasil.

Mas o que deve ter mais irritado as autoridades brasileiras foram as partes do episódio que se passam na cidade do Rio de Janeiro, para onde a família vem em busca do menino Ronaldo, que é o órfão ajudado por Lisa e que está desaparecido. No Rio, Homer é seqüestrado por um motorista de táxi, há tantos ratos pelas ruas que é impossível atravessá-las e macacos e jibóias comedoras de crianças estão por todo lado.

Além disso, mostra um programa de TV para crianças apresentado por uma espécie de Xuxa, que mais parece uma stripper, cujas desnudas assistentes de palco ficam se esfregando no cenário.

Tudo bem que há muitos exageros, afinal essa é a forma caricatural de fazer rir, mas 1) há seqüestros mesmo no Brasil; 2) as ruas do Rio de Janeiro não primam pela limpeza _assim como acontece com muitas grandes cidades no mundo_; 3) programas infantis no Brasil abusam de coxas e peitos de suas apresentadoras. Sobre as jibóias e os macacos, ficam por conta também do desconhecimento deles.

Mas, de novo, tudo isso pouco importa. Ninguém vai mudar seus planos de viagem por causa dessa demonstração do Brasil feita pelos Simpsons. Qualquer americano que estiver pensando em vir para o nosso país vai procurar informações em jornais e outras publicações confiáveis. Aí, se olhar só fotos decidirá vir, porque beleza não nos falta. Já se prestar atenção em indicadores sociais e em dicas de segurança, terá razões para ficar por lá, assistindo na televisão a programas engraçadas que zombam deles mesmos e de outros povos.

PS: o episódio sobre o Brasil foi exibido nos Estados Unidos dia 31 de março. No Brasil, deve ir ao ar em outubro, pela Fox."